raivas e cimes, pode levar-nos mesa da alegria fraterna ou ao cime e inveja. Estas ltimas
maneiras de ver levam-nos ao mal, e, portanto, ao sentimento venenoso de queremos o bem s
para ns. A est como querer o bem nem sempre bom; pode ser mau. E melhor arrancar
pela raiz este veneno mortal.
6. A lio de Tiago (5,1-6), que lemos e abandonamos este Domingo (no prximo Domingo
comea a ler-se a Carta aos Hebreus) mostra bem, numa linguagem durssima, que o rico o
que quer o bem s para si, retirando-o (roubando-o!) aos outros. Auto-exclui-se da comunho, da
bondade e da alegria da mesa fraterna. O resultado a traa, o mofo, a ferrugem, a podrido.
7. Esta linguagem durssima aproxima-se de quanto, no texto do Evangelho de hoje aparece
retratado na geena (Marcos 9,43.45.47), do aramaico ghinnam, hebraico g-hinnom, que o
nome de um vale situado a sul de Jerusalm, lugar pago onde se realizava o culto a Moloch,
onde os mpios Acaz e Manasss tinham sacrificado os seus filhos (2 Crnicas 28,3; 33,6). O
piedoso rei Josias, no decurso da sua reforma religiosa, acabou com estes cultos pagos, e
destinou este lugar para queimar as entranhas dos animais. daqui que vem o espectculo
ttrico da putrefaco, vermes, fumo, fogo, (Jeremias 7,31-34; 19,1-13; 32,35), vermes que no
morrem, fogo que no se apaga (Marcos 9,44.46.48), que fornecero a linguagem adequada
para dizer o inferno. A chapa original encontra-se em Isaas 66,24, ltimo versculo do profeta.
8. A est, no ponto e em contraponto, a lio soberana do Evangelho de Jesus: um simples
copo de gua, dado com amor, pode trazer pela mo a eternidade.
9. O Salmo 19 , no seu todo, uma estupenda msica teolgica, como dizia Hermann Gunkel.
Apresenta-se em dois quadros, que formam um belo dptico que canaliza o louvor do orante. O
primeiro quadro, composto pelos vv. 2-7, um hino ao Deus Criador. O segundo, que rene os
vv. 8-15, um hino Lei de Deus. Na verdade, Deus ilumina e aquece o universo com o fulgor
do sol, e ilumina e acalenta o homem com o fulgor da sua Palavra contida na sua Lei revelada.
Hoje contemplamos e cantamos o segundo quadro. Quem tem ouvidos, oia e cante.
Antnio Couto