Resumo
A proposta deste artigo é discutir no âmbito teórico e com exemplos ilustrativos, como o uso da interação com o
computador vem aperfeiçoando o processo de transmissão de informações, transformando-o em conhecimento
organizacional e num melhor processo comunicativo interno.
Introdução
Uma das principais conclusões da Teoria das Relações Humanas, desenvolvida pelo psicólogo Elton Mayo
(1945), foi que os indivíduos no contexto organizacional não agem de forma individual e sim são motivados
por receber comunicação e a comportar-se de acordo com o grupo ao qual estão inseridos. Daquela época
até os dias atuais pouco mudou em termos destes axiomas, a diferença é que na atualidade vive-se numa
sociedade de massa em que se apoiar no comportamento do grupo tornou-se quase como uma obrigação
para “o pertencer”, uma vez que é requerida aos indivíduos a mesma preferência por comida, bebida, roupa,
lugares, entre outros itens. Neste sentido, os seres humanos acabaram perdendo sua individualidade tanto
no âmbito da sociedade em geral como no contexto das organizações.
Nesta mesma linha de pensamento, Wolf (2002) argumenta que a massa, ou mesmo o grupo, só leva em
consideração o bem estar do coletivo, sem, contudo, preocupar-se com cada um de seus membros, no que
se refere a suas individualidades, seus sentimentos, suas necessidades de interagir e de saber. Ressalta,
ainda, que a massa possui uma personalidade própria e apresenta uma só idéia. Sendo assim, a
comunicação no contexto organizacional deveria ser um evento de massa, com informações em massa e
como conseqüência o conhecimento seria socializado no formato massivo.
Todavia, não é esta a situação que as empresas apresentam, pois no âmbito das organizações empresariais
existe um paradoxo, uma vez que os indivíduos se apóiam nas ações e reações do grupo e ao mesmo tempo
pensam só em si, no eu, no já, no agora. Talvez este paradoxo possa ser explicado de uma forma
tecnológica, visto que mais e mais as pessoas se relacionem por meio do computador, passando a ter um
relacionamento mediado por máquinas.
Porém, a reflexão nos leva a avaliar se esta interação mediada por computador realmente auxilia as pessoas
a trocarem informações. Acredita-se, inicialmente, que vai além deste pensamento baseado na simplicidade,
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enxergar a realidade com um outro enfoque, sendo, neste sentido, uma forma complexa de avaliar tais
trocas.
Portanto, acredita-se que a interação pode auxiliar no desenvolvimento do conhecimento humano, abrindo
novas abordagens e novos significados a ele.
Assim sendo, verifica-se que a tecnologia da informação, principalmente a do harware, está transformando e
revolucionando o ambiente empresarial. Segundo Marthe (2005), cada vez mais os programas de
“arcaicos” demais. Algumas empresas vão além, pois já estão implantando os blogs para interagir com seus
colaboradores como é o caso da Microsoft, Micromedia e General Motors. Já, a rede de fast food Mc Donald’s,
criou um “flog”, ou seja, um falso blog, que possui como objetivo avaliar a opinião do consumidor quanto a
seus anúncios.
Portanto, diante do contexto apresentado, este artigo oferece uma discussão teórica sobre o tema interação
e sua inter-relação com o assunto informação e gestão do conhecimento. Ressalta-se que, para uma melhor
compreensão do assunto, primeiro serão apresentados conceitos inerentes a informação e conhecimento,
para após relacioná-los com interação.
INFORMAÇÃO
Para Simões (1993, p. 161), a palavra informação “vem do latim informare, no sentido de dar forma à
aparência, pôr em forma, formar, criar, mas também representar, presentear, criar uma idéia ou noção”. O
autor também apresenta a diferença do termo quando usado pelo homem comum, neste sentido a palavra
implica conhecimento de um fato, a certeza de alguma coisa. Quando usada na esfera dos meios de
comunicação, seu significado está ligado à quantidade de novidades e de certeza que sobejassem ao corpo,
as consubstâncias das mensagens.
Para Castells (2002, p. 64) “Informação são dados que foram organizados e comunicados”. Já, para Meyer
De acordo com Stoner e Freeman (1999, p. 488), a informação é constituída pelos “dados que foram
organizados ou analisados de algum modo significativo”. Dados, para Stoner e Freeman (1999, p. 488), “são
Na interpretação de Pignatari (1971, p. 54) “(...) a idéia de informação está ligada, mesmo intuitivamente, à
idéia de surpresa, de inesperado, de originalidade”. Embora o autor apresente, neste caso, a idéia de
natureza da informação, é importante que se faça menção ao fato que a informação deva trazer algo de
novo para a empresa ou mesmo para a pessoa, pois neste caso ela agrega conhecimento.
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Davenport (1994) também faz menção a importância da informação, pois, no momento em que as empresas
atribuem maior valor à ela, tendem a criar mais processos formais em suas administrações. Neste sentido,
os instrumentos de comunicação tornam-se veículos de condução destas informações.
Considerando a avaliação dos autores a respeito de informação, verifica-se que ela é um fator-meio para a
geração do conhecimento, devendo, portanto, ser transmitida por algum tipo de instrumento de
comunicação.
Não se pode discutir o uso da informação sem vinculá-lo com a tecnologia da informação, considerando que
as organizações atuais cada vez mais irão utilizar-se desta ferramenta, principalmente os computadores,
como forma de disseminação da comunicação no ambiente interno da empresa.
Para Rezende e Abreu (2000), tecnologia da informação compõe-se dos recursos tecnológicos e
computacionais utilizados para a geração e uso da informação.
Já Cruz (apud Rezende e Abreu, 2000), afirma que a tecnologia da informação é todo e qualquer dispositivo
que tenha a capacidade para tratar dados ou informações, tanto de forma sistêmica como esporádica.
Para Keen (1996, p. 273), “a tecnologia da informação tornou-se a designação mais utilizada para uma
gama crescente de equipamentos, aplicações, serviços e tecnologias básicas que se enquadram em três
categorias principais: computadores, telecomunicações e dados de multimídia”. O autor ressalta que existem
muitas maneiras para criar a infra-estrutura de tecnologia da informação das empresas, contudo, há,
basicamente, quatro tipos de componentes:
1. Ferramentas que acessam serviços como, por exemplo, o telefone e os computadores pessoais;
4. Os depósitos de informações.
Acredita-se que, os quatro fatores apresentados por Keen (1996) utilizam os instrumentos de comunicação
associando-os à tecnologia da informação, podendo, assim, ser utilizados para promover a geração do
conhecimento nas organizações. Portanto, neste caso, ocorreu algum tipo de interação, tanto mediada por
computador, quanto por outros meios.
Segundo Nolan e Croson (1996), com o avanço da tecnologia da informação, as empresas podem se
beneficiar das informações para melhorar os níveis de produção e conduzir os negócios de forma a
informação na política estratégica da empresa por meio da experiência, finalmente da união destes passos
há uma geração de conhecimento.
Esta cadeia demonstra que a informação é um fator fundamental para que o conhecimento seja criado pela
organização. Nolan e Croson (1996) comentam que a utilização deste modelo, associado à tecnologia da
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informação, possibilita que as organizações, por meio da comunicação imediata e da não filtrada com o
chão-de-fábrica, eliminem os níveis hierárquicos e a burocracia que obstruem a ação.
Segundo Davenport (1994), as empresas, quando começam a atribuir maior valor à informação, tendem a
criar mais processos formais em suas administrações, mesmo que sejam por meio de sistemas eletrônicos.
Quando a informação refere-se a itens que podem levar à venda de produtos ou serviços ao cliente, o
cuidado em sua análise deve ser maior. As principais informações são sobre produtos concorrentes, clientes,
projeções, análise de mercado e até mesmo habilitações e capacidades internas. Acredita-se que, para a
disseminação destas informações, são necessárias ações de comunicação interna associadas ao uso da
tecnologia da informação.
O autor ainda ressalta que existem quatro estratégias que se ocupam do manuseio e da distribuição da
informação, quais sejam:
a passagem para um processo estruturado já se constitui em uma inovação. Neste caso a primeira
tarefa é estabelecer uma base para o processo de gerenciamento das informações da qual partiriam
todos os esforços subseqüentes de melhoria;
• Os processos de gerenciamento das informações devem possuir toda uma cadeia de valores da
informação, ou seja, começar com a definição das necessidades de informação, passar pela coleta,
(apud Davenport 1994, p.98) comenta que, “para criarmos organizações baseadas na informação,
devemos começar a mudar o comportamento das pessoas para com a própria informação”. Portanto,
• Devido ao seu poder de distribuir informações por toda uma empresa, a tecnologia da informação
tende a ser o enfoque central. Contudo, tendo em vista a natureza desestruturada das necessidades
um instrumento menos valioso, sendo que a empresa pode valer-se de informações humanas,
baseadas no conhecimento;
• Devido às crises, as empresas podem cortar os recursos necessários ao apoio dos processos de
informação.
• Diante deste contexto, verifica-se que as interações mediadas por computador podem auxiliar na
distribuição das informações, mesmo que em alguns momentos Davenport (1994) negue este fato.
Walton (1993) cita um exemplo de uso da tecnologia da informação para a comunicação da gerente da
matriz de uma loja com suas filiais. Um dos canais é denominado de PhoneMail, cuja função é a de atender
chamadas, receber, armazenar, reproduzir e transferir mensagens. O sistema também leva a voz da gerente
da matriz a todas as filiais, possibilitando que ela comunique, prontamente e com fidelidade, suas idéias e
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preocupações. Para completar o trabalho do PhoneMail, existe também o FormMail, que é acessado pelo
micro, embora ele também envie e armazene eletronicamente mensagens. Porém, elas são digitadas e
podem ser lidas conforme a necessidade do receptor. A diferença é que o FormMail é utilizado para
mensagens mais rotineiras, que tratam de casos menos graves.
Ao avaliar a posição dos autores quanto a informação e a tecnologia da informação, verifica-se que os
computadores podem se constituir como aliados na condução de informações que agreguem valor as ações
organizacionais, sendo que esta situação pode-se classificar como um relação interativa.
CONHECIMENTO
A gestão do conhecimento na empresa envolve a interligação articulada e intencional das pessoas para que,
com base no conhecimento, seja possível compartilhar idéias e raciocínios a fim de estimular a colaboração
e a cooperação com vistas à promoção do desempenho da organização. Assim, nas organizações, a criação
do conhecimento ocorre através da interação contínua entre os conhecimentos tácito e explícito. Para criar
conhecimento, é preciso envolver os trabalhadores de tal forma que todos se sintam comprometidos com
este processo, pois "a invenção de novos conhecimentos não é atividade especializada, província exclusiva
das áreas de P&D, marketing ou planejamento estratégico” (Nonaka, 2001, p. 31). Além disso, a empresa
precisa estimular a integração de todos, rumo as novas aplicações do conhecimento que já se encontram
Gestão vem do latim “gestione, de genere, fazer. Ato de gerir, gerência, administração” (Maximiano 2004,
p.33). Gerir, portanto, significa “Ter gerência sobre; administrar, dirigir, reger, gerenciar” (Ferreira 1999, p.
984). Conhecimento por sua vez significa “idéia, noção, informação, notícia, ciência, prática da vida,
experiência”. “A apropriação do objeto pelo pensamento, como quer que se conceba essa apropriação: como
definição, como percepção clara, apreensão completa, análise”. “No sentido mais amplo, atributo geral que
têm os seres vivos de reagir ativamente ao mundo circundante, na medida de sua organização biológica e
no sentido de sua sobrevivência” (Ferreira 1999, p. 529).
Ao reunir as palavras “gestão mais conhecimento”, depara-se com o conceito de gestão do conhecimento
que pressupõe:
Para Vargas (2002), a gestão do conhecimento é “a forma como a informação interna e externa é agregada
às experiências e habilidades existentes na organização para promover atividades de inovação”.
Já, Nonaka e Takeuchi (1997, p. 63), conceituam como “um processo humano dinâmico de justificar a
crença pessoal com relação à verdade”. Davenport e Prusak (1998, p. 6) apresentam o conhecimento como
“uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a
qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações”.
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Para Sanchez e Heene (apud Oliveira Jr, 2001, p. 132), o conhecimento organizacional é “o conjunto
compartilhado de crenças sobre relações causais mantidas por indivíduos dentro de um grupo”.
Diante dos conceitos apresentados pelos diferentes autores sobre gestão do conhecimento, verifica-se que o
conhecimento possui dois atores que se inter-relacionam: a empresa, por meio de seus gestores e o
funcionário. Portanto, “gerar conhecimento” pressupõe o uso de ferramentas, por parte das organizações,
para transformar a informação em experiências e habilidades pessoais.
Por experiências entende-se, ”Habilidade, perícia, prática, adquiridas com o exercício constante duma
profissão, duma arte ou ofício” (Ferreira 1999, p. 862). Já habilidades, de acordo com Katz (1955)1, são os
atributos necessários para que as pessoas executem eficazmente suas funções, são elas: técnica, humana e
a conceitual. A técnica significa usar adequadamente seus conhecimentos, métodos, técnicas e
equipamentos necessários para realizar negócios rentáveis e também manter os clientes atuais cativos.
Quanto à humana, está relacionada com a capacidade e discernimento para tratar com pessoas, sejam os
clientes ou até mesmo seus colegas de trabalho. Possuindo esta competência, poderá reduzir os conflitos,
além de realizar melhores negócios. Já, a conceitual está relacionada com a capacidade de compreender o
todo, ou seja, as complexidades dos produtos e dos negócios das empresas, aliado ao ajustamento de seu
comportamento individual para o atingimento dos objetivos da organização.
Acredita-se, portanto, que gerar conhecimento organizacional significa também discutir a capacidade que a
Nonaka e Takeuchi (1997, p. 65) classificam o conhecimento em dois tipos: o tácito e o explícito. Para os
autores, o tácito refere-se ao conhecimento da experiência (corpo), conhecimento simultâneo (aqui e agora)
e conhecimento análogo (prática). Este tipo de conhecimento é difícil de ser transmitido e formalizado, uma
vez que não é visível e exprimível, pois é pessoal. A dificuldade de transmiti-lo é explicada por ele estar
enraizado nas ações e experiências de um indivíduo, bem como em suas emoções, valores ou ideais.
O conhecimento tácito pode ser segmentado, de acordo com os autores antes referidos, em duas dimensões:
a técnica e a cognitiva. A técnica refere-se a capacidade informal e a habilidade pessoal dos indivíduos.
Neste sentido, freqüentemente as pessoas sabem realizar determinadas tarefas, porém não conseguem
articular os princípios que fazem parte dela. Quanto à cognitiva, refere-se a esquemas, modelos mentais,
crenças e percepções tão arraigadas que se aceita como corretas. Portanto, esta dimensão irá refletir a
imagem da realidade e a visão do futuro. Um exemplo que pode ilustrar esta visão a respeito das duas
dimensões do conhecimento tácito é a de um jogador de futebol. Se o conhecimento pudesse ser
transmitido com facilidade tanto no contexto técnico quanto no cognitivo quantos “Ronaldinhos Gaúchos”
existiriam? Como não é possível, só existe ele como o melhor jogador do mundo.
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Utilizou-se o modelo de Katz do ano de 1955, por ser o autor o responsável pela classificação das habilidades dos
administradores, utilizada pelos autores dos livros de administração até o ano de 2005.
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Portanto, não existem dificuldades em sua transmissão, podendo ser expresso em palavras e números. É um
conhecimento que pode ser comunicado com facilidade, utilizando veículos escritos, verbais, eletrônicos, e
até mesmo pode ser armazenado em um banco de dados, conforme Nonaka e Takeuchi (1997).
Esses dois tipos de conhecimentos são uma realidade nas organizações atuais, porém, é necessário fazer
uma distinção quanto ao seu uso pelos gestores de diferentes culturas. Os administradores ocidentais não
recorrem ao tema de criação do conhecimento organizacional, uma vez que continuam com a visão da
organização como máquina e como tal “processa informações” ainda na visão clássica de gestão, portanto,
enfatizam o conhecimento explícito. Já, a cultura gerencial oriental, mais especificamente a japonesa,
acredita que o conhecimento explícito é apenas uma ponta do iceberg, sendo que predomina nas
organizações aquele conhecimento difícil de exprimir e de visualizar.
Nonaka e Takeuchi (1997) apresentam quatro modos de conversão do conhecimento, criados a partir da
interação entre conhecimento tácito e explícito, são eles:
Diante do apresentado anteriormente, há indícios que no conhecimento existe sempre uma relação entre
duas partes: o emissor e o receptor e entre elas circula a informação, que após processada pode
transforma-se em conhecimento, podendo ser mediada por computador.
INTERAÇÃO
A interação significa uma ação entre os participantes, sendo que neste sentido deve haver uma relação
entre os integrantes de um determinado grupo que possuem um interesse em comum, tendo, portanto, a
palavra interação a conotação do agir reciprocamente, de acordo com Primo (2003). Para o caso das
organizações, verifica-se que os participantes de uma empresa possuem interesses comuns.
Maturana e Varela (2001) ao avaliarem a interação entre os seres vivos consideram que esta desencadeia
mudanças estruturais como resultado de sua própria dinâmica, e pode ser manipulada pelo homem. Na
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comunicação organizacional existe de uma certa forma a manipulação da comunicação pelos gestores das
empresas.
Já, Santos (2004) destaca que a interação humana proporciona o intercâmbio ou troca de informações que
podem transformar-se em conhecimento humano. O autor salienta que estes dois termos, troca e interação,
são passíveis de confusão, sendo muitas vezes considerados como sinônimos. Contudo, quando ocorre uma
interação as pessoas despendem uma energia peculiar, uma vontade de transmitir, ir além do seu próprio
eu. Já, na troca, as pessoas dão à outras algo que antes não possuíam. Sendo assim, pode-se considerar os
termos como complementares, uma vez que quando ocorre a interação necessariamente haverá troca de
algo, normalmente é a informação que está neste meio.
Portanto, este intercâmbio significa que haverá uma soma de informações que podem se transformar em
conhecimento, pois cada parte dá a outra algo que possui, sendo que a pessoa ao sair de uma relação de
interação não será a mesma em termos de conhecimento, pois poderá agregar tanto o conhecimento tácito
como o explícito.
Outra questão que pode ser considerada é quanto a disponibilidade da informação quando gerada por
interação mediada por computador. Neste caso não necessariamente será utilizada naquele momento
ficando disponível para que o usuário a utilize a posteriori, sendo esta uma das vantagens.
Outra forma de troca de informação no processo de interação é o proposto por Herbert Blumer, o qual é
denominado de interação social, sendo que é desdobrado em dois outros conceitos: “interação não-
simbólica" e a "interação simbólica".
A interação não-simbólica ocorre quando se reage diretamente à ação de um outro sem que se interprete tal
ação, através de reflexos do corpo, por exemplo. Esta referência de Herbert Blumer (apud Santos 2004)
pode ser vinculada ao conhecimento tácito, uma vez que é pessoal, específico do contexto, sendo desta
forma difícil de ser comunicado. Neste sentido o conhecimento em si não será interpretado no momento em
que ocorre a ação e sim agregado aos poucos à experiência do indivíduo.
Já, a interação simbólica, implica na interpretação dos atos do outro indivíduo, sendo que nela há uma
adoção recíproca de papéis, ou seja, quando dois ou mais indivíduos fazem inferências sobre seus próprios
papéis, assimilam o conhecimento do outro, neste caso estão trocando o conhecimento explícito, que é
transmissível em linguagem formal e sistemática. Este tipo de conhecimento é o mais comum nas
organizações, uma vez que é comunicado com facilidade, tanto por meio de veículos escritos, verbais e
eletrônicos.
Primo (2002) discute que ainda existe resistência de muitos autores a idéia que nas relações mediadas por
computador possa haver um efetivo diálogo, ressaltando que do ponto de vista da comunicação os e-mail,
os fóruns, as listas de discussão e os chats constituem-se efetivamente como veículos que proporcionam aos
indivíduos a oportunidade de comunicarem-se com outros funcionários e até seus superiores trocando
opiniões, recebendo informações e gerando conhecimento. Atualmente as organizações que possuem filiais
em várias partes do mundo têm a necessidade de comunicarem-se com seus colaboradores, uma vez que
não podem estar em todos estes lugares ao mesmo tempo. As companhias telefônicas, por exemplo,
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utilizam as telereuniões on-line para interagir com seus principais executivos, tanto no Brasil como no
exterior.
Outro exemplo, a ser discutido, é o de uma grande rede de varejo com sede no estado do Rio Grande do Sul,
que se utiliza da rede de televisão a cabo para todas as segundas-feiras 9 horas da manhã informar sobre as
metas a serem atingidas na semana, ouvir as sugestões de seus colaboradores em cada uma das filiais e
também elogiar ou criticar os comportamentos destes. Este momento de interação pode ser considerado
único em termos de geração de conhecimento organizacional, uma vez que práticas adotadas por uma
determinada filial e que se consagram como uma estratégia de sucesso, podem também ser socializadas
para que outras a utilizem e desta forma a organização passa a ser beneficiada.
Quanto a estas considerações, verifica-se que instrumentos de comunicação como reuniões presenciais
podem ser efetivos para a geração do conhecimento de tácito para tácito, uma vez que são nestes
momentos que os indivíduos realmente trocam informações que geram o conhecimento, de acordo com a
classificação de Nonaka e Takeuchi (1997). Já, quando a interação se dá por meio de computador, telefone
ou documentos existe maior probabilidade de troca de conhecimento de explicito para explicito, visto que é
simples de ser transmitido.
Embora a idéia de interação mediada por computador tenha sido o principal tema de discussão, verifica-se
que ela não é um conceito que serve somente para esta forma de comunicação homem/máquina/homem,
estando presente em todos os tipos de comunicação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta deste artigo foi a de discutir no âmbito teórico a inter-relação entre informação, conhecimento e
sua integração com o conceito de interação. Neste sentido, verifica-se que a informação é ingrediente
imprescindível para a decisão organizacional, uma vez que são normalmente dados oportunos, concisos e
úteis, contudo, para realmente possuir a utilidade para geração de conhecimento deve revestir-se de
novidade.
Considerando estes fatores, pode-se verificar que a tecnologia acrescentou um elemento valioso à vida das
empresas como é o caso do mesenger, considerado um facilitador para a comunicação interna das
organizações. Outra novidade que foi acrescentada, em termos de comunicação interna, foram os blogs e a
internet. O uso do computador não veio somente facilitar o processo de comunicação, mas também a gestão
organizacional, pois tem sido utilizado para que colaboradores de empresas não mais interajam com o
departamento de recursos humanos, visto que realizam seus registros funcionais via terminal de
computador. Diante desta realidade, pode-se citar o Grupo Gerdau, empresa metalúrgica sediada no Rio
Grande do Sul. No caso, o registro da presença, horas extras, faltas, saídas, produtividade, entre outras
operações são registradas pelo próprio colaborador diretamente no terminal do computador, e não mais
pelos meios tradicionais. Este é um conceito que se baseia na relação de confiança entre a empresa e seu
público interno. Provavelmente o futuro das organizações estará baseado neste tipo de relação, totalmente
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Finalmente, verifica-se que a interação mediada por computador é uma realidade no contexto das empresas
atuais, tanto homem/máquina/homem quanto máquina/homem/máquina, e que as trocas geram
Conclui-se, portanto, que na interação entre duas partes ocorre o evento da comunicação, agregando entre
elas alguma forma de conhecimento.
Verificou-se que o trinômio informação, conhecimento e interação são componentes fundamentais para uma
boa gestão organizacional, visto que a automação dos processos organizacionais é uma realidade a qual não
se pode voltar atrás, estando incluída neste contexto a comunicação organizacional como um importante
componente que proporcionará eficácia à gestão das empresas.
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