OS NÚMEROS REAIS FORMAM UM CORPO b) Para todo número real diferente de zero x existe um
único número real diferente de zero x-1 (chamado de
Isto quer dizer que existem objetos matemáticos chamados inverso multiplicativo de x, ou de inverso de x ou de
de números reais e duas operações primitivas sobre os recíproco de x) tal que:
mesmos que satisfazem a específicos nove axiomas
descritos abaixo. x . (x-1) = (x-1) . x = 1
Multiplicação: Que a cada par de números reais (x e y) A partir do que foi estabelecido até aqui podemos definir
associa um único número real denominado o seu produto as outras duas operações tradicionais (subtração e
(x.y). divisão) sobre os números reais:
Como apresentados nas linhas anteriores não sabemos o Subtração: Que a cada par ordenado de números reais (x e
que são os números reais, muito menos como adicioná-los y) associa um único número real denominado a sua
e multiplicá-los. Sabemos apenas que tais conceitos são diferença: x – y = x + (-y)
regidos por estes específicos nove axiomas:
Divisão: Que a cada par ordenado de números reais (x e y,
I) Axiomas de comutatividade: com y diferente de zero) associa um único número real
denominado o seu quociente: x / y = x.(y-1).
a) Para quaisquer dois números reais x e y:
Conclusões imediatas:
x+y=y+x
a) Para todo número real x temos que (-(-x)) = x.
b) Para quaisquer dois números reais x e y:
b) Pra todo número real (diferente de zero) x temos que
x.y = y.x ((x-1)-1) = x.
Propriedade II: Para todo real x: (-1).x = -x Propriedade IV (“Lei de Corte Aditiva”): Para
quaisquer números reais x, y e z, as seguintes afirmações
PROVA: são equivalentes: x = y e x + z = y + z.
(0).x = 0 PROVA:
-(x.y) a) x.y = 0 e b) x = 0 ou y = 0.
c) (-x).(-y) = PROVA:
C.Q.D.
Propriedade VII: Se x, y e z são números reais então são Propriedade IX: Se x e y são números reais, são
equivalentes as afirmações: a) x.y = x.z e b) x = 0 ou y = z. equivalentes as afirmações: a) x2 = y2 e b) x = ± y.
PROVA: PROVA:
x.y = x.z x2 = y2
(x.y) + (-(x.z)) = 0 x2 – y2 = 0
x.(y + (-z)) = 0 x + y = 0 ou x – y = 0
x = 0 ou y + (-z) = 0 x = -y ou x = y
x = 0 ou y – z = 0 x=±y
x = 0 ou y = z C.Q.D.
a) Se x é um número real, definimos o seu quadrado (x2) PROVA (São equivalentes as afirmações):
pela igualdade x2 = x.x, onde 2 = 1 + 1. Deixamos para o
leitor provar o fato trivial de que são equivalentes as a.x = b
afirmações: x2 = 0 e x = 0.
(a-1).(a.x) = b.(a-1)
b) Se x é um número real e n é um número natural,
definimos a enésima potência de x (xn) como o produto de ((a-1).a).x = b/a
n fatores iguais a x se n for diferente de um. Definimos
ainda x1 = x. Fica para o leitor provar o fato também trivial 1.x = b/a
de que são equivalentes as afirmações: xn = 0 e x = 0.
x = b/a
Propriedade VIII: Para todos os números reais x e y:
C.Q.D
(x + y).(x – y) = x2 – y2.
Propriedade XI (“Lei de Corte ‘Simplificativa’”): Se a,
PROVA: b e c são números reais (com a e c diferentes de zero)
então b/a = (b.c)/(a.c).
(x + y).(x – y) =
PROVA (São equivalentes as afirmações):
(x + y).(x + (-y)) =
a.x = b
(x.(x + (-y))) + (y.(x + (-y))) =
c.(a.x) = b.c
((x2) + (-(x.y))) + ((x.y) + (-(y2))) =
(c.a).x = (b.c)
(((x2) + (-(x.y))) + (x.y)) + (-(y2)) =
(a.c).x = (b.c)
((x2) + ((-(x.y)) + (x.y))) + (-(y2)) =
x = (b.c)/(a.c).
((x2) + 0) + (-(y2)) =
Mas sabemos da propriedade anterior que x é único e igual
(x2) + (-(y2)) = a b/a. Logo (b.c)/(a.c) = b/a.
x2 – y2 C.Q.D.
C.Q.D.
h) Se a/b = c/d então (a.c)/(b.d) = (a/b)2 = (c/d)2. g) É imediato da definição de divisão e do item anterior.
d’) Afirmamos que o inverso multiplicativo (que sabemos ((a.x) + (c.y)) / ((b.x) + (d.y)) =
ser único) do número real diferente de zero b.d é o número
real diferente de zero (b-1).(d-1). O que é imediato uma vez (((b.w).x) + ((d.w).y)) / ((b.x) + (d.y)) =
que (b.d).((b-1).(d-1)) = 1. Com efeito:
(((b.x).w) + ((d.y).w)) / ((b.x) + (d.y)) =
(b.d).((b-1).(d-1)) =
(((b.x) + (d.y)).w) / (((b.x) + (d.y)).1) =
(b).(((b-1).(d-1)).d) =
w/1 =
(b).((b-1).((d-1).d)) =
w
(b).((b-1).(1)) =
C.Q.D.
(b).(b-1) = 1
d) A Propriedade II mostra como obter o inverso aditivo k) A Propriedade XI é uma espécie de generalização da
de qualquer número real multiplicando-o por -1. clássica propriedade de simplificação das frações
ordinárias.
e) A Propriedade III é a famosa “regra dos sinais” da
Álgebra Elementar. Como vista aqui ela decorre dos l) As Propriedades XII e XIII algo que generalizam
apresentados nove axiomas, em particular do axioma de todas as demais propriedades tradicionais das frações
distributividade. ordinárias e cobrem ainda todas aquelas propriedades
normalmente apresentadas nos capítulos de “razão e
e.1) Com efeito, dispensando a Propriedade II e partindo proporção” dos antigos compêndios de Aritmética.
direto para o item a da Propriedade III, temos que para
quaisquer números reais x e y:
OS NÚMEROS REAIS FORMAM UM CORPO Observação importante: Pode se concluir então que não
ORDENADO é possível um número real x tal que x2 < 0. Também é
imediato que o número real 1 é positivo (sendo -1
Isto quer dizer que existem destacados números reais, negativo, é claro).Com efeito: 1 = (1).(1) = (1)2 > 0.
chamados de positivos, regidos pelos seguintes dois
axiomas: Propriedade II: Sejam x e y números reais quaisquer:
II) Axioma de tricotomia: Dado um número real x c) Se x < 0 e y < 0 então x.y > 0.
qualquer, tem-se sempre que uma, e somente uma, das
seguintes afirmações é verdadeira: PROVA: a) Imediato.
a) x é positivo (-x é negativo) b) (x).(-y) = (-x).(y) = -(x.y) > 0, donde x.y < 0.
b) Se x e y são números reais quaisquer, é verdadeira uma, Propriedade IV: Para quaisquer números reais x, y e z,
e somente uma, das seguintes três possibilidades: são equivalentes as afirmações: a) x > y e b) x + z > y + z.
C.Q.D. C.Q.D.
x>y C.Q.D.
C.Q.D. i) x = y ≠ 0 e x’ = y’
Propriedade IX: Se x e y são números reais é verdade Propriedade XI: Se x, y, x’ e y’ são números reais (com y
que: e y’ positivos) então:
c) São equivalentes as afirmações: Fica para o leitor provar que vale somente de forma
simultânea a dupla igualdade e unicamente no caso em que
x < 0 < y e 1/x < 0 < 1/y se tem: x/y = x’/y’.
d) São equivalentes as afirmações: Provaremos o caso de ser x/y < x’/y’ com o caso
x/y > x’/y’ ficando para o leitor.
y < x < 0 e 1/x < 1/y < 0
a) São equivalentes as afirmações:
e) São equivalentes as afirmações:
x/y < (x + x’) / (y + y’)
y ≤ x < 0 e 1/x ≤ 1/y < 0
x.(y + y’) < y.(x + x’)
PROVA:
(x.y) + (x.y’) < (x.y) + (x’.y)
a) Basta dividir por x.y (que é positivo) a primeira dupla
desigualdade. Os detalhes ficam como exercício. x.y’ < x’.y
b) São equivalentes as afirmações: 0 < x ≤ 1 e 1 ≤ 1/x Propriedade XII: Se x e y são números reais não
negativos:
c) São equivalentes as afirmações: -1 < x < 0 e 1/x < -1
a) São equivalentes as afirmações:
d) São equivalentes as afirmações: -1 ≤ x < 0 e 1/x ≤ -1
x < y e x 2 < y 2.
Propriedade X: Se x e y são números reais, são
equivalentes as afirmações: x2 + y2 = 0 e x = y = 0. b) São equivalentes as afirmações:
PROVA: x ≤ y e x2 ≤ y2.
Propriedade XIII: Se x e y são números reais (sendo Conseqüências imediatas: Existem pelo menos mais duas
Min (a, b) o menor valor dentre a e b, Max (a, b) o maior definições alternativas para valor absoluto de um número
valor dentre a e b e sendo necessariamente garantido que real (ficando para o leitor provar a equivalência das três
Min (a, a) = Max (a, a) = a) é verdade que: definições aqui apresentadas):
Min (y, -y) < x < Max (y, -y) b) │x│ = - Min (x, -x)
x < Min (y, -y) ou x > Max (y, -y) b) │x│ = 0 equivale a x = 0
e c) │x│ = x equivale a x ≥ 0
ii) │x│ = 0, se x = 0 x2 = y2
C.Q.D.
Propriedade XV: Se x e y são números reais (com y não Observação importante: Uma conseqüência importante
negativo) é verdade que: do item a da última propriedade é que │x│ é o único
número real não negativo cujo quadrado é igual a x2.
a) São equivalentes as afirmações:
Propriedade XVI (“Desigualdade triangular”): Se x e y
x=±y são números reais quaisquer:
e a) │x + y│ ≤ │x│ + │y│
│x│ = y b) │x - y│ ≤ │x│ + │y│
b) São equivalentes as afirmações:
c) │x│ - │y│ ≤ ││x│ - │y││ ≤ │x + y│
x < -y ou x > y
d) │x│ - │y│ ≤ ││x│ - │y││ ≤ │x - y│
e
PROVA:
│x│ > y
a) São equivalentes as afirmações:
c) São equivalentes as afirmações:
│x + y│ ≤ │x│ + │y│
-y < x < y
(│x + y│)2 ≤ (│x│ + │y│)2
e
(x + y)2 ≤ (│x│ + │y│)2
│x│ < y
(x2 + y2) + (2.(x.y)) ≤ (│x│2 + │y│2) + (2.(│x│.│y│))
PROVA: a) São equivalentes as afirmações:
(x2 + y2) + (2.(x.y)) ≤ (x2 + y2) + (2.(│x.y│))
│x│ = y
2.(x.y) ≤ 2.(│x.y│)
│x│ = │y│
x.y ≤ │x.y│
2 2
x =y
Que é uma afirmação sempre verdadeira para quaisquer
números reais x e y.
x=±y
b) Basta trocar y por –y em a.
b) São equivalentes as afirmações:
c) Use o item a.
│x│ > y
d) Basta trocar y por –y em c.
│x│ > │y│
C.Q.D.
x2 > y2
Outras propriedades: Fica como exercício provar que
x < Min (y, -y) ou x > Max (y, -y)
dados quaisquer números reais não negativos x e y e um
número natural n é verdade que:
x < -y ou x > y
a) x = y equivale a xn = yn
c) São equivalentes as afirmações:
b) x > y equivale a xn > yn
│x│ < y
c) x < y equivale a xn < yn
│x│ < │y│
d) O item a também é verdadeiro no caso de x e y serem
x2 < y2
ambos não positivos.
Min (y, -y) < x < Max (y, -y)
e) Os itens b e c são também verdadeiros no caso de x e y
serem ambos não positivos desde que invertamos o sentido
-y < x < y
das segundas respectivas desigualdades se n for par.
C.Q.D.
Professor Castanheira – Página 10
PROFESSOR CASTANHEIRA INTRODUÇÃO AOS NÚMEROS REAIS
E−MAIL: lccs1701@yahoo.com TELEFONE: (0XX21) 33504053
d) A Propriedade II é uma forma mais forte da “regra dos m.2) Diremos que A possui um máximo (mínimo) se
sinais”. existir um número real em A, dito um máximo (mínimo)
de A, que seja maior do que (menor do que) ou igual a
e) A Propriedade III expressa transitividade. qualquer número de A. Máximo (mínimo) de A é
necessariamente um dos números de A. Máximo (mínimo)
f) De uma maneira geral as Propriedades IV a VI são as quando existe é sempre único. Máximo (mínimo) quando
fundamentais para a resolução de inequações. Tenha em existe é sempre a menor cota superior (a maior cota
mente que uma inequação qualquer é sempre muito mais inferior) de A.
difícil do que a equação que lhe é correspondente. Muito
cuidado com o ensino de inequações (de qualquer tipo). m.3) Chamaremos de supremo de A, a menor das suas
cotas superiores e ínfimo de A, a maior das suas cotas
g) As Propriedades VII e VIII são úteis em inferiores. Supremo (ínfimo) de A não é necessariamente
demonstrações (e são duas nas quais os alunos sentem um dos números de A. Supremo (ínfimo) quando existe é
muita insegurança em particular). Mas sempre tenha em sempre único. Máximo (mínimo) de A quando existe é
mente que elas não são equivalências. também supremo (ínfimo) de A. Se A não tem máximo
(mínimo), mas tem supremo (ínfimo), então este último é
h) A Propriedade IX traz inúmeros itens muito simples maior do que (menor do que) qualquer número de A.
que devem ser muito bem entendidos para se dar o estudo
de potenciação. m.4) A coleção de todos os números reais positivos não
tem cota superior, máximo e nem supremo, por outro lado
i) A Propriedade X pode ser lida de maneira geral como: é limitada inferiormente (qualquer número real menor do
“Uma soma de quadrados de números reais é igual a zero que ou igual a zero é uma cota inferior), não possui
se, e somente se, cada um dos números é igual a zero”. mínimo, mas tem o zero como ínfimo.
j) A Propriedade XI pode ser lida de forma geral como: m.5) A coleção de todos os números reais menores do que
“Dados vários quocientes de número reais, o quociente da ou iguais a um não tem cota inferior, mínimo e nem
soma dos seus primeiros termos e da soma dos seus ínfimo, por outro lado é limitada superiormente (qualquer
segundos termos (todos positivos) é sempre maior do que número real maior do que ou igual a um é uma cota
ou igual ao menor quociente dado e menor do que ou superior) e tem máximo e supremo ambos iguais a um.
igual ao maior quociente dado”.
OS NÚMEROS REAIS FORMAM UM CORPO i) Se F não tem máximo e E não tem mínimo então
ORDENADO COMPLETO x = Sup (F) = Inf (E).
Isto quer dizer que além dos números reais constituírem Se F não tem máximo então a ≤ (Sup (F))2.
um corpo ordenado como aqui já estabelecido, eles ainda
são regidos pelo seguinte axioma: Se E não tem mínimo então (Inf (E))2 ≤. a
Axioma do supremo: Toda coleção de números reais Logo: (Inf (E))2 ≤. a ≤ (Sup (F))2
(com pelo menos um número) limitada superiormente
possui supremo. Não se pode ter (Inf (E))2 < a o que levaria a uma cota
inferior maior do que o ínfimo (o que se mostra de modo
Propriedade do ínfimo: Fica para o leitor provar (a partir análogo a ser impossível ter F um máximo). Absurdo!
do axioma do supremo) que: “Toda coleção de números
reais (com pelo menos um número) limitada inferiormente Também não é possível a < (Sup (F))2 o que conduziria a
possui ínfimo”. uma cota superior menor do que o supremo (o que se
mostra de modo análogo a ser impossível ter E um
Observação importante: As duas últimas proposições mínimo). Absurdo!
aludidas são equivalentes (prove isto!). Poderíamos ter
chamado a segunda de Axioma do ínfimo e a primeira de Logo: Sup (F) = Inf (E) e (Sup (F))2 = (Inf (E))2 = a.
Propriedade do supremo (e agido de acordo) sem prejuízo
algum para o que se segue. Com base no que acabou de ser estabelecido podemos
concluir que existe um número real positivo (que já
Propriedade I: Se dado qualquer número real positivo a sabemos ser único) x = Sup (F) = Inf (E), tal que
existir um número real positivo x tal que x2 = a (lê-se: “o x2 = (Sup (F))2 = (Inf (E))2 = a.
quadrado de x é igual a a”), então x é único.
ii) F não tem máximo.
PROVA:
Isto equivale a dizer que não se pode ter um dado f como
Se existirem dois números reais positivos (x e y) tais que máximo de F, sendo sempre possível construir f + ε > f em
x2 = a e y2 = a então x = y, uma vez que sabemos que as F (onde ε é um número real positivo).
afirmações x2 = y2 e x = y são equivalentes neste caso.
Para provar isto analiticamente basta exibir, para todo f
C.Q.D. dado, um ε tal que f2 < (f + ε)2 < a.
Propriedade II: Dado qualquer número real positivo a Se 0 < ε < 1 então (f + ε)2 < f2 + ε.(2.f + 1)
existe um único número real positivo x tal que x2 = a.
Se 0 < ε < (a – f2) / (2.f + 1) então f2 + ε.(2.f + 1) < a
PROVA: Suponhamos a diferente de um, uma vez que o
caso em que a = 1 é trivial (Justifique!). Pondo 0 < ε < Min (1, (a – f2) / (2.f + 1)), a condição
(f + ε)2 < a é com certeza satisfeita.
Seja F a coleção de todos os números reais positivos cujo
quadrado é menor do que a. Seja f um número genérico de iii) E não tem mínimo.
F. A coleção F possui sempre pelo menos um número
(Min (1, a)). Isto equivale a dizer que não se pode ter um dado e como
mínimo de E, sendo sempre possível construir e - ε < e em
Seja E a coleção de todos os números reais positivos cujo E (onde ε é um número real positivo e menor do que e).
quadrado é maior do que a. Seja e um número genérico de
E. A coleção E possui sempre pelo menos um número Para provar isto analiticamente basta exibir, para todo e
(Max (1, a)). dado, um ε tal que a < (e - ε)2 < e2 .
Do que foi apresentado, f2 < a < e2, o que implica f2 < e2 e Se 0 < ε < 1 então e2 – ε.(2.e) < (e - ε)2
por último f < e. Donde se conclui que F é limitada
superiormente e possui supremo (Sup (F)) e E é limitada Se 0 < ε < (e2 – a) / (2.e) então a < e2 – ε.(2.e)
inferiormente e possui ínfimo (Inf (E)).
Pondo 0 < ε < Min (1, (e2 – a) / (2.e)), a condição
A prova é dividida em três etapas ordenadas de maneira a < (e - ε)2 é com certeza satisfeita.
pouco usual. O resultado propriamente dito é estabelecido
logo na primeira parte e usa dois fatos que somente são C.Q.D.
estabelecidos nas duas partes seguintes respectivamente.
Se preferir a ordem linear, veja as partes (ii) e (iii)
primeiro e depois a conclusão na parte (i).
Propriedade III: Se dado qualquer número real positivo a Com base no que acabou de ser estabelecido podemos
existir um número real positivo x tal que x3 = a (lê-se: “o concluir que existe um número real positivo (que já
cubo de x é igual a a”), então x é único. sabemos ser único) x = Sup (F) = Inf (E), tal que
x3 = (Sup (F))3 = (Inf (E))3 = a.
PROVA:
ii) F não tem máximo.
Se existirem dois números reais positivos (x e y) tais que
x3 = a e y3 = a então x = y, uma vez que sabemos que as Isto equivale a dizer que não se pode ter um dado f como
afirmações x3 = y3 e x = y são equivalentes neste caso. máximo de F, sendo sempre possível construir f + ε > f em
F (onde ε é um número real positivo).
C.Q.D.
Para provar isto analiticamente basta exibir, para todo f
Propriedade IV: Dado qualquer número real positivo a dado, um ε tal que f3 < (f + ε)3 < a.
existe um único número real positivo x tal que x3 = a.
Se 0 < ε < 1 então (f + ε)3 < f3 + ε.(3.f2 + 3.f + 1)
PROVA: Suponhamos a diferente de um, uma vez que o
caso em que a = 1 é trivial (Justifique!). Se 0 < ε < (a – f3) / (3.f2 + 3.f + 1) então:
Seja F a coleção de todos os números reais positivos cujo f3 + ε.( 3.f2 + 3.f + 1) < a
cubo é menor do que a. Seja f um número genérico de F. A
coleção F possui sempre pelo menos um número Pondo 0 < ε < Min (1, (a – f3) / (3.f2 + 3.f + 1)), a
(Min (1, a)). condição (f + ε)3 < a é com certeza satisfeita.
Seja E a coleção de todos os números reais positivos cujo iii) E não tem mínimo.
cubo é maior do que a. Seja e um número genérico de E. A
coleção E possui sempre pelo menos um número Isto equivale a dizer que não se pode ter um dado e como
(Max (1, a)). mínimo de E, sendo sempre possível construir e - ε < e em
E (onde ε é um número real positivo e menor do que e).
Do que foi apresentado, f3 < a < e3, o que implica f3 < e3 e
por último f < e. Donde se conclui que F é limitada Para provar isto analiticamente basta exibir, para todo e
superiormente e possui supremo (Sup (F)) e E é limitada dado, um ε tal que a < (e - ε)3 < e3.
inferiormente e possui ínfimo (Inf (E)).
Se 0 < ε < 1 então e3 – ε.(3.e2 + 1) < (e - ε)2
A prova é dividida em três etapas ordenadas de maneira
pouco usual. O resultado propriamente dito é estabelecido Se 0 < ε < (e3 – a) / (3.e2 + 1) então a < e3 – ε.(3.e2 + 1)
logo na primeira parte e usa dois fatos que somente são
estabelecidos nas duas partes seguintes respectivamente. Pondo 0 < ε < Min (1, (e3 – a) / (3.e2 + 1)), a condição
Se preferir a ordem linear, veja as partes (ii) e (iii) a < (e - ε)3 é com certeza satisfeita.
primeiro e depois a conclusão na parte (i).
C.Q.D.
i) Se F não tem máximo e E não tem mínimo então
x = Sup (F) = Inf (E). Propriedade V: Se dado qualquer número real positivo a
existir um número real positivo x tal que xn = a (lê-se: “a
Se F não tem máximo então a ≤ (Sup (F))3. enésima potência de x é igual a a”),onde n é um número
natural qualquer, então x é único.
Se E não tem mínimo então (Inf (E))3 ≤. a
PROVA:
Logo: (Inf (E))3 ≤. a ≤ (Sup (F))3
Se existirem dois números reais positivos (x e y) tais que
Não se pode ter (Inf (E))3 <. a o que levaria a uma cota xn = a e yn = a então x = y, uma vez que sabemos que as
inferior maior do que o ínfimo (o que se mostra de modo afirmações xn = yn e x = y são equivalentes neste caso.
análogo a ser impossível ter F um máximo). Absurdo!
C.Q.D.
Também não é possível a < (Sup (F))3 o que conduziria a
uma cota superior menor do que o supremo (o que se
mostra de modo análogo a ser impossível ter E um
mínimo). Absurdo!
Propriedade VI: Dado qualquer número real positivo a Para provar isto analiticamente basta exibir, para todo f
existe um único número real positivo x tal que xn = a dado, um ε tal que fn < (f + ε)n < a.
(onde n é um número natural maior do que um).
Se 0 < ε < 1 então (f + ε)n < fn + ε.K (*)
PROVA: Suponhamos a diferente de um, uma vez que o
caso em que a = 1 é trivial (Justifique!). Se 0 < ε < (a – fn) / K então fn + ε.K < a
Seja F a coleção de todos os números reais positivos cuja Pondo 0 < ε < Min (1, (a – fn) / K), a condição (f + ε)n < a
enésima potência é menor do que a. Seja f um número é com certeza satisfeita.
genérico de F. A coleção F possui sempre pelo menos um
número (Min (1, a)). (*) Fica como exercício para o leitor provar que existe o
número real positivo K (independente de ε) que satisfaz tal
Seja E a coleção de todos os números reais positivos cuja condição (Sugestão: Prove por indução!).
enésima potência é maior do que a. Seja e um número
genérico de E. A coleção E possui sempre pelo menos um iii) E não tem mínimo.
número (Max (1, a)).
Isto equivale a dizer que não se pode ter um dado e como
Do que foi apresentado, fn < a < en, o que implica fn < en e mínimo de E, sendo sempre possível construir e - ε < e em
por último f < e. Donde se conclui que F é limitada E (onde ε é um número real positivo e menor do que e).
superiormente e possui supremo (Sup (F)) e E é limitada
inferiormente e possui ínfimo (Inf (E)). Para provar isto analiticamente basta exibir, para todo e
dado, um ε tal que a < (e - ε)n < en.
A prova é dividida em três etapas ordenadas de maneira
pouco usual. O resultado propriamente dito é estabelecido Se 0 < ε < 1 então en – ε.K’ < (e - ε)n (**)
logo na primeira parte e usa dois fatos que somente são
estabelecidos nas duas partes seguintes respectivamente. Se 0 < ε < (en – a) / K’ então a < en – ε.K’
Se preferir a ordem linear, veja as partes (ii) e (iii)
primeiro e depois a conclusão na parte (i). Pondo 0 < ε < Min (1, (en – a) / K’), a condição a < (e - ε)n
é com certeza satisfeita.
i) Se F não tem máximo e E não tem mínimo então
x = Sup (F) = Inf (E). (**) Fica como exercício para o leitor provar que existe o
número real positivo K’ (independente de ε) que satisfaz
Se F não tem máximo então a ≤ (Sup (F))n. tal condição (Sugestão: Prove por indução!).
Não se pode ter (Inf (E))n <. a o que levaria a uma cota a) Dado a negativo e n ímpar, existe um único número real
inferior maior do que o ínfimo (o que se mostra de modo positivo y tal que yn = –a, o que equivale a se ter um único
análogo a ser impossível ter F um máximo). Absurdo! número real negativo x = –y tal que xn = a.
Também não é possível a < (Sup (F))n o que conduziria a A conclusão é que dado um número natural ímpar
uma cota superior menor do que o supremo (o que se arbitrário (n) e um número real qualquer (a) existe um
mostra de modo análogo a ser impossível ter E um único número real x tal que xn = a e sempre com x.a ≥ 0
mínimo). Absurdo! (valendo a igualdade somente quando a = 0).
Logo: Sup (F) = Inf (E) e (Sup (F))n = (Inf (E))n = a. b) Dado a positivo e n par, existe um único número real
positivo y tal que yn = a, e também existe um único
Com base no que acabou de ser estabelecido podemos número real negativo –y tal que (–y)n = a.
concluir que existe um número real positivo (que já
sabemos ser único) x = Sup (F) = Inf (E), tal que A conclusão é que dado um número natural par arbitrário
xn = (Sup (F))n = (Inf (E))n = a. (n) e um número real positivo qualquer (a) existem
exatamente dois distintos valores reais para x (um sendo o
ii) F não tem máximo. inverso aditivo do outro) que satisfazem a: xn = a.
Isto equivale a dizer que não se pode ter um dado f como c) Se a = 0 no item anterior, existe um único x (x = 0) tal
máximo de F, sendo sempre possível construir f + ε > f em que xn = a.
F (onde ε é um número real positivo).
d) Os três itens anteriores preparam o caminho para o
estudo completo de potenciação.
e) Podemos destacar certos números reais, que f) Exercício Dirigido: Se m e n são números naturais
chamaremos inicialmente de “números naturais”, partindo quaisquer prove que:
das seguintes óbvias desigualdades:
f.1) São equivalentes as afirmações: m é par e m2 é par.
0<1
f.2) São equivalentes as afirmações: m é ímpar e m2 é
1<1+1 ímpar.
Existem infinitos números reais que não são racionais (que m) Prove que dados dois números reais distintos quaisquer
chamaremos de irracionais), como o próprio leitor irá existem infinitos números racionais e também infinitos
concluir após fazer os seguintes: Exercícios Dirigidos. números irracionais entre os mesmos.