O poder da linguagem
Educadora da UFMG fala dos desafios da alfabetizao e do letramento
no pas e da importncia da pesquisa direcionada prtica
Bruno de Pierro |
retrato
Glaucia Rodrigues
24 | julho DE 2015
idade 83 anos
especialidade
Educao
formao
UFMG (graduao,
doutorado
e livre-docncia)
instituio
UFMG
produo cientfica
Mais de 80 artigos
cientficos e 26 livros.
Orientou 62 mestrados
e 10 doutorados
A professora na
biblioteca de sua casa,
em Belo Horizonte:
pesquisa em
educao e influncia
em polticas pblicas
formao para isso. Hoje penso em quanto tempo perdi. Em 1950, entrei no curso
de letras. Naquele tempo, fazamos trs
anos s com matrias de contedo, depois
um ano das disciplinas pedaggicas. Fiz o
curso de letras neolatinas, no qual estudvamos cinco lnguas e suas respectivas literaturas. Eram latim, portugus, francs,
italiano e espanhol. Para quem gostava de
ler, como eu, foi muito boa essa abertura
para vrias lnguas e literaturas.
Em que momento a senhora comeou a
se interessar pela alfabetizao?
Foi em decorrncia de outra mudana
radical. Estava quase terminando a graduao e fui sondada para trabalhar como assistente de professores na univer-
Com alunos da rede municipal de Lagoa Santa (MG): projeto em que se engajou depois da aposentadoria
Com Hernan Chaimovich, presidente do CNPq, e o ministro Aldo Rebelo, recebendo o Prmio lvaro Alberto
bom. S que as professoras no so formadas nem preparadas para ensinar essas crianas. Vejo outro problema: cresce
a cada ano o nmero de crianas consideradas de incluso nas escolas. No
possvel ter tanta criana autista como
as que tm sido includas nas redes de
ensino. Tenho visto turmas em que dizem haver quatro, cinco crianas autistas. Isso no parece razovel do ponto
de vista mdico e psicolgico.
O que a senhora quer dizer?
A proposta sempre foi incluir quem tem
as chamadas necessidades especiais, mas
a se comeou a considerar qualquer dificuldade como necessidade especial.
Por exemplo, consideram crianas como
tendo atraso mental de 3 ou 4 anos. Discordo: em geral no atraso
mental, atraso de ensino que
gera atraso de aprendizagem.
Outro exemplo: basta o menino no conseguir parar quieto
e ter pacincia para acompanhar a aula para ter diagnstico de hiperativo e receber
receita de ritalina [medicamento usado contra hiperatividade e dficit de ateno].
Ele ativo, s isso, a ateno
curta. Professores e escola
precisam saber trabalhar com
essas crianas, no encaminh-las logo a profissionais
de outras reas.