1. INTRODUÇÃO
Nas atividades e locais de trabalho acontecem ambientes térmicos, tanto com o calor
como com o frio, que tem um aspecto importante na Higiene Industrial, pelo seu aspecto
muito próprio, quando comparados com os outros agentes. Os agentes ambientais, na
sua grande maioria, são ofensores diretos da saúde dos expostos, enquanto as
temperaturas extremas provocam reações fisiológicas nos expostos (homens), numa
tentativa do organismo de manutenção da temperatura do núcleo do corpo, numa
intensidade que pode levar ao “stress” ou fadiga, podendo originar-se as doenças,
principalmente quando é o calor, em curtos espaços de tempos. As doenças que podem
ocorrer com o homem, quando submetido a temperaturas extremas, são resultantes do
trabalho fisiológico de tentar a manutenção do equilíbrio térmico.
O aumento das solicitações das reações fisiológicas podem levar a uma série de
doenças chamadas de Doenças do Calor, que acontecem de imediato.
4. DOENÇAS DO CALOR
HIPERTERMIA OU INTERMAÇÃO
É o quadro mais grave e que pode levar à morte. Consiste num aumento do calor
interno a níveis além dos 4ºC da temperatura de equilíbrio, sem haver a condição de
perda. Esta condição é mais frequente nas situações:
• Indivíduo não adaptado;
• No obeso;
• Em pessoas com bebida alcoólica, que aumenta a vasodilatação cutânea;
• Roupa de trabalho inadequada, dificultando a evaporação do suor.
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
Temperatura do ar:
É simplesmente a temperatura do ar seco.
A umidade relativa influi na troca térmica que ocorre entre o organismo humano e o
meio ambiente pela evaporação. A perda será maior ou menor em função da pressão de
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
Velocidade do ar:
A velocidade do ar é o responsável para aumentar a troca térmica entre o corpo e
meio ambiente, por condução / convecção (C).
Calor radiante:
O calor radiante é a energia emitida pelos corpos aquecidos, mediante ondas
eletromagnéticas, de comprimento de onda aproximado de 0,02nm a 800 nm. Em Higiene
Industrial é utilizada a temperatura de globo (tg).
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
Sendo:
TMR – Temperatura média de radiação em º C;
Tg – Temperatura de globo em º C;
V – velocidade do ar em m / Seg;
Tbs – Temperatura do ar seco, em º C.
Tipo de atividade:
A classificação da atividade do trabalhador pode ser feita medindo a taxa
metabólica do trabalhador enquanto realiza um trabalho, através do consumo de ar e
geração de monóxido de carbono no tempo. São medições que se tornam difíceis efetuar
diretamente no trabalho. Opta-se por estimar a taxa metabólica, através de tabelas. O
Quadro 3 do anexo 3 da NR-15 é uma tabela de estimativa de taxas metabólicas, apesar
de sua pobreza e alguns enganos de quem a elaborou. E consta de nossa legislação.
“A) A categoria da atividade física pode ser estabelecida pela classificação de trabalho em
leve, moderado ou pesado, de acordo com o tipo de operação:
• TRABALHO PESADO: (de 350 até 500 Kcal/h): por exemplo: trabalho com pá.
Média Faixa
B. Tipo de trabalho Classificação
Kcal/hora Kcal/hora
Leve 24 12 – 72
Trabalho com as mãos
Pesado 54
Leve 60
Trabalho com um braço 42 - 150
Pesado 102
Leve 90
Trabalho com dois braços 60 - 210
Pesado 150
Leve 210
Moderado 300
Trabalho com o corpo 150 - 900
Pesado 420
Muito pesado 540
Exemplo de Cálculos
Trabalho com uma linha de montagem usando ferramenta manual pesada
A) Andando ao longo da linha 120 Kcal / hora
B) Valor intermediário entre trabalho pesado com
dois braços e trabalho leve com o corpo 180 Kcal / hora
_____________
Sub-total 300 Kcal / hora
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
(Fonte : ACGIH)
6. AVALIAÇÃO DO CALOR
6.1 – ÍNDICES PARA AVALIAÇÀO DO CALOR
São cinco os fatores a serem considerados nas avaliações do calor, que influem na
sobrecarga térmica:
• Temperatura do ar
• Umidade relativa do ar TE
• Velocidade do ar TEC
• Calor radiante
• Tipo de atividade IST, IBUTG, TGU
QUADRO Nº 1
REGIME DE TRABALHO
INTEMITENTE COM TIPO DE ATIVIDADE
DESCANSO NO PRÓPRIO
LEVE MODERADA PESADA
LOCAL DE TRABALHO
Trabalho Contínuo Até 30,0 Até 26,7 Até 25,0
45 minutos de trabalho
30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos de descanso
30 minutos de trabalho
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos de descanso
15 minutos de trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos de descanso
Não é permitido o trabalho. Acima de 32,2 Acima de 31,1 Acima de 30,0
Sem a adoção de medidas
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
adequadas de controle.
QUADRO Nº 2
175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
AVALIAÇÃO E CONTROLE
I - Medição Ambiental
Os instrumentos necessários são um termômetro de bulbo seco, um termômetro de
bulbo úmido natural, um termômetro de globo e um tripé. A medição dos fatores
ambientais deve ser realizada da seguinte forma:
a) A faixa dos termômetros de bulbo seco e de bulbo úmido natural deve ser de –5 º
C a +50ºC, com acuidade de + 0,5º C. O termômetro de bulbo seco deve estar
protegido do sol e de outras superfícies radiantes do ambiente, sem restringir o
fluxo de ar ao redor do bulbo. O pavio do termômetro de bulbo úmido natural deve
ser mantido úmido com água destilada por no mínimo ½ hora antes de se fazer a
leitura da temperatura. Não é suficiente imergir a outra extremidade do pavio
dentro de um reservatório de água destilada e esperar até que o pavio inteiro fique
úmido por capilaridade. O pavio deve ser molhado por aplicação de água por meio
de uma seringa ½ hora antes de cada leitura. O pavio deve ser colocado no
termômetro cobrindo todo o bulbo e mais uma parcela da coluna capilar de
dimensão equivalente ao comprimento do bulbo. O pavio deve estar sempre limpo
e pavios novos devem ser lavados antes de serem usados;
b) Deve ser usado um termômetro de globo, composto de uma esfera oca de cobre
de 15 cm (06 polegadas), pintada externamente de preto fosco ou equivalente. O
bulbo ou sensor do termômetro (faixa de –5º C a + 100º C), com acuidade de + 0,5
º C deve estar fixado no centro da esfera. O termômetro de globo deve ser exposto
no mínimo 25 minutos antes da leitura;
c) Um tripé deve ser usado para manter os três termômetros de forma a não restringir
a circulação de ar ao redor dos bulbos e que não haja sombra sobre os
termômetros de globo e de bulbo úmido natural;
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
A taxa metabólica média ponderada no tempo (M) deve ser determinada pela
equação:
Onde IBUTG1, IBUTG2 ......IBUTGn são os valores calculados de IBUTG para as várias
áreas de trabalho e descanso ocupadas durante o período total de tempo t1, t2, .... e tn
representam o tempo de permanência, em minutos, nas áreas correspondentes,
determinado por um estudo de tempos. Quando a exposição ambiental a calor é contínua
por várias horas, ou durante todo o dia, as médias ponderadas devem ser calculadas
como uma média horária, isto é t1 + t2 +...+tn = 60 minutos. Quando a exposição for
intermitente, os valores médios ponderados no tempo poderão ser calculados para um
período de 2 horas, isto é, t1 + t2 + .....+ tn – 129 minutos.
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
Os TLV’s para trabalho contínuo são aplicáveis para jornadas de trabalho de 5 dias
por semana e 8 horas por dia, com uma breve pausa (de aproximadamente 15 minutos)
pela manhã e à tarde, e uma pausa maior para almoço ( de aproximadamente 30
minutos). Exposições acima destes limites são permitidas, desde que haja um tempo
adicional de descanso. Todas as interrupções, incluindo pausas não programadas, ou os
períodos de espera durante o trabalho por razões administrativas ou operacionais, podem
ser consideradas como tempo de descanso, quando se tem que fornecer um descanso
adicional em função das elevadas temperaturas ambientais.
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
FRIO
Extraído do Manual da ACGIH
Os limites para exposição ao frio são propostos para proteger os trabalhadores dos
efeitos mais graves da sobrecarga por frio (hipotermia), bem como dos danos à saúde
ocasionados pelo frio sob os quais se acredita que a maioria dos trabalhadores possa
estar repetidamente exposta sem sofrer efeitos adversos à sua saúde. O objetivo do TLV
é impedir que a temperatura interna do corpo caia abaixo dos 36º C e prevenir lesões pelo
frio nas extremidades do corpo. A temperatura interna é a temperatura do núcleo do corpo
determinada por métodos convencionais de medição de temperatura retal.
INTRODUÇÃO
Dentre os trabalhadores, exposições fatais por frio têm sido, na maioria das vezes,
resultado de uma exposição acidental, envolvendo dificuldades para evadir-se do local
com baixas temperaturas de ar ambiente, ou por imersão em água com baixa
temperatura. O único aspecto mais importante das baixas temperaturas, que constitui
uma ameaça à vida, é a queda da temperatura do núcleo do corpo. Os sintomas clínicos
apresentados pelas vítimas de hipotermia são apresentados na Tabela 1. Os
trabalhadores devem estar protegidos da exposição ao frio de forma a evitar que a
temperatura do núcleo do corpo caia abaixo de 36º C; temperaturas do corpo inferiores a
esta poderão resultar em redução da atividade mental, redução da capacidade de tomar
decisões racionais, ou perda da consciência com ameaça de conseqüências fatais.
Dores nas extremidades do corpo podem ser o primeiro sintoma ou aviso de perigo
para a sobrecarga por frio. Durante a exposição ao frio, o calafrio mais grave é
desenvolvido quando a temperatura do corpo cai abaixo dos 35ºC. Ista deve ser
considerado como um aviso de perigo para os trabalhadores, e a exposição ao frio deve
ser interrompida imediatamente sempre que os trabalhadores apresentarem o sintoma de
calafrio forte.
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
AVALIAÇÃO E CONTROLE
Não deve ser permitida a exposição da pele exposta, quando a temperatura do ar e
a velocidade do ar resultem em uma temperatura equivalente de –32º C. O congelamento
dos tecidos superficiais ou profundos só ocorrerá à temperatura abaixo de –1 º C,
independentemente da velocidade do ar.
Temperatura equivalente de resfriamento que requer roupa seca para manter a temperatura do corpo acima do 36 º C,
para TLV de exposição ao frio.
Deve ser fornecida proteção aos olhos para os trabalhadores que exerçam seus
trabalhos em áreas externas cobertas de neve e/ou gelo. Quando houver uma grande
extensão de área coberta de neve, causando um risco potencial de exposição ocular,
deverão ser fornecidos óculos de segurança para proteçào contra radiaçào ultravioleta e
brilho ofuscante (que podem causar conjuntivite temporária da visão), bem como do vento
de cristais de gelo.
LEGISLAÇÀO BRASILEIRA
A Legislação Brasileira pouco fala da exposição ao frio.
NR-15 – ANEXO Nº 9
FRIO
1. As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais
que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a
proteção adequada, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção
realizada no local de trabalho.
QUADRO 2
M. (Kcal/h) Máximo IBUTG (ºc) M (Kcal/h) Máximo IBUTG (ºc)
125 32.0 268 28.4
128 31.9 272 38.3
132 31.8 277 28.2
136 31.7 282 28.1
139 31.6 286 28.0
143 31.5 290 27.9
146 31.4 295 27.8
150 31.3 299 27.7
154 31.2 303 27.6
157 31.1 307 27.5
162 31.0 311 27.4
165 30.9 316 27.3
169 30.8 321 27.2
173 30.7 327 27.1
176 30.6 333 27.0
181 30.5 338 26.9
184 30.4 344 26.8
188 30.3 350 26.7
192 30.2 356 26.6
196 30.1 361 26.5
200 30.0 367 26.4
204 29.9 373 26.3
209 29.8 379 26.2
213 29.7 385 26.1
218 29.6 391 26.0
222 29.5 397 25.9
227 29.4 400 25.8
231 29.3 406 25.7
236 29.2 416 25.6
240 29.1 425 25.5
244 29.0 434 25.4
247 28.9 443 25.3
250 28.8 454 25.2
254 28.7 470 25.1
259 28.6 500 25.0
263 28.5 - -
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
QUADRO 01
REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE TIPO DE ATIVIDADE
COM DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL
LEVE MODERADA PESADA
DE TRABALHO (POR HORA).
Trabalho Contínuo Até 30,0 Até 26,7 Até 25,0
45 minutos de trabalho
30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos de descanso
30 minutos de trabalho
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos de descanso
15 minutos de trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos de descanso
Não é permitido o trabalho, sem a adoção
Acima de 32,2 Acima de 31,1 Acima de 30,0
de medidas adequadas de controle.
QUADRO 02
M (Kcal/h) MÁXIMO IBUTG
175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
QUADRO 03
TIPOS DE ATIVIDADES Kcal / hora
Sentado em repouso 100
TRABALHO LEVE
Sentado, movimentos moderado com braços e tronco (ex.: datilografia) 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir) 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 150
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 220
Em movimento, trabalho moderado de levantar e empurrar. 300
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá) 440
Trabalho fatigante 550
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO
RISCOS AMBIENTAIS CALOR E FRIO