Alguma vez você já se perguntou, quem é este ser que fala ao seu coração, que
compreende que é hora de mudar e que está conduzindo esse processo de mudança
interior? Seria seu eu superior, ou o seu ego quem faz esse trabalho?
Sabemos que Deus está presente em tudo, quer visto como humano, quer visto como
animais e plantas, a natureza, o universo. Apesar disso, aquilo que ouvimos,
degustamos, cheiramos e vemos é produto da mente humana, um conceito finito,
material, daquilo que é Eterno. O mundo se molda conforme nossa percepção dele.
Quando começamos a nos dar conta disso, escolhemos nos deixar guiar pelo nosso ser
mais elevado, aquele que está acima dessa realidade tangível. Para isso, entendemos que
é preciso silenciar o ego e abrir caminho para o EU superior, e fazemos uso da
meditação para se chegar a isso.
Quando você se silencia e dá início à meditação, está em busca de quem você realmente
é. Para muitos, é um enorme esforço parar com o turbilhão de pensamentos,
especialmente se recorreu à meditação para se acalmar e encontrar seu centro a fim de
resolver um problema específico. É um esforço hercúleo, baixar a presença humana e se
elevar à presença do Eu, do Cristo, de Deus.
Parece haver uma enorme luta entre o ego e o ser superior a todos os que procuram a
iluminação. E para o ego, essa luta existe de verdade. É uma batalha mitológica, onde o
herói terá que dar sua vida pelo Rei. Na verdade, não há luta, porque nosso EU sempre
esteve presente, mas só pode se manifestar quando o EGO o permite. E, apenas um ego
evoluído está disposto a mergulhar numa jornada onde ele reconhece que a alma, o
espírito, não é esse personagem humano, mas um ser superior, imagem e semelhança de
Deus e o único capaz conduzir sua existência aqui na terra. Entretanto, para que isso
aconteça, o ego deverá abrir mão da sua realidade. Até aqui ele acreditava ser real, o
João, a Maria, o Caio, a Juliana, filho de pai e mãe, nascido e criado sob as leis, cultura,
contexto e a história de um lugar específico. Mas agora, esse ego deve aceitar a
realidade de ser apenas o corpo e personagem a serviço do ser maior; do único EU
manifestado de forma individualizada.
Esse morrer como humano e nascer como ser divino tem, então, um lado trágico. Mas
nem tudo são perdas. Quando o ego abre mão da existência, também se liberta da culpa
e da responsabilidade. Entende que não é o ego que tem o poder e o dever de ver o
mundo com “olhos divinos”. Sobre isso, ele nada pode fazer. O ego não é mesmo capaz
de ver o outro como irmão, pois enquanto ego, ele não é irmão de ninguém, afinal ele se
vê separado de tudo o mais. O ego não é mesmo capaz de curar o mundo, de trazer a paz
verdadeira, pois o mundo humano, fracionado, não está sob o controle de ninguém, é
uma ilusão criada coletivamente. O Esse não é o seu papel, o ego é apenas a ferramenta.
Enquanto você estiver tentando fazer do seu ego um ser iluminado, apenas conseguirá
torná-lo um ser humano melhor, o que já é alguma coisa, mas ainda estará longe de ser
o SER que você realmente é. Apenas o EU cura, apenas o EU é capaz de ver o Deus em
cada um de nós e somente ELE pode trazer a realidade de Deus para a Terra. O ego não
pode salvar o mundo, ele só pode salvar a si mesmo. Ego não é capaz de fazer milagres,
apenas o ser superior pode fazer isso. Tudo o que o Ego pode fazer é reconhecer seu
lugar e aprender a silenciar-se de forma que possa, finalmente, “vencer o mundo”.
É um processo diário, a luta interna é árdua, mas pouco a pouco vamos despertando
para a nossa verdadeira realidade. Daqui para frente, reconheça o seu herói, console-o e
aceite que alcançar a iluminação, apesar de muito simples, exige um sacrifício e este
personagem que você escolheu viver, nesta vida, é grande o bastante para fazê-lo.