Introdução
Referencial Teórico
Metodologia
Resultados
Considerações Finais
Agradecimentos
Referências
INTRODUÇÃO
Este artigo é resultado de uma discussão a respeito das formas de ensino da
gramática normativa, em especial das apresentações e delimitações de itens
inerentes à utilização desse manual nas aulas de Língua Portuguesa. Em um
primeiro momento, serão discutidos os itens gramaticais e a maneira pela qual
esses itens são apresentados e as possíveis falhas de apresentação desses tópicos.
Dentre as prováveis incoerências encontradas, o artigo se baseia em apresentar os
resultados de discussões promovidas nas aulas de Língua Portuguesa V a respeito
do Artificialismo Lingüístico e da Inconsistência Teórica presentes na gramática
normativa. Para tanto, serão confrontados exemplos das realidades normativa e
oral para que se comparem itens em sintaxe de colocação e transitividade verbal e
tentar propor soluções para controlar um provável processo de normativismo sem
controle.
DESENVOLVIMENTO
- Artificialismo Lingüístico
A gramática normativa possui, em sua essência, o papel de prescrever as formas
de uso de uma língua. Porém, ela não apresenta seus itens de acordo com o uso
corriqueiro dessa língua por parte do povo. Tal fato se dá porque esse manual
considera como correta a variedade tida como culta e classifica as demais formas
de uso da língua como deformações da língua ou simplesmente desvios lingüísticos.
O ensino de Língua Portuguesa através somente da gramática normativa leva o
estudante a substituir suas concepções lingüísticas e passe a julgar errado e
incoerente o seu próprio modo de se comunicar, ou seja, o artificialismo lingüístico
se resume à pregação normativista de atividades lingüísticas que não condizem à
realidade lingüística dos falantes do Português.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
Oswald de Andrade
b) Advérbios.
- Aqui se tem sossego, para trabalhar.
c) Pronomes Indefinidos.
- Alguém me telefonou?
d) Pronomes Interrogativos.
- Que me acontecerá agora?
e) Pronomes Relativos
- A pessoa que me telefonou não se identificou.
g) Conjunções Subordinativas.
- Escrevia os nomes, conforme me lembrava deles.
Ao analisar o fato acima como realidade, a apresentação das normas que regem a
gramática tradicional tende a chocar estudantes e profissionais da lingüística já
que, ao longo de sua jornada, se descobrirá um desconhecedor das bases e razões
que fazem se definir um sujeito ou um verbo do modo que se faz atualmente.
Desse modo, as definições dos tópicos gramaticais são classificadas como confusas
por não traduzirem as regras regidas pelo uso real da língua.
Dentre as conseqüências do normativismo, pode-se citar a negação do conceito de
que a língua seria um organismo em constante evolução. O normativismo sem
controle faz com que a evolução lingüística seja atrofiada e impeça a evolução das
interações sociais lingüísticas.
- Inconsistência teórica
A principal preocupação da gramática normativa se resume em questões
morfológicas e sintáticas. De modo que, as questões lexicais acabam sendo
deixadas à parte. Um exemplo dessa inconsistência é o fato de se afirmar que há
voz passiva com o sujeito proposto em frases como abaixo onde, respectivamente a
primeira seria correta e a segunda incorreta:
Ex.: Alugam-se barracões. / Aluga-se barracões.
Outra ocorrência de inconsistência teórica ocorre na classificação dos verbos quanto
à predicação. De acordo com a gramática normativa, os verbos podem ser:
• Verbos intransitivos: Caso o verbo não requira objeto, ele é denominado verbo
intransitivo. Estes são verbos que possuem sentido pleno, completo, que não
precisam de um complemento, podendo constituir, sozinhos, o predicado.
Exemplos:
A minha amiga morreu.
O navio afundou.
• Verbos transitivos:
a) Transitivos diretos: quando exigem complemento, sem preposição obrigatória,
denominado objeto direto.
Exemplo: Luciana comprou livros. / Luciana = sujeito; comprou = verbo transitivo
direto; livros = objeto direto.
b) Transitivos indiretos: quando exigem complemento, com preposição obrigatória,
denominado objeto indireto.
Exemplo: Marina gosta de doces. / Marina = sujeito; gosta = verbo transitivo
indireto; de doces = objeto indireto.
c) Transitivos diretos e indiretos: quando possuem dois complementos, um sem
preposição, objeto direto, e outro com preposição, objeto indireto.
Exemplo: Marina ofereceu doces a Pedro. / Marina = sujeito; ofereceu = verbo
transitivo direto e indireto / doces = objeto direto; a Pedro = objeto indireto.
CONCLUSÃO
Com a produção deste artigo pudemos concluir que para que sejam sanados todos
os registros falhos da gramática normativa é preciso investir, antes tudo, no curso
superior de Letras. Precisamos que sejam formados profissionais de Língua
portuguesa que sejam estudiosos da língua e não tão somente preguem regras
arcaicas que, por sua vez, deveriam ser aperfeiçoadas por esses estudiosos de
acordo com o emprego real na oralidade popular. Somente com uma formação
voltada para o estudo da língua e suas variedades encontradas no real uso do
idioma é que se poderá construir um manual de Língua Portuguesa que se adéqüe
aos falantes desse idioma.
BIBLIOGRAFIA
- MAIA, Olívia
http://www.verbeat.org/blogs/forsit/2005/04/como-assim-soci.html