EXTRATOS
DOS
AMIZADE
Livro VIII
De forma que essas amizades [por
utilidade] so apenas acidentais, pois a
pessoa amada no amada por ser o
homem que , mas porque proporciona
algum bem ou prazer. (...) se uma das
partes cessa de ser agradvel ou til, a
outra deixa de am-la.
Os que so amigos por causa da
utilidade separam-se quando cessa a
vantagem, porque no amavam um ao
outro, mas apenas o proveito.
Por conseguinte, quando o que se
leva em mira o prazer ou a utilidade, at
os maus podem ser amigos uns dos outros,
ou os bons podem ser amigos dos maus, ou
aquele que no bom nem mau pode ser
amigo de qualquer espcie de pessoa; mas
por si mesmos, s os homens bons podem
ser amigos.
A amizade entre os bons, e s ela,
tambm invunervel calnia, pois no
damos ouvidos facilmente s palavras de
qualquer a respeito de um homem que
durante muito tempo submetemos prova.
(...) a natureza parece acima de
tudo evitar o doloroso e buscar o
agradvel.
Mal se pode dizer, no entanto que
sejam amigos porque no passam os dias
juntos nem se deleitam na companhia um
do outro; e estas so consideradas as
maiores marcas da amizade.
vantagem
do
beneficiado, o qual, por conseguinte, deve
retribuir com o equivalente do que
recebeu, ou mais (pois isso seria mais
nobre).
Entretanto,
os
atributos
mencionados parecem pertencer maioria
dos homens, por deplorveis criaturas que
eles sejam. Devemos ento dizer que, na
medida em que esto satisfeitos consigo e
amigos.
definido
com
referncia
__________
* Fonte: Coleo Os Pensadores, 1972.