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Criatividade

A questão da criatividade vem sendo discutida há muito tempo. Há varias definições,


algumas levando em consideração os aspectos sociais, outras, os psicológicos, e,
recentemente, algumas tentativas para conceituar a criação têm surgido das ciências
cognitivas (o estudo científico da mente ou da inteligência).

Para Ghiselin (1952), criatividade é "o processo de mudança, de desenvolvimento, de


evolução, na organização da vida subjetiva". Fliegler (1959) apud Kneller (1978)
declara que "manipulamos símbolos ou objetos externos para produzir um evento
incomum para nós ou para nosso meio". Suchman (1981), Stein (1974), Anderson
(1965), Torrance (1965) e Amabile (1983), apud Alencar (1993), citam várias
definições, respectivamente:discorro

1. "o termo pensamento criativo tem duas características fundamentais, a saber: é


autônomo e é dirigido para a produção de uma nova forma." padronização
2. "criatividade é o processo que resulta em um produto novo, que é aceito como
útil, e/ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum ponto
no tempo."
3. "criatividade representa a emergência de algo único e original."
4. "criatividade é o processo de tornar-se sensível a problemas, deficiências,
lacunas no conhecimento, desarmonia; identificar a dificuldade, buscar
soluções, formulando hipóteses a respeito das deficiências; testar e retestar
estas hipóteses; e, finalmente, comunicar os resultados." util
5. "um produto ou resposta serão julgados como criativos na extensão em que a)
são novos e apropriados, úteis ou de valor para uma tarefa e b) a tarefa é
heurística e não algorística."

Cave (1999) vê a criatividade como a tradução dos talentos humanos para uma
realidade exterior que seja nova e útil, dentro de um contexto individual, social e
cultural. Essa tradução pode-se fazer, basicamente, de duas formas. A primeira é a
habilidade de recombinar objetos já existentes em maneiras diferentes para novos
propósitos. A segunda, "brincar" com a forma com que as coisas estão inter-
relacionadas. Em ambos os casos, considera a criatividade como uma habilidade para
gerar novidade e, com isso, idéias e soluções úteis para resolver os problemas e
desafios do dia-a-dia.

Kneller (1978) identifica quatro dimensões da criatividade:

"As definições corretas de criatividade pertencem a quatro categorias, ao que parece.


Ela pode ser considerada do ponto de vista da pessoa que cria, isto é, em termos de
fisiologia e temperamento, inclusive atitudes pessoais, hábitos e valores. Pode
também ser explanada por meio dos processos mentais "“ motivação, percepção,
aprendizado, pensamento e comunicação "“ que o ato de criar mobiliza. Uma terceira
definição focaliza influências ambientais e culturais. Finalmente, a criatividade pode
ser entendida em função de seus produtos, como teorias, invenções, pinturas,
esculturas e poemas."

Alencar, por sua vez, identifica duas dimensões que parecem permear a noção de
criatividade:

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"(...) pode-se notar que uma das principais dimensões presentes nas mais diversas
definições de criatividade propostas até o momento diz respeito ao fato de que
criatividade implica emergência de um produto novo, seja uma idéia ou invenção
original, seja a reelaboração e aperfeiçoamento de produtos ou idéias já existentes.
Também presente em muitas das definições propostas é o fator relevância, ou seja,
não basta que a resposta seja nova; é também necessário que ela seja apropriada a
uma dada situação."

Para compreender melhor o contexto e a variedade das definições, é interessante uma


análise histórica das teorias da criatividade. A interpretação do que é criativo, bem
como a explicação do ato propriamente dito, acontece sempre em um contexto que
percebe fatores sociais, culturais e tecnológicos. A história permeia, portanto, a
evolução do conceito de criatividade e a sua realização como ato individual.

Teorias filosóficas

O contexto histórico da Antigüidade Clássica utilizou-se do pensamento filosófico para


entender a criação. Essas teorias tinham como sustentação a atividade mental
aplicada ao entendimento do mundo como este era concebido. Perduraram até o
surgimento do método científico quando, gradualmente, a criatividade começa a
possuir fundamentações mais sólidas e verificáveis.

Criatividade como inspiração divina

Segundo Hallman (1964) apud Kneller (1978), uma das mais velhas concepções da
criatividade é a sua origem divina. A melhor expressão dessa crença é creditada a
Platão:

“E por essa razão Deus arrebata o espírito desses homens (poetas) e usa-os como
seus ministros, da mesma forma que com os adivinhos e videntes, a fim de que os
que os ouvem saibam que não são eles que proferem as palavras de tanto valor
quando se encontram fora de si, mas que é o próprio Deus que fala e se dirige por
meio deles.”

Essa concepção ainda encontra defesa, por exemplo, em Maritain (1953): o poder
criativo depende do “reconhecimento da existência de um inconsciente, ou melhor,
pré-consciente espiritual, de que davam conta Platão e os sábios, e cujo abandono em
favor do inconsciente freudiano apenas é sinal da estupidez de nosso tempo”.

Criatividade como loucura


Também creditada à Antigüidade, esta explicação concebe a criatividade como forma
de loucura, dada a sua aparente espontaneidade e sua irracionalidade. Platão,
novamente, parece haver visto pouca diferença entre a visitação divina e o frenesi da
loucura. Durante o século XIX, Lombroso (1891) alegou que a natureza irracional ou
involuntária da arte criadora deve ser explicada patologicamente.

Criatividade como gênio intuitivo


Esta explicação deve suas origens à noção do gênio, surgida no fim do Renascimento,
para explicar a capacidade criativa de Da Vinci, Vasari, Telésio e Michelângelo.
Durante o século XVIII, muitos pensadores associaram criatividade e genialidade. Kant
apud Kneller “entendeu ser a criatividade um processo natural, que criava as suas
próprias regras; também sustentou que uma obra de criação obedece a leis próprias,

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imprevisíveis; e daí concluiu que a criatividade não pode ser ensinada formalmente”.
Além de gênio, essa teoria identifica a criação como uma forma saudável e altamente
desenvolvida da intuição, tornando o criador uma pessoa rara e diferente. É a
capacidade de intuir direta e naturalmente o que outras pessoas só podem apurar
divagando longamente que caracteriza essa teoria.

Teoria da Ciência Cognitiva


A teoria das inteligências múltiplas trata das potencialidades humanas. Seu autor,
Howard Gardner (1995), observando que a inteligência possuía maior abrangência,
concebeu sua teoria como uma explicação da cognição humana que pode ser
submetida a testes empíricos e definiu inteligência como “a capacidade de resolver
problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes
comunitários.” Essa definição, propositadamente, aproxima-se muito do que Gardner
(1982) considera a própria essência da criatividade.
As informações preliminares da pesquisa foram sistematizadas em sete inteligências:
lingüística ou verbal, lógica-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica,
interpessoal e intrapessoal. Recentemente, foi incluída a inteligência naturalística, e
encontra-se em consideração a inclusão da inteligência espiritual. O quadro seguinte
descreve a natureza de cada inteligência.

As inteligências múltiplas de Howard Gardner

Inteligência Características
 Habilidade de expressão;
 Facilidade para se comunicar;
 Aprecia a leitura;
 Possui amplo vocabulário;
Lingüística ou verbal
 Competência para debates;
 Transmite informações complexas com facilidade;
 Absorve informações verbais rapidamente.

 Facilidade para detalhes e análises;


 Sistemáticas no pensamento e no comportamento;
 Prefere abordar os problemas por etapas (passo a passo);
Lógica-matemática
 Discernimento de padrões e relações entre objetos e
números.

 Sua percepção do mundo é multidimensional;


 Facilidade para distinguir objetos no espaço;
Espacial  Bom senso de orientação;
 Prefere a linguagem visual à verbal.

 Bom senso de ritmo;


 Identificação com sons e instrumentos musicais;
Musical  A música evoca emoções e imagens;
 Boa memória musical.

Corporal-cinestésica  Boa mobilidade física;


 Prefere aprender “fazendo”;

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 Prefere trabalhos manuais;
 Facilidade para atividades como dança e esportes corporais.

 Facilidade para comunicação;


 Aprecia a companhia de outras pessoas;
Interpessoal
 Prefere esportes em equipe.

 Reflexiva e introspectiva;
 Capaz de pensamentos independentes;
Intrapessoal
 Autodesenvolvimento e auto-realização.

 Confortável com os elementos da natureza;


 Bom entendimento de funções biológicas;
Naturalística  Interesse em questões como a origem do universo, evolução
da vida e preservação da saúde.

Curiosamente, Gardner não inclui uma “inteligência criativa” em sua lista. Isso se deve
à sua crença de que a criatividade permeia todo pensamento humano. Nas palavras
de Moran (1994):

“O conhecimento precisa da ação coordenada de todos os sentidos – caminhos


externos – combinando o tato (o toque, a comunicação corporal), o movimento (os
vários ritmos), o ver (os vários olhares) e o ouvir (os vários sons). Os sentidos agem
complementarmente, como superposição de significantes, combinando e reforçando
significados.”

EXERCITE SUA CRIATIVIDADE


Walt Disney já dizia que Criatividade é como ginástica: quanto mais se exercita mais
forte fica.

Como saber se somos muito criativos?


A capacidade de criar é uma das mais marcantes características do ser humano. Do
controle do fogo até a divisão do átomo, uma incansável corrente de idéias inovadoras
tem guiado nossa jornada através dos séculos. A compreensão científica da
criatividade está longe de ser completa, mas um consenso já surgiu entre os
estudiosos: a criatividade não é um dom divino, mas uma habilidade que poder ser
aprimorada. Os mesmo fatores que nos possibilitam maximizar outros poderes
cognitivos, como alguns exercícios mentais, a otimização de atitudes e do ambiente,
podem também nos ajudar a desenvolver as habilidades criativas. Todos nós temos
curiosidade sobre a nossa capacidade criativa. No entanto, as tentativas para
encontrar um método para medir a criatividade, análogo ao QI usado para avaliar a
inteligência, falharam até agora. A interpretação de algumas técnicas de medição da
criatividade, como o Teste de Pensamento Criativo de Torrance, é muito subjetiva,
dependendo muito do julgamento pessoal do avaliador.

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As 7 principais características das pessoas muito criativas

Ao invés de usar um teste padronizado, os experts em criatividade buscam por certas


características que as pessoas muito criativas parecem possuir. Algumas das
principais características:

Fluência: o número de idéias, sentenças e associações que uma pessoa pode pensar
quando apresentado a uma palavra, conceito ou problema.

Variedade e flexibilidade: a diversidade de diferentes soluções que uma pessoa pode


encontrar quando solicitada a explorar os diferentes usos de alguma coisa ou a criar
soluções para um problema.

Originalidade: a habilidade de desenvolver soluções potenciais que outras pessoas


não conseguiram pensar.

Elaboração: a habilidade de formular uma idéia, de expandi-la e transformá-la numa


solução concreta.

Sensibilidade a problemas: a habilidade de reconhecer o desafio central dentro de


uma tarefa, bem como das dificuldades associadas a este desafio.

Redefinição: a capacidade de ver um problema conhecido sob uma perspectiva


completamente diferente.

Tolerância à ambigüidade: a capacidade de aceitar e trabalhar ao mesmo tempo


com múltiplas causas ou respostas a um problema ou desafio singular.

10 atitudes das pessoas muito criativas

Nada pode impedir uma pessoa com a atitude mental correta de realizar seu objetivo;
nada na terra pode ajudar uma pessoa com a atitude mental errada. Thomas
Jefferson.

Criatividade não é meramente uma questão de técnicas e habilidades, mas sobretudo


de uma atitude mental no trato de problemas e de idéias. Mesmo para alguém versado
nas técnicas de criatividade (Brainstorming, Mapa Mental, SCAMPER, TRIZ, etc.), sem
uma atitude mental correta, estas técnicas não produzirão resultados. Para serem
eficazes, as técnicas de criatividade precisam ser acompanhadas de atitudes que nos
levem a ver o mundo sob diferentes perspectivas e a trilhar caminhos nunca antes
tentados.

Algumas atitudes mentais essenciais para o pensamento criativo são apresentadas a


seguir.

1. Curiosidade

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Criatividade requer uma disposição permanente para investigar, procurar entender e
obter novas informações sobre as coisas que nos cercam. Para se tornar uma pessoa
mais criativa você deve aprender a perguntar “por quê?” e “e se…?” e incorporar estas
perguntas ao seu modo de vida. Infelizmente, com a maturidade perdemos aquela
atitude inquisitiva da infância, quando não dávamos trégua aos nossos pais, querendo
saber o porquê sobre tudo. Faz-se necessário estimular a volta desta curiosidade
natural, anulada pela escola, pela família e pelas empresas.

2. Confrontando desafios

As pessoas criativas não fogem dos desafios mas os enfrentam perguntando “como
eu posso superar isto?”. Elas têm uma atitude positiva e vêem em cada problema uma
oportunidade de exercitar a criatividade e conceber algo novo e valioso.

3. Descontentamento construtivo

As pessoas criativas têm uma percepção aguda do que está errado no ambiente em
volta delas. Contudo, elas têm uma atitude positiva a respeito desta percepção e não
se deixam abater pelas coisas erradas. Ao contrário, elas transformam este
descontentamento em motivação para fazer algo construtivo. Santos Dumont era um
entusiasta dos balões mas não estava satisfeito com suas limitações e não descansou
até inventar uma aeronave dirigível.

4. Mente aberta

Criatividade requer uma mente receptiva e disposta a examinar novas idéias e fatos.
As pessoas criativas têm consciência e procuram se livrardos preconceitos,
suposições e outros bloqueios mentais que podem limitar o raciocínio. Quem vê um
celular apenas como um telefone, jamais pensaria em agregar ao aparelho outras
utilidades como fotografia, GPS, e-mail e MP3.

5. Flexibilidade

As pessoas muito criativas são hábeis em adotar diferentes abordagens na solução de


um problema. Elas sabem combinar idéias, estabelecer conexões inusitadas e gerar
muitas soluções potenciais. Elas adoram olhar as coisas sob diferentes perspectivas e
gerar muitas idéias.

6. Suspensão do julgamento

Imaginar e criticar ao mesmo tempo, é como dirigir com o pé no freio. As pessoas


criativas sabem que há um tempo para desenvolver idéias e outro para julgá-las. Elas
têm consciência que toda idéia nasce frágil e precisa de tempo para maturar e revelar
seu valor e utilidade antes de ser submetida ao julgamento.

7. Síntese

Olhe as árvores, sem perder a visão da floresta. A capacidade de se concentrar nos


detalhes sem perder de vista o todo é uma habilidade fundamental das pessoas

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criativas. A visão do todo lhe dá os caminhos para estabelecer conexões entre
informações e idéias aparentemente desconexas.

8. Otimismo

Henry Ford resumiu bem as conseqüências de nossas atitudes: Seja acreditando que
você pode, seja que não pode, você estará provavelmente certo. Pessoas que
acreditam que um problema pode ser resolvido acabam por encontrar uma solução.
Para elas nenhum desafio é tão grande que não possa ser enfrentado e nenhum
problema tão difícil que não possa ser solucionado.

9. Perseverança

As pessoas muito criativas não desistem facilmente de seus objetivos e persistem na


busca de soluções, mesmo quando o caminho se mostra longo e os obstáculos
parecem intransponíveis. Com muita freqüência, a procura de uma solução criativa
requer determinação e paciência. Ouçamos o Professor Sir Harold Kroto, prêmio
Nobel de Química: Nove entre dez de meus experimentos falham, e isto é considerado
um resultado muito bom entre os cientistas.

10. Eterno aprendiz

Freqüentemente, a solução criativa nasce de combinações inusitadas, estabelecendo


analogias e conexões entre idéias e objetos que não pareciam ter qualquer relação
entre si. A matéria prima para estas analogias e conexões são os fatos observados e
os conhecimentos e experiências anteriores que a pessoa traz consigo. É através de
seu patrimônio cultural que cada pessoa pode dar seu toque de originalidade. Este
patrimônio cultural nasce e se alimenta de uma atitude de insaciável curiosidade e de
prazer em aprender coisas novas.

Quais destas atitudes mentais caracterizam sua maneira de lidar com seus desafios?
Quais são seus pontos fortes? Quais atitudes você precisa desenvolver para fortalecer
sua criatividade? Focalize naquelas que você considera essenciais para o
aprimoramento de sua criatividade e prepare um plano de ação. Mas tenha sempre em
mente que atitudes não são mudadas de um dia para outro. Isto requer disciplina,
paciência e perseverança. Pode ser difícil, mas o prêmio é alto.

O processo criativo

Algumas pessoas vêem a criatividade como uma atividade relativamente não


estruturada de pular em torno de idéias até se deparar com a idéia certa. Embora isto
funcione para algumas pessoas, muitas situações da vida real requerem uma
abordagem mais estruturada. A liberdade para experimentar é essencial para a
criatividade, como também alguma disciplina para assegurar objetividade e
consistência.

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Seja qual for o nível de estruturação adotado, o processo criativo se fundamenta em
três princípios: Atenção, Fuga e Movimento. O primeiro princípio nos diz: concentre-
se na situação ou problema; o segundo: escape do pensamento convencional; o
terceiro: dê vazão à sua imaginação. Estas três ações mentais formam uma estrutura
integrada em que se baseiam todos os métodos de pensamento criativo. As diferenças
entre os diversos métodos encontrados na literatura especializada estão na ênfase
dada a cada um destes princípios e nas ferramentas usadas. As definições destes três
princípios são parcialmente inspiradas no trabalho de Paul E. Plsek (Creativity,
Innovation and Quality, ASQ Quality Press).

ATENÇÃO

A criatividade requer que primeiro concentremos nosso foco em algo, um problema ou


uma oportunidade. Ao nos concentrarmos, preparamos nossa mente para romper com
a realidade existente e se abrir para a percepção de possibilidades e conexões que
normalmente não enxergamos.

Se estivermos explorando oportunidades, voltamos nossa atenção para o que não


funciona ou pode ser aperfeiçoado:

 o que é difícil e complicado e pode se tornar fácil e simples;


 o que é lento e pode se tornar rápido, ou vice-versa;
 o que é pesado e pode se tornar leve e portátil;
 o que é instável e pode se tornar estável e confiável;
 o que está separado e pode ser combinado e unificado, ou vice-versa;
 muitas outras possibilidades em que usualmente não prestamos atenção.

Até 1980, a indústria de computadores dirigia sua atenção para a máquina, como
torná-la mais potente. Apple e Windows focaram sua atenção no usuário, em como
tornar o computador mais acessível e mais amigável, revolucionando toda a indústria
de informática.

Se estivermos analisando um problema, concentramos nossa atenção para


compreender melhor a situação, suas diferenças e similaridades com outras situações
conhecidas, as peculiaridades do problema analisado e suas possíveis causas.
Tentamos entender a situação, procurando respostas para as seguintes questões: O
que está acontecendo? Onde? Como? Quando? Por quê? Quem está envolvido?

Tanto no caso de exploração de oportunidades, quanto no caso de solução de


problemas, devemos ficar atentos aos paradigmas, aos sentimentos e às suposições
que podem estar atuando sobre nossa percepção e entendimento da situação.

A verdadeira viagem do descobrimento não consiste na procura de novas paisagens,


mas em ter novos olhos. (James L. Adams).

FUGA

Tendo concentrado nossa atenção na maneira como as coisas são feitas atualmente,
o segundo princípio do processo criativo nos chama a escapar mentalmente dos
nossos atuais modelos de pensamento. É a hora de refletir sobre os nossos bloqueios

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mentais e derrubar as paredes que limitam nossa imaginação ao que sempre fizemos,
ao que é confortável e seguro.

A verdade é que os hábitos, mais do que nossas habilidades, predominam na escolha


de nossos caminhos. Tendemos a trilhar sempre o mesmo vale, que se torna cada vez
mais profundo e mais difícil de escapar.

Você não pode resolver um problema com a mesma atitude mental que o criou. (Albert
Einstein).

 MOVIMENTO

Simplesmente prestar atenção e escapar do modelo de pensamento atual não é


sempre suficiente para gerar idéias criativas. Movimento, o terceiro princípio nos leva a
continuar a exploração e combinação de novas idéias. É o momento de dar asas à
imaginação e gerar novas alternativas, sem perder de vista os propósitos do processo
criativo. É o momento de fazer conexões insólitas, de ver analogias e relações entre
idéias e objetos que não eram anteriormente relacionados.

O conhecimento destes três princípios abre o caminho para o entendimento dos


diversos métodos e técnicas de criatividade encontradas nos livros. As técnicas
existentes têm a finalidade de nos auxiliar em pelo menos um dos três princípios.
Diferentes métodos resultam da diferentes combinações destas técnicas. Dominando
os três princípios, Atenção, Fuga e Movimento, você pode criar o seu próprio
método, selecionando, combinando, ou mesmo criando as técnicas e ferramentas que
mais se adaptam à sua personalidade e preferências. Você também pode adequar
métodos e técnicas ao problema específico que você está enfrentando.

O quadro abaixo resume os três princípios e apresenta um checklist do que você deve
considerar na montagem de suas técnicas de criatividade.

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O ser criativo
Para Fayga Ostrower, “cada pessoa constitui um ser individual, ser in-divisível em sua
personalidade e na combinação única de suas potencialidades... A criação, porém,
nunca é apenas uma questão individual. As influências culturais existem sempre. Não
há como opô-las à espontaneidade criativa.” (OSTROWER, 977:147)

Culturalmente mestiço, o brasileiro conviveu, desde o início da colonização, com


facilidade, com diferentes traços culturais trazidos pelos imigrantes portugueses,
franceses, holandeses, acrescidos das influências fortíssimas das culturas indígena e
africana. Mais tarde, são os italianos, alemães, poloneses, japoneses, turcos que
vieram enriquecer nosso imaginário, o que resultou num povo marcadamente criativo,
apto a inventar e reinventar continuamente, “criando cultura numa velocidade
espantosa”, (LESSA, 2004:182) no sertão, na beira de rios e mares, nas florestas, nas
pequenas e grandes cidades... Numa amálgama surpreendente!

A utilização de resíduos rejeitados por não servirem mais à sua finalidade primeira é
uma atitude, como já afirmamos, uma maneira natural do brasileiro de aproveitar tudo
para a criação de objetos que vão atender a suas necessidades materiais e espirituais.
Mas a nossa sensibilidade, nossa sentimentalidade, atuantes, vão operar e ajudar
nessa incorporação, nessa digestão, com explica Raimundo Rodrigues: “O que
transforma é a arte, é o sentimento, se não transformar o coração, se não abrir o
coração, não muda nada. Dentro do lixo só me interessa o que não interessa pra mais
ninguém. Objetos, ressentimentos, rejeições, de pessoas e coisas, não me
interessam. Só se conseguir transformá-las.”

DICAS PARA ESTIMULAR A CRIATIVIDADE

A criatividade não é um dom especial que só algumas pessoas possuem. Cada um


pode desenvolver sua criatividade se buscar continuamente a informação sobre tudo
que o cerca, se tiver sensibilidade para todas as coisas que acontecem à sua volta e
curiosidade para descobrir o que se esconde nas aparências dos fatos, dos objetos,
das pessoas. A inspiração, o “click”, é o resultado fi nal de muita leitura, observação e
análise. A inspiração é o momento em que o arquivo mental entra em ação e abre-se
uma gaveta com uma grande idéia. Para que esta gaveta se abra, o arquivo tem que
ser abastecido. Aproveitando as idéias do professor

Whitt N. Schultz, da Universidade de Búfalo nos Estados Unidos, famosa por seus
cursos de criatividade, seguem algumas dicas para que você tenha idéias criativas e
brilhantes:

1. Saiba que há um tesouro em cada cabeça - uma mina de ouro de informações.


Construir um computador com as mesmas características do seu cérebro custaria
mais do que 3 bilhões de bilhões de dólares. Sabe como se escreve isso? US$
3.000.000.000.000.000.000,00.

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2. Todo dia escreva pelo menos uma idéia sobre estes assuntos: como eu posso fazer
meu trabalho melhor; como eu poderia ajudar outras pessoas; como eu posso ajudar a
minha empresa; como eu posso ajudar o meu país, o que posso fazer para melhorar a
minha qualidade de vida e de outras pessoas...

3. Escreva seus objetivos específicos de vida e de trabalho. E carregue esta relação


em algum documento que você possa consultar facilmente: um bloco, um caderno de
idéias etc – sempre.

4. Faça anotações. Não saia sem papel e lápis ou algo para escrever. Anote tudo, não
confie na memória. Cabe aqui a observação da sua professora (Viviane) sobre o
Caderno de Idéias!

5. Armazene idéias. Coloque em cada pasta um assunto. Idéias para a casa, para
aumentar a sua eficiência no trabalho, para ganhar mais dinheiro. E vá aumentando
este banco de dados através de leitura, viagens, conhecimento com novas pessoas,
filmes, competições esportivas etc.

6. Observe e absorva. Observe tudo cuidadosamente. Aproveite o que você observa.


E principalmente, observe tudo como se fosse a última vez que você fosse ver.

7. Desenvolva uma forte curiosidade sobre pessoas, coisas, lugares. Ao falar com
outra pessoa, faça com que ela se sinta importante.

8. Aprenda a escutar e a ouvir tanto com os olhos quanto com os ouvidos. Perceba o
que não foi dito.

9. Descubra novas fontes de idéias. Através de novas amizades, de novos livros, de


assuntos diversos e até de artigos como este que você está lendo.

10. Compreenda primeiro. Depois julgue.

11. Mantenha o sinal verde de sua mente sempre ligado: sempre aberto.

12. Procure ter uma atitude positiva e otimista. lsso ajuda você a realizar, seus
objetivos.

13. Pense todos os dias. Escolha uma hora e um lugar para pensar alguns minutos,
todos os dias.

14. Descubra o problema. Ataque seus problemas com maneiras ordenadas. Uma
delas é descobrir qual é realmente o problema, senão você não vai achar a solução
Faça seu subconsciente trabalhar. Ele pode e precisa. Dia e noite. Fale com alguém
sobre a idéia, não a deixe morrer.

15. Construa GRANDES idéias a partir de pequenas idéias. Associe. Combine.


Adapte. Modifique. Aumente. Diminua. Substitua. Reorganize-as. E finalmente, inverta
as idéias que você tem.

16. Evite coisas que enfraqueçam a concentração e a ordem no seu cérebro: barulho,
fadiga, negativismo, dietas desequilibradas, excessos em geral.

17. Crie grandes metas. Grandes objetivos.

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18. Aprenda a fazer perguntas que desenvolvam o seu cérebro e a maneira de
racionar sobre todos os assuntos:

> QUEM, > POR QUÊ,

> QUANDO, > QUAL,

> ONDE, > COMO...

> O QUÊ,

19. Coloque as idéias em ação. Lembre-se de que uma idéia razoável colocada em
ação é muito melhor que uma grande idéia arquivada.

20. Use o seu tempo ocioso com sabedoria. Lembre-se de que a maior parte das
grandes idéias, os grandes livros, as grandes composições musicais, as grandes
invenções foram criadas no tempo ocioso dos seus criadores.

E para confirmar que a criatividade não é um dom, mas um potencial a ser explorado
à sua volta e dentro de você, vamos ver o que os grandes inventores e pensadores
escreveram sobre CRIAR:

“As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que
precisam e, quando não as encontram, as criam.” (Bemard Shaw – Filósofo)

“Minhas invenções são fruto de 1% de inspiração e 99% de transpiração.” (Thomas


Edison – Inventor)

“As mentes são como os páraquedas: só funcionam se estiverem abertas.” (Ruth


Noller –Pesquisadora da Universidade de Búffalo)

“As boas idéias vêm do inconsciente. Para que uma idéia seja relevante o
inconsciente precisa estar bem informado.” (David Ogilvy – Publicitário)

Compreenda o processo criativo

Catherine Patrick descreve as fases do processo criativo em seu livro “O que é o


pensamento criativo”.

1. Preparação

É a fase de coleta e manipulação do maior número de dados e elementos pertinentes


a um problema. Ler, anotar, discutir, colecionar, consultar, rabiscar, cultivar sua
concentração no assunto.

2. lncubação

É quando o inconsciente entra em ação e, desimpedido pelo intelecto, elabora as


inesperadas conexões que constituem a essência da criação.

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3. Iluminação

O momento da gênese da idéia, a iluminação ou síntese ocorre para o homem criativo


em incubação nos momentos mais inesperados.

4. Verificação

Nesta fase, o intelecto termina a obra que a imaginação iniciou. O criador analisa,
julga e testa sua idéia para avaliar sua adequação.

DE ONDE VEM A CRIATIVIDADE? Por Sérgio Navega

Por Que Criatividade é tão importante? Será que todos nós somos criativos? É
algo que vem de berço ou se aprende? Pode ser cultivada, incentivada? Dá para
ser Criativo em uma Empresa não Criativa? O que é afinal Criatividade?

São muitas perguntas, grande parte delas com várias respostas possíveis, e nenhuma
resposta pode ser considerada a “melhor”. Criatividade é o típico conceito que resiste
a definições e durante muito tempo temos visto aparecer diversos livros e manuais
tentando apresentar visões pessoais sobre o assunto. Nosso enfoque neste pequeno
artigo é mostrar que Criatividade pode ser encarada de uma maneira bastante
diferente das tradicionais e que essa forma é mais fundamentada do que muitas outras
alternativas.

Criatividade de Vários Pontos de Vista

Quando a coisa é difícil de definir ou entender, um exercício interessante é observá-la


sob diversos ângulos. É o que faremos aqui, através de enfoques bastante distantes
um do outro.

Todos tentam iluminar a questão “O que é Criatividade?”.

Sob o ponto de vista humano

Criatividade é a obtenção de novos arranjos de idéias e conceitos já existentes


formando novas táticas ou estruturas que resolvam um problema de forma incomum,
ou obtenham resultados de valor para um indivíduo ou uma sociedade. Criatividade
pode também fazer aparecer resultados de valor estético ou perceptual que tenham
como característica principal uma distinção forte em relação às “idéias convencionais”.

Sob o ponto de vista cognitivo

Criatividade é o nome dado a um grupo de processos que procura variações em um


espaço de conceitos de forma a obter novas e inéditas formas de agrupamento, em
geral selecionadas por valor (ou seja, possuem valor superior às estruturas já
disponíveis, quando consideradas separadamente). Podem também ter valor similar
às coisas que já se dispunha antes mas representam áreas inexploradas do espaço
conceitual (nunca usadas antes).

Sob o ponto de vista neurocientífico

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É o conjunto de atividades exercidas pelo cérebro na busca de padrões que
provoquem a identificação perceptual de novos objetos que, mesmo usando “pedaços”
de estruturas perceptuais antigas, apresentem uma peculiar ressonância,
caracterizadora do “novo valioso”, digno de atenção.

Sob o ponto de vista computacional

É o conjunto de processos cujo objetivo principal é obter novas formas de arranjo de


estruturas conceituais e informacionais de maneira a reduzir (em tamanho) a
representação de novas informações, através da formação de blocos coerentes e
previamente inexistentes.

Como quase todas as definições, estas são opacas e difíceis de entender, mas
servem para demonstrar como é vasto o repertório de idéias que podem ser postas em
conjunto para tentar explicar o que é o fenômeno criativo. Há, no entanto, uma grande
tendência em se “assustar” com essas idéias e dessa forma evitar compreendê-las,
ficando com aquelas noções batidas de “preparação, incubação, insight”. Não temos
espaço neste artigo para mostrar porque essas idéias velhas não vão muito longe.
Basta dizer que a grande maioria dos autores de livros e manuais de Criatividade se
contentam em expor “técnicas” com variações dessas estratégias e com isso parecem
se satisfazer com as idéias que historicamente tem sido usadas para explorar esse
assunto. No mínimo, isto pode ser dito como muito pouco criativo da parte deles.
Temos que ser criativos para pensar sobre criatividade.

Propomos pensar sobre Criatividade a partir de outro enfoque: para ser mais criativo,
temos que entender porque o cérebro humano é naturalmente criativo, porque as
crianças são espontaneamente criativas.

Temos que compreender como funciona a mente humana, em seus aspectos mais
cognitivos e perceptuais, não através de “chutes” sobre como pensamos, mas sim
através do acompanhamento criterioso das descobertas científicas acerca da mente e
do cérebro humanos. Nunca houve tantas informações sobre esse assunto quanto
tivemos nos últimos dez anos.

Criatividade Auxilia Percepção e Vice Versa

A Ciência Cognitiva estuda, entre outras coisas, como o cérebro humano desenvolve
progressivamente sua capacidade perceptual. Uma criança aprende com o tempo a
perceber expressões faciais de seus pais quando eles estão, por exemplo, zangados
ou impacientes. A percepção é uma atividade contínua do cérebro e para identificar os
diversos objetos e eventos que uma criança tem que lidar, muito de seu aprendizado
depende de correlacionar coisas que acontecem em frente a seus olhos, ouvidos e
mãos. Para executar essa correlação a criança precisa ser ativa, precisa interagir com
o ambiente e testar seus limites, precisa verificar se aquilo que aconteceu ontem
também vai acontecer hoje. Isto é, na essência, um dos procedimentos fundamentais
da Criatividade, o desenvolvimento (através de testes e observação) de uma
capacidade perceptual apurada através da atitude ativa.

Com o tempo, a criança se desenvolve e vai querer atingir novos objetivos.

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Agora ela já está mais apta a atuar sobre o mundo e teve tempo de desenvolver um
aparelho perceptual suficientemente poderoso para ajudá-la na tentativa de satisfazer
seus anseios. Um deles pode ser, por exemplo, alcançar aquele bolo que está ali
sobre a mesa. Sua percepção

lhe informa que um banquinho próximo à mesa lhe daria suporte para quase alcançar
o topo dela. Falta apenas um pouco mais. Então, sua criatividade vai impeli-la a
observar ao redor e ver se há algo mais que possa lhe “fornecer” o tipo de suporte de
que necessita para elevá-la além da altura do banco. Ao encontrar uma caixa de
brinquedos, um “estalo” ocorre: se colocada sobre o banquinho, isto lhe permitirá
atingir a mesa e assim saborear o bolo.

Este ato criativo no caso da criança tem dois componentes que eu gostaria de
destacar. O primeiro é a solução inovadora (a criança não “sabia” desta solução, ela a
concebeu, principalmente porque sua percepção “juntou partes”). Mas há também o
fator “risco”, pois qualquer adulto que estivesse presente iria desincentivar a criança
porque talvez a caixa de brinquedos sobre o banquinho fosse instável e assim a
criança poderia cair. Temos aqui dois itens que influenciam bastante a criatividade:

1) A necessidade de um lado (em conjunto com a habilidade perceptual) fornecem


impulso positivo para o desenvolvimento de soluções criativas. Para ser criativo,
devemos ter claro em nossa mente o objetivo (mesmo que vago e incerto) que
queremos atingir.

2) A crítica dos pais fornece reforço negativo (neste caso, apropriado), pois há a
imposição de uma regra que “corta” o fluxo criativo de pensamento (essa regra, na
verdade, só tem significado para os pais, para a criança não significa nada, pois ela
não sabe do perigo de cair de apoios instáveis, só irá aprender quando cair uma vez).

Obviamente, a regra dos pais é bem-vinda pois evita um acidente desagradável. Mas
se os pais não esclarecem à criança o porquê da regra, isto fará sobrar em sua
pequena mente apenas a parte negativa da regra, aquela que tolhe a iniciativa sem
dizer qual a causa disso. É fundamental que todos nós entendamos o porquê das
coisas.

Quando adultos, mantemos boa parte dessas restrições impostas sem explicação em
nossas cabeças.

Elas nos colocam regras, normas, procedimentos, padrões, bloqueios que agem como
os pais originais agiram em relação à criança. À primeira vista, isto pode parecer tão
útil quanto a situação original da criança: as regras e procedimentos foram
desenhados porque eles deram certo no passado (evitam quedas dolorosas). As
regras que nos ensinaram na escola e na faculdade também tiveram certo cuidado em
sua confecção. Então como justificar a criatividade (quebra de regras) neste caso?
Vamos nos concentrar agora no porque é necessário quebrar regras.

Criatividade e Expansão de Potencialidade

A grande diferença entre as regras dos pais em relação à criança e as regras e


procedimentos aprendidos na faculdade e no trabalho em relação aos adultos vem do
fato de que os pais da criança estão totalmente certos de que há um risco alto em se
apoiar em uma caixa de brinquedos instável. Já as regras dos adultos são apenas

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coisas que funcionaram bem até hoje. Entretanto, não há ninguém que consiga
justificar porque elas irão funcionar bem amanhã (isto é parte de uma discussão
filosófica sobre a justificação de procedimentos indutivos). Além disso, se a regra é
apresentada a nós sem nenhuma explicação convincente, então ela pode ter sido
desenvolvida por força de generalizações imperfeitas. O mundo evolui, descobrimos
novas coisas a todo o instante. Confiar cegamente nas regras antigas significa
desprezar o potencial criado pelas descobertas recentes.

Esta é mais uma das observações que fazemos para justificar porque temos que
entender as coisas. Não basta sabermos sobre fatos, temos que captar a essência de
suas interligações. Em outras palavras, em vez de ensinar a nossas crianças o nome
dos afluentes do rio Amazonas (e de cobrar esses nomes em provas, valendo nota!),
elas deveriam ser expostas ao ciclo de eventos que ocorrem por causa da chuva,
deslocamento de águas dos rios para os mares e posterior evaporação.

Esse conhecimento (conhecimento causal) é muito mais importante do que nomes e


dados factuais, pois permite a pessoa pensar sobre as coisas e usar o pensamento
para melhorar sua vida (via criatividade!).

Há utilidade também em dividirmos a criatividade em duas áreas (como faz Margaret


Boden): a criatividade psicológica, na qual aquilo que é inventado é novidade para a
pessoa, mas não para a humanidade (ou seja, alguém já fez isso no passado) e a
criatividade histórica, na qual a criação é inédita em termos universais. As crianças
tem em geral criatividade psicológica, é novo para elas mas já foi feito muitas vezes no
passado. Mas como adultos em geral estamos à cata de criações históricas, coisas
que nunca foram tentadas (ao menos na exata situação contextual em que estamos).
Portanto, estamos à procura justamente de criações para as quais não existem regras
definidas previamente, ou seja, as regras atuais não valem. Entende porque temos
que quebrar regras?

Portanto, Criatividade serve muito para explorarmos o desconhecido, e para isso


precisamos ter em mente que frequentemente vamos errar. Tentar e errar faz parte do
processo criativo e um dos pontos básicos para ampliarmos nosso potencial criativo é
justamente reconsiderar nosso “medo” de errar, talvez transformando a palavra em
“testar”.

Veja que a cada “teste” malsucedido que fazemos conseguimos novos elementos para
nosso aparelho perceptual (mais ligações de causa/efeito, mais identificação de
correlações, mais micro-regras unindo partes do problema a outras partes, mais
conhecimento sobre partes montando um todo, etc). Por isso se diz que muito se
aprende com os erros. Eles enriquecem nossa percepção de forma que possamos ter
melhores chances de simular o mundo em nossas mentes em futuras situações.

Criar é Ter Inteligência Para Simular

Uma das características mais marcantes dos “seres inteligentes” que habitam este
planeta é a habilidade de aprender e antever consequências de atos imaginados. Isto
nos permite fazer “modelos” do mundo. Conseguimos “rodar” um programa simulador
em nossa mente. Uma criança desde cedo aprende a entender o que significa a força
da gravidade e a partir daí irá ganhar uma forma virtual de testar mentalmente uma
determinada ação física, verificando se ela é segura ou não antes de executá-la. As
crianças acabam descobrindo que se colocar o dedinho no fogo a consequência é dor

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lancinante. Depois disso, elas podem antever a consequência do ato de estender seu
dedinho mental no fogo virtual e sentir assim o efeito virtual correspondente, sem ter
que passar pelo efeito físico.

Passamos boa parte de nossa vida aprendendo como melhorar nossa simulação do
mundo exterior. Modelamos o mundo físico, modelamos as emoções das pessoas com
as quais convivemos, modelamos a empresa em que trabalhamos, o governo, nossos
vizinhos, nosso carro, o trânsito, etc. Boa parte de nosso raciocínio é meramente uma
simulação de grandes cadeias causais (isto causa aquilo que causa aquilo...).
Podemos dizer que essa sequência de inferências são representantes das “regras”
que usamos no dia-a-dia, equivalentes às regras mais simples como aquela que diz
que quando vou atravessar uma rua, devo olhar para os dois lados. Essa regra é tão
forte que chega ao caráter de comportamento condicionado. Tudo isto é muito, muito
útil, pois poupa-nos tempo, automatiza procedimentos rotineiros, aumenta nossas
margens de acerto e evita erros fatais. Há poucas (se é que há alguma!) vantagem em
ser criativo no atravessar a rua.

Mas há um lado ruim dessa tática: essas regras também nos fazem ficar acomodados
e por isso evitamos procurar novas possibilidades. Para sermos criativos, temos que
estar dispostos a quebrar (mesmo que apenas mentalmente) várias dessas
sequências pré-programadas e dessa forma rodar nossa simulação do mundo com um
conjunto alterado de regras. Mas para que mesmo fazer isso? Vamos rever essa idéia.

O Estalo Perceptual

Aposto que todos os leitores já ouviram falar (ou mesmo já tiveram) o famoso “aha!” ou
o “eureka”. São expressões que exprimem o momento em que as coisas se
“encaixam” de um jeito ideal mostrando seu valor imediatamente. Chamo a isso de
“estalo perceptual”. Por que?

Porque esse estalo aparece devido ao nosso treinamento perceptual para reconhecer
coisas valiosas. Quando as coisas se juntam, há um momento onde identificamos uma
espécie de “objeto” como se tivéssemos reconhecido a face de um velho amigo que
não vemos há muito tempo. Na realidade, em termos neurocientíficos é exatamente
isso o que ocorre. Essa é uma atividade essencialmente cognitiva e que mostra a
importância de cultivarmos habilidades perceptuais.

Ainda há muito a se falar sobre este tópico e caso você esteja interessado em maiores
informações, você pode me contatar no e-mail abaixo. Veja também a página do meu
seminário sobre criatividade que trata desses assuntos com maior profundidade, em
especial como podemos fazer para alterar as regras que conhecemos e assim obter
maiores chances de estalos perceptuais.

Nós humanos somos os únicos seres inteligentes deste planeta capazes de uma
profunda auto-reflexão. Para ser mais criativos, temos que levar esse auto-
conhecimento um passo adiante. Temos que conhecer como funcionam nossos
cérebros para poder não apenas nos deleitar com esse conhecimento, mas também
para potencializar nossas capacidades e assim ampliar o alcance de nossas melhores
intenções humanísticas.

Por Sérgio Navega, outubro de 2000

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Criatividade e Simplicidade - Horácio Soares

No dicionário criatividade é a qualidade do criativo; capacidade criadora; inventividade.

Segundo uma das maiores autoridades no mundo em Pesquisa da Criatividade,


Edward de Bono: “criatividade não é simplesmente uma maneira de fazer melhor as
coisas. Sem ela, somos incapazes de fazer pleno uso das informações e experiências
que já estão disponíveis e estão presas a antigas estruturas, padrões, conceitos e
percepções."

Para Maslow, criador da famosa pirâmide que levou seu nome é: “atividade mental
organizada, visando obter soluções originais para satisfação de necessidades e
desejos".

Eu gosto de pensar que é a criação de soluções simples e originais para problemas


complexos e aparentemente sem solução. Por isto, a frase que mais gosto é do
músico Charles Mingos: “complicar o simples é fácil. Criatividade é tornar o
complicado em simples".

Infelizmente o que acontece na maior parte das vezes é exatamente o oposto,


soluções complexas que ao invés de simplificar nossas vidas, trazem mais problemas,
burocracias e dificuldades.

Edward de Bono, em uma de suas últimas obras "Simplicity", fala da simplicidade


como uma questão estratégica. Diz que "sem simplicidade, acontecem pelo menos
duas coisas: Primeiro, a vida se torna mais complexa e as pessoas mais ansiosas.
Segundo, não estaremos em condições de tirar vantagem de tudo o que o
desenvolvimento tecnológico oferece. Portanto, a simplicidade se transformará num
valor-chave ou central, ou seja, como projetar alguma coisa para que seja simples"
(Entrevista para a revista HSM Management em abril de 2001).

Ainda nesta entrevista perguntou: “De que adianta uma super filmadora com milhares
de funções se apenas 5% das pessoas conseguem usar mais de 10%?

Tudo deveria ser mais simples, as empresas, instituições, processos, equipamentos


eletrônicos, Web Sites, Softwares, governos e principalmente as pessoas.

Idéias criativas podem resolver problemas com simplicidade.

Vejam um exemplo do que acabo de falar:

Eu não gosto dos desodorizadores que ficam pendurados nas privadas dos banheiros
e que servem para deixá-las limpas e com bom cheiro. Além de estética discutível, às
vezes se soltam e ainda tem o contato físico para troca do refil.

Na casa da minha cunhada todas as descargas são do tipo que, após o uso, temos
que aguardar alguns instantes até que o nível de água se encha, para só então,

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voltarem a ser utilizadas. Exatamente como na minha e em muitas outras casas no
Brasil.

Muito bem, após usar o banheiro utilizei a descarga e reparei que a água tinha ficado
azul e perfumada. Não entendi, procurei o desodorizador e nada? Ainda demorei
alguns instantes até compreender o havia acontecido.

Ela teve o “insight” de colocá-lo dentro do recipiente onde a água da descarga é


armazenada.

Assim, toda vez que a descarga é acionada, a água fica perfumada.

Esta idéia me lembrou mais uma das célebres frases de Einstein: "Se no início a idéia
não parecer absurda, não há esperanças para ela.”

Achei genial a solução e me perguntei: por que não pensei nisto antes? Normalmente
as idéias criativas são tão simples e obvias que ficamos com essa estranha sensação.

Bastou apenas um olhar diferente para o "problema", sobre um outro ponto de vista e
pronto,

surgiu uma solução simples e original. Não era perfeita e muito menos a mais
econômica, na verdade foi uma improvisação, mas enfim, resolveu o problema dela e
o meu por tabela.

Ela pensou diferente, fora dos padrões normais e solucionou criativamente o seu
problema. O professor Edward de Bono chama este raciocínio de: “pensamento
lateral”.

Para explicar, diz que podemos raciocinar de duas maneiras diferentes:

Verticalmente: “cavando cada vez mais fundo sempre no mesmo lugar".

É quando insistimos em resolver problemas utilizando apenas com nossos


conhecimentos e experiências.

Lateralmente: "cavando em outros lugares quando não achamos o que estamos


procurando".

Ou seja, é quando diante de um problema novo, desconhecido ou aparentemente


impossível, damos asas à imaginação nos libertando das regras e amarras da nossa
educação e sociedade.

“Pediram a um grilo que citasse três animais mansos e três animais ferozes e o grilo
não hesitou em listar, como animais mansos, o leão, o tigre e a cascavel; e, como
animais ferozes, o pardal, a rã e a galinha.”

A Criatividade na infância e na vida adulta.

Há alguns anos, quando iniciava meus estudos sobre criatividade e seus processos,
tive acesso a uma fita de vídeo que fazia parte do acervo de uma antiga oficina de

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criatividade da empresa em que trabalhava a qual, infelizmente, por razões de corte de
custos, havia sido desativada. Muito bem, essa fita tinha duração de apenas alguns
minutos, suficientes para me fazer entender quanto poderia aprender, se prestasse um
pouco mais de atenção no comportamento das crianças e de como elas conseguem,
de uma forma muito simples e fácil, ser criativas e originais.

O vídeo mostrava um pequeno grupo de crianças em um salão dançando


descontraidamente. Até aí nada de novo, mas olhando melhor, notei que todas, sem
exceção, estavam dançando e se divertindo muito, cada uma do seu jeito único e
original. Todas pulavam, brincavam e dançavam freneticamente, e nenhuma delas
estava preocupada com o que as outras poderiam pensar, nem interessadas em
impressionar ninguém e muito menos ligando para o ritmo certo da música. Eram
apenas crianças com a única preocupação de se divertir e “dançavam como se
ninguém estivesse olhando”, e ninguém estava mesmo. Todas criaram sua própria
maneira de dançar.

A relação das crianças com a criatividade é um casamento, um perfeito arroz com


feijão, elas não têm nenhum tipo de bloqueio e nem estão presas a paradigmas. Não
estão preocupadas com a opinião dos outros, nem têm medo de perguntar e muito
menos de errar. São extremamente curiosas, adoram novidades e se divertem
resolvendo problemas, ou melhor, resolvem problemas se divertindo.

"Toda criança é artista. O problema é como permanecer artista depois de crescer".


Picasso

Vamos agora tentar imaginar um pequeno grupo de adultos dançando: Tenho certeza
de que alguns não estariam participando, encontrariam facilmente “n” desculpas para
não dançar, enquanto o resto estaria dançando provavelmente em ritmo muito
semelhante, tentando realizar os últimos passos da moda, muito preocupados em não
pagar “mico” e ainda, se possível, em agradar seus observadores.

Mas se nesse grupo alguém mais criativo tentasse criar uma nova dança apenas pelo
puro prazer de descobrir novos movimentos - ou quem sabe imitando a coreografia do
acasalamento das baleias rosas do mar ártico? - a maioria estranharia tal atitude,
alguns achariam graça e outros iriam logo caçoar do pobre coitado. Ou quem sabe,
alguns até o imitariam e sua dança poderia virar moda?

Mas por que eles teriam tal atitude? Pela simples razão que este doido criativo mudou
o protocolo, fugiu do padrão estabelecido, “saiu do QUADRADO”, criou algo novo e
diferente, coisa com que não sabemos muito como lidar. As novidades e
principalmente as mudanças sempre foram difíceis de serem aceitas por quase todos
nós, a exemplo do sucesso do livro "Quem mexeu no meu queijo", que retrata
exatamente a importância de antecipar as mudanças que se fazem tão necessárias ao
sucesso e são inevitáveis em quaisquer áreas profissionais e pessoais.

A maioria dos adultos foi educada para seguir as regras estabelecidas pela sociedade,
comunidade, família, amigos, etc. Foi ensinada a obedecer e aceitar ordens sem
contestar e, por diversas vezes, proibida de perguntar, pensar e duvidar, e acabou
perdendo a curiosidade e tão a sonhada criatividade característica da infância. Como
conseqüência também o prazer e a capacidade de resolver problemas originais, em
suma, desaprendeu a gostar de problemas. Certa vez, Einstein disse: “ - não sou mais
inteligente do que ninguém, sou apenas a pessoa mais curiosa que conheço”.
Curiosidade é um poderoso motivador na resolução de problemas e desafios
aparentemente “impossíveis”. A criatividade tem suas raízes na infância, então por que

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diacho existem tão poucos adultos criativos? Pois é, tiveram a pobrezinha assassinada
durante a educação por diversas razões, algumas identificadas pela Dra. Amabile em
uma pesquisa, conforme citadas no livro O Espírito Criativo, as quais transcrevo:

“...

Vigilância – sobre observação constante, a criança não mais assume riscos e o


impulso criativo se retrai.

Avaliação – consiste em fazer as crianças se preocuparem com o julgamento alheio de


seu trabalho.

Recompensas – uso excessivo de prêmios, como medalhas, dinheiro ou brinquedos.


Em excesso, as recompensas privam a criança do prazer da própria atividade criativa.

Competição – consiste em colocar a criança na contingência desesperada de vencer


ou perder, quando apenas uma galgará o topo.

Restrição de escolhas – dizer às crianças quais atividades devem empreender em vez


de deixar que se encaminhem para onde as levam a curiosidade e a paixão. Pressão –
alimentar esperanças grandiosas quanto ao desempenho da criança. Forçar a barra
no aprendizado forçado pode despertar verdadeira aversão pela matéria imposta. ...”

Muitos não tiveram oportunidade durante a infância para desenvolver e exercitar a


criatividade ou a tiveram tolhida por alguns dos itens listados ou por qualquer outra
razão inibidora. Tornaram-se adultos com profundas dificuldades na resolução de
problemas originais, profissionais "mornos", como muito bem descreveu o criador do
Habib´s (maior rede fast-food Árabe do mundo e segunda maior rede brasileira de fast-
food).

Segundo Alberto Saraiva, em seu livro Os Mandamentos da Lucratividade:


“...profissionais mornos não erram porque não fazem, não discordam porque se
omitem, não armam escândalos porque são vazios, não fracassam nem vencem
porque vivem no silêncio do passar do tempo, não brigam nem discutem porque não
se importam se estão de acordo ou em desacordo. Enfim, os mornos não constroem,
não tentam, não erram, não produzem, não falham e não lutam...”.

Portanto, ser morno é o inverso de ser criativo. Em sua natureza não existem crianças
mornas, elas nascem criativas e proativas, só que nem sempre as sementes da
criatividade encontram o melhor terreno para o crescer e florescer.

A criatividade hoje é uma habilidade fundamental para qualquer tipo de profissional e


muito requisitada por grandes empresas. A boa notícia é que todos podem ser
criativos, alguns em áreas bem diferentes e específicas, mas todos podem
desenvolvê-la através de exercícios que auxiliam o pensamento e liberam nossas
mentes das barreiras e paradigmas criados pelo sistema e sociedade.

Paradigmas - Segundo o dicionário, nosso bom e velho Aurélio, são limites e valores
que condicionam o pensamento e a ação.

QUEBRE alguns de vez em quando, seja CRIATIVO!!!

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BLOQUEIOS À CRIATIVIDADE.

Antigamente criatividade era considerada um dom de Deus, limitada a uns poucos


escolhidos. Nos anos 60, os artistas eram considerados criativos, enquanto as outras
profissões sofriam com bloqueios. Na década de 70, acreditava-se que, com
estímulos, algumas outras profissões poderiam ser criativas. Hoje em dia, já se sabe
que todos podem ser criativos.

Segundo Roberto Mena Barreto, publicitário e escritor do livro – Criatividade no


trabalho e na vida - criatividade é: “uma função psicobiológica. Tem apenas que ser
reativada, reanimada, treinada.”

Para Abraham Maslow, um dos psicólogos mais proeminentes do século vinte, “O


homem criativo não é um homem comum ao qual se acrescentou algo. Criativo é o
homem comum do qual nada se tirou”. Ele chama a atenção para a influência
poderosa das forças adversas presentes na nossa cultura e criação que nos
impendem de desenvolver e realizar o nosso potencial criativo.

Assim, para reanimar e reativar a criatividade neutralizada pelas forças adversas


presentes em nossa criação e cultura, é fundamental que eliminemos frases,
expressões, paradigmas, conceitos e preconceitos tão presentes em nosso dia-a-dia,
e que limitam e bloqueiam a criatividade.

Vejamos alguns dos clássicos bloqueadores da criatividade:

- Não vai dar certo!

Quando surge uma idéia nova, logo aparecem “colegas” dizendo que “não vai dar
certo”, “é muito caro”, “nós nunca fizemos isto”, “para que mexer no que está
funcionando”, etc. Poucos sabem dar oportunidade a uma nova idéia, principalmente
se, à primeira vista, ela tiver um formato diferente dos padrões.

“ Esqueça, Louis; nenhum filme sobre a Guerra Civil jamais rendeu um níquel. (Irving
Thalberg, diretor de produções da MGM, para Louis B. Mayer sobre a compra dos
direitos do romance... E o Vento Levou).”

- Isso não tem a menor lógica.

“A mente enfrenta uma nova idéia da mesma forma que o organismo enfrenta um
elemento estranho, resistindo com similar energia”. William Beveridge.

- Siga sempre as normas.

O BigMac,o mais popular sanduíche do mundo, responsável pelo estouro de vendas


do McDonald´s a partir de 1967, foi criado quando um operador da lanchonete
Pittsburg, Jim Delligatti, violando uma regra de ouro da cadeia de lanchonetes, e
agindo à revelia da direção da McDonald´s, partiu para oferecer um sanduíche maior!
(Veja de junho de 1978).

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"A desobediência é uma virtude necessária à criatividade." Raul Seixas

- Cuidado para não pagar um mico.

Um ambiente de medo e críticas não é compatível com um criativo. Para criar, é


fundamental que se tenha liberdade para perguntar, duvidar, errar, fazer e expor idéias
sem constrangimento, mesmo que algumas pareçam sem sentido.

- É proibido errar.

Só erra quem faz! Jack Welch, ex-presidente da GE, conta em seu livro “Jack
Definitivo” que durante o seu segundo ano de trabalho foi responsável pela explosão
de um laboratório, não houve vitimas. Ao contrário do que pensava, não foi
penalizado, foi promovido. Oito anos depois, era escolhido presidente GE. Jack foi
presidente durante 10 anos e eleito por diversas entidades como o empresário do
século 20.

- Brincar é falta de seriedade

O bom humor é um dos principais ingredientes da criatividade. Em uma brincadeira


dos engenheiros da WV, surgiu o projeto do novo fusca. Na sede da Microsoft em
Seatle, os funcionários podem trabalhar de bermuda, camiseta, enfim, como quiserem.
Em dias ensolarados - que naquela região são raros - podem-se ver grupos jogando
basquete ou fazendo churrasco, em pleno horário comercial.

- Isto não é da minha área, cada macaco no seu galho

Pequenas ilhas dividem a empresa. Imaginem um barco a remo, onde cada um dos
remadores rema em uma direção diferente. Para onde vai este barco? É preciso
aproveitar as oportunidades, e muitas vezes ela mora na baia ao lado.

- Eu não quero mudar! Time que está ganhando não se mexe.

Quanto maior a vantagem e liderança de uma empresa, maior é a importância de


inovar e mudar. Temos que administrar, e se possível, ampliar a vantagem sobre a
concorrência.

“O grande paradoxo da inovação é que o maior de todos os riscos é não inovar, nunca
fazer alguma coisa nova.” Nolan, 1989.

- Eu não sou criativo

"Idéias todo mundo tem. Como é que entram na cabeça da gente? Entram porque a
gente lê, observa, conversa, vê espetáculos." (Ruth Rocha)

- É impossível. Não dá para fazer!

Antes de abrir a Amazon.com, Jeff Bezos passou um mês pesquisando novos


produtos e mercados, para uma importante empresa do mercado financeiro em Nova
York. Após intensa pesquisa, propôs que deveriam abrir em Seatle uma livraria virtual
para vender livros via Internet. Como seu chefe não achou um bom negócio, Bezos
pediu demissão e abriu a Amazon. com utilizando suas economias e de alguns

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familiares. A Amazon é hoje o maior caso de sucesso de comércio eletrônico, e Bezos,
um dos homens mais ricos dos Estados Unidos.

“É totalmente impossível que os nobres órgãos da fala humana sejam substituídos por
um insensível e ignóbil metal.” (Jean Boillaud, da Academia Francesa de Ciências, a
respeito do fonógrafo de Thomas Edison, 1878)

- Isto não serve para nada!

Um cientista ao tentar criar uma super cola, acabou inventando uma muito fraca e que
aparentemente não servia para nada. Conversando com um amigo, descobriu que ele
tinha um problema que talvez sua fraca cola pudesse ajudar. Eles acabaram criando o
Post-It.

"Não existe nenhuma razão para alguém querer um computador em sua casa." -Ken
Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp., 1977

- Santo de casa não faz milagre

Procure identificar e incentivar os talentos de sua empresa, você fi cará surpreso com
o resultado.

- Não vamos inventar a roda

“Depois que nomearmos nossos gerentes, deixemos que eles reinventem a roda. O
mundo está mudando tão depressa que sempre iremos precisar de rodas diferentes
para terrenos que mudam.” Paul Van Vlissingen

- Vai custar muito caro

Quando a cadeia de fast-food Habib´s tinha apenas 11 lojas, o Sr. Saraiva, criador da
rede, detectou um problema que comprometia todo seu empreendimento. Mesmo com
investimento em treinamento e padronização das suas receitas, cada uma das lojas
tinha sabores diferentes. Para solucionar o problema, tomou uma medida radical: em
apenas três meses, criou uma central de produção que passou a produzir e distribuir
seus lanches. Perdeu um sócio nesse processo, em compensação, resolveu o
problema da padronização e ainda cortou custos fixos com a diminuição das cozinhas.
Hoje são mais de 260 lojas Habib´s no Brasil e México.

- Seria uma mudança muito radical.

Há alguns anos, a empresa que conhecemos hoje pela sua excelência na produção de
aparelhos celulares, a Nokia, fabricava papel higiênico. Foi necessária muita coragem,
força de vontade e competência para promover uma mudança tão radical. Estes são
alguns dos bloqueadores da criatividade, mas cuidado, existem muitos outros.
Precisamos estar sempre atentos, um bloqueador pode vir camuflado de boas
intenções. Manter a cabeça aberta a novas idéias, não se deixar influenciar pelo
pessimismo alheio, os preconceitos e paradigmas.

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Desenvolvendo a criatividade.

A criatividade tem suas raízes na infância, mas infelizmente a maioria dos adultos não
teve acesso a uma educação eficiente, impedindo que elas crescessem e
florescessem.

“Quando as crianças vão para a escola, são pontos de interrogação; quando saem,
são frases feitas”. Neil Postman (educador).

Esse pequeno trecho a seguir, retirado do livro: Um “toc” na cuca, ed. São Paulo,
ilustra exatamente onde ocorre essa mudança.

“Quando eu estava no meio do curso colegial, meu professor de inglês fez uma
pequena marca de giz no quadro-negro.

Ele perguntou à turma o que era aquilo. Passados alguns segundos, alguém disse: ’É
uma marca de giz no quadro-negro’. O resto da classe suspirou de alívio, porque o
óbvio foi dito e ninguém tinha mais nada a dizer. ‘Vocês me surpreendem’, o professor
falou, olhando para o grupo. ‘Fiz o mesmo exercício ontem, com uma turma do jardim
da infância, e eles pensaram em umas cinqüenta coisas diferentes: o olho de uma
coruja, um inseto esmagado e assim por diante. Eles realmente estavam com a
imaginação a todo vapor’.

Nos dez anos que vão do jardim da infância ao colegial, nós tínhamos aprendido a
encontrar a resposta certa, mas também havíamos perdido a capacidade de procurar
outras respostas certas e perdido muito em capacidade imaginativa”.

A boa notícia é que a criatividade faz parte da natureza humana e com o estímulo
certo, nós podemos desenvolvê-la.

Vejamos algumas das muitas maneiras de desenvolver a criatividade:

> Faça anotações

Idéias são como sonhos, se não forem devidamente armazenadas, serão esquecidas
e perdidas em poucos minutos. Por isso, anote qualquer idéia, mesmo aquelas que
não façam o menor sentido, que ainda não estejam prontas ou que não despertaram o
interesse de ninguém, mesmo assim, anotem.

“Quando perguntaram a Einstein onde era seu laboratório, ele tirou uma caneta e
respondeu ‘Aqui!’ ” Trecho do livro, Einstein – O Enigma do Universo de Huberto
Rohden.

> Desenvolva a sua curiosidade

A curiosidade é um dos mais importantes combustíveis para a criatividade. É através


de seu desenvolvimento que conseguimos vencer desafi os aparentemente
“impossíveis”. O profissional criativo utiliza toda a sua curiosidade para levantar os
dados do problema e buscar a melhor solução.

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Certa vez, Einstein disse: “ - não sou mais inteligente do que ninguém, sou apenas a
pessoa mais curiosa que conheço”.

Portanto, não perca tempo, exercite sua curiosidade!

> Procure escrever ao menos uma idéia por dia

Esse é um exercício simples, que se for feito com regularidade, pode em pouco tempo
trazer resultados interessantes. Faça o seguinte: separe alguns minutos por dia,
durante o banho, indo para o trabalho, antes de dormir, ou em qualquer outro lugar e
hora, para pensar sobre um determinado assunto. Pense em novas soluções para
antigos problemas, idéias para problemas novos, etc. Faça o exercício diariamente e
anote e guarde todas as idéias que surgirem.

Um dos maiores estudiosos do processo criativo, Edward De Bono, diz que a sua
principal função como consultor de grandes empresas do mundo, sempre foi fazer as
pessoas pararem um pouco para pensarem e repensarem seus problemas. Então,
escolha uma hora qualquer do dia para sair um pouco da rotina e bote a cabeça para
funcionar.

"Quando a mente de uma pessoa expande-se ao criar uma nova idéia, nunca mais
voltará a sua dimensão original". Oliver Wendell Holmes

> Armazena suas idéias

Algumas idéias precisam fi car descansando, para então, amadurecerem e ganharem


vida. Muitas vezes uma idéia de hoje, pode resolver um problema de amanhã, por
isso, anote e guarde todas as idéias que tiver.

Um boa dica para não esquecer e perder suas idéias é comprar um pequeno caderno,
de preferência de capa dura para anotar sempre que surgir uma idéia ou pensamento.
Não se esqueça de levar o caderno acompanhado de um lápis ou caneta para todos
os lugares. Leve-o para onde quer que você vá, ao banheiro, ao almoço em família, ou
para qualquer outro lugar. As boas idéias não escolhem hora para aparecer e como já
disse, se não anotar rápido, certamente vai esquecer.

Guarde também os recortes de jornais, revistas, anúncios, e-mails, Websites ou


qualquer outra fonte que possa conter informações relevantes aos seus projetos e que
no futuro possa servir como inspiração. Consulte seu arquivo sempre que precisar de
boas idéias.

Mas tome cuidado, com tempo você terá muitos recortes, revistas e cadernos para
guardar. Para facilitar sua pesquisa no futuro, separe tudo em pastas por assunto e
guarde em caixas. Imagine se em sua casa, não tivesse um armário com portas e
gavetas para organizar as coisas? Como seria para encontrar um par de meias
pretas?

Assim também funciona com as idéias, precisamos organizá-las! Mas, não adianta
guardar na parte de cima do armário, procure deixar em um local de fácil acesso.

> Aprenda a escutar, ouvir e observar.

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Pessoas, lugares e acontecimentos podem nos enviar mensagens, respostas e idéias
a todo instante. Muitas vezes precisamos codificar essas mensagens através de nossa
experiência, percepção e intuição. Utilize todas as armas e sentidos na busca da
melhor resposta para o que procura.

"Descobrir é olhar para a mesma coisa como todos olham e enxergar algo diferente".
Albert Szent-Gyorgyi

O psicólogo Samuel Gosling, desenvolveu uma interessante tese que é preciso notar
os pequenos detalhes para se ter uma visão real de uma pessoa ou problema. Uma
particularidade de alguém, um pormenor sobre um caso podem provocar um insight.

> Preste um pouco mais de atenção nas crianças e idosos

“Toda criança é artista. O problema é como permanecer artista depois de crescer.”


Picasso

Normalmente as idéias mais criativas são aquelas mais obvias e simples. As crianças
são a essência da simplicidade e podemos aprender muito observando a maneira com
que elas desenvolvem suas brincadeiras e criações.

Do outro lado temos os idosos com toda a experiência e sabedoria acumulada a duras
provas durante várias gerações de muito trabalho. Se observarmos outras culturas,
como, por exemplo, a oriental, poderemos aprender a respeitar um pouco mais essas
pessoas tão especiais e que têm muitas coisas para nos ensinar.

Se juntarmos a simplicidade das crianças com a experiência dos idosos, teremos uma
poderosa fonte de idéias.

“Ao analisar pessoas de todas as idades, constituições, culturas e portes, aprendemos


que os melhores produtos incorporam as diferenças das pessoas”. Tom Kelley

> Compreenda primeiro – depois julgue

O preconceito é um perigoso bloqueio a criatividade, não julgue o desconhecido e o


diferente.

É importante ter a mente aberta para as mudanças, novidades e diversidades que


surgirem. Como muito bem disse, Kelley logo acima, os melhores produtos, assim
como as melhores idéias podem surgir das diferenças entre as pessoas, coisas,
idéias, etc.

> Aprenda a gostar de problemas

Um problema é sempre uma ótima oportunidade para criar. Precisamos gostar dos
problemas e desafios que aparecerem pela nossa frente. Um problema e sempre um
desafio, uma oportunidade para inovar.

“Otimistas vêem oportunidades em todo problema. Pessimistas vêem problemas em


toda oportunidade”. Anônimo

> Perca o medo de perguntar

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O medo de perguntar algo sem sentido e parecermos estúpidos e incompetentes na
frente de estranhos, colegas de trabalho, amigos ou clientes, faz com que fiquemos
inseguros e que não tenhamos a coragem necessária para esclarecer nossas dúvidas.

Ter coragem de perguntar, questionar e duvidar, é o caminho para entender melhor o


problema e dar o primeiro passo no desenvolvimento de uma solução criativa.

Uma das características infantis presentes nos adultos criativos é fazer perguntas
sobre temas que eles em geral, já não questionam mais.

> Coloque as idéias em ação

Não adianta só ter idéias, é preciso ter coragem para mostrá-las aos amigos, família,
sócios, patrocinadores, etc. Ao apresentarmos uma idéia, ela cresce, se transforma e
atinge uma outra esfera. É nesse momento que a colocamos a prova e podemos
visualizar suas reais possibilidades.

“Quem troca pães, fica com um único pão. Quem troca idéias fica com as duas. O
melhor negócio é sempre trocas idéias.” J.M. Machado de Assis.

Jack Welch ex-presidente da General Eletric diz em seu livro “Jack Defi nitivo”, que se
uma idéia não resistir a algumas perguntas de corredor, por certo não resistirá ao
mercado.

Toda nova idéia normalmente passa por diversos tipos de resistências e obstáculos.
Da falta de vontade política a escassez de recursos humanos e materiais. Mesmo uma
excelente idéia pode sofrer todo tipo de pressão, por isso, para vencermos precisamos
ser perseverantes, mantermos a motivação e sabermos buscar os aliados certos.

Ter coragem para tentar, mesmo sabendo que é provável que tenhamos muitas
quedas durante o percurso. Nunca devemos esquecer que as piores idéias, são
sempre aquelas que nunca saíram das gavetas.

> Evite coisas que enfraqueçam o cérebro

Qualquer tipo de droga legalizada ou não, pode à primeira vista ajudar no processo
criativo, mas cuidado, o preço cobrado é caro demais por alguns voláteis instantes de
bem estar e euforia.

Não é caretice, é fato! Todos que utilizam por muito tempo algum tipo de bengala
acabam desaprendendo a andar sozinhos. Com o tempo ainda diminuem sua
capacidade de criação, raciocínio, concentração e percepção.

É preciso ainda estar atento a outros tipos de perigos aparentemente inofensivos, mas
que podem ter conseqüências negativas ao processo criativo. São eles a baixa auto-
estima, a insegurança, o medo de errar, a timidez, o ciúme, a preguiça, o comodismo,
o desamor e a timidez, que juntos ou separados, podem limitar e até neutralizar seu
potencial criativo.

Só erra quem faz e só constrói uma grande idéia quem acredita em seu potencial, tem
paixão pela que faz e acredita na sua idéia.

> Use o seu tempo ocioso com sabedoria

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Aproveite seu tempo livre para enriquecer suas experiências, adquirir mais cultura e
conhecer mais pessoas. Descubra novas fontes e abasteça seu banco de idéias. Visite
museus, parques e exposições. Assista peças de teatro, filmes e shows. Leia o que
passar pela frente, de livros a jornais. É preciso estar preparado para receber a idéia.

“A casualidade somente favorece aos espíritos preparados”. Pasteur

> Divirta-se trabalhando e trabalhe divertindo-se

É claro que mesmo o “melhor” trabalho não pode ser sempre divertido e prazeroso.
Mas quando descobrimos nossos verdadeiros talentos e trabalhamos no que
gostamos, transformamos nossas segundas-feiras, em dias tão interessantes quanto
os sábados.

“As pessoas não têm mais talento, têm mais paixão por seus assuntos. Einstein
investia tempo, todos os dias, viajando pelo imensurável espaço além da atmosfera
terrestre com sua imaginação intuitiva. Quem quiser ter mais intuição sobre alguma
coisa deve aumentar sua paixão sobre ela”. Psicóloga Sharon

> Mantenha sempre de bom humor

O humor é o comportamento mais importante do cérebro humano. Edward de Bono

Roberto Menna Barreto fala em seu livro “Criatividade no Trabalho e na Vida”, que
existem ingredientes que devem ser misturados e muito bem cuidados para que
possamos ter idéias criativas. A partir da idéia de um médico pernambucano, ele criou
um acrônimo chamado BIP.

O B é exatamente o Bom Humor. Segundo o autor, bom humor é estar numa boa
perante um problema, qualquer problema, é razão imprescindível, sine qua non, para
um indivíduo ter um flash criativo capaz de resolvê-lo.

Problemas que nos comprometem o bom humor, que nos fazem sofrer, são problemas
para cuja solução estamos provisoriamente, impotentes.

Roberto tem razão, quando estamos de bom humor, todas as coisas ficam mais
claras e fáceis. Mas na falta dele, é como se perdêssemos parte da visão e não
pudéssemos mais enxergar todas as paredes de uma sala. Sem ele, nosso raciocínio
e intuição ficam comprometidos.

Quando estava terminando este artigo tive alguns problemas pessoais que me
privaram o bom humor e o poder de concentração. Fiquei quase uma semana sem
conseguir escrever uma linha.

É muito difícil, poderia até dizer que é quase impossível manter o humor quando
passamos por algum problema pessoal que nos deixa triste, desmotivado e até sem
esperanças. Mas mesmo assim, é preciso levantar a cabeça, olhar o problema de
frente e dar a volta por cima. Quando consegui recuperar o humor, passei a enxergar
meu problema com outros olhos e afinal, ele não era assim tão feio.

> Trabalhe duro

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“Eu penso 99 vezes, e nada descubro; deixo de pensar e mergulho no silêncio – e eis
que a verdade me é revelada”. Einstein

Tudo que Einstein descobriu foi resultado de muita dedicação e trabalho.

Mergulhe de cabeça no problema, estude-o profundamente, procure repetidamente o


maior número de respostas possíveis. Assim como Einstein, após trabalhar duro,
desligue-se um pouco do problema e quando menos imaginar encontrará a resposta
que tanto procura.

Na filosofia milenar de Bhagauad Gita se exprime esta verdade do seguinte modo:


“Quando o discípulo está pronto o mestre aparece”.

Horácio Soares é professor universitário e trabalha como Analista de Sistemas e


Webdesigner de uma multinacional.

TEMPESTADE DE IDÉIAS por TOM KELLEY com JONATHAN LITTMEN

Na IDEO, conhecida empresa americana de design, o brainstorm é quase uma


religião. Lá, essas reuniões são um sucesso porque todos se divertem... seriamente. O
que embalagens de pasta de dente que ficam em pé, caixas de artigos de pesca do
tipo tudo-em-um, analisadores de sangue high-tech, prateleiras de escritório flexíveis e
garrafas utilizadas em atividades esportivas têm em comum? Na verdade, nada,
exceto que são todos produtos projetados pela IDEO e inspirados na observação de
pessoas e de situações que acontecem no dia-a-dia. A Fast Company nos chama de
“a empresa de design mais festejada do mundo”; o Wall Street Journal apelidou
nossos escritórios de “playgrounds da imaginação”; e a Fortune intitulou sua visita à
IDEO de “um dia no universo da inovação”. Toda primavera, a Business Week publica
uma reportagem especial sobre o poder do design nas relações empresariais e inclui
uma lista de empresas que ganharam mais prêmios de excelência de design industrial.
A IDEO encabeçou essa lista por dez anos consecutivos.

Por causa de meu trabalho como gerente-geral da IDEO, encontrei executivos de


várias empresas para falar sobre tecnologias emergentes, percepções do mercado e,
logicamente, sobre planos de desenvolvimento de produto. Depois de tantas reuniões,
é impossível não identificar algumas tendências, a menos que se esteja realmente
dormindo no ponto. E, sem dúvida, a tendência mais forte hoje é o reconhecimento
cada vez maior da inovação como o ponto central das estratégias e iniciativas
corporativas. Além disso, observamos que, quanto mais antigos os executivos, maior é
a probabilidade de terem de estruturar as necessidades de suas empresas no contexto
da inovação. Para aquelas poucas empresas hesitantes quanto a esse assunto, Gary
Hamel, consultor americano que entende tudo de estratégia empresarial, tem uma
horrível previsão: “Em algum outro lugar, numa garagem qualquer, há um empresário
fabricando uma bala de revólver com o nome da sua empresa. Você tem uma opção:
atirar antes. É preciso inovar antes dos inovadores”.

O BRAINSTORM PERFEITO

Muitos vêem o brainstorm, aquelas reuniões em que as pessoas se encontram para


trocar e ter idéias sobre determinado assunto, como uma caixa de verificação, um
teste de limite, do tipo “você sabe andar de bicicleta?” ou “sabe amarrar seus
sapatos?” Eles não vêem a possibilidade de o brainstorm ser uma habilidade, uma

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arte, mais parecida com o ato de tocar piano do que com o de andar de bicicleta ou
amarrar os sapatos. O brainstorm é praticamente uma religião na IDEO, praticada
quase todos os dias. A maioria das pessoas conhece os princípios básicos de um
brainstorm – como prestar atenção em uma conversa de cada vez e incorporar as
idéias dos outros –, mas é preciso mais empenho se você quiser uma reunião que
produza resultados compensadores.

1 - Defina o foco

Comece a reunião com uma definição bem clara do problema – pode ser uma
pergunta que vá direto ao assunto, por exemplo. Busque uma coisa tangível, em que
os participantes possam trabalhar, sem limitar as possíveis soluções. Se tiver uma
exposição bem articulada do assunto, bem como o nível certo de especificidade, será
mais fácil trazer as pessoas de volta ao tópico principal.

2 - Adote regras divertidas

Não critique nem debata as idéias que aparecerem na reunião. Na IDEO, temos um
jeito de desviar as críticas sem afastar os críticos: muitas salas de reunião exibem as
regras do brainstorm reproduzidas nas paredes, com letras garrafais. São coisas do
tipo: “vá atrás de quantidade”, “estimule idéias malucas” ou “seja visual!”

3 - Numere as idéias

Levamos quase dez anos para pensar nisso. Numerar as idéias é uma ferramenta
para motivar os participantes com um argumento do tipo “vamos tentar 100 idéias
antes de sair daqui” ou para medir a fluência de um brainstorm. E é também uma
ótima maneira de pular para a frente e para trás sem perder em que ponto você está.

4 - Mantenha a energia em alta

Os melhores brainstorms tendem a seguir uma série de curvas de “força”, nas quais o
impulso é formado lentamente, depois intensamente e, mais tarde, começa a estagnar.
Estimule um outro impulso vigoroso ou proponha uma pequena variação no tema
inicial. Faça qualquer coisa que mantenha a energia em alta.

5 - Faça anotações para todo mundo ver

Antes de iniciar a reunião, cubra as paredes e superfícies planas com papel. Depois,
quando as idéias começarem a jorrar, anote o que for relevante para que o grupo
possa acompanhar o progresso da reunião. Quando for preciso retomar uma idéia, a
memória espacial ajudará as pessoas a recobrar o estado de espírito em que estavam
quando ela surgiu pela primeira vez.

6 - Aqueça seus músculos mentais

Vale a pena gastar um tempo no começo de um brainstorm fazendo algum tipo de


aquecimento? Talvez. O ideal é não pular essa etapa se o grupo nunca trabalhou junto
antes, quando não faz brainstorm com freqüência ou parece distraído com questões
prementes, mas não relacionadas com a reunião.

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7 - Vá além das palavras

Bons brainstorms são extremamente visuais. Por isso, traga ao encontro tudo que é
relevante: produtos concorrentes, soluções de outras áreas e tecnologias promissoras
que poderiam ser aplicadas ao problema. Também ajuda ter materiais à mão para
montar modelos. Na IDEO, às vezes, chegamos ao ponto de fazer “discussões
corporais” sobre o assunto que estamos debatendo.

UMA EMPRESA EXCELENTE PRECISA DE GRUPOS DETERMINADOS

As equipes de projeto determinadas começam com um objetivo claro e um prazo final


sério. Um grupo assim sabe que pode se dispersar, depois de atingir a meta, e voltar a
se juntar na semana seguinte para matar outro dragão. O que é um grupo ruim? É
aquele cujos membros têm uma vontade louca de se aposentar. Na IDEO, colocamos
essa grande vontade no presente: nossa paixão é fazer ótimos projetos. Hoje.

Atacamos as apresentações em estágios, mostramos o esboço rústico, o modelo


barato de espuma e o usamos para corrigir o percurso antes que seja tarde demais.
Se o prazo for na quinta-feira seguinte, é realmente necessário decidir sobre alguma
parte do produto e pedir à oficina para inventar um modelo. Com muita freqüência
vemos como funcionários preparam apresentações para a alta gerência em grandes
corporações. Dão a alguém alguns meses para apresentar um novo produto, serviço
ou campanha de marketing. Em geral, eles não pedem opiniões ou feedback
suficientes logo no início. Quando o chefe vê aquilo no que eles têm trabalhado todos
aqueles meses, é uma feliz surpresa – ou um desastre total. Tente entrar no espírito
de um zagueiro diante do aviso de que faltam 2 minutos para o fim do jogo. Em vez de
um lançamento de longa distância, faça passes mais curtos, tocando para as linhas
laterais para ganhar tempo.

Lembre-se de que a inovação floresce em estufas. O que quero dizer com estufas?
Um lugar em que os elementos sejam perfeitos para promover o crescimento de boas
idéias. Onde haja calor, luz, umidade e muita sustentação. A estufa de que estamos
falando, logicamente, é o ambiente de trabalho, a maneira como os espaços tomam
forma nos escritórios e as equipes trabalham juntas. Talvez você considere secundário
o espaço do escritório para o processo prático da inovação. Bem, na IDEO, nós o
consideramos um de nossos principais recursos. Alguns anos atrás, fui citado na
revista Fortune, numa reportagem de capa sobre o fim do emprego, em que disse:
“Contrate as pessoas certas e todo o resto tomará conta de si mesmo”. A vida não é
tão simples assim, claro, mas contratar profissionais talentosos é a principal
tarefa de todo gerente. E as pessoas do topo contam nos que se unem à IDEO não
somente porque lideramos nosso setor, mas também por causa do ambiente físico e
cultural. Os espaços de nossos escritórios ajudam a inovação a acontecer.

ESPERE O INESPERADO

O acaso oferece idéias que você não previu. É uma verdade bem aceita a de que
invenções e descobertas muitas vezes resultam de acidentes aleatórios ou de
experiências que não deram certo. Como você pode capitalizar partindo de tais
fenômenos? Bem, comece esperando o inesperado e fi que aberto a surpresas que
vêm de dentro ou de fora da organização. Tente abordar os projetos com humildade e
com o reconhecimento de que as respostas podem vir dos lugares de que você menos
suspeita. Chamamos isso de “olhar de soslaio” e de “polinização cruzada”, o que é

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bastante libertador e poderoso. Se você espera encontrar respostas vindas de lugares
fora do comum, é muito mais provável que isso aconteça. Na natureza, sabemos que
a polinização cruzada leva a variedades superiores de plantas. O mesmo acontece
com produtos e serviços. Inicie um projeto com a suposição de que a polinização
cruzada pode ajudá-lo a inovar e você terá maior probabilidade de dar os saltos de
criatividade necessários.

A maior barreira para a inovação é a resistência da empresa. Ajudamos e vimos


alguns de nossos parceiros saltar o que pareciam ser barreiras bem altas, embora, na
verdade, muitas vezes o melhor caminho seja desviar-se do obstáculo. Sabemos que
o esforço inteligente, coordenado – o bom e velho doutrinamento –, pode fazê-lo
ultrapassar aquele obstáculo quando não há maneira de contorná-lo. Eu não seria
capaz de contar as vezes em que conseguimos um trabalho ou terminamos algum
com sucesso porque alguém decidiu ir à luta por ele. Mesmo que sua empresa seja
excelente, é normal que os funcionários fiquem cansados e algumas vezes sintam-se
apenas como mais uma peça da engrenagem. Combine um pouco de criatividade com
alguma persistência e você poderá ser a pessoa que muda toda a empresa. Uma
simples idéia pode transformar o modo como você é reconhecido. Por exemplo,
conseguir que Leonardo Di Caprio use óculos escuros da sua marca. Você poderia ter
essa idéia.

Não se esqueça de que a velocidade conta. Ela coloca os produtos no mercado a


tempo de pegar carona na temporada de compras do fi m de ano; implanta sua marca
nos corações e mentes dos consumidores antes que seus concorrentes tenham saído
do ponto de partida. Você talvez se orgulhe de abundantes sessões de brainstorm e
faça protótipos perfeitos, mas se deixar de cumprir seus prazos todo o trabalho terá
sido em vão. Não basta dominar o básico; você precisa dominá-lo no melhor
momento, sob o estresse da competição, sob o olhar feroz de um cliente que está
perdendo a paciência. É preciso praticar isso todos os dias.

PINTANDO FORA DO CONTORNO

Temos um ditado na IDEO: “Erre muitas vezes para chegar ao sucesso antes”. A falha
é o outro lado do risco e, se você não arriscar, há a probabilidade de que não tenha
êxito. É uma lição que aprendemos a duras penas e que vimos acontecer com
incontáveis clientes. No início da década de 80, descobrimos que o mouse na verdade
não precisava mais de seus “rabos” elétricos. Com baterias de níquel-cádmio e um
transmissor, você tem um mouse que funciona sem fi o. Propusemos essa inovação a
um cliente de uma grande corporação. No começo, ele adorou a idéia, mas, no dia
seguinte, o medo o atacou. Não ficamos muito surpresos quando, duas semanas
depois, o gerente, antes entusiasmado, se intimidou. “Se não der certo”, disse ele, “fi
arei conhecido pelo resto da minha carreira como o sujeito daquele estúpido mouse
sem fio.”

Em vez de enfrentar isso, ele tomou o caminho mais fácil. Passou adiante a inovação
e decidiu-se por um produto sem nenhuma novidade. Dois anos mais tarde, criamos
um mouse sem fio para David Liddle, o veterano do Vale do Silício que assumia riscos,
e sua sensacional estação de trabalho Metaphor. A empresa recebeu muita atenção
da imprensa por seu produto inovador.

Mas como se aperfeiçoa uma inovação? Como você racionaliza um produto ou um


serviço até o ponto em que ele se torne tão simples e poderoso como o Palm V? Uma

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vez que os clientes começam a usar seus produtos ou serviços, você precisa
aperfeiçoá-los constantemente.

Estamos todos em busca do que Carl Ledbetter, ex-presidente de produtos ao


consumidor da AT&T, costumava chamar de “interface do lenço umedecido” –
produtos construídos para ser usados exatamente como as instruções contidas
naqueles pequenos envelopes de lenços que acompanham as refeições em aviões:
“Abra e use”.

MOUSE DA APPLE: UM CLÁSSICO

Auxiliamos a desenhar um dos produtos de maior sucesso do mundo, o mouse original


da Apple, já chamado de o ícone mais adorável da era do computador. Um veterano
da IDEO, Jim Yurchenco, encontrou parte de um importante protótipo para o primeiro
mouse da Apple nas prateleiras de descontos da loja Wallgreens do outro lado da rua.
Uma manteigueira comprada por 2 dólares era o tamanho exato para conter a bolinha
giratória do mouse. Tínhamos dúvidas se seria melhor fazê-lo com um ou dois botões.
Acreditamos que a Apple tomou a decisão certa ao defender um único botão. Ela já
estava pedindo às pessoas para mudar de um mundo doscomandos com base em
teclado para um ambiente gráfico, controlado por mouse, e acrescentar um botão seria
pedir demais aos usuários na primeira versão do produto. Acho que esse é um original
que resistirá ao teste do tempo, um desses produtos que definem uma categoria.

ESCOVA DE DENTES OU BRINQUEDO?

Para oferecer produtos e serviços melhores, você tem de se importar com as pessoas
que os usarão. Pense em algo tão básico quanto uma escova de dentes.

A época mais importante para aprender a escová-lo cuidadosa e regularmente é


durante a infância e, mesmo assim, durante décadas, as escovas infantis não
passaram de versões menores dos modelos para adultos. Em um projeto para a Oral-
B, pusemos escovas nas mãos de crianças e logo notamos o “fenômeno do punho”.

Os pequenos seguram a escova com a mão toda fechada, e não com as pontas dos
dedos. A princípio, parece paradoxal que as escovas das crianças sejam mais grossas
que a dos adultos, mas não quando você as vê em uso. Portanto, fizemos um cabo
gordo e macio, fácil de segurar. Nossas escovas tinham a aparência e a textura iguais
às de um brinquedo, uma coisa boa se considerarmos que, quanto mais tempo as
crianças ficarem escovando os dentes, melhor. Esse conceito pode ser aplicado a
todos os aspectos de diversidade em sua base de clientes. Os grupos têm diferenças
sutis que você precisa entender, observar e com as quais deve se identificar para
conseguir prever seus interesses e criar um produto que seja adequado a suas
necessidades.

COMO FAZER O SWING PERFEITO

Com o passar dos anos, acumulamos algumas valiosas idéias sobre a prática da
inovação.

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Tente anotá-las com suas próprias palavras e espalhá-las pelo seu ambiente de
trabalho. E, mais que tudo, pratique-as sempre que puder:

> Observe os clientes – e os não-clientes –, principalmente os entusiastas.

> Brinque com seu ambiente de trabalho físico de um jeito que emita uma “linguagem
corporal” positiva para funcionários e visitantes.

> Pense em suas ofertas de produtos e serviços com verbos, e não com substantivos.
Isso cria experiências maravilhosas para todos que entram em contato com sua
empresa ou marca.

> Quebre as regras e vá errando, mas sempre seguindo em frente, de maneira que a
mudança faça parte da cultura da empresa e que pequenos contratempos sejam
sempre esperados.

> Continue humano, escalando seu ambiente organizacional de tal modo que haja
espaço para que os grupos surjam e floresçam.

> Construa pontes de um departamento para outro, da empresa para seus prováveis
clientes e, finalmente, do presente para o futuro.

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