em terras indgenas
Melissa Volpato Curi1
Contrariando
dispositivos
constitucionais
e
infraconstitucionais, os ndios se tornam invisveis em face do
planejamento de empreendimentos econmicos em suas terras
e, posteriormente, durante a fase de operacionalizao dessas
propostas, um empecilho ao desenvolvimento nacional. Para
viabilizar o avano das fronteiras agrcolas no Norte do pas, por
exemplo, no raras vezes a medida adotada foi a de limpeza da
rea, ou seja, de dizimao de comunidades indgenas inteiras
para que o avano se concretizasse.
Como exemplo dessas aes, pode-se citar o Massacre
do Paralelo 112, como ficou conhecido o extermnio, na dcada
de 60, de aldeias de ndios Cinta Larga, no estado do Mato
Grosso. Uma tragdia que ficou internacionalmente conhecida
e denunciou a prtica de genocdio indgena no Brasil.
A invaso das terras indgenas por no-ndios para a
explorao ilegal dos recursos naturais uma realidade que
atinge quase toda terra indgena no pas. Embora a Constituio
Federal garanta a posse permanente aos ndios sobre as terras
que tradicionalmente ocupam e o direito de usufruto exclusivo
sobre os recursos naturais nelas existentes (art. 231, 2), esses
preceitos no so efetivamente respeitados, o que provoca
muitos conflitos e impactos para as comunidades.
Especificamente em relao ao garimpo, a Constituio
prev que os dispositivos em seu texto no se aplicam s terras
indgenas (art. 231, 7), proibindo, portanto, sob qualquer
hiptese, que a atividade seja realizada por no-ndios nessas
terras.
Alm do usufruto exclusivo assegurado aos indgenas, a
nossa Carta Magna incumbe Unio o dever de proteger e fazer
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Notas
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