primeiro estgio no
desenvolvimento de
um heri"73. Mas isso apenas
confirma a concluso a que
chegaram diversos
pesquisadores (Caraman, entre
outros): a lembrana de um
episdio histrico ou
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de um personagem real
sobrevive na memria popular
durante dois ou trs
sculos, no mximo. E isto
porque a memria popular
encontra dificuldade em
guardar a imagem de
acontecimentos individuais e
figuras reais. As estruturas
por meio das quais ela funciona
so diferentes: categorias, ao
invs de episdios,
arqutipos, em lugar de
personagens histricos. Um
personagem histrico se
confunde com seu modelo mtico
(heri, etc.), enquanto que o
evento acaba
sendo identificado com a
categoria de aes mticas (luta
contra um monstro,
irmos inimigos, etc.). Nos casos
em que alguns poemas picos
conservam o que
se chama de "verdade
histrica", essa verdade quase
nunca tem relao com
pessoas e eventos especficos,
mas sim com instituies,
costumes, paisagens.
Assim, por exemplo, como
observa Murko, os poemas
picos srvios descrevem
empurrara de cima de um
penhasco. No dia seguinte, os
pastores tinham
encontrado seu cadver e, preso
nos galhos de uma rvore, o seu
chapu.
Haviam carregado o corpo de
volta para a aldeia, e a noiva
viera ao encontro da
comitiva; ao se deparar com o
cadver do noivo, ela lanou um
lamento fnebre,
repleto de aluses mitolgicas,
um texto litrgico de beleza
rstica e pura. Esse
era o contedo da balada
folclrica. Durante o processo de
registro das
variaes que conseguiu
encontrar, o folclorista tentou
descobrir qual teria sido