duradouro, pois era feito para servir o seu dono durante muito tempo, seno durante toda a sua vida. Um livro era adquirido para ser lido e relido por toda a famlia e depois era guardado quase como relquia. Para a maioria das pessoas, a roupa tinha o papel de proteger o corpo decentemente e no havia tanta preocupao com a moda. Um utenslio domstico, que se ganhava por ocasio do casamento, era para durar durante a formao de toda uma famlia, e numerosa, com muitos filhos. Depois de velhos, esses utenslios tambm praticamente viravam relquias. Em resumo, tudo tinha um valor que ultrapassava sua mera utilidade prtica: ficava na memria, ficava na histria, ficava um pouco mais no corao das pessoas. Na era da industrializao vieram as mquinas de produo, as fbricas, os caminhes, os carros. Os aparelhos de som, os telefones, a televiso eram objetos para as famlias de maior poder aquisitivo. Os carros eram aquisies dos ricos. Eram coisas de maior durabilidade. Mas com o desenvolvimento rpido da tecnologia e da mentalidade capitalista da lucratividade, tais objetos comearam a ser produzidos em srie e em grande escala. Assim, a montadora americana Ford foi a primeira a fabricar carros menos durveis a fim de garantir a produo continuada e poder crescer sempre mais. Agora, os carros precisam ser trocados com frequncia, porque no so feitos para durar toda a vida. Mais ou menos nessa linha que podemos entender porque hoje muitos produtos tm que ser descartveis. Hoje em dia, essa descartabilidade estimulada pelo consumismo. Existem muitos produtos descartveis, que, na verdade, aumentam essa descartabilidade num sentido social e ecolgico, pois ajudam a descartar o meio ambiente, destruindo-o pela poluio e contaminao, e diminuindo a qualidade de vida. Por outro lado, a tecnologia to eficiente e rpida, que capaz de produzir aparelhos sempre mais potentes, mais interessantes e bonitos; o mesmo acontecendo com outros produtos de consumo. Isso ajuda a criar uma mentalidade de que tudo provisrio, passageiro; nada definitivo, tudo de pequeno valor, valendo agora e para mim, enquanto bom para mim; com a liberdade de se poder fazer o que quiser. Ento, tudo descartvel. Sendo assim, as pessoas tambm so descartveis. As poderosas mquinas informatizadas, os robs fazem tudo com muito mais eficincia e rapidez, eliminando a mo de obra humana, ou seja, descartando muitos operrios. Por sua vez, esses operrios, no tendo com que sustentar suas famlias, descartam as mesmas; ou so eles descartados por suas famlias; ou, em desespero, se descartam, fugindo ou se suicidando. Os homens acima de quarenta anos tm dificuldade de encontrar emprego: so descartados. Mas na sociedade atual existem outros aspectos em que vemos claramente como as pessoas so descartadas: muitos divrcios, desquites e separaes so prticas pelas quais os cnjuges se descartam mutuamente; namorados que se descartam to facilmente; existem pais que descartam seus filhos e filhos que descartam seus pais; alunos que descartam seus professores; a juventude baderneira que descarta a ordem social e suas respectivas autoridades; pais e mes que descartam seus filhos no nascidos pela prtica do aborto; amigos se descartam por qualquer coisa; governos que descartam populaes inteiras... Somos descartveis? J descartei algum? Por que? J fui descartado? Por que? Como agir numa sociedade dos descartveis? Deus quer que sejamos descartveis? Gostaria que o leitor ou leitora desse antes a sua resposta pessoal. Aqui fao uma rpida concluso. Todos somos filhos e filhas de Deus. Deus quer o bem de todas as suas criaturas. Ele quer a nossa felicidade, j aqui na terra, mas a verdadeira felicidade eterna. exatamente nessa perspectiva de eternidade e diante de Deus que ns precisamos fazer uso dos bens aqui na terra: pensando em Deus, pensando nos outros, pensando na natureza; mas com amor divino, com justia, com perdo, partilhando, ajudando, respeitando. Se vivermos assim, descartaremos menos e seremos menos descartados. Dom Volodemer Koubetch, OSBM
BATTISTI - Variação, Mudança Fônica e Identidade, A Implementação Da Palatalização de T e D No Português Falado Na Antiga Região Colonial Italiana Do Rio Grande Do Sul