Graduado em Histria (PUCSP), mestre e doutor em Sociologia pela FFLCH da USP. Professor
adjunto da ESS da UFRJ. pesquisador do Ncleo de pesquisas e estudos marxistas (NEPEM) e
autor de Dilema de Hamlet, o ser e o no ser da conscincia (Viramundo, 2002), Metamorfoses da conscincia de classe (Expresso Popular, 2006), Ensaios
sobre conscincia e emancipao (Expresso Popular, 2007), entre outros. E-mail: mauroiasi@hotmail.com
1 Comecemos pela seguinte observao: cada
coisa que possumos tem dois usos, dos quais
nenhum repugna a sua natureza; porm, um
prprio e conforme a sua destinao, outro desviado para algum outro fim. Por exemplo, o uso
prprio do sapato calar; podemos tambm
vend-lo ou troc-lo para obter dinheiro ou po,
ou alguma outra coisa, isto sem que ele mude de
natureza; mas este no seu uso prprio, j que
ele no foi inventado para o comrcio (ARISTTELES,1998: 23).
16
17
ral, passam a constituir em uma mediao necessria a satisfao das necessidades humanas. Trabalhamos para conseguir dinheiro para comprar as coisas
para viver. O trabalho no a atividade
atravs da qual nos tornamos seres sociais e histricos (portanto adquirimos a
singularidade propriamente humana),
mas um mero meio precrio, desumano,
degradado, insalubre, que devemos suportar para viver. Como diz Marx, o
trabalhador s se sente junto a si fora do
trabalho e fora de si no trabalho; est em
casa quando no trabalha, e, quando trabalha, no est em casa (MARX, 2004:
83).
neste sentido que Antunes, na mais
cara tradio marxista, relaciona a possibilidade de emancipao humana superao da forma capitalista de sociabilidade e, por sua vez, relaciona isso
superao do trabalho abstrato na recuperao da dimenso do trabalho produtor de valores de uso. Diz o autor:
[...] Depreende-se que, no s possvel,
mas absolutamente necessrio conceber-se
uma forma de sociabilidade que recuse o
trabalho abstrato e assalariado, resgatando
o sentido original do trabalho como atividade vital. Por isso cremos que um desafio
imperioso de nosso tempo construir um
novo sistema de metabolismo social, um
novo modo de produo e da vida fundado na
atividade livre, autnoma e auto determinada,
baseada no tempo disponvel para produzir
valores de uso socialmente necessrios, contra
a produo heterodeterminada (baseada no
tempo excedente para a produo exclusiva de valores de troca para o mercado e
para a reproduo do capital). (ANTUNES,
2010, p. 14)
Referncias
ARISTTELES. A poltica. So Paulo:
Martins Fontes, 1998.
ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? So
Paulo: Cortez; Unicamp, 1998.
22