Anda di halaman 1dari 16

11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Modulo I - Fundamentos e atuação da


Ouvidoria Pública

Modulo I - Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Site: Instituto Legislativo Brasileiro - ILB

Curso: Ouvidoria na Administração Pública (parceria CGU/ILB) Turma 04 B

Livro: Modulo I - Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Impresso por: Carlos Augusto de Almeida Sena

Data: sexta, 11 Dez 2015, 15:26

Sumário
MÓDULO DE APRESENTAÇÃO
Objetivos
Unidade 1 - O que é Ouvidoria Pública?

Pág. 2
Pág. 3
Pág. 4
Pág. 5
Pág. 6
Pág. 7

Unidade 2 - Breve histórico das Ouvidorias Públicas no Brasil: fatos relevantes e aspectos normativos

Pág. 2
Pág. 3

Unidade 3 - Quem é o público da Ouvidoria?


Unidade 4 - A função do Ouvidor

Pág. 2

Unidade 5 - Requisitos para o bom funcionamento da Ouvidoria e alguns desafios a serem enfrentados
Resumo
Exercícios de Fixação - Módulo I

MÓDULO DE APRESENTAÇÃO
A Ouvidoria­Geral da União (OGU), ligada à Controladoria­Geral da União (CGU), em parceria com o Instituto Legislativo Brasileiro ­
ILB,  tem  a  satisfação  de  lançar  a  primeira  edição  do  curso  a  distância  Ouvidoria  na  Administração  Pública,  cujo  objetivo  é
contribuir para a formação de profissionais da área e demais interessados quanto aos fundamentos da Ouvidoria Pública e aspectos
básicos relacionados à sua atuação.

A  Ouvidoria  Pública  é  um  exemplo  de  instrumento  institucional  que,  ao  lado  dos  outros  canais  de  participação  e  controle  social
existentes, busca operacionalizar o princípio da democracia participativa consagrado na Constituição Federal de 1988.

O  aprofundamento  da  participação  pressupõe  a  criação  e  ampliação  de  mecanismos  jurídicos  e  institucionais  para  promover  a

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 1/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

interlocução  entre  os  agentes  públicos  e  os  cidadãos.  Tal  prática  também  requer  mudança  e  aperfeiçoamento  dos  processos  e  das
práticas que compõem a cultura institucional do Estado e de seus servidores, além de demandar ações de informação e capacitação
continuada para os agentes públicos, cidadãos, organizações da sociedade civil e movimentos sociais.

Por  meio  dessa  capacitação,  que  integra  a  Política  de  Formação  Continuada  em  Ouvidorias  (Profoco),  a  OGU  reafirma  seu
compromisso  com  a  adoção  de  práticas  de  gestão  orientadas  para  a  produção  de  resultados  que  transformem  e  melhorem  a
realidade das Ouvidorias Públicas brasileiras, contribuindo para o aperfeiçoamento permanente do atendimento prestado ao cidadão
e também para a expansão e fortalecimento desse instituto no Brasil.

O curso, que é auto­instrucional e realizado integralmente na modalidade à distância, está dividido em três módulos e possui carga
horária total de 20 horas.

Os seguintes assuntos serão tratados em cada um dos módulos:

Módulo 1: Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Módulo 2: Atendimento ao cidadão nas Ouvidorias Públicas ­ Abordagem Introdutória

Módulo 3: A Ouvidoria Pública como instrumento de participação social

Acesse o endereço eletrônico http://www.cgu.gov.br/Ouvidoria/Profoco/cadastro.asp e
faça seu cadastro para participar da Política de Formação Continuada em Ouvidorias e
ter acesso aos cursos gratuitos.

Desejamos a todos um bom curso.

 Ouvidoria­Geral da União

Objetivos

Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública


 

                        

 Ao final deste módulo, você será capaz de:

- Compreender a missão da Ouvidoria Pública e suas principais


funções.

- Conhecer o histórico das Ouvidorias Públicas no Brasil.

- Conhecer aspectos básicos para atuação das Ouvidorias Públicas.


http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 2/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

- Conhecer aspectos básicos para atuação das Ouvidorias Públicas.

Unidade 1 - O que é Ouvidoria Pública?


A  Constituição  de  1988  instituiu  a  base  jurídica  que  possibilitou  a  consolidação  do  regime  democrático  no  Brasil.  Um  conjunto  de
direitos  foi  ali  estabelecido  como  resultado  de  um  longo  e  complexo  processo  de  mobilizações  sociais  e  políticas  que  marcaram  as
décadas  de  1970  e  1980.  Um  dos  resultados  desse  percurso  foi  a  ampliação  da  participação  social  na  Administração  Pública  em
resposta  a  demandas  em  torno  da  descentralização  e  da  democratização  do  Estado  brasileiro  (SILVA,  F.  B;  JACCOUD,  L.;  BEGHIN,
N., 2005).

Diz o § 3º do artigo 37 da Constituição Federal de 1988:

 Legislação

Art. 37 (...)

§  3º  A  lei  disciplinará  as  formas  de  participação  do  usuário  na  administração  pública  direta  e  indireta,  regulando
especialmente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I  ­  as  reclamações  relativas  à  prestação  dos  serviços  públicos  em  geral,  asseguradas  a  manutenção  de  serviços  de
atendimento  ao  usuário  e  a  avaliação  periódica,  externa  e  interna,  da  qualidade  dos  serviços;  (Incluído  pela  Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

II ­ o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art.
5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III ­ a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração
pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

Estabelecem, ainda, o inciso XXXIII do artigo 5º e o § 2º do artigo 216 da Carta Magna:

 Legislação

Art. 5º (...)

XXXIII ­ todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo
ou  geral,  que  serão  prestadas  no  prazo  da  lei,  sob  pena  de  responsabilidade,  ressalvadas  aquelas  cujo  sigilo  seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

Art. 216 (...)

§ 2º ­ Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para
franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

O que esses textos têm em comum?

De forma resumida, podemos dizer que os artigos 5º, 37 e 216 da Constituição Federal garantiram, ao lado de outros instrumentos
normativos, a participação dos cidadãos na gestão pública, seja por meio do acesso destes à informação pública (com exceção dos
casos previstos em lei), ou pela avaliação da qualidade dos serviços públicos prestados.

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 Pág. 2 3/16


11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Pág. 2
Essa  possibilidade  de  interlocução  das  pessoas  com  o  Estado  se  tornou  possível  porque  a  Constituição  compatibilizou  princípios  da
democracia  representativa  e  participativa.  Estabeleceu,  ainda,  os  princípios  da  impessoalidade  e  da  publicidade  dos  atos  da
administração pública, lançando os fundamentos para uma nova forma de expressão de interesses e representação de demandas de
atores  e  grupos  junto  ao  Estado  (SILVA,  F.  B;  JACCOUD,  L.;  BEGHIN,  N.,  2005).  A  institucionalização  das  Ouvidorias  Públicas  nas
últimas  três  décadas  e  a  aprovação  da  Lei  de  Acesso  a  Informações  Públicas  (LAI),  em  2011,  são  frutos  desse  processo  de
democratização  do  Estado  brasileiro,  que  materializou  no  texto  constitucional  a  participação  social  como  um  dos  elementos­chave
para a garantia de direitos humanos e para a organização das políticas públicas.

A  partir  do  conteúdo  apresentado  até  o  momento,  conseguimos  reunir  os  elementos  necessários  para  a  construção  do  conceito  de
Ouvidoria Pública.

“Ouvidoria  Pública  deve  ser  compreendida  como  uma  instituição  que  auxilia  o
cidadão  em  suas  relações  com  o  Estado.  Deve  atuar  no  processo  de  interlocução
entre  o  cidadão  e  a  Administração  Pública,  de  modo  que  as  manifestações
decorrentes  do  exercício  da  cidadania  provoquem  a  melhoria  dos  serviços  públicos
prestados”  (CONTROLADORIA­GERAL  DA  UNIÃO;  OUVIDORIA­GERAL  DA  UNIÃO,
2012a, p. 7).

Nesse sentido, a Ouvidoria Pública funciona como um agente promotor de mudanças: de um lado, favorece uma gestão flexível,
comprometida com a satisfação das necessidades do cidadão; de outro, estimula a prestação de serviços públicos de qualidade,
capazes de garantir direitos. Em síntese, é um instrumento a serviço da democracia.

É  importante  não  perder  de  vista  que  as  Ouvidorias  encontram,  na  democracia,  o  campo  necessário  para  sua  expansão  e
fortalecimento, uma vez que devem ser compreendidas como espaços plurais, abertos à mediação e à resolução das demandas dos
cidadãos. Ao mediar o acesso a bens e serviços públicos, esses institutos constituem­se como um importante instrumento de gestão
para a Administração Pública, que tem a oportunidade de aperfeiçoar suas perspectivas e ações.

Como  você  pôde  observar,  as  palavras  mediação  e  direitos  humanos  são  fundamentais  quando  falamos  em  Ouvidorias  Públicas.  O
que isso quer dizer?

A  CF  de  1988  instituiu  um  Estado  Democrático  de  Direito,  destinado  a  assegurar  o  exercício  dos  direitos  sociais  e  individuais,  a
liberdade,  o  bem­estar,  o  desenvolvimento,  a  igualdade  e  a  justiça  como  valores  fundamentais  de  uma  sociedade  comprometida,
interna e internacionalmente, com a solução pacífica das controvérsias.

Essa  perspectiva  indica  que  os  conflitos  devem  ser  assumidos  como  parte  da  vida  social,  e  não  como  algo  a  ser  eliminado.  Indica,
ainda,  que  as  divergências  devem  ser  trabalhadas  objetivando  a  construção  de  soluções  pacíficas,  baseadas  na  promoção  dos
direitos  humanos.  Tal  abordagem  valoriza  o  diálogo  como  ferramenta  essencial  para  o  convívio  em  sociedade.  Esse  diálogo  não
pretende  trazer  o  "outro"  para  uma  posição  pouco  ativa,  mas  investe  no  favorecimento  de  uma  participação  consciente,  atuante  e
informada.

Noções gerais sobre mediação

A mediação, de modo geral, é um processo voluntário e estruturado, no qual um ou
mais  mediadores  ajudam  as  pessoas  envolvidas  num  conflito  a  encontrarem  uma
solução aceitável para todos, compatível com os seus interesses e necessidades.

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 4/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

A  discussão  durante  o  processo  de  mediação  não  está  limitada  a  questões  legais,
devendo  incluir  o  máximo  de  informação,  além  da  exposição  de  qualquer
preocupação dos participantes. Os mediadores podem ser avaliativos, ao dar enfoque
a  direitos,  ou  facilitadores,  ao  encorajar  os  participantes  a  desenvolverem  suas
próprias  soluções  para  o  conflito.  De  acordo  com  os  fatos  e  as  necessidades
identificadas,  os  mediadores  podem  valer­se  de  uma  combinação  dessas
modalidades.

Pág. 3
1.1   A missão da Ouvidoria Pública e suas funções
 

Você sabe qual é a missão da Ouvidoria Pública e como ela realiza esse papel na prática?

Primeiramente,  é  preciso  conhecer  a  diferença  entre  missão  e  função,  para  depois  compreender  de  que  forma  isso  se  aplica  às
Ouvidorias Públicas.

A MISSÃO relaciona-se com a busca de uma determinada finalidade, orientada por princípios e
fundamentos que irão nortear as ações e a prestação dos serviços públicos.

As Ouvidorias Públicas têm como missão promover a realização da democracia e a efetividade dos direitos humanos, por meio da
mediação de conflitos e do reconhecimento do outro como sujeito de direitos.

A FUNÇÃO, por sua vez, diz respeito às atividades, atribuições ou instrumentos necessários para
cumprir  uma  finalidade.  A  função  tem  uma  qualidade  prática,  uma  vez  que  concretiza  uma
determinada missão na realidade cotidiana.

Na prática, para realizar sua missão, as Ouvidorias Públicas devem desempenhar as seguintes FUNÇÕES (ROMÃO, s/d):

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 5/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Pág. 4

Finalidade de uma unidade de Ouvidoria

A  ouvidoria  tem  por  propósito  buscar  soluções  para  as  demandas  dos  cidadãos;
oferecer  informações  gerenciais  e  sugestões  ao  órgão  em  que  atua,  visando  o
aprimoramento  da  prestação  do  serviço,  além  de  contribuir  para  a  formulação  de
políticas públicas.

A  qualidade  dos  serviços  prestados  pela  administração  se  aperfeiçoa  com  a  atuação
da  ouvidoria,  uma  vez  que  ela  auxilia  na  identificação  de  pontos  a  serem
aprimorados  e  contribui,  dessa  forma,  para  a  melhoria  dos  procedimentos  e  dos
processos administrativos.

Ao  exercer  seu  papel  de  porta­voz  do  cidadão  na  organização,  o  ouvidor  tem
revelado  ser  um  importante  instrumento  de  interação  entre  o  órgão  e  a  sociedade,
aliado  na  defesa  dos  direitos  do  usuário,  na  busca  de  soluções  de  conflitos
extrajudiciais  e  colaborador  eficaz  dos  programas  de  qualidade  implantados  nas
organizações.

A sobrevivência das organizações está intimamente relacionada à sua capacidade de
adaptação  e  flexibilidade  às  contingências  do  ambiente  econômico,  social,  cultural,

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 6/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

ecológico e tecnológico.

Entidades  públicas  vêm  dotando  o  ouvidor  de  uma  sensibilidade  na  captação  de
problemas,  encaminhamento  de  sugestões  e  livre  acesso  entre  os  diversos  setores
da  organização  na  busca  de  soluções,  contribuindo  para  o  aperfeiçoamento  do
atendimento e valorização do cidadão.

O  ouvidor  atua  também  em  defesa  da  administração,  procurando  subsidiar  o


atendimento  de  reivindicações  de  funcionários,  exercendo  um  controle  preventivo  e
corretivo  de  arbitrariedades  ou  de  negligências,  de  problemas  interpessoais  ou,
ainda, de abuso de poder das chefias.

Para  tanto,  deverá  ter  conhecimento  de  toda  estrutura  e  funcionamento  da


instituição    a  que  pertence,  pois  dessa  forma  poderá  utilizar  o  trabalho  da  ouvidoria
para subsidiar as políticas e os processos internos de trabalho do órgão.

  

Qual a diferença entre uma Ouvidoria Pública e um serviço de atendimento ao cidadão
(SAC)?

A  atuação  da  Ouvidoria  é  diferente  da  atuação  de  um  SAC,  a  exemplo  dos  0800,  Sala
do Cidadão, Fale Conosco, Call Center, entre outros, pois ela não é apenas um canal de
diálogo  entre  o  cidadão  e  a  Administração  Pública,  ela  é  uma  instituição  de
participação  social  ao  lado  das  Conferências  e  dos  Conselhos  de  Políticas  Públicas,
como  será  visto  no  módulo  3  (CONTROLADORIA­GERAL  DA  UNIÃO;  OUVIDORIA­GERAL
DA UNIÃO, 2012a).

Pág. 5
1.2   Atuação da Ouvidoria Pública

No  Poder  Executivo  Federal,  a  Ouvidoria  Pública  tem  como  finalidade  estimular  a  participação  e  a  conscientização  da  população
sobre  o  direito  de  receber  um  serviço  público  de  qualidade.  Além  disso,  ela  deve  auxiliar  o  cidadão  a  identificar  o  lugar  mais
apropriado para a resolução de sua demanda ou problema.

A partir do que você estudou até aqui, reflita: o que cabe à Ouvidoria fazer em seu trabalho cotidiano?

Receber as manifestações dos cidadãos, interpretá­las e buscar soluções para cada caso, com o
objetivo de aperfeiçoar o processo de prestação do serviço público;

Contribuir para melhorar a qualidade dos serviços prestados;

Buscar a satisfação do cidadão que utiliza os serviços públicos;

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 7/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Informar  adequadamente  à  direção  do  órgão  público  sobre  os  indicativos  de  satisfação  dos
usuários;

Funcionar como instrumento de interação entre o órgão público e a sociedade;

Contribuir para fortalecimento da cultura de direitos humanos, privilegiando a visão do cidadão
como sujeito de direitos e estimulando sua autonomia;

Informar aos cidadãos quais são os órgãos que devem ser acionados para a resolução de suas
demandas, quais são suas responsabilidades e de que forma a resposta poderá ser cobrada.

Pág. 6
1.3   Ombudsman, Ministério Público e Ouvidoria Pública:
similaridades e diferenças
 

Para começar, leia abaixo alguns trechos da entrevista “A Ouvidoria no serviço público brasileiro”, com o Ouvidor­Geral da União,
José Eduardo Elias Romão.

Como o senhor avalia a experiência da Ouvidoria­Geral da União?

A Ouvidoria­Geral da União começou a desenvolver, há quase dez anos, um trabalho de estímulo à criação de Ouvidorias. Naquele momen
a preocupação era que houvesse, na Administração Pública Federal, canais de atendimento ao cidadão que superassem ou transpusessem 
serviços de atendimento ao consumidor (SAC), que costumavam prover uma orientação pontual, uma via de mão única. O cidadão ligava,
informação  era  fornecida  ou  não.  As  Ouvidorias  seriam  então  instâncias  naquele  momento  criadas  para  atribuir  alguma  profundidade
resolução do problema, produzindo uma tradução das solicitações e necessidades da população para a Administração Pública. Cada Ouvido
deveria ser um canal de mediação e diálogo, portanto, via de mão dupla.

O modelo brasileiro incorporou contribuições internacionais?

Com o passar do tempo, inspirado ainda no modelo sueco de ombudsman, viu­se que as Ouvidorias, no Brasil, por serem órgãos vinculad
aos  ministérios,  subordinados  à  direção  de  cada  um  dos  órgãos  públicos  federais,  não  teriam  condições  de  se  estruturar  nos  termos 
ombudsman  tal  como  as  experiências  internacionais,  com  destaque  para  a  Suécia,  Reino  Unido  e  Peru,  onde  os  serviços  se  constituíra
como  órgãos  externos  à  Administração  Pública,  com  algum  controle  sobre  a  administração,  em  condições  de  até  mesmo  promover  açõ
judiciais.  Essas  características,  por  maior  que  fosse  o  interesse,  não  puderam  ser  aplicadas  ou  atribuídas  às  Ouvidorias  na  Administraç
Pública Federal.

Ouvidoria e Ombudsman são sinônimos?

A atribuição ou a denominação no campo jurídico de jabuticaba é quase sempre pejorativa.

Quando  alguém  diz,  um  jurista  levanta  a  voz  para  dizer  'Ah,  isso  é  uma  jabuticaba,  isso  só  se  tem  no  Brasil',  é  para  dizer  que  isso  é  aq
produzido  como  uma  excrescência.  Nós  estamos  também  trabalhando  de  modo  inverso,  acho  que  a  gente  pode  fazer  das  Ouvidorias  um
prática de criação nacional. O fato de não haver tradução para o termo já tem refletido no modo como eu me pronuncio quando dialogo co
outras  experiências  estrangeiras,  já  não  traduzo  mais  para  ombudsman.  Eu  digo:  'Que  aprendam  vocês  a  expressão  “Ouvidoria”,  como
gente teve de assimilar outras tantas'.

O que é, então, uma Ouvidoria, hoje, no Brasil?

É um órgão vinculado à Administração, portanto, pode ser um órgão de controle interno para promoção da transparência e do controle soci
Então,  de  um  lado,  as  Ouvidorias  desenvolvem  controle  interno,  contribuem  para  avaliação  dos  serviços  públicos  prestados  para  que
sociedade  possa  controlar  a  Administração  como  um  todo.  Por  outro  lado,  que  eu  acho  mais  relevante,  ao  mesmo  tempo  em  que  avalia

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 8/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

serviço,  promovem  os  direitos  da  população.  Não  se  trata  de  um  mandato,  como  pretendiam  muitos  Ouvidores,  como  se  fosse
representantes  do  povo,  eleitos  indiretamente.  Alguns  Ouvidores  chegaram  a  entoar  esse  discurso,  a  exigir  essa  condição:  'Ah,  s
representante do povo.' Não é bem verdade. A Ouvidoria representa a obrigação da Administração em garantir direitos.

A implantação das Ouvidorias no Brasil teve um caráter marcadamente estatal?

Em  alguns  momentos  se  discutiu  no  Brasil,  'Ah,  o  Governo  é  diferente  de  Estado',  pois  o  Ouvidor  é  aquele  que  tem  que  afirm
diuturnamente que o Estado está organizado para garantir direitos fundamentais à população brasileira. Este é o seu mandato precípuo, q
é  mais  importante  que  ele,  é  a  sua  obrigação  constituída.  E,  dessa  forma,  com  uma  dupla  vinculação,  é  possível  caracterizar  o  modelo 
Ouvidoria  contemporâneo.  É  controle  interno,  ou  está  vinculado  à  atividade  de  controle  interno,  e  se  constitui  como  uma  instância  q
caracteriza  esse  modelo  das  Ouvidorias  se  relacionarem  regiamente,  de  forma  organizada,  contínua,  com  outros  órgãos  para  garantia 
direitos.  O  Brasil,  na  Constituição  de  1988,  decidiu  criar  um  modelo  de  Ministério  Público  poderoso.  Há  defensorias  públicas  vinculadas  a
Estados. Então, não se pode imaginar que as Ouvidorias, sendo entidades vinculadas à Administração, poderiam sozinhas suportar o desa
da realização de direitos fundamentais, de garantir a assistência social, a saúde. Então, compreendendo bem a nossa função, essa distinç
eu costumo fazer sempre: há um papel, que é amplo e abrangente de realização dos direitos, ao qual também estão vinculados o Ministé
Público, as Ouvidorias, as defensorias públicas e os conselhos de direitos.

As funções dos Ouvidores já estão bem claras no Brasil? O público já sabe em que situações deve procurar um Ouvidor?

Há um papel, que a todos nós oferece textos para atuação. Há funções específicas. Essas funções não estão hoje devidamente coordenada
Quando uma Ouvidoria, a exemplo da existente na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), recebe uma notícia 
uma  manifestação  de  discriminação,  uma  reclamação  de  qualquer  tipo  de  preconceito  atribuído,  enfim,  quando  a  encaminha  ao  Ministé
Público, o faz por dever de ofício, mas não há uma interação em que o Ministério Público se sinta obrigado a responder à Ouvidoria sobre
que  foi  feito,  a  Ouvidoria  tem  que  ir  lá  e  cobrar.  Nós  precisamos  agora  adotar  os  procedimentos,  essa  visão  da  gestão  pública  abrangen
para a realização de uma tarefa essencial: a realização dos direitos fundamentais e humanos no Brasil. Esse é o grande papel, que cabe 
Ouvidorias realizar: promover a efetividade dos direitos humanos no Brasil. Então, se tem uma dimensão que é externa ou interinstitucion
que vai definindo a sua função específica e a sua relação entre os órgãos.

ROMÃO, J. E. E. “A Ouvidoria no serviço público brasileiro”. In: PAULINO, Fernando Oliveira; SILVA, Luiz Martins da. Comunicaç
Pública em Debate. Brasília: Editora da UnB, 2013 (NO PRELO).

Pág. 7
 

Com base na leitura realizada, você consegue identificar as semelhanças
e diferenças entre Ombudsman, Ministério Público e Ouvidoria Pública?
Leia a seguir.

Ombudsman é  uma  palavra  sueca  que  significa  “representante  do  povo”  e  é  frequentemente  utilizada  para  denominar  o  cargo  de
Ouvidor.  A  palavra  surgiu  com  esse  significado  em  1809  para  descrever  os  funcionários  responsáveis  por  receber  críticas  e
sugestões  da  população  sobre  órgãos  públicos  na  Suécia.  Com  a  popularização  desse  tipo  de  atividade,  vários  países  passaram  a
conceituar o ombudsman de maneiras diferentes. Em Portugal, por exemplo, esse profissional é chamado de provedor;  na  França  o
termo  é  traduzido  como  médiateur;  já  nos  países  de  língua  hispânica  costuma­se  denominar  o  cargo  como  defensor.  Essas  várias
traduções podem indicar dificuldades para se dizer com precisão as funções e as rotinas desse profissional. O ombudsman clássico é
investido  no  cargo  pelo  Parlamento  e  atua  na  esfera  administrativa  e  judicial  (LYRA,  2010).  Alguns  defendem  que  ele  deve  atuar
apenas  como  mediador,  apaziguando  relações  e  fazendo  que  as  partes  cheguem  a  um  consenso.  Já  outros,  acreditam  que  o  cargo

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 9/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

deve garantir uma defesa dos interesses dos cidadãos (COELHO, 2013).

De  acordo  com  a  Constituição  Federal,  o  Ministério Público (MP)  é  um  órgão  de  Estado  que  atua  na  defesa  da  ordem  jurídica  e
fiscaliza  o  cumprimento  da  lei  no  Brasil.  É  seu  papel  defender  o  patrimônio  nacional,  o  patrimônio  público  e  social,  o  que  inclui  o
patrimônio cultural, o meio ambiente, os direitos e interesses da coletividade. O MP atua também na defesa dos interesses sociais e
individuais e no controle externo da atividade policial.

Por fim, como você estudou, a Ouvidoria Pública no Brasil é um mecanismo de exercício da democracia participativa. Ela tem duas
grandes finalidades: 1) realizar o controle social da qualidade do serviço público, auxiliando a busca de soluções para os problemas
existentes  nos  órgãos  do  Estado  e;  2)  promover  a  efetividade  dos  direitos  humanos  ao  ouvir,  reconhecer  e  qualificar  as
manifestações  recebidas,  encaminhando­as  para  os  órgãos  competentes  e  acompanhando  sua  tramitação,  para,  posteriormente,
fornecer a resposta adequada ao cidadão.

Esses três institutos têm em comum a defesa dos direitos do cidadão e dos
princípios constitucionais da legalidade, da impessoalidade, da
transparência, da eficiência e da justiça. São, portanto, comprometidos
com o regime democrático e com a inclusão social (LYRA, 2010).

O que os diferencia? As Ouvidorias Públicas representam a obrigação da
Administração Pública em garantir direitos, mas, diferentemente do
Ombudsman, não atuam judicialmente, não possuem mecanismos
coercitivos e nem representam o povo com mandato específico.

No Brasil, o Ministério Público defende, na esfera judicial, os direitos
fundamentais de todos os cidadãos brasileiros. As Ouvidorias também
atuam na garantia de direitos, mas de uma forma diferente do MP: atuam
junto à Administração, na instituição ou no setor de atuação, contribuindo
para garantir a qualidade dos serviços públicos prestados.

Unidade 2 - Breve histórico das Ouvidorias Públicas no Brasil: fatos


relevantes e aspectos normativos
As Ouvidorias Públicas no Brasil começam a ser implantadas, no formato que possuem atualmente, durante os anos 1980. Mas sua
história é bem mais antiga.

No  Brasil  Colônia,  o  então  Ouvidor  devia  aplicar  a  Lei  da  Metrópole  e  comunicar  ao  rei  em  Portugal  o  que  acontecia  na  colônia.
Assim, seu papel era totalmente diferente do modelo atual de Ouvidoria, pois não representava o cidadão: atendia somente a quem
estava no Poder. Depois dessa primeira iniciativa, um longo período se passou sem muitos avanços em relação ao tema.

O  debate  nacional  sobre  Ouvidoria  Pública  surgiu  a  partir  dos  anos  1970,  como  resultado  de  uma  forte  reação  do  povo  ao
autoritarismo  que  impediu  a  existência  de  canais  de  participação  onde  a  sociedade  civil  pudesse  exercer  o  controle  das  ações
públicas.

É exatamente na reivindicação pela participação na gestão pública que se situa a discussão sobre a criação de Ouvidorias no Brasil.
A  primeira  experiência  na  Administração  Pública  brasileira  foi  a  Ouvidoria  Municipal  de  Curitiba,  implantada  em  março  de  1986.
 Após a Constituição de 1988 esses institutos se expandem por todo País (DE MARIO; MORETTI, s/d).

Conheça  a  seguir  alguns  marcos  históricos  e  normativos  importantes  no  processo  de  construção  nacional  das  Ouvidorias  Públicas,
desde a Colônia até os dias atuais.

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 Pág. 2 10/16


11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Pág. 2
 

Aspectos históricos e normativos do processo de construção das Ouvidorias Públicas no Brasil

Colônia

1538  –  Foi  nomeado  o  primeiro  Ouvidor,  Antônio  de  Oliveira,  que  exercia  também  o  cargo  de  capitão­mor  da  capitania  de  São
Vicente.

1548 – Com a criação do Governo Geral do Brasil, surge a figura do Ouvidor­Geral, com as funções de Corregedor­Geral da Justiça
em todo território.

Império

1823 – Surge o Ouvidor como o juiz do povo. As queixas deveriam ser encaminhadas ex­officio à Corte por este juiz.

República

1964 – Com a ditadura, todas as instituições democráticas foram obrigadas ao silêncio forçado.

1983 – A partir desse ano surgem os primeiros sinais de abertura democrática: o debate para criação de canais entre a estrutura de
poder e a população começa a ganhar força.

Nova República

1986 – O Decreto 93.714/1986 cria a Comissão de Defesa dos Direitos do Cidadão, vinculado à Presidência da República, para defesa
de  direitos  do  cidadão  contra  abusos,  erros  e  omissões  na  Administração  Pública  Federal.  O  presidente  da  comissão  acumulava  a
função de Ouvidor e era designado pelo Presidente da República.

1992 – A Lei 8.490/1992 cria a Ouvidoria­Geral da República na estrutura regimental básica do Ministério da Justiça.

1996 e 1998 – Os Decretos 1.796/1996 e 2.802/1998 delegam ao Gabinete do Ministro da Justiça as competências para desenvolver
as atividades de Ouvidoria­Geral da República.

1998 – A Emenda Constitucional nº 19 alterou a redação do art. 37, § 3º, da Constituição Federal, determinando que lei disciplinará
as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente as reclamações relativas à
prestação dos serviços públicos em geral e o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo.
Disciplina,  também,  a  representação  contra  o  exercício  negligente  ou  abusivo  de  cargo,  emprego  ou  função  na  administração
pública.

1999  –  O  Estado  de  São  Paulo  promulga  a  lei  de  proteção  ao  usuário  do  serviço  público  e  determina  a  criação  de  Ouvidorias  em
todos os órgãos estaduais.

2000  –  O  Decreto  3.382/2000  delega  ao  Secretário  Nacional  de  Direitos  Humanos  do  Ministério  da  Justiça  as  funções  de  Ouvidor­
Geral da República.

2001 – A Medida Provisória 2.216/2001 cria a Corregedoria­Geral da União, que integra a Presidência da República.

2002  –  O  Decreto  4.177/2002  transfere  as  competências  de  Ouvidoria­Geral  do  Ministério  da  Justiça  para  a  Corregedoria­Geral  da
União, com exceção das relativas à de Ouvidoria­geral de direitos humanos, que permaneceram no Ministério da Justiça. O Decreto
4.490/2002 cria a Ouvidoria­Geral da República na estrutura regimental básica da Corregedoria­Geral da União.

2003  –  A  Lei  10.683/03  transforma  a  Corregedoria­Geral  da  União  em  Controladoria­Geral  da  União,  mantendo  entre  as  suas
competências  as  atividades  de  Ouvidoria­Geral,  exceto  as  atividades  de  Ouvidoria  dos  indígenas,  do  consumidor  e  das  polícias
federais,  a  cargo  do  Ministério  da  Justiça,  e  dos  direitos  humanos,  a  cargo  da  Secretaria  Especial  de  Direitos  Humanos  da
Presidência da República.

2004  –  A  Lei  10.689/2004  ajusta  a  denominação  de  Ouvidoria­Geral  da  República  para  Ouvidoria­Geral  da  União,  que,  pelo  Decreto

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 11/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

4.785/2003,  tem,  entre  outras,  a  competência  de  coordenar  tecnicamente  o  segmento  de  Ouvidorias  do  Poder  Executivo  Federal.
Nesse  mesmo  ano,  foi  promulgada  a  Emenda  Constitucional  45  que  determina  a  criação  de  Ouvidorias  no  Poder  Judiciário  e  no
Ministério Público no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Territórios.

2009  –  O  Decreto  6.932/2009  dispõe  sobre  a  simplificação  do  atendimento  público  prestado  ao  cidadão,  ratifica  a  dispensa  do
reconhecimento de firma em documentos produzidos no Brasil, institui a “Carta de Serviços ao Cidadão” e dá outras providências.

2010 – A Lei 12.288/2010 institui o Estatuto da Igualdade Racial e altera as Leis 7.716/1989, 9.029/1995, 7.347/1985 e 10.778/ 2003.
O  art.  51  do  mencionado  Estatuto  prevê  que  o  poder  público  federal  instituirá  nos  Poderes  Legislativo  e  Executivo  Ouvidorias
Permanentes  em  Defesa  da  Igualdade  Racial,  para  receber  e  encaminhar  denúncias  de  preconceito  e  discriminação  com  base  em
etnia  ou  cor  e  acompanhar  a  implementação  de  medidas  para  a  promoção  da  igualdade.  O  art.  52  do  mesmo  Estatuto  assegura  às
vítimas de discriminação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder
Judiciário para a garantia do cumprimento de seus direitos.

2011 – A Lei 12.527/2011 regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º
do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei 8.112/1990; revoga a Lei 11.111/2005, e dispositivos da Lei 8.159/1991 e dá outras
providências.

2014 ­ O Decreto 8.243/2014 institui a Política Nacional de Participação Social e o Sistema Nacional de Participação Social, definindo
o  papel  das  ouvidorias  e  determinando  que  as  ouvidorias  do  Poder  Executivo  Federal  devem  observar  as  diretrizes  da  Ouvidoria­
Geral da União.

Pág. 3

A Ouvidoria­Geral da União, órgão ligado à Controladoria­Geral da União, é
responsável por receber, examinar e encaminhar denúncias, reclamações,
elogios, sugestões e pedidos de informação referentes a procedimentos e
ações de agentes, órgãos e entidades do Poder Executivo Federal. Possui,
ainda, a competência de coordenar tecnicamente o segmento de Ouvidorias
do Poder Executivo Federal, de organizar e interpretar o conjunto das
manifestações recebidas e produzir indicativos do nível de satisfação dos
usuários dos serviços prestados pelo Poder Executivo Federal.

Unidade 3 - Quem é o público da Ouvidoria?


A Ouvidoria poderá trabalhar com dois tipos de público: interno e externo.

O  público interno  são  os  servidores  e  empregados  da  entidade  que  utilizam,  de  forma  democrática,  a  Ouvidoria  como  canal  para
manifestar  seus  anseios,  denunciando,  representando,  elogiando,  criticando  ou  sugerindo.  Nesse  sentido,  a  Ouvidoria  permite  uma
administração participativa.

O  público externo  são  pessoas  ou  grupos  que  demandam  os  serviços  oferecidos  pelo  órgão  público  e  utilizam  a  Ouvidoria  como
canal para se manifestarem.

Assim, qualquer cidadão, seja pertencendo ao público interno ou externo, pode apresentar, sem ônus, manifestação à Ouvidoria.

O  cidadão  é  o  principal  protagonista  no  trabalho  das  Ouvidorias  Públicas.  Por  isso,  devem  estar  acessíveis  a  ele  todos  os  meios  de
comunicação possíveis, tais como: manifestações pela internet, por telefone, presencial e por carta. 

Você pode estar se perguntando:

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 12/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

      ­ E se uma Ouvidoria é de pequeno porte e a única forma de oferecer o atendimento ao cidadão é a presencial? 

  Então,  este  deve  ser  o  meio  de  atendimento  escolhido.  O  importante  é  que  o  serviço  de  diálogo  e  de  mediação  com  a  população
esteja  aberto  e  funcionando  de  forma  adequada.  Depois,  havendo  a  possibilidade  de  se  utilizar  outros  meios  para  que  o  cidadão
possa se manifestar, que esses sejam disponibilizados.

No sítio virtual, as manifestações podem chegar por e­mail ou pelo e­SIC (Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao
Cidadão),  que  permite  que  qualquer  pessoa,  física  ou  jurídica,        encaminhe  pedidos  de  acesso  à  informação  para  órgãos  e
entidades do Poder Executivo Federal.

As manifestações recebidas por telefone deverão ser registradas no Sistema que armazenará todas as informações, para que
seja possível o encaminhamento da manifestação e sua análise.

O  atendimento  presencial  é  muito  importante  numa  Ouvidoria,  pois  é  o  momento  em  que  o  cidadão  vai  pessoalmente  à
Administração Pública expor sua demanda.  A unidade da Ouvidoria deve funcionar em local identificado e de fácil acesso ao
público, como você estudará no próximo módulo.

As  manifestações  recebidas  por  meio  de  carta  devem  ser  abertas  por  servidores  incumbidos  dessa  função;  muitas  das
ouvidorias adotam a praxe de digitalizar a carta e anexá­la como documento no sistema de ouvidoria. Há também ouvidorias
que após a devida análise e preparação de resposta,  arquivam as cartas pelo período previsto em legislação específica. De
modo  geral,  as  ouvidorias  respondem  também  por  carta  as  manifestações  recebidas  por  esse  meio,  garantindo  assim,  o
direito a informação mesmo às pessoas que não tem acesso a Internet.

Unidade 4 - A função do Ouvidor


Nos países democráticos, o Ouvidor exerce um trabalho cada vez mais presente nas instituições públicas, atuando na mediação dos
interesses do cidadão junto às instituições públicas.

O  Ouvidor  deverá  atuar  como  porta­voz  do  cidadão,  agindo  contra  qualquer  violação  de  direitos,  abuso  de  poder,  erros,  omissões,
negligências  e  decisões  injustas.  Seu  trabalho  torna  a  Administração  Pública  mais  eficiente  e  transparente,  e,  seus  agentes,  mais
responsáveis em suas decisões.

A  função  do  Ouvidor  está  baseada  nos  princípios


constitucionais,  presentes  no  artigo  37,  que  são:
legalidade,  legitimidade,  imparcialidade,  moralidade,
publicidade e eficiência. A ele cabe a missão de promover
a  realização  dos  direitos  humanos  no  âmbito  das
diferentes organizações.

Ao exercer seu papel como porta­voz do cidadão na organização pública, o Ouvidor tem­se revelado um importante instrumento de
interação  entre  o  Estado  e  a  sociedade,  constituindo­se  em  aliado  na  defesa  dos  direitos  do  usuário,  na  busca  por  soluções  de
conflitos  extrajudiciais  e  atuando  como  colaborador  de  programas  de  qualidade  implantados  nas  organizações.  Isso  porque  a
sobrevivência  das  organizações  está  intimamente  relacionada  à  sua  capacidade  de  adaptação  e  flexibilidade  às  exigências  do
ambiente econômico, social, cultural e tecnológico.

O  Ouvidor  atua  também  em  defesa  da  Administração,  procurando  colaborar  para  o  atendimento  de  reivindicações  de  funcionários.
  Quando  exerce  esse  papel,  esse  profissional  acaba  por  realizar  um  controle  preventivo  e  corretivo  de  arbitrariedades,  de
negligências, de problemas interpessoais ou, ainda, de abuso de poder das chefias.

No Brasil, o Ouvidor não tem poder para determinar a reformulação de decisões. Mesmo havendo prejuízo ou
constrangimento para o cidadão, ele conta apenas com o poder da argumentação exercida publicamente.

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591   13/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Na  tensão  que  caracteriza  a  relação  entre  o  Estado  e  a


sociedade,  o  Ouvidor  e  demais  profissionais  das
Ouvidorias Públicas devem buscar um ponto de equilíbrio.
Devem  agir  de  forma  imparcial,  de  modo  a  favorecer  o
exercício  do  diálogo,  e  zelar  para  que  cada  vez  mais
pessoas  possam  ser  inseridas  na  esfera  pública  como
cidadãs.

Pág. 2
4.1    Perfil do Ouvidor
 

Por  se  tratar  de  um  cargo  relativamente  novo  e  ainda  pouco  compreendido  na  Administração  Pública  Brasileira,  é  necessário
esclarecer que não se exige formação específica para ser Ouvidor.

Porém, esse profissional deve possuir perfil apropriado para exercer a função. São alguns requisitos essenciais do Ouvidor:

Conhecer o segmento específico em que exercerá a sua atividade (e não apenas a instituição);
Manter relação direta com o dirigente máximo;
Ter sensibilidade e paciência;
Ter capacidade de escuta;
Ser idôneo;
Possuir qualquer formação profissional;
Possuir conhecimento técnico em Ouvidoria;
Ser proativo;
Ter credibilidade;
Ter experiência na prevenção e solução de conflitos;
Ter capacidade de persuasão;
Possuir capacidade de análise crítica;
Possuir capacidade de adaptação e flexibilidade;
Ter capacidade de gestão de sua própria equipe, promovendo a capacitação constante dos funcionários e sua participação em
atividades pertinentes.

Unidade 5 - Requisitos para o bom funcionamento da Ouvidoria e


alguns desafios a serem enfrentados
A implantação de uma unidade de Ouvidoria Pública requer o comprometimento da alta administração das organizações, que deve
estar preparada para gerir mudanças culturais e educativas causadas pela atuação desse instituto por meio de treinamento de
pessoal orientado para a satisfação do cidadão.

Além disso, devem­se criar condições para um clima organizacional receptivo e colaborativo, pois se os canais internos da
organização estiverem bloqueados e as relações forem complicadas, o Ouvidor pouco poderá contribuir! Por não ter poderes
coercitivos, esse profissional precisa contar com o respaldo interno da organização. Caso contrário, pode ter sua aceitação,
credibilidade e capacidade de resposta prejudicada.

Estabelecer e divulgar normas gerais para a investidura e atuação no cargo assim como para a garantia da autonomia do Ouvidor
são fatores muito importantes para o sucesso de sua atuação.

Quando a Ouvidoria for implantada é também recomendável uma divulgação prévia, com esclarecimentos suficientes sobre o
objetivo, a importância e a forma de atuação do Ouvidor.

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591   14/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

Veja abaixo alguns requisitos que colaboram com uma boa gestão:

Trabalhar com planejamento e metas de médio e longo prazo, definindo as prioridades de trabalho;

Não  se  fechar  em  suas  próprias  atividades,  mas  sim  manter  diálogo  constante  com  as  demais  unidades  da  instituição,  bem
como com os outros órgãos e Ouvidorias, além de institutos de participação social;

Acompanhar as mudanças na legislação da área e o direcionamento das políticas públicas do órgão.

Os principais desafios encontrados pela Ouvidoria Pública geralmente estão localizados dentro da própria instituição. Conhecê­los é
fundamental para a busca de soluções. São eles:

Descrença por parte do cidadão quanto aos resultados a serem alcançados;

Reação interna negativa dos integrantes da organização;

Corporativismo;

Obstrução de canais internos de relacionamento que impedem a atuação da Ouvidoria.

A  burocracia  e  a  lentidão  no  atendimento  às  solicitações  são  elementos  que  podem  prejudicar  o  desempenho  da
Ouvidoria  Pública.  O  processo  de  construção  de  uma  unidade  deve  se  iniciar  com  um  trabalho  de  sensibilização  junto
aos  dirigentes  e  servidores  no  sentido  de  mostrar  a  importância  do  trabalho.  É  importante  que  todos  saibam  que  o
encaminhamento das críticas pela Ouvidoria não visa atrapalhar o trabalho dos setores e sim contribuir com a resolução
de problemas existentes ou que venham a existir.

Resumo
Você está encerrando o Módulo 1 deste curso. Nesta etapa, você estudou que:

As  Ouvidorias  Públicas  são  instituições  de  participação  social,  voltadas  para  auxiliar  o  cidadão  em  suas  relações  com  o
Estado.  Elas  caracterizam­se  por  ser  um  espaço  de  diálogo,  de  expressão  de  interesses  e  de  representação  de  demandas
junto à Administração Pública.

É importante ter em mente que as Ouvidorias Públicas são mais do que um canal de participação popular, elas são agentes
de  mudança,  pois  as  diferentes  manifestações  recebidas  acabam  por  gerar  oportunidades  de  aperfeiçoamento  das
instituições e agentes públicos, estimulando a  prestação de serviços de qualidade, capazes de garantir direitos humanos.

Cabe à Ouvidoria contribuir para a conscientização da população sobre o direito de receber um serviço público de qualidade,
auxiliando  o  cidadão,  sempre  que  necessário,  a  identificar  o  local  mais  apropriado  para  a  resolução  da  demanda
apresentada.

As  Ouvidorias  têm  como  missão  promover  a  realização  da  democracia  e  a  efetividade  dos  direitos  humanos,  por  meio  da
mediação de conflitos, da solução pacífica das controvérsias e do reconhecimento das pessoas como sujeito de direitos.

Para realizar sua missão, as Ouvidorias Públicas devem desempenhar as algumas funções. São elas: (i) ouvir e compreender
as  diferentes  formas  de  manifestação  dos  cidadãos  como  demandas  legítimas;  (ii)  reconhecer  os  cidadãos,  sem  qualquer
distinção, como sujeitos de direitos; (iii) qualificar as expectativas de forma adequada, para que o Estado possa decodificá­
las como oportunidades de melhoria; (iv) responder aos cidadãos e; (v) demonstrar os resultados produzidos.

O Ombudsman, o Ministério Público e a Ouvidoria Pública são institutos diferentes, embora possuam pontos de aproximação.

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 15/16
11/12/2015 Modulo I ­ Fundamentos e atuação da Ouvidoria Pública

As  Ouvidorias  Públicas  representam  a  obrigação  da  Administração  Pública  em  garantir  direitos  por  meio  da  interlocução
direta  com  o  cidadão,  mas  elas  não  atuam  judicialmente,  não  possuem  mecanismos  coercitivos  e  nem  representam  o  povo
com mandato específico, como ocorre com o Ombudsman e o Ministério Público.

O  Ouvidor  Público  atua  como  porta­voz  do  cidadão,  agindo  contra  quaisquer  violações  de  direitos,  abuso  de  poder,  erros,
omissões,  negligências  ou  decisões  injustas.  Esse  profissional  também  atua  em  defesa  da  Administração,  exercendo  um
controle  preventivo  e  corretivo  de  arbitrariedades,  de  problemas  interpessoais  ou,  ainda,  de  abuso  de  poder  por  parte  das
chefias.

Os poderes do Ouvidor, na Administração Pública, são de inspeção e de persuasão e não de coerção. Por isso, ele necessita
do respaldo interno da organização.

Por  fim,  o  sucesso  na  implantação  de  uma  unidade  de  Ouvidoria  Pública  depende  do  comprometimento  interno  das
organizações  e  de  uma  ampla  pactuação  entre  os  agentes  públicos,  que  deverão  estar  preparados  para  lidar  com  as
mudanças  culturais  e  educativas  produzidas,  por  meio  da  disposição  para  o  diálogo  e  da  realização  de  capacitações
continuadas.

Exercícios de Fixação - Módulo I


Parabéns! Você chegou ao final do Módulo I de estudo do curso  Ouvidoria na Administração Pública
(parceria CGU/ILB). Como parte do processo de aprendizagem, sugerimos que você faça uma releitura do
mesmo e resolva os Exercícios de Fixação. O resultado não influenciará na sua nota final, mas servirá
como oportunidade de avaliar o seu domínio do conteúdo. Lembramos ainda que a plataforma de ensino
faz a correção imediata das suas respostas!

Para ter acesso aos Exercícios de Fixação, clique aqui.

http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=23591 16/16

Anda mungkin juga menyukai