Intro
Falta, fio, falta, aglutina, dor, fio, falta-me o aglutinar os nomes do caos que voga,
que deixa a vaga vontade, antes, o vazio possível. E cria um tempo na luz, liga em
tempo por luz, como que uma positiva luz, e poderá chamar-se-lhe o sentido, positivo, o
sentido que foge no acto.
Nó cego.
E o acto ?
– neste sentido –
Pois que aqui se trata do acto pelo acto, antes da acção .
Não, esta acção é acção em sentid e toda angústia é acção em sentido – maquinal - do
que vai de necessário a possível no instante em que se guia ; aglutina, dor, convém,
tempo, mito.
Tédio desconexo.
Este passar da necessidade é o (próprio) âmago do mito que se descobre em tédio e vêm
sem sentido cair-se em si marcado do cariz remoto que o traz a final, sem sentido, à
causa.
É o culminar a corda que agarra e propaga e vai na ordem do convir que se ex. tende ao
gancho remoto, final.
Este sentido do sentido é o fim. Causa. Algo no outro termo da necessidade que é o que
do mito transcende a morte no possível, absurdo, possível, que é a inscrição ; o lançar as
heróicas posteridades.
E este tédio é o nada do evadido atirado ao vazio do cariz que se toma, sentido.
Entre o fazer e o fazer de uma certa maneira põe-se como que uma certa possibilidade
(consciência) estética, diria, e o órfão, entediado desta incessante eternidade, toma o
possível que dilui, soluciona ; como possibilidade que anima, que (o) anima.
E esta é uma possibilidade que se ignora o que é como o preâmbulo da tragédia que, ao
cair-se, possibilita-se, e retoma um fim que, efectivamente, vem a retomar a caótica
dança das miríades, da matéria, do tédio ; um vogar algo caótico que busca, algo.
Algo salta num salto possível que atinge além novo ponto em que se apoia, que
sustenta, estende-se numa corda de possibilidade que é o próprio possível que nasce do
sonho como numa extracção (pictórica) remota que se expressa.
E este vazio que se nos instala, e nos força em regurgitar, e que é o tédio, que busca, que
atira, sem sentido, com sentido de fugir-se, o marasmo, o tédio.
Algo entedia-se num revolvente soluço que carece a algo, a uma resolução.
E que significa afinal uma resolução ? O que é que, afinal, se torna a solucionar ?
Sejamos sérios, pois este não é de todo um processo inocente, inócuo, e talvez o homem
assim se saiba e aceite, talvez se não saiba e aceite, talvez se saiba, ou então não aceite.
O homem atinge-se ali, no seu sítio, temente do seu além, como fora imensa válvula
imperial da conservação do tédio que se cintura, sempre a soluçar uma “liberdade” que
regula, garrota.
O Sonho necessário desta máquina que nos necessita de artifício e fere, cega, é a
máquina a que chamamos homem, civilização : o nosso homem universal.
Utopia do regresso.
Quisera a necessidade
se não excedesse
e antes um estar animal
e talvez livre,
e talvez nada,
talvez, absolutamente nada.
Aqui ; é a atenção que molda, cria, em processos plásticos que são realidades e que -
hellas – sempre figuramos nesse sacrifício que figura, maquinal.
Tudo isto me cansa porque é maquinal e porque corrói e dilacera, e esta possibilidade
que se desvela é talvez o próprio torpor, a própria náusea, esta figura destinada ao
sacrifício que é motor de civilização, veneno das almas, um rasgo sempre por preencher,
de dor, amor, de possibilidade de amor.
E sejamos muito sérios. Estes complexos são maquinais porque nada têm a ver com a
(própria) necessidade e são, antes, possibilidades dos homens dos quais a máquina
necessariamente se alimenta para se possibilitar.
São figuras complexas estas : arte ; cultura ; economia. A civilização assenta nesta
possibilidade, sanguinária, que exige a terra para (se) possibilitar.
Não o esqueçamos portanto, uma figura, um modelo, são cadáveres e não um exemplo
de felicidade, ou de liberdade, passo o termo.
Sísifo, ao eternamente repetir o seu trabalho matizado de tragédia não nos está a
condenar a nenhum rochedo sem fuga, onde, em nome de algo chamado, antes
nomeado, homem, para sempre nos padecerá da sua opção insensata, não. O que uma
figura é, o que nos diz Sísifo no seu trabalho, é o sedimentar de um funcionamento que
nos fascina e agarra pelo (seu) hábito, pelo seu tédio de funcionamento e de onde,
sempre, dessa cor que é a figura onde colocamos e carregamos (o) funcionar de Sísifo é
possível a evasão porque, afinal, o que se vê e o que se pensa e o que se sente Sísifo não
é Sísifo, antes, apenas, a possibilidade de Sísifo. Como fora combustível do trabalho,
talvez.
O que implica o ver estas escórias regurgitadas é a possibilidade que se esconde por
detrás deste olhar que deve somente constatar, não tomar.
A espiral.
E isto será talvez, o atingir do verbo ou do cálamo ou do que seja ou daquilo que é a fé
ou a compaixão dos teólogos amorosos. daquilo que é, no fundo, o poder, fazer. O
próprio absurdo do verbo indo europeu vestido de piedosa possibilidade de amor.
Nuno Rocha08