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O documento discute a epistemologia de Kuhn e como ela se opõe à visão positivista e tradicional da filosofia da ciência. Kuhn via a ciência como guiada por paradigmas que direcionam a pesquisa normal até que anomalias levem a uma revolução científica e um novo paradigma. Ele também argumenta que paradigmas rivais são incomensuráveis e que a escolha entre eles envolve persuasão mais do que prova lógica.
O documento discute a epistemologia de Kuhn e como ela se opõe à visão positivista e tradicional da filosofia da ciência. Kuhn via a ciência como guiada por paradigmas que direcionam a pesquisa normal até que anomalias levem a uma revolução científica e um novo paradigma. Ele também argumenta que paradigmas rivais são incomensuráveis e que a escolha entre eles envolve persuasão mais do que prova lógica.
O documento discute a epistemologia de Kuhn e como ela se opõe à visão positivista e tradicional da filosofia da ciência. Kuhn via a ciência como guiada por paradigmas que direcionam a pesquisa normal até que anomalias levem a uma revolução científica e um novo paradigma. Ele também argumenta que paradigmas rivais são incomensuráveis e que a escolha entre eles envolve persuasão mais do que prova lógica.
OSTERMANN, F. A epistemologia de Kuhn. In: Cat Cad Ens Fis, v. 13, n. 13, p. 184196, 1996.
Disponvel em: Acesso em 15 de abr, 2013, 09:47:37.
Ao propor uma nova viso de cincia, Kuhn elabora crticas ao positivismo lgico na filosofia da cincia e historiografia tradicional. Em sntese, esta postura epistemolgica superada pelo modelo kuhniano acredita, entre outras coisas, que a produo do conhecimento cientfico comea com observao neutra, se d por induo, cumulativa e linear e que o conhecimento cientfico da obtido definitivo. Ao contrrio, Kuhn encara a observao como antecedida por teorias e, portanto, no neutra (apontando para a inseparabilidade entre observaes e pressupostos tericos), acredita que no h justificativa lgica para o mtodo indutivo e reconhece o carter construtivo, inventivo e no definitivo do conhecimento (OSTERMANN, 1996, p. 184185). O termo paradigma tem um sentido geral e um sentido restrito. O primeiro foi empregado para designar todo o conjunto de compromissos de pesquisas de uma comunidade cientfica (constelao de crenas, valores, tcnicas partilhados pelos membros de uma comunidade determinada). A este sentido, Kuhn aplicou a expresso matriz disciplinar. Disciplinar porque se refere a uma posse comum aos praticantes de uma disciplina particular; matriz porque composta de elementos ordenados de vrias espcies, cada um deles exigindo uma determinao mais pormenorizada (Kuhn, 1978, p. 226) (OSTERMANN, 1996, p. 186). Descobrindo, com ou sem assistncia de seu professor, uma maneira de encarar um novo problema como se fosse um problema que j encontrou antes, o estudante passaria a dominar o contedo cognitivo da cincia que, segundo Kuhn, estaria no nas regras e teorias, mas antes, nos exemplos compartilhados fornecidos pelos problemas (OSTERMANN, 1996, p. 187). Cincia normal a tentativa de forar a natureza a encaixar-se dentro dos limites preestabelecidos e relativamente inflexveis fornecidos pelo paradigma, ou seja, modelar a soluo de novos problemas segundo os problemas exemplares. A cincia normal no tem como objetivo trazer tona novas espcies de fenmeno; na verdade, aqueles que no se ajustam aos limites do paradigma frequentemente nem so vistos (Kuhn, 1978) (OSTERMANN, 1996, p. 187). As tentativas de aumentar a acuidade e extenso do conhecimento cientfico sobre certos fatos ocupam uma frao significativa da atividade dos cientistas no perodo de cincia normal. A inveno, a construo e o aperfeioamento de aparelhos so tambm atividades realizadas para tais fins (OSTERMANN, 1996, p. 188). (...) a existncia de um paradigma coloca o problema a ser resolvido. A concepo da aparelhagem capaz de resolver o problema est baseada no prprio paradigma (OSTERMANN, 1996, p. 189). Frequentemente, um paradigma que foi desenvolvido para um determinado conjunto de problemas ambguo na sua aplicao a outros fenmenos estreitamente relacionados. Com isso, investe-se na reformulao de teorias, adapatando-as (sic) nova rea de interesse. Este trabalho leva a outras verses, fisicamente equivalentes, mas mais coerentes do ponto de vista lgico e/ou mais satisfatrias esteticamente (OSTERMANN, 1996, p. 189). (...) a cincia normal por sua rigidez conduz a uma informao detalhada e a uma preciso da integrao entre a observao e a teoria que no poderia ser atingida de
outra maneira. Sem os instrumentos especiais, construdos sobretudo para fins
previamente estabelecidos, os resultados que conduzem s anomalias poderiam no ocorrer. (Somente sabendo-se com preciso o que se deveria esperar que se capaz de reconhecer que algo saiu errado.) Quanto maiores forem a preciso e o alcance de um paradigma, tanto mais sensvel este ser como indicador de anomalias e, consequentemente, de uma ocasio para a mudana de paradigma (OSTERMANN, 1996, p. 190). A emergncia de novas teorias , geralmente, precedida por um perodo de insegurana profissional, pois exige a destruio em larga escala do paradigma e grandes alteraes nos problemas e nas tcnicas da cincia normal (OSTERMANN, 1996, p. 190). Os cientistas no rejeitam paradigmas simplesmente porque se defrontam com anomalias. Uma teoria cientfica, aps ter atingido o status de paradigma, somente considerada invlida quando existe uma alternativa disponvel para substitu-la. As teorias no so falsificadas por meio de comparao direta com a natureza. Decidir rejeitar um paradigma sempre decidir simultaneamente aceitar outro. A transio para um novo paradigma chamada por Kuhn de revoluo cientfica. (OSTERMANN, 1996, p. 190-191). Uma revoluo cientfica, na qual pode surgir uma nova tradio de cincia normal, est longe de ser um processo cumulativo obtido atravs de uma articulao do velho paradigma. antes uma reconstruo da rea de estudos a partir de novos princpios, que altera algumas das generalizaes tericas mais elementares do paradigma, bem como muitos de seus mtodos e aplicaes. (OSTERMANN, 1996, p. 191). Durante o perodo de transio, o antigo paradigma e o novo competem pela preferncia dos membros da comunidade cientfica, e os paradigmas rivais apresentam diferentes concepes de mundo. (OSTERMANN, 1996, p. 191). Se novas teorias so chamadas para resolver as anomalias presentes na relao entre uma teoria existente e a natureza, ento a nova teoria bem sucedida deve permitir predies diferentes daquelas derivadas de sua predecessora. Essa diferena no poderia ocorrer se as duas teorias fossem logicamente compatveis. nesse sentido que Kuhn emprega a expresso incomensurabilidade de paradigmas, cujo aspecto fundamental que os proponentes dos paradigmas competidores praticam seus ofcios em mundos diferentes. (OSTERMANN, 1996, p. 191). (...) para Kuhn (1978), a natureza do argumento cientfico envolve a persuaso e no a prova. Cientistas abraam um paradigma por toda uma sorte de razes que, em geral, se encontram inteiramente fora da esfera da cincia. (OSTERMANN, 1996, p. 192). Segundo seus crticos, a filosofia kuhniana tende a um relativismo. Uma vez concebido o paralelismo que existe na tese da incomensurabilidade, possvel concluir que ambos os paradigmas podem estar certos, ou seja, no se pode provar que um deles est mais prximo da verdade. (OSTERMANN, 1996, p. 193). O desenvolvimento cientfico, em geral, visto como sendo basicamente cumulativo e linear, consistindo em um processo, frequentemente comparado adio de tijolos em uma construo. Nesta concepo, a cincia teria alcanado seu estado atual atravs de uma srie de descobertas e invenes individuais, as quais, uma vez reunidas, constituiriam a coleo moderna dos conhecimentos cientficos. Mas no assim que a cincia se desenvolve. Segundo o modelo kuhniano, muitos dos problemas da cincia normal contempornea passaram a existir somente depois da revoluo cientfica mais recente. (OSTERMANN, 1996, p. 194).