estavam comprometidos com os interesses da Guerra Fria, de modo que o cenrio era de um
humanismo apoltico.
Said descreve a prpria formao acadmica para exemplificar o no-engajamento acadmico
que se abateu sobre os estudiosos das humanidades. Nas prprias palavras do autor, sua
formao intelectual lhe proporcionou uma concepo apoltica e rgida, at mecnica, da
histria literria (SAID, p. 62). O marco dessa viso de mundo, para Said, a obra de Frye. Em
Anatomia da crtica, Frye prope uma sntese das ideias de Blake e Jung sobre o sistema
humanista, baseado em uma norma eurocntrica judeo-crist e masculina, onde o ncleo o que
Blake chama de divino humano e as circunstncias histricas, sociais e econmicas no eram
levadas em considerao. Pobres, negros, minorias, ou at mesmo raa, so termos jamais
usados ou abordados por esses autores.
O autor exalta a obra de Frye no por sua engenhosidade, embora a reconhea, mas por ser a
ltima sntese de uma perspectiva humanista em decadncia. J no possvel dizer o limite
entre obra, autor e nao. At mesmo o conceito de imaginao como era conhecido foi
reformulado. Apesar de o mago do esforo e da realizao humanistas serem o individual,
segundo Said, j no possvel dizer que a imaginao no influenciada pelo exterior.
A influncia externa nos estudos humanistas no apenas balana essa viso apoltica de mundo,
como muda as bases mais profundas do humanismo. Said cita como exemplo sua prpria sala de
aula. Essencialmente composta por homens brancos no incio dos anos 60, agora ela uma
mistura de etnias, culturas e gnero. Assim tambm o humanismo no atual cenrio. O
eurocentrismo presente e dominante, que comeou a cair em descrdito durante a Guerra Fria,
deu lugar a um multiculturalismo complexo e variado. Para o autor, o fato de a nova gerao de