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http://jn.sapo.pt/2008/05/23/preto_no_branco/pobreza_fome_e_votos.html
Pobreza, fome e votos

À letra, José Leite, Pereira, Director

Os políticos não gostam de falar de fome nem de ser


confrontados com os números da pobreza. Mesmo
quando esses números marcam uma evolução
positiva, há sempre um enorme desconforto em lidar
com eles, porque no fundo traduzem a incapacidade
das políticas em resolver os problemas mais
prementes. Ainda há dias, no Parlamento, Sócrates
fez um esgar de desagrado quando o confrontaram
com situações de fome existentes no país.

Independentemente dos culpados - e encontrá-


los-emos, embora com grau de responsabilidade
diversa, em todos os partidos que passaram pelo
Governo ou tenham assento parlamentar-, o facto é
que há fome em Portugal. Não sei se se poderá
avançar com números tão pesados como os que
ontem referia o bloquista Teixeira Lopes 400 mil
pessoas em Portugal. Sendo certo que nesta matéria
vale mais pecar pelo excesso, também é preciso
contar com o facto de os políticos da Oposição terem
tendência a carregar mais os números.

Mas o que não engana é um relatório como o que


ontem foi divulgado pela União Europeia. Confirma o
que está à vista sobre a enorme desigualdade na
distribuição de rendimentos em Portugal. E, além de
confirmar, dá a medida certa na UE, somos o país
onde a desigualdade é maior. O coeficiente de
repartição de rendimentos é mesmo superior ao dos
EUA, onde, como se sabe, os contrastes são
medonhos.

Sobre estes números, deve o nosso Governo meditar.


Mas os políticos populistas da Oposição também. Os
mesmos populistas que teimam em pedir um alívio na
carga fiscal sobre os combustíveis deveriam exigir,
antes disso, claras medidas sociais que se
repercutissem na distribuição de rendimentos.

A crise alimentar, gerada a par ou catapultada pela


crise petrolífera, está a afectar de forma clara a nossa
classe média. É um facto. Há uma outra crise, num
outro patamar, onde o problema não é de perda de
regalias, mas simplesmente de fome.

A crise da classe média dá e tira votos. A crise do


outro patamar, infelizmente, é mais silenciosa. Se não
fosse assim, se ela ganhasse algum poder
reivindicativo, possivelmente as desigualdades não
seriam tão notórias.

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http://jn.sapo.pt/2008/05/23/sociedade_e_vida/portugal_regista_dentro_ue_maior_fos.html
Portugal regista dentro da UE
maior fosso entre ricos e pobres
bruno simões castanheira

Há faixas mais vulneráveis à pobreza entre


a população europeia. Os idosos são dos
grupos mais em risco

Eduarda Ferreira

A sociedade portuguesa tem, face a 24 parceiros


europeus, a maior desigualdade de rendimentos. O
fosso entre os que possuem muito e os que a pouco
ou nada acedem é mais amplo não só em relação à
média europeia como aos Estados Unidos. As contas
surgem feitas no último relatório de Bruxelas,
elaborado em 2007 e com parte dos números de
referência colhidos tanto na realidade de 2004 como
dos anos seguintes.

Os responsáveis pela elaboração do Relatório sobre a


Situação Social 2007, ontem divulgado pela Comissão
Europeia, sublinham que nem sempre um elevado
desempenho das economias nacionais surge
associado a uma distribuição mais igualitária dos
rendimentos. Mas, referem, no caso da União
Europeia, é isso o que acontece na maior parte dos
parceiros. Dizem ainda que se a redução das
desigualdades não determina automaticamente que o
Produto Interno Bruto (PIB) cresça, é certo que um
acesso mais igualitário às oportunidades reduzirá as
desigualdades e permitirá melhor desempenho
económico.

Portugal surge, neste relatório, com um perfil muito


distanciado dos países nórdicos. Usando o coeficiente
Gini (que mede entre zero e cem o acesso em termos
de igualdade ao rendimento total), em 2004 Portugal
tinha 41 pontos por comparação aos 32,7 de média da
UE-25 e aos 35,7 dos Estados Unidos.

Outras contas, essa já incluindo os dois anos


subsequentes, dão-nos também o valor mais elevado
na desigualdade entre os 25. Por exemplo, se tido em
conta a relação entre rendimento de um quinto da
população com mais alto rendimento e aquele de igual
fracção da população que menos ganha, ficamos nos

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6,8. A média europeia era então de 4,8.

Esta versão do relatório social de 2007 já introduz


uma precaução o aumento do custo dos alimentos
pode acentuar a pobreza na Europa. Em 2004, havia
cerca de 100 milhões de cidadãos a viver com menos
de 60% do rendimento médio europeu (o que dava 22
euros/dia). E a viver com menos de dez euros/dia
havia 23,5 milhões. Entre os membros mais recentes,
como a Polónia, há 5% da população a subsistir com
cinco euros. Portugal tinha 4% do total dos pobres da
UE (os que vivem com menos de 60% do rendimento
médio). A concentração de pessoas com baixos
rendimentos ocorria sobretudo nos parceiros mais
pobres, mas os 15 mais ricos não estavam imunes ao
fenómeno da destituição material de parte da sua
população. Além disso, mesmo faixas não incluídas
na classificação de pobreza têm dificuldades em
garantir uma refeição adequada por dia.

Quem está em maior risco de pobreza tem um perfil


típico pode estar empregado ou desempregado, vive
só e tem um ou mais filhos. Os cidadãos com mais de
65 anos incluem-se também na faixa dos potenciais
ou já verdadeiros pobres.

A educação e a formação como saída do caminho da


pobreza é um dos pontos que o relatório refere. Só
Malta supera Portugal na taxa de população que não
frequenta qualquer grau de ensino entre os 18 e os
24. Ainda que provisórios, os números nacionais para
2007 indicam 36,3 (menos três pontos que no ano
anterior). A média dos 25 era, no ano passado, de
14,5.

O relatório inclui os resultados de um inquérito feito


em 2005 sobre acesso a bens e condições de
habitabilidade. Em Portugal, o acesso a telefone, TV,
máquina de lavar e carro não tem diferenças muito
marcantes entre os mais pobres e os restantes
cidadãos. Mas 20% da população disse ter dificuldade
em fazer face a uma despesa inesperada.

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