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FLEXIBILIZAÇÃO DAS NORMAS TRABALHISTAS

Lawrence Lubiana Zanotti.17

RESUMO

O momento econômico-social pelo qual a sociedade globalizada está passando e a


necessidade constante de aprimoramento dos métodos de produção, impelindo as
organizações empresariais para buscarem redução de custo no processo
produtivo, a fim de garantir sua subsistência num mercado competitivo força,
invariavelmente, para a tentativa de diminuição das suas despesas correntes de
produção, nesta se incluindo o decrescimento da margem de contribuição sobre o
quadro de pessoal – folha de pagamento -, bem como a menor intervenção estatal
nas negociações e condições de trabalho. É a chamada flexibilização, que não
pode ser confundida com desregulamentação. Entretanto, deve observar normas
mínimas para ser garantido pelo menos a dignidade da pessoa humana, um dos
fundamentos da República Federativa do Brasil. Assim, a flexibilização deve
decorrer de um processo democrático e humanista, a fim de não gerar na
sociedade disparidades, contrárias ao fim do Estado Democrático de Direito.

PALAVRAS-CHAVES: Direito do trabalho; Desemprego.

ABSTRACT

The economical-social moment in which the globalized society is passing through


and the constant need of improvement of the production methods, impelling the
business organizations to look for cost reduction in the productive process, in order
to guarantee its subsistence in a competitive market, it forces, invariably, the
attempt to decrease their average expenses of production, in this, including the
decrease of the contribution margin on personnel – pay-roll –, as well as the
smallest state intervention in the negotiations and work conditions. It is called
flexibilization, which cannot be confused with deregulation. However, it should
observe minimum norms to be guaranteed at least the human person's dignity, one
of the foundations of the Federal Republic of Brazil. Like this, the flexibilization
should elapse of a democratic and humanist process, in order to not to generate in
the society disparities, contrary to the end of the Democratic State of Right.

Word-key: right of the work, unemployment.

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Professor do INESV. Pós-graduado em Direito Público. Advogado militante inscrito na OAB-ES
sob n.º 10.342

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1 INTRODUÇÃO

A evolução social, partindo dos mais remotos tempos, vislumbra das mais cruéis
práticas, em que o mais forte sobrepunha suas vontades aos mais fracos,
aplicando como critério de superioridade à força física e intelectual. Veja-se, por
exemplo, que, na pré-história, o vencedor na batalha escravizava o vencido.

A evolução social, especialmente nos séculos XVII e XVIII, acrescida da revolução


francesa e da revolução industrial, que implicou no avanço tecnológico e na idéia
de liberalismo, fez com que o Estado se afastasse das relações individuais
decorrentes da relação de trabalho. Tal abstenção gerou muitas injustiças,
obrigando o Estado a intervir para garantir a equidade da relação de emprego.

O problema da flexibilização que procuraremos aqui adotar está ligado a esta


intervenção estatal das relações de trabalho, que busca minimizar as mazelas
sociais. Por outro lado, observar a inevitável pressão do setor produtivo-
empresarial que vê nas normas de proteção do trabalho, estampadas em leis,
regulamentos, decisões etc., um verdadeiro empecilho para o aumento da
produção, geração de emprego, enfim, sustentação da condição de empregador.

Verifica-se, assim, que a flexibilização da norma trabalhista é assunto de extremo


interesse, tanto do setor produtivo quanto para os trabalhadores subordinados a
este setor.

Finalmente, deverá ser observado o que a flexibilização poderá acarretar para a


relação de emprego e a manutenção da dignidade humana, abrangendo neste
aspecto o que já se foi feito em prol da flexibilização, o que a lei já tem em relação
ao tema e o qual a tendência atual.

Assim, objetivamos saber qual o verdadeiro intuito da flexibilização, quais os


benefícios ou malefícios que tal flexibilização poderá implicar, tanto para o setor
produtivo quanto para os trabalhadores, e se tais normas flexibilizadas são

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verdadeiros instrumentos para a opressão do poder econômico dos setores
produtivo-empregadores.

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA – BREVES CONSIDERAÇÕES

A evolução do trabalho e do próprio direito do trabalho acompanha a própria


evolução do homem. As noções de trabalho surgiram com a necessidade do ser
humano de se reunir em grupos, para caçar, pescas, coletar, produzir seus
primeiros artefatos.

A condição social atual, entretanto, somente foi adquirida nos últimos séculos, em
especial no século XIX e XX.

Buscando um retorno histórico, verifica-se que as principais modificações sociais


do trabalho e do próprio direito do trabalho deram-se em função das revoluções
francesa e industrial, a partir do século XVII. Houve, no período, uma significativa
mudança das relações de produção, com a queda do sistema feudal e explosão da
indústria e comércio, amparada pela revolução tecnológica (industrial), a expansão
comercial (dada pela facilidade de comercialização dos produtos produzidos) e a
revolução social (marcada pela revolução francesa).

O ideal de liberdade, igualdade e fraternidade, tema da revolução francesa, fez


com que cada um buscasse de forma livre a melhor forma de sobrevivência. O
liberalismo pregado fez com que o Estado não interferisse nas relações produtivas,
o que gerou grandes problemas sociais.

As mazelas sociais geradas pelo liberalismo, tão grandes eram, que obrigaram o
Estado a sair de uma posição de não interferência para uma posição de extrema
interferência, sendo que em alguns Estados não havia nenhuma atividade fora da
esfera estatal.

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Veja-se que o trabalho passou de um momento extremamente liberal, em que
trabalhadores eram submetidos a jornadas de até 16 horas diárias, onde crianças e
mulheres eram submetidas à verdadeira escravidão, evoluindo para um trabalho
regado completamente pelo poder estatal.

O que se teve foi à mudança do método produtivo. Leis foram editadas e criadas
para que o trabalho fosse regulado, de modo a garantir que o trabalhador tivesse
sua dignidade produzida. Entretanto, o Estado intervencionista não suportaria as
evoluções ocorridas, e seria obrigado a abrir mão de tanto controle ara assumir
uma posição menos intervencionista.

No caso brasileiro, em 1942 foi editada a Consolidação das Leis do Trabalho, de


cunho intervencionista. Em 1988, com a edição da atual constituição, vê-se uma
ligeira flexibilização que, de acordo com Süssekind (2001, p. 52) pressupõe a
intervenção estatal, ainda que básica, com normas gerais abaixo das quais não se
pode conceber a vida do trabalhador com dignidade.

Observa-se, assim, que no decorrer do processo evolutivo social, o trabalho passa


de um momento em que o Estado abdicava de intervir nas relações trabalhistas, o
chamado estado liberal, para um momento de grande intervenção, conhecido como
Estado Social e, por último, a gradativa redução da intervenção estatal sobre as
relações de trabalho.

3 A FLEXIBILIZAÇÃO DO TRABALHO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988

O acirramento do fenômeno da globalização traz algumas questões recentes com


relação ao direito do trabalho. O avanço da tecnologia e a conseqüente
mecanização da mão-de-obra e a possibilidade de exploração de mão-de-obra
barata de uma empresa fora de seu país de origem são algumas delas.

A Organização Internacional do Trabalho traz uma preocupação com relação ao


desemprego decorrente destas mudanças, o que já é inegável nos dias atuais.

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Também o fato de a concorrência ter-se acirrado com o aumento das facilidades no
comércio exterior faz com que as empresas procurem a redução de seus gastos ao
máximo, mesmo que isto venha a trazer desemprego, miséria e exploração.

A flexibilização envolve aspectos que influenciam diretamente no protecionismo


estatal diante do empregado.

Neste aspecto, muitos doutrinadores admitem que é necessário a


“desregulamentação”, que não poderá ser tratada sob o mesmo prisma da
flexibilização.

Tal ponto de vista também é observado pelos detentores do capital, que buscam a
diminuição do custo de produção para concorrer ao mercado globalizado.

A desregulamentação retira a proteção Estatal ao trabalhador, permitindo que a


autonomia privada, individual ou coletiva, regule as condições de trabalho
(SUSSEKIND, 2001).

Conceituando a flexibilização no direito do trabalho, pode-se dizer que consiste


numa ampliação na capacidade e no poder das partes envolvidas no contrato de
trabalho, tanto o empregador como o empregado, em estabelecerem e definirem os
parâmetros e limites que regerão as suas relações de trabalho.

A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 1.º, ao tratar dos


fundamentos do “Estado Democrático de Direito”, defende a “Dignidade da Pessoa
Humana”. Isso quer dizer, que deixar para o setor privado definir as regras do
contrato de trabalho pode implicar em uma liberação de contratos de trabalho com
objetos demasiadamente cruéis, em desacordo com os fundamentos do Brasil.

A flexibilização, por outro turno, está ligada a redução do grau de interferência


estatal nas negociações de trabalho, sem, contudo deixar de ser garantido o
mínimo necessário à dignidade humana. Há aqui uma defesa do Estado Social.

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Segundo Süssekind (2001, p. 51), os defensores do Estado Social admitem a
redução do grau de intervenção da lei, desde que para isso os sistemas legais
constituam regras gerais indisponíveis. Isso para ser garantido o mínimo de
proteção a todos os trabalhadores, sendo-lhes garantidos a dignidade do ser
humano. Não obstante, deve esses sistemas abrir espaço para a complementação
do piso protetor irrenunciável. Ainda, garantir o atendimento às peculiaridades
regionais, implantação de novas tecnologias e métodos e, também, preservação da
saúde econômica da empresa e do empregado.

A Constituição Brasileira de 1988, apesar de levar muitos preceitos de direito do


trabalho ao nível de norma constitucional, já inserida no contexto de flexibilização
das normas do trabalho, inovou ao introduzir no Artigo 7.º ocasiões em que a
Convenção coletiva de trabalho, firmado entre sindicatos, possa acordar de forma
diferente daquela prevista na Lei Celetista. Tal abertura possibilita que os órgãos
de classe possam acordar no sentido de se firmar uma redução salarial, a
compensação de horários e o trabalho em turnos de revezamento (Art. 7.º, VI, XIII
e XIV).

No artigo 8.º, a Constituição garantiu liberdade aos sindicatos, o que demonstra a


força que já possuem os órgãos de classe dentro do direito do trabalho.

Entretanto, muitas críticas são levantadas por esta inclusão na Carta Magna de
matérias que poderiam ser regulamentadas por leis. Sussekind (2001) afirma que
melhor teria sido que a Carta Magna tivesse possibilitado à Lei ordinária indicar,
restritivamente, as hipóteses nas quais as partes, através de convenção ou acordo
coletivo, pudessem flexibilizar a aplicação do preceito estatal, fixando os limites
suscetíveis de serem desrespeitados pelos instrumentos de autocomposição.

Outras leis introduziram modificações na legislação trabalhista para a inserção de


normas que possibilitam a flexibilização. O artigo 442 da CLT, ao tratar do
cooperativismo, traz que não existe relação de emprego entre os cooperados e as
respectivas cooperativas, nem entre estas e os tomadores de serviços. Apesar de
toda confusão que tal artigo gera, pode-se dizer que é uma forma de flexibilização,

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pois permite às empresas contratarem serviços sem a necessária configuração do
vínculo empregatício. Entretanto, deve ser tomado o suficiente cuidado na
aplicação indiscriminada de tal artigo, pois uma série de conseqüências pode advir
da interpretação equivocada do artigo supracitado.

Deste modo, conclui-se que, apesar de singelamente, o texto constitucional já se


apresenta com ares de flexibilização, diminuindo a intervenção do Estado em
certas negociações de trabalho que, até então, somente poderiam ser feitas sob a
luz da lei.

4 PROJETO DE LEI nº 5483 de 2001

A adoção de modificações inseridas no texto da Constituição Federal de 1988, já


apontava para um novo momento em relação às leis de proteção e regulamentação
do Direito do Trabalho. Pode-se dizer que o Estado passa, a partir desta nova ótica
constitucional, a interferir um pouco menos nas relações de interesse privado,
como as decorrentes da relação de emprego, formalizada pelo contrato de
trabalho.

Esta modificação inserida pela lex fundamentalis, entretanto, não foi a única a ser
inserida no contexto das relações de emprego. Outras vieram, como a Medida
Provisória que permitiu os contratos temporários de trabalho com direitos
reduzidos, já no governo Fernando Henrique Cardoso, ou a Lei 9.601/98, que
introduziu o contrato de trabalho por tempo determinado com redução da
contribuição do FGTS.

Observa-se, nesse momento, que a tendência atual é conceber leis trabalhistas


com menor intervenção estatal. Deve ser, mais uma vez, assinalado que o que a
flexibilização de normas trabalhistas propõe é a redução da interferência estatal,
mas não a desregulamentação do direito do trabalho. O que se busca é dar mais
flexibilidade às negociações de trabalho, com a intervenção dos respectivos
sindicatos. É o que ocorre com as normas constitucionais, que permitem alterações

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das condições contratuais de trabalho, mas com previsão em Convenção Coletiva.
Essa é a redação do art. 7.º,. Inc. VI, por exemplo, ao dizer que é direito do
empregado à irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo
coletivo (grifo nosso).
Entretanto, mais recentemente, foi encaminhada à Câmara dos Deputados, o
Projeto de Lei nº 5483/2001, que altera o disposto no artigo 618 da Consolidação
das Leis Trabalhistas.

Tal projeto de lei busca a alteração do atual artigo 618 da CLT, cuja redação atual
é “As empresas e instituições que não estiverem incluídas no enquadramento
sindical a que se refere o art. 577 desta Consolidação poderão celebrar Acordos
Coletivos de Trabalho com os Sindicatos representativos dos respectivos
empregados, nos termos deste Título”.

Pelo projeto de Lei ora em comento, tal artigo passaria a vigorar com a seguinte
redação: “As condições de trabalho ajustadas mediante convenção ou acordo
coletivo prevalecem sobre o disposto em lei, desde que não contrariem a
Constituição Federal e as normas de segurança e saúde do trabalho”.

O projeto foi aprovado, no entanto, com algumas mudanças na redação original:

Art. 618. Na ausência de convenção ou acordo coletivo firmados por


manifestação expressa da vontade das partes e observadas as demais
disposições do Título VI desta Consolidação, a lei regulará as condições
de trabalho. §1º A convenção ou acordo coletivo, respeitados os direitos
trabalhistas previstos na Constituição Federal, não podem contrariar lei
complementar, as Leis nº 6.321, de 14 de abril de 1976, e nº 7.418, de 16
de dezembro de 1995, a legislação tributária, a previdenciária e relativa ao
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço- FGTS, bem como as normas
de segurança no trabalho. §2º Os sindicatos poderão solicitar o apoio e o
acompanhamento da central sindical, da confederação ou federação a que
estiverem filiados quando da negociação de convenção ou acordo coletivo
previsto no presente artigo.

Está claro que o projeto traz uma revolução para o direito do trabalho brasileiro,
visto que inverte a hierarquia das normas, ou seja, o acordo coletivo passa a ser
superior à lei, ressalvadas as garantias constitucionais.

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Deve ser observado ainda, que a Convenção ou o Acordo coletivo sempre deverá
ser observado, independente de hierarquia, desde que para tanto traga ao
trabalhador um benefício. É a aplicação do princípio do Direito do Trabalho da
Norma Mais Favorável ao Trabalhador.

Com a aprovação de tal projeto de lei, muitas garantias dos trabalhadores poderão
ser suprimidas, tudo dependendo da condição da negociação coletiva de trabalho.
Se o sindicato não apresentar nenhuma força, estará sujeito ao poder de barganha
do órgão representativo de classe mais poderoso.

Além da patente inconstitucionalidade da matéria versada no Projeto, revelada pela


pretensão de ampliar as hipóteses de flexibilização autorizadas expressamente
pelo art. 7º da Constituição Federal de 1988, a referida proposta, se aprovada,
consagrará a retirada de direitos e conquistas históricas dos trabalhadores, sob o
ilusório argumento de que haverá a igualdade nas negociações coletivas. Nesse
contexto, a perspectiva é a do agravamento da crise social e da concentração de
renda (SÜSSEKIND apud LOPES, 2002, p.16).

Nota-se que, no caso de flexibilização, tem-se que as normas contratuais são


principais em relação às legislativas, mas estas ainda existem, ao passo que neste
modelo o trabalhador não teria outra norma, senão a nascida da atuação sindical,
num acordo entre as vontades coletivas das categorias representadas (BUDÓ apud
ABREU, 2003, sp.).

Algumas das conseqüências da aprovação do Projeto de Lei no Senado Federal


elencadas por Süssekind apud Lopes (2002, p. 16), são: a) o valor da remuneração
do repouso semanal, que poderá ser em qualquer dia da semana; b) redução dos
adicionais de trabalho noturno, insalubre ou perigoso e de transferência provisória
do empregado; c) ampliação do prazo para o pagamento do salário; d) ampliação
da hora do trabalho noturno; e) ampliação das hipóteses de trabalho extraordinário;
f) extensão da eficácia da quitação de direitos; g) redução do período de gozo das
férias, ampliação do seu fracionamento e alteração da forma de pagamento da
respectiva remuneração; h) redução dos casos de ausência legal do empregado,

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inclusive licença-paternidade; i) redução do valor de depósito do FGTS; j)
transformação do 13º salário em parcelas mensais.

A aplicação da flexibilização, contrastando com a realidade social de Estados como


o brasileiro deve observar também aspectos relacionados com a segurança do
trabalho, a questão do trabalho do menor, do trabalhador informal, do trabalho
escravo dentre outras situações desabonadoras decorrentes da exploração da
classe dominante sobre a classe dominada.

A flexibilização deve ser aplicada juntamente com políticas públicas para garantia e
erradicação das mazelas sociais decorrentes do trabalho desumano. À medida que
o direito do trabalho avança para um horizonte onde a flexibilização parece a saída
para as questões decorrentes de negociações de mercado, influenciada pela
supremacia da vontade do capital, é extremamente necessário que o direito do
trabalho avance, e neste ponto, com interferência e constante proteção do Estado
para garantida das mínimas condições de dignidade do ser humano. Não poderá o
Estado perder a sua característica de protetor do hipossuficiente, principalmente
nas relações de trabalho. Não pode o Estado deixar de lado seu caráter humanista.

Para Nascimento (2002, p.25),

é humanista o intervencionismo para a proteção jurídica e econômica do


trabalhador por meio de leis destinadas a estabelecer um regulamento
mínimo sobre as suas condições de trabalho, a serem respeitadas pelo
patrão, e de medidas econômicas voltadas para a melhoria de sua
condição social.

Tal interferência estatal parece não somente estar sendo buscada pelo direito do
trabalho ao garantir os direitos mínimos dos empregados. Tal princípio, basilar nas
relações de emprego, com aplicação de normas mais favoráveis, inversão de ônus
da prova e vários outros eminentemente protecionistas vem sendo aplicados, com
as devidas revisões, em direitos como o do consumidor, ao garantir, por exemplo, a
aplicação do princípio da irrenunciabilidade da norma mais favorável. Desse modo,
é estranho como o governo e as pressões neoliberais pretendem retirar das
relações de trabalho a intervenção do Estado, para que ele deixe de tutelar os
direitos dos trabalhadores. Os mitos da autonomia da vontade, da liberdade
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absoluta das partes na constituição e desenvolvimento dos contratos já caíram no
Novo Código Civil que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003.

5 CONCLUSÕES

Formar um posicionamento favorável ou contra a flexibilização do Direito do


Trabalho necessita de um grande conhecimento dos benefícios ou malefícios que
podem suscitar desta decisão. Analisar a flexibilização depende, sempre, de qual
dos pólos da relação jurídica decorrente do contrato de trabalho está posicionado o
observador.

Os que defendem a flexibilização, provavelmente tendem a estar posicionados no


lado do empregador na relação jurídica. Estes querem fazer valer o direito de firmar
um contrato, no caso específico, o contrato de trabalho, sem a intervenção do
Estado, podendo acordar o que melhor aprouver pelas partes. A flexibilização, em
qualquer hipótese, significa maior possibilidade de acordo entre as partes, sem a
interferência do Estado. E, como é sabido, a relação de trabalho é extremamente
visada pela tutela estatal, devido à condição de hipossuficiente do trabalhador
resultante de um desenvolvimento histórico em que o mais forte sempre tendeu à
explorar o mais fraco. E, sob este aspecto, os defensores do social, em especial
ligados às classes trabalhadores, vêem na flexibilização um grande retrocesso nas
relações trabalhistas.

Conclui-se, pelo estudo ora elaborado, que a flexibilização é inevitável, como já


ocorre no atual texto constitucional, que possibilita a negociação coletiva de direitos
até então indiscutíveis.

Para os defensores do estado social, a flexibilização deve ocorrer sem descuidar o


Estado dos direitos mínimos a serem garantidos ao empregado, devendo fixar um
piso a ser observado, capaz de garantir a dignidade do ser humano.

Assim, a flexibilização, diferentemente da desregulamentação, deve existir, mas


com a fixação de limites pelo Estado, a fim de se garantir um Estado Democrático

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de Direito, em especial de seus fundamentos, como a dignidade da pessoa
humana.

6 REFERÊNCIAS

BUDÓ, Marília Denardin. Flexibilização do direito do trabalho. Disponível em:


www.ufsm.br/direito/artigos/ trabalho/flexibilizacao-clt.htm. Acesso em 01/05/2005.

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 16. ed. São Paulo: Atlas S.A, 2002.

NASCIMENTO. Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 17. ed. São


Paulo: Saraiva: 2001.

SOBRINHO. Genesio Vivanco Solano. Direito constitucional e flexibilização do


direito do trabalho. Disponível em
http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=5378. Acesso em 01/05/2005.

SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANA, Senegadas; TEIXEIRA, Lima.


Instituições de direito do trabalho. 20. ed. São Paulo: LTr, 2002.

SÜSSEKIND, Arnaldo. Direito constitucional do trabalho. 2. ed. Rio de Janeiro:


Renovar, 2001.

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