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SAÚDE REPRODUTIVA E SAÚDE SEXUAL

Para possibilitar ao seu aluno a descoberta, o aprendizado e o usufruto da própria


sexualidade, neste fascículo você terá oportunidade de aprofundar seus conhecimentos
para conversar com os jovens sobre saúde reprodutiva e sexual. Aqui você encontrará
discussões sobre as dúvidas mais freqüentes dos educadores sobre o tema.

O que quer dizer Saúde Reprodutiva e Sexual?

De acordo com a Plataforma de Ação da Conferência Internacional sobre


População e Desenvolvimento (CAIRO,1994, cap.IX, 7.2), saúde reprodutiva é:

Saúde Reprodutiva

É o completo estado de bem-estar físico mental e social, e não a mera ausência de


doenças ou enfermidades. A saúde reprodutiva implica em que as pessoas sejam capazes
de uma vida sexual segura e satisfatória, que tenham a capacidade de reproduzir-se e a
liberdade para decidir quando e com que freqüência fazê-lo.
Está implícito o direito de homens e mulheres de serem informados e terem acesso a
métodos anticoncepcionais seguros de sua escolha, acessíveis e aceitáveis, bem como
outros métodos de sua escolha para a regulação da fertilidade, os quais não estejam
contra as leis.
Também inclui o direito de acesso a serviços de saúde apropriados que permitam às
mulheres engravidar e ter filhos de maneira segura, e que proporcione aos casais as
melhores chances de terem filhos saudáveis.
A saúde reprodutiva, no contexto da saúde primária, deveria incluir:
• orientação, informação, educação, comunicação e serviços de Planejamento Familiar;
• cuidados pré-natais, parto seguro e cuidados pós-natais -especialmente amamentação e
cuidados para a criança e para a mulher;
• prevenção e tratamento apropriado da infertilidade;
• prevenção do aborto inseguro, incluindo prevenção do aborto e manejo das
conseqüências do aborto
• tratamento das infecções do trato reprodutivo das doenças sexualmente transmissíveis
e outras condições de saúde reprodutiva;
• informação, educação e orientação sobre sexualidade humana, saúde reprodutiva e
paternidade responsável

O conceito de saúde reprodutiva engloba a idéia de saúde sexual, sendo as duas


idéias tomadas numa perspectiva mais abrangente do que o cuidado da gestante ou da
oferta de métodos para a mulher que não quer engravidar, e do tratamento das DST,
respectivamente.

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Atividade: Solicitar que os jovens escrevam no papel individualmente: o que é saúde ?


saúde reprodutiva ?; saúde sexual ?
Em seguida, orientar para que coloquem suas respostas dentro de bexigas, encham de ar e
brinquem em grupo. No final, estouram as bexigas e lêem as respostas, construindo
juntos os três conceitos, que poderão ser comparados com os conceitos aqui explicitados.

Os temas abordados na área da Saúde Reprodutiva e Sexual são: Saúde Materna


(gestação, parto e puerpério); Aborto; Saúde Perinatal; Climatério; Morbimortalidade1
associada à reprodução, Contracepção e Planejamento Familiar; Sexualidade;
DST/AIDS; Violência sexual e doméstica; Direitos Reprodutivos; Fertilidade e
Reprodução assistida; Relações de Gênero; Ética e Reprodução; Maternidade e
Paternidade; Aleitamento e Transmissão vertical de doenças.

Saúde Sexual: é a integração dos aspectos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais


do ser sexual, de maneira a enriquecer positivamente e a melhorar a personalidade, a
capacidade de comunicação com outras pessoas e o amor.
A noção de saúde sexual implica uma abordagem positiva da sexualidade humana. A
propósito dos cuidados da saúde sexual, deveria ser o melhoramento da vida e das
relações interpessoais, e não meramente orientação e cuidados relacionados a procriação
e doenças sexualmente transmissíveis.(who tecnical report series, 1975)

Como os jovens foram incluídos nesta discussão?

A Plataforma de Ação da Conferência do Cairo tem um capítulo dedicado


exclusivamente aos jovens, no qual está prevista a oferta de informações e ações de saúde
reprodutiva voltadas aos garotos e garotas, visando assegurar o desenvolvimento da
sexualidade e a capacidade reprodutiva de modo responsável e livre de coerções.
Pela primeira vez na história, um documento oficial das Nações Unidas reconhece
a sexualidade como uma das importantes dimensões da vida, apontando que deve ser
estabelecido um compromisso entre os países no sentido de assegurar a todos,
especialmente às mulheres e aos jovens, o direito de exercer a sua sexualidade de forma
segura, prazerosa e consciente.

Como foi a história da discussão dos direitos reprodutivos e sexuais no


Brasil?

No Brasil, a formulação de uma política de saúde reprodutiva ocorreu no início da


década de oitenta, com o PAISM - Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher.
Tendo como eixos a perspectiva da integralidade ( isto é, não olhar a mulher apenas como
reprodutora) e a crítica à medicalização do corpo feminino (ou seja, não entender saúde

1
Este termo diz respeito à mortalidade, enfermidades e problemas em decorrência da gravidez.

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como consumo de serviços médicos), o leque de ações previstas no PAISM buscava


incorporar a atenção à saúde das mulheres adolescentes e no climatério.
Pouco depois da formulação do PAISM, houve a formulação do PASA- Programa
de Atenção à Saúde do Adolescente. No conjunto de propostas do PASA se inclui a
atenção à saúde reprodutiva e sexual dos adolescentes de ambos os sexos. Atenção que
deve ser composta de informação e oferta de serviços adequados a esta fase da vida.
O importante é que cada vez mais a mulher -incluindo aí a adolescente e a jovem- está
conseguindo garantir seus direitos enquanto mulher, e não mais somente enquanto
reprodução, mas sim enquanto sexualidade.
Portanto, passamos a conversar sobre os direitos reprodutivos e sexuais de homens,
mulheres, adolescentes, jovens e crianças.

Conceitos Fundamentais a serem desenvolvidos sobre Saúde Reprodutiva e Saúde


Sexual:
• Aprender a conhecer o próprio corpo e a cuidar dele
• Reconhecer os próprios limites e desejos sexuais e respeitar os dos outros
• Ser capaz de tomar decisões e ser responsável por elas ao se envolver em
relacionamentos sexuais
• Defender-se de vínculos nos quais se sinta manipulado ou explorado
• Valorizar a saúde do corpo como condição necessária para usufruir de prazer sexual
• Escolher um método anticoncepcional que considere as características pessoais, para
poder usá-lo de forma eficaz
• Agir de modo consistente com os próprios valores ao lidar com uma gravidez
indesejada
• Buscar acompanhamento médico integral durante a gravidez
• Evitar contrair ou transmitir doença sexualmente transmissível, inclusive o vírus da
AIDS
• Realizar regularmente procedimentos preventivos, tais como: papanicolau, auto-
exames dos seios e testículos

Conceito Fundamental número 5 sobre saúde reprodutiva e saúde sexual - Guia de OS -


GTPOS/ ECOS/ABIA

Atividade: A MINHA REDE DE VÍNCULOS


Escreva seu nome no centro de um papel grande., usando todo o espaço do papel , ainda
em branco, como sendo seu espaço de vida. Neste espaço, vá colocando o nome de
pessoas, ligado a categorias ( exemplo: Maria - amiga, Pedro, irmão) . Coloque os nomes
das pessoas que primeiro vêm à sua cabeça, e vá observando a que distância estão do seu
nome. Você terá nomes mais próximos e mais distantes.
Num segundo momento, procure perceber quem não entrou no seu universo e tente se
perguntar o porquê.
Agora, você vai pintar este seu universo de pessoas. Escolha cores que representem
intensidades - muito forte, muito fraco, mais ou menos forte etc. Passe a interligar as

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pessoas e você com as cores correspondentes à intensidade de: comunicação, de


aproximação e de amor com estas pessoas de seu universo.
Num último olhar para seu “mapa”, analise as cores mais comuns, o quadro geral das
cores e o que está se movendo neste quadro, ou seja, as possibilidades de mudança , de
movimento.

Para um trabalho coletivo, peça que não se coloque o nome das pessoas. O grupo poderá
discutir quais as categorias que estão mais próximas e com maior intensidade de
comunicação e de vínculo, e conversar sobre o porquê disto.
• o que ajuda e o que dificulta a comunicação? Com quem é mais fácil se comunicar?
Com quem é mais difícil se comunicar? Qual a relação entre comunicação e saúde?
• como será que este quadro estará daqui a alguns anos?
• e em que lugar eu estaria no quadro de outras pessoas?

Puberdade e Adolescência: qual a diferença?

A puberdade corresponde ao período inicial da adolescência, no quale acontecem


mudanças biológicas no corpo dos meninos e das meninas, tornando-os capazes de
procriar. Essas mudanças não acontecem ao mesmo tempo para todos, nem são iguais
para meninos e meninas. Podem ocorrer depressa demais, ou mesmo custar para
acontecer. Isso é normal. Meninos e meninas experenciam estas mudanças de forma
singular.
Associada às mudanças físicas da puberdade, ocorrem profundas transformações
psicológicas e sociais que caracterizam a adolescência. Há uma busca de maior
autonomia, de estabelecimento de novos vínculos, da ampliação dos laços afetivos para
além da família e do rompimento da dependência infantil. Transforma-se a forma de ver
o mundo, de se relacionar, compreender a vida e as pessoas, como se fosse um novo
nascimento para a sociedade mais ampla.
Um autor, chamado Raymond Montemayor, refletindo sobre a questão O que é
adolescência, reconhece que essa não é, decididamente, uma pergunta simples com uma
resposta única. Ele elege cinco componentes, que, em conjunto, nos permitem uma
definição mais abrangente da adolescência: a idade cronológica, o desenvolvimento
biológico, o desenvolvimento cognitivo e psicológico (que inclui a construção de uma
identidade e o desenvolvimento de relações interpessoais), a mudança de status legal e a
possibilidade de participação em eventos da vida adulta.
Contudo, esses componentes isoladamente não definem o que é adolescência:
a idade cronológica é um componente socialmente importante na definição do período
adolescente, mas não podemos reduzir a adolescência aos anos juvenis. Ao longo da
história, essas faixas foram sendo modificadas e novas etapas foram sendo construídas,
como a própria infância e a adolescência, que nem sempre existiram como categoria
etária;

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• a puberdade marca biologicamente o início deste período, mas não há


precisamente um referente biológico para determinar o fim dessa fase, ou seja, não é
possível determinar quais os traços biológicos que determinam o fim da puberdade;
• no plano psicológico, muitas habilidades aparecem na adolescência, mas elas variam
de cultura para cultura e não é fácil estabelecer claramente o que indica a entrada na
fase adulta;
• a adolescência é também um conceito jurídico, mas o que demarca seu início e fim
não é legislado, ou seja, podemos definir a idade em que a pessoa passa a ter direitos
e deveres, mas elas variam tanto de cultura para cultura, de tempos em tempos, como
de documento para documento;
• e, por último, o conceito sociológico de adolescência baseia-se na noção de que há
parâmetros sociais que regulam quando determinados eventos sociais podem ser
experienciados por um adulto; contudo, seu fim não é simplesmente estabelecido
com a conclusão dos estudos, com o tempo integral no trabalho ou simplesmente com
o casamento. As condições sócio-econômicas têm uma grande importância nessa
definição.
Em linhas gerais, esses cinco componentes, embora nos auxiliem a delimitar o
conceito de adolescência de modo mais abrangente, não são fixos, e precisam considerar
a dinâmica do contexto histórico-social em que se configuram2.

Meninos e Meninas e sua relação com o corpo

Como se desenvolve o corpo do homem e da mulher na puberdade?

A puberdade começa quando o hipotálamo, uma região do cérebro, ativa a


glândula hipófise. Esta glândula começa a enviar uma mensagem hormonal para os
ovários da menina e para os testículos do menino, para começarem a produzir os
hormônios sexuais femininos (estrôgeno e progesterona) e masculinos (testosterona).
Estes hormônios precipitam as primeiras modificações físicas. Geralmente, estas
transformações iniciam mais cedo no corpo das meninas do que nos meninos. Porém, a .
ordem destas mudanças e o tempo que levam para mudar seu desenvolvimento variam de
acordo com as características pessoaise genéticas, herdadas de seus pais, bem como sua
história de vida e região de origem.
Nas meninas, ocorre o desenvolvimento dos seios, dos pêlos pubianos e das axilas
e das formas do corpo. Nos meninos, o desenvolvimento do pênis, dos testículos, pêlos
pubianos e nas axilas, os primeiros pêlos da barba e bigode, o alargamento do tórax e a
mudança de voz.
Estas mudanças suscitam sentimentos diversos e contraditórios: vergonha, alegria,
timidez, desconforto, vaidade, etc...

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Ver capítulo sobre Adolescência.

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Corpo da menina

Em geral, a puberdade para a menina costuma acontecer um ou dois anos antes do que
para o menino, e pode se estender por três a quatro anos. O marco para as meninas
costuma ser a menstruação, que geralmente ocorre entre os 10 e 16 anos (média 13 anos).
Os seios da menina começam a se desenvolver normalmente 3 a 4 anos antes da
menstruação, e são perceptíveis 2 a 3 anos antes. Os pêlos ao redor dos genitais
costumam aparecer 2 anos antes da menstruação e, das axilas, 6 meses antes. Os pêlos
aparecem devido à produção do hormônio masculino testosterona.

Corpo do menino

A puberdade para o menino costuma ocorrer mais tarde e se estender por mais tempo,
sendo o marco principal a ejaculação, que ocorre entre os 11 e os 15 anos (média 13
anos). Porém, é importante notar que, muito freqüentemente, no corpo já ocorreram
modificações bem definidas, como o crescimento repentino, o aparecimento das mamas,
dos pêlos, etc., antes destes marcos. A primeira mudança nos genitais aparece com o
crescimento dos testículos e da bolsa escrotal. Um ano depois disto, ocorre o crescimento
do pênis. A ejaculação acontece geralmente um ano após o crescimento do pênis. Um dos
sinais que antecipa a ejaculação é o aparecimento dos pêlos púbicos e, depois, os das
axilas. A voz costuma mudar alguns meses depois da primeira ejaculação. É importante
lembrar que, mesmo antes da ejaculação, o garoto pode se masturbar e ter orgasmos.

Salientamos que as idades e etapas do desenvolvimento corporal foram


apresentados com a finalidade de compreender as mudanças e transformações do corpo
do menino e da menina e não para enquadrar os adolescentes em tabelas e estatísticas do
que é esperado e normal.

Gravuras do corpo do menino e da menina

Lembrete aos educadores:

Possibilitar ao grupo um espaço de conversa e troca de opiniões sobre estas


mudanças é uma forma de acompanhar e ajudar os adolescentes a compreender
melhor o momento que estão vivendo. É importante acolher e esclarecer as dúvidas
e possibilitar o rompimento de estereótipos e modelos idealizados na sociedade,
ampliando a auto-estima e a visão do corpo como fonte de prazer e bem estar.

Atividade: Procure discutir com os adolescentes situações que abordem a visão e


construção social do corpo, os modelos e padrões sociais estabelecidos, o que é
valorizado e estimulado como padrão de beleza e a relação com o próprio corpo....

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Pode-se trabalhar através de colagem, da dinâmica dos desenhos de contorno do


corpo (feminino e masculino) com os sentimentos expressos em cada “personagem”
construído nos papéis, através de massinha de modelar, artigos de jornais e revistas...

O que fazer quando um adolescente não se desenvolve como o esperado?

Alguns jovens podem antecipar ou retardar o processo de desenvolvimento em


relação a seus colegas. Na maioria das vezes isso não é um problema, pois o corpo tem
seu ritmo de crescimento e desenvolvimento. Mas se existe uma grande discrepância
( menstruação aos 8 anos, falta do crescimento do pênis aos dezessete anos, por
exemplo), ou se o jovem está constrangido frente aos colegas, vale a pena falar com um
especialista. Existem médicos e serviços especializados no atendimento de adolescentes
na rede de saúde.

Anorexia prejudica o desenvolvimento do adolescente ?

Sim. A chamada anorexia, em que a pessoa não consegue comer, constitui-se um


grave problema de saúde, freqüente em garotas, para a qual deve-se buscar ajuda de um
profissional. Essa doença, provocada por regimes mal administrados, é um fenômeno
cada vez mais comum nos dias de hoje.
As adolescentes, muitas vezes influenciadas pelos padrões de beleza estabelecidos
pela mídia, se envolvem em dietas alimentares super rigorosas. A orientação nutricional é
importante, em qualquer idade, para a saúde, bom desenvolvimento físico e equilíbrio
emocional. Uma alimentação balanceada dificilmente deixa a pessoa mais gorda ou mais
magra do que o que seria o seu padrão de corpo. No entanto, para além da questão
nutricional ou estética, os comportamentos alimentares são expressões da relação da
pessoa com ela mesma. Assim, se a menina ou menino come de modo inadequado, em
termos de quantidade ou de qualidade, é bom buscar saber se não existe alguma
insatisfação ou insegurança pessoal determinando este comportamento.

Quando começa a polução noturna e os sonhos molhados? O que fazer?

A polução noturna acontece quando um homem tem ejaculações enquanto dorme.


Isso não acontece apenas na puberdade, nem é um fenômeno comum a todos os homens.
Pode acontecer naturalmente, por ação dos próprios hormônios, e pode ser motivado
também por sonhos eróticos, sem haver masturbação ou relação sexual. É importante
dizer que não há com o que se preocupar. Não se deve vasculhar, a cada manhã, o lençol
do garoto, em busca de vestígios da noite anterior. Mas, se a polução acontecer, o que se
faz? Simplesmente, trocar os lençóis, e cuidar para que a família não lide com isso de

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modo a constranger o garoto. Se o garoto pede alguma informação, explique-lhe que


se trata de um fenômeno que acontece com muitos outros homens e que não é uma
doença.

O que é fimose e como tratar?

A fimose é a aderência da pele (prepúcio) que cobre a glande (cabeça do pênis),


impedindo que esta se externalize (desloque) durante a ereção. Costuma ser bastante
comum entre os meninos. Em muitos casos, a masturbação e a higiene da glande durante
o banho são suficientes para que o prepúcio vá se esgarçando. Mas às vezes isto não é
suficiente, e a fimose pode provocar dor ou sangramento durante a relação sexual ou
ereção do pênis. Neste caso, sugere-se que seja feita uma pequena cirurgia, para descolar
o prepúcio. A cirurgia de fimose é simples, rápida, não dói, e não interfere em nada no
desempenho sexual posterior.

INSERIR DESENHO DE FIMOSE

Qual seria a idade ideal para levar o adolescente a sua primeira consulta
médica?
Não existe uma idade ideal. O cuidado com o corpo e com a saúde deve ser
cultivado desde os primeiros anos de vida. E os serviços de saúde não precisam ser
procurados apenas para a resolução e o tratamento de doenças. Ele é também um espaço
de promoção de saúde.
Muitas meninas, quando começam a menstruar, são levadas a um ginecologista. Já
os meninos não têm esse hábito, nem são encorajados a buscar um especialista neste
período. O atendimento médico especializado no início da puberdade não é essencial.
Poderia ter sido feito antes, em caso de desejo da menina ou menino, ou quando há
alguma queixa relacionada aos órgãos genitais. No caso das meninas, essa procura não
precisa ser imediatamente após a menstruação.
O contato com um médico, especialista em saúde do adolescente, um
ginecologista (no caso das meninas) ou um urologista ou andrologista (no caso dos
meninos), pode ser bom para que a menina e o menino, aos poucos, aprendam a cuidar do
seu corpo com autonomia. Porém, é necessário verificar se eles se sentem à vontade com
a idéia de uma consulta médica, o que sabem sobre o atendimento, quais são suas
expectativas, dúvidas e se eles desejam acompanhante para ir à consulta ou à sala de
exame. Se o menino ou a menina não querem ir sozinhos, eles devem definir com quem
desejam ir, e decidir se querem que este ou esta acompanhante assista à consulta ou não.
A consulta (ginecológica, urológica ou andrológica) deve ser um espaço de falar da
intimidade, de confiança. Portanto, só deve ser realizada se e quando eles se sentirem
confortáveis nessa situação, devendo ser assegurada a eles que a sua conversa com o
profissional está protegida pela obrigação que os médicos têm de guardar segredo, sigilo
médico. Caso este sigilo não ocorra é passível de denúncia. Isso serve tanto para a
menina como para o menino, que muitas vezes se sentem mais à vontade para discutir as
dúvidas em relação ao seu corpo, e as mudanças pelas quais ele está passando, com um
profissional do que com seus pais, amigos ou professores.

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Dica: uma das formas de acolher e ajudar o/a adolescente na primeira consulta é colocar
à sua disposição materiais educativos, cartilhas, folhetos, folders, cartazes, na linguagem
do adolescente, que auxiliem no conhecimento de como a consulta se realiza, incluindo
brincadeiras, jogos ou histórias que falam dos sentimentos dos adolescentes neste
momento. Estes materiais devem estar presentes nas escolas e, em especial, nas salas de
espera dos locais de atendimento a saúde dos adolescentes (consultório, posto de
saúde...)

Atividade: Para que os adolescentes saibam quais são os serviços de saúde e onde tem o
atendimento especializado, pode-se realizar, em grupos, uma pesquisa/ visita às unidades
de saúde, hospitais e clínicas particulares, para entrevistar as equipes de saúde e conhecer
o atendimento

Se os pais perguntarem sobre a virgindade ou gravidez de sua filha, o


médico ou o professor, se souber, deve contar?

O código de ética médica permite que jovens acima de doze anos, com nível de
inteligência normal, sejam atendidos sem interferência de seus familiares. Não é função
do/a profissional de saúde, ou do/a professor/a, intermediar diálogos difíceis dos jovens
com a sua família, como a revelação da gravidez, de uma DST ou início da vida sexual, e
muito menos de ir falar com a família o que o jovem lhe contou no espaço da consulta. A
obrigação do profissional, é sempre a orientação para o melhor cuidado com sua saúde e,
não julgar comportamentos ou impor valores e condutas. O profissional de saúde é um
educador, facilitador do processo de decisão e escolha dos/as adolescentes de como,
quando e para quem falar das suas experiências sexuais, afetivas ou corporais. O
adolescente deve ser respeitado como sujeito de sua saúde e sexualidade.

Os adolescentes, às vezes, precisam conversar com um adulto que não seja seu pai ou
sua mãe e, freqüentemente, para haver esta conversa, é necessário assegurar o sigilo.

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Atividade: DIFICULDADES NA PROCURA DE AJUDA

Coordenadores e adolescentes do Projeto “Trance esta Rede”, do GTPOS (Grupo de


Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual, de São Paulo), elaboraram um material para
trabalhos com adolescentes - o álbum : “Adolescência e Vulnerabilidade”- a partir de
imagens, conceitos e atividades.
O álbum contém 11 pranchas apresentando situações de vulnerabilidade dos
adolescentes frente às DST/AIDS e gravidez indesejada ou não planejada.
Duas pranchas - “sou adolescente, estou vulnerável quando não tenho alguém confiável
para me ajudar quando preciso” e “ Eu estou vulnerável às DST/Aids e gravidez
indesejada quando não sei cuidar da minha saúde sexual” - poderão auxiliá-lo nesta
discussão. Abordam a dificuldade em pedir ajuda e com quem contar para auxiliar nos
cuidados com sua saúde sexual reprodutiva.
Os adolescentes conversam sobre os cuidados com a saúde e o que significa acolher e
quem os acolhe.

Um trabalho URGENTE:
Fazer junto com seus grupos de alunos um levantamento
de todos os serviços de saúde próximos da escola, ou localizados em seus bairro, ou
mesmo na sua cidade.
Conhecer: onde é , como funciona, o que oferece para adolescentes, como aproximar os
profissionais dos serviços de saúde e a escola, como ajudar os serviços de saúde a se
prepararem para atender adolescentes e jovens. Construir um mecanismo de
encaminhamento entre a escola e os serviços de saúde e outras possibilidades. Fazer este
levantamento de projetos é muito útil, e muito importante.

Como preparar os jovens para o início da vida sexual ?

Se o jovem, garoto ou garota tem vida sexual, ou deseja iniciá-la, é fundamental


estar protegido(a) da gravidez não planejada e das DSTs, inclusive da AIDS. Porém,
muitos preconceitos estão presentes nessas discussões. Infelizmente, ainda existe na
nossa cultura a idéia de que evitar filhos é uma tarefa exclusiva da mulher, pois a
gravidez ocorre em seu corpo. Assim, a maior parte dos métodos de evitar filhos é de uso
feminino. Engano! Não devemos excluir os meninos dessa conversa, participação e
responsabilidade, jamais.
O exercício da sexualidade, tanto dos meninos como das meninas, envolve prazer,
vínculos afetivos, descobertas e responsabilidades. Cabe ao adulto reconhecer a
sexualidade desses adolescentes e saber ouvi-los, compreende-los e dialogar sobre a sua
decisão de iniciar sua vida sexual, alertando-os sobre os riscos da relação sexual

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desprotegida, informando e orientando sobre os riscos e benefícios de cada método


de proteção na esfera sexual.

Atividade: Jogo de dramatização sobre o início da vida sexual

Divida a sua turma em quatro grupos.


Cada grupo representará uma cena mudando a situação e o cenário:

Grupo I : uma conversa na escola entre a adolescente e a professora e professor


Grupo II: uma conversa no serviço de saúde entre a adolescente e o médico a médica
Grupo III: uma conversa em casa com a mãe/pai
Grupo IV: uma conversa com amigos ou amigas

A situação a ser discutida é: “uma adolescente de 16 anos


chegou e disse : eu queria conversar. Estou pensando em começar a transar..”.

Cada grupo deverá montar uma cena mostrando a continuidade desta conversa em cada
cenário - escola, casa, serviço de saúde e uma conversa com amigas.
Cada grupo irá apresentar sua cena e, depois, fazer uma discussão sobre a forma de apoio
que recebeu ou não.
Numa segunda etapa, os grupos poderiam construir uma cena de como seria ajudar a
adolescente nesta questão.
Questões para discussão:
• a adolescente recebeu a ajuda de que precisava ?
• qual era a ajuda de que ela precisava ?
• como as pessoas interpretam o desejo de uma adolescente iniciar sua prática sexual ?
Por quê ? O que fazem ?
• O que precisa mudar ? Como gostariam que fosse ?
• Quem são os responsáveis ?

O que são métodos anticoncepcionais?

Métodos anticoncepcionais são recursos utilizados tanto pelo homem como


pela mulher para evitar que uma relação sexual resulte em gravidez.
Os mais conhecidos são:

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• Métodos de barreira: camisinha, diafragma, espermicidas;


• Métodos comportamentais ou naturais: tabelinha, muco, temperatura, coito
interrompido;
• Métodos hormonais: pílulas, injeções e implantes;
• Dispositivos colocados no útero: DIU (dispositivo intra-uterino);
• Métodos cirúrgicos: esterilização (vasectomia e laqueadura)

Como escolher um método contraceptivo?

Aspectos como idade, saúde, possibilidade econômica, freqüência de relação


sexual, sentimentos e dúvidas sobre gravidez e eficácia de cada método devem ser
levados em consideração pela equipe de saúde e pelos educadores no aconselhamento à
pessoa ou casal diante da contracepção.
Um método contraceptivo, além de ser eficaz, se bem orientado e utilizado, deve
despertar também sentimentos de confiança e segurança quanto a esta eficácia. Além
disto, não deveria interferir na espontaneidade da relação sexual e não causar conflitos
com relação à religião, crenças e valores. Refletir, dialogar, esclarecer dúvidas é
fundamental.
Ao escolher um método contraceptivo, as pessoas devem pesar as suas vantagens
e desvantagens em relação ao risco de engravidar e de contrair doenças sexualmente
transmissíveis (DST) e AIDS.

Qual é o método anticoncepcional mais seguro?

Não há método anticoncepcional totalmente seguro. Os métodos


anticoncepcionais variam na sua eficácia, uso, custo, reversibilidade, durabilidade, efeitos
colaterais, etc. Mas é importante saber que, se usado corretamente, qualquer método,
tanto as pílulas, quanto a combinação camisinha+anticoncepção de emergência, oferece
proteção para gravidez de quase 100%. Contra AIDS e DST, só a camisinha, masculina
ou feminina.
3
Veja a tabela abaixo:

EFICÁCIA DOS MÉTODOS ANTICONCEPCIONAIS E SUA RELAÇÃO


COM A PREVENÇÃO DO HIV E OUTRAS DST

MÉTODO EFICÁCIA EFICÁCIA PARA A


ANTICONCEPCIONAL PREVENÇÃO
Método 1 Uso 2 HIV DST
1
Camisinha *** ** *** ***1
Coito interrompido * * 0 0

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Tabela extraída do Manual Mulher e AIDS. Sexo e Prazer Sem Medo. MCCS-Mulher, Criança, Cidadania
e Saúde. Instituto de Saúde, Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. 2a edição, 1996.

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Condom feminino **** *** ****1 ****1


Diafragma *** ** 0 **
DIU *** *** 0 0
Espermicidas ** * 0 *3
Laqueadura **** **** 0 0
Lavagens 0 0 0 0
Muco *** ** 0 0
Pílula **** *** 0 0
Tabela ** * 0 0
Temperatura ** * 0 0
Vasectomia **** **** 0 0

0 = ineficaz/ eficácia desconhecida


* = pouco eficaz
** = eficácia relativa
*** = eficaz
**** = bastante eficaz
1
Quando usado corretamente.
2
A forma como as pessoas efetivamente utilizam o método em seu cotidiano.
3
Essa proteção não se confirma quando utilizado por profissionais do sexo. Dada a grande
freqüência de relações sexuais diárias, o uso de espermicidas nessa proporção pode provocar processos
inflamatórios que aumentam as chances de transmissão.

Mas, para você ter uma idéia do que queremos dizer, colocamos dados de uma
pesquisa que investigou o aparecimento de gravidez esperada em 100 mulheres
sexualmente ativas, durante o primeiro ano de uso de métodos anticoncepcionais
variados4; pode-se constatar:

MÉTODOS GRAVIDEZ OBSERVADA EM CADA


100 MULHERES (índice teórico de falha)
Abstinência 0,0
Geléias espermicidas vaginais 3
Métodos naturais 1-9
Diafragma 3-7
Camisinha 2
Hormonais orais 00,1
Hormonais injetáveis 0,0-0,4
DIU 0,0-2
Laqueadura tubária 0,1
Vasectomia 0,2

4
Informação extraída do livro Family book about sexuality, de Mary Calderone e Eric Johnson, em
adaptação do Contraceptive e technology, 1980-81, 10a ed.. revisada, de R. Hatcher et al., publicado pela
Irvington Publishers e Organização Mundial de Saúde, 1992.

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Qual é o método mais adequado na adolescência?

Hoje em dia, para pessoas de qualquer idade, o modo mais adequado de evitar a
gravidez é o uso da camisinha, que protege também da AIDS e de outras doenças
transmitidas pelo sexo ( DST) . Para os jovens, que não têm uma vida sexual regular, a
camisinha, além da dupla proteção, tem a vantagem de ser usada apenas durante o ato
sexual, evitando que a menina precise, por exemplo, ingerir hormônios durante os trinta
dias no mês em função, as vezes, de duas ou três relações sexuais.
Com o objetivo de que evitar filhos, o uso da camisinha não é uma tarefa só das
mulheres, porque o filho é feito pelos dois. Os meninos devem aprender a sentir-se
responsáveis pelos seus milhões de espermatozóides, tanto quanto as meninas devem
cuidar do seu único óvulo mensal.

Proposta: aqui ter uma ilustração com os meninos cuidando dos milhões de
espermatozóides e as meninas cuidando do óvulo.

A pílula é um método adequado para a adolescente?

Como quem usa a camisinha são os meninos, e às vezes os casais têm vergonha de
falar deste assunto, existem médicos que recomendam que as meninas usem pílulas, pois
garante a proteção contra a gravidez em caso do parceiro não querer usar a camisinha, ou
de esta estourar. O risco do uso da pílula nas jovens é que os hormônios podem interferir
no crescimento e desenvolvimento físico. Por isso, a consulta médica é importante. Além
disso, se a garota já está protegida da gravidez, ela mais facilmente se descuida da
proteção contra as DST. Se a jovem opta por usar a pílula, deve ser lembrada da
necessidade do uso da camisinha junto com a pílula. Para usar a pílula, deve-se esperar
dois anos de menstruações regulares, e não tomar antes dos 16 anospois os ovários não
completaram seu pleno desenvolvimento.

Quais são as mulheres que não podem tomar a pílula?

As que tiveram recentemente ou têm doenças no fígado: hepatite, cirrose hepática,


tumor no fígado. As que têm câncer no útero, seio ou ovário. Também as mulheres que
têm tendência para perda de sangue anormal, trombose, derrame, embolia, enfarte ou
angina de peito.
Além disso, a pílula tem contra-indicação relativa para as mulheres que: têm
pressão alta; têm diabetes (ou pai ou mãe diabéticos); tiverem teste de Papa Nicolau
Classe III ou IV ou severa displasia no exame preventivo; fumam mais que 15 cigarros
por dia; apresentam enxaquecas fortes e têm mais de 35 anos.

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O que é feito quando a adolescente esquece de tomar a pílula e manteve


relações sexuais?

A orientação do que dever ser feito em caso de esquecimento da pílula costuma


ser: tomar dois comprimidos no dia seguinte, e seguir com a cartela normalmente. Se a
pílula foi esquecida por mais de dois dias, o melhor é interromper seu uso, usar a apenas
a camisinha durante o resto do período, e reiniciar a pílula quando vier a menstruação.
Tendo em vista que, hoje, a principal recomendação para jovens, e também para
pessoas adultas, é o uso da camisinha, é bom lembrar que, se a camisinha estourar, deve
ser usada a contracepção de emergência, conhecida como “a pílula do dia seguinte”.

O que é contracepção de emergência?

É a contracepção imediatamente após haver ocorrido uma relação sexual sem


proteção para a gravidez. Existe um produto específico para contracepção de emergência,
que pode ser comprado na farmácia, mas a pessoa também pode fazer contracepção de
emergência a partir das pílulas que existem para evitar gravidez. Nos dois casos, é
necessária a orientação do profissional.

ATENÇÃO: O ideal para que a contracepção de emergência faça efeito – evite a


gravidez- é que seu uso se dê, no máximo, até vinte e quatro horas após a relação
desprotegida. Além disso, esta é uma contracepção de emergência, ou seja, só deve
ser usada em casos excepcionais. Sendo usada com freqüência, perde o efeito, e pode
fazer mal à saúde. A contracepção de emergência não protege da AIDS e das DST.
Se uma jovem precisa fazer contracepção de emergência é porque ela não está
segura no uso dos meios de prevenção e proteção da sua saúde sexual e reprodutiva.
Portanto, deve receber uma boa orientação neste sentido. A contracepção de
emergência não é um abortivo!!!.

Quais são os outros métodos para evitar a contracepção?

Além da camisinha e das pílulas existem outros meios de evitar gravidez:


injeções, DIUS, cremes espermicidas, diafragma, ligadura de trompa e vasectomia.
Os DIUs são métodos anticoncepcionais eficazes, mas exigem colocação e
acompanhamento cuidados por profissionais de saúde. Não devem ser usados por
mulheres que ainda não tiveram filhos, pois aumentam cólicas, sangramentos menstruais
e não protegem contra DST/AIDS. As injeções também podem provocar efeitos
parecidos com o DIU- cólicas e sangramentos -, e têm maior risco de interferir sobre o
crescimento e desenvolvimento da menina. Em geral, injeções e implantes são
desaconselháveis, por envolverem grandes quantidades de hormônios e produzirem
efeitos orgânicos que não são suficientemente conhecidos. O diafragma é um método
recomendado para adolescentes, porque não interfere no ciclo menstrual, ajuda a
conhecer melhor o corpo e raramente provoca efeitos colaterais, tendo a mesma

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vantagem da camisinha - só precisa ser usado na hora da relação. Mas a sua


proteção contra as DST e a AIDS não é tão boa quanto a da camisinha, já que só protege
o colo do útero. Para usar o diafragma, a jovem precisa antes fazer uma consulta
ginecológica, para medir o colo do útero e aprender a forma adequada de colocá-lo e
utiliza-lo. A esterilização não deve ser utilizada como anticoncepcional por adolescentes,
e deve ocorrer com o consentimento da mulher ou do homem, após ampla informação a
respeito de todas as outras possibilidades de anticoncepção, visto ser um método de
difícil reversibilidade. Os espermicidas vaginais (cremes, geléias e óvulos) funcionam
matando os espermatozóides, e devem permanecer no fundo da vagina por 6-8 horas
depois da relação; geralmente são acompanhados por outro método, como o diafragma ou
a camisinha.

Quais são os Métodos Naturais?

Tabelinha - é a identificação do período fértil da mulher, através da história de


suas menstruações, para determinar qual o período em que não deverá ter relações
sexuais caso não queira engravidar.
Como usá-la: a mulher deve anotar em um calendário a data que se inicia e
termina a sua menstruação, durante 6 ciclos menstruais no mínimo, e em seguida, deverá
aplicar uma fórmula matemática para identificar seu período fértil.
Fórmula: a mulher deve pegar seu ciclo mais curto e subtrair 18, e com isso,
obterá o dia do início de seu período fértil. Em seguida, deve pegar seu ciclo mais longo e
subtrair 11, obtendo assim o último dia de seu período fértil. Exemplo: uma mulher cujo
ciclo menstrual mais curto é de 26 dias e o mais longo de 35 dias, aplicando a fórmula
terá o seguinte resultado: 26 - 18 = 8 e 35 - 11= 24. Neste caso, o período fértil será entre
o 8o. dia do ciclo até o 24o. dia de cada ciclo. Portanto, se quiser evitar uma gravidez, não
deverá manter relações sexuais neste período.
É importante lembrar que este método pode auxiliar na prevenção da gravidez;
entretanto, não previne das DST/AIDS.

Ovulação ou Billings: é a identificação do período fértil através do muco


cervical. A mulher deve observar, todos os dias, as mudanças que ocorrem no muco
cervical e que são mais evidentes durante os dias da ovulação, quando este muco fica
com a aparência de clara de ovo cru e, ao contato com os dedos, está mais elástico e
transparente. O dia em que o muco se estica mais é chamado dia do ápice. Para se evitar
uma gravidez, não podem ocorrer relações sexuais a partir do dia em que aparece o muco,
até o 4o. dia após o dia do ápice do muco, correspondendo assim ao período fértil.
É importante lembrar que este método pode auxiliar na prevenção da gravidez,
entretanto não previne das DST/AIDS.

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E a camisinha feminina? É segura?

A camisinha feminina já está à venda em várias cidades, e alguns postos de saúde


têm para distribuir. É tão boa quanto a camisinha masculina para proteger da gravidez e
da DST/AIDS ao mesmo tempo. Há casais que preferem a camisinha feminina, pois
parece ser mais confortável para o homem. É também um jeito de variar e dividir entre os
dois a prevenção da gravidez e das DST/AIDS: um dia ele usa a camisinha do homem, no
outro ela usa a camisinha da mulher!!! A camisinha feminina é vendida em tamanho
único, porque é maleável e se adapta a qualquer corpo, mesmo das jovens.
A camisinha feminina é conhecida como Femidon nos países europeus e Reality
no México, Estados Unidos, Argentina e Brasil. Em 1997 ,foi concluído um estudo na
cidade de São Paulo (“Projeto Beija-Flor”) e que foi realizado pela Associação Saúde da
Família – Projeto AIDSCAP – Brasil, MCCS-Mulher, Criança, Cidadania e Saúde e
Instituto de Saúde, revelando os seguintes aspectos: 75% das mulheres gostaram muito da
camisinha feminina; 19,6% gostaram mais ou menos; e só 5,4% não gostaram. Entre os
homens 76,9% gostaram; 17,5% não gostaram e 5,6% não comentaram.

VANTAGENS DESVANTAGENS
Previne a AIDS Queixas com relação ao tamanho
Previne das DST Precisa aprender a colocá-la
Não precisa consultar médico Faz barulho, devido ao deslocamento na
relação
Não interfere no ciclo menstrual Reclamações quanto ao visual
Responsabilidade e autonomia da mulher na
contracepção e prevenção de doenças
Mais agradável para os homens e maior
liberdade no pós-coito, porque não precisa
retirar o pênis ainda ereto após a relação

Como é a camisinha feminina e como se coloca?

A camisinha feminina é feita de poliuretano, sempre é lubrificada, e tem 2 anéis,


um externo e um interno. O interno é solto, e deve ser colocado na parte mais profunda
da vagina, junto à entrada do útero; e o anel fixo fica para fora da vagina. Este anel,
durante a relação sexual, costuma estimular o clitóris, o que é muito prazeroso para
algumas mulheres.
Para colocar a camisinha feminina, orienta-se ficar em pé com um pé em de uma
cadeira, sentar com os joelhos separados ou agachar. O anel interno deve estar no fundo
do preservativo. Segure o preservativo com o lado aberto pendurado. Aperte o anel
interno com o polegar e o dedo médio. Coloque o dedo indicador entre o polegar e o dedo
médio e continue apertando o anel interno. Com a outra mão, separe os lábios vaginais e
insira a camisinha comprimida. Empurre o anel interno e a bolsa pelo canal vaginal com
o dedo indicador. Certifique-se de que o anel interno esteja bem acima do osso púbico. O
osso púbico pode ser sentido curvando seu indicador quando estiver uns cinco
centímetros dentro da vagina.

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Parece complicado, mas é mais simples do que esta orientação. Tanto como
os homens devem praticar como colocar a camisinha masculina, as mulheres também
devem aprender a colocar a camisinha feminina antes de utilizá-la para evitar a AIDS e a
gravidez.

Como a camisinha feminina é mais nova do que os demais métodos colocar uma
ilustração, e inserir também desenho da camisinha masculina.

Gravidez na adolescência: quais são os sinais de gravidez?

Os sinais estão baseados em três critérios:


• Sinais de presunção, por meio dos quais a mulher desconfia que está grávida: falta de
menstruação; enjôo e vômitos pela manhã; urina mais freqüente; seios aumentam no
tamanho e na sensibilidade; veias se tornam aparentes; aumento e escurecimento do
bico dos seios; aumento da secreção vaginal.

• Sinais de grande probabilidade: exame de urina; exame de toque ginecológico


(possível a partir do terceiro mês)

• Sinais de segurança: exame de ultra-sonografia; ausculta dos batimentos cardíacos


fetais (ultra-som).

Quais são as condições necessárias para a ocorrer a concepção?

No homem, o sêmen precisa ter a concentração de espermatozóides suficiente no


líquido seminal; os espermatozóides precisam ter boa mobilidade, isto é, capacidade de se
movimentar no interior do corpo da mulher; e devem ter boa morfologia, ser bem
formados e desenvolvidos. Há testes específicos (espermogramas) para analisar estes
fatores.
Na mulher, várias características são levadas em consideração para ocorrer a
gravidez, tais como: ovulação regular; produção de óvulos sem qualquer defeito;
receptividade vaginal ao pênis (dor, contração da vagina, podem dificultar o depósito do
sêmen no interior da vagina); aceitação dos espermatozóides pelo muco cervical da
mulher, o que não ocorre se a secreção for hostil ao esperma; possibilidade de transporte
no interior do útero; possibilidade de transporte através das trompas; existência de um
mecanismo de apreensão do óvulo pelas trompas; capacidade do óvulo de ser fecundado;
capacidade das trompas de levarem o óvulo fecundado até a cavidade uterina;
possibilidade de fixação do óvulo no endométrio; ausência de infertilidade psicogenética.

Os testes de gravidez comprados na farmácia são confiáveis?

São seguros e podem ser feitos em casa. A mulher deve misturar sua primeira
urina diária com uma solução química. Após o período indicado nas instruções de como
utilizar, se aparecer uma determinada cor na solução, a mulher está grávida. Ao comprar

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essa solução, deve-se verificar com atenção se está dentro do prazo de validade.
Para maior segurança, recomenda-se que este teste seja repetido pelo menos uma vez.

Como compreender a gravidez na adolescência antes dos 15 anos ?

Atualmente, existe uma grande preocupação com a gravidez de jovens. De fato,


estima-se que, no Brasil, 14% das mulheres com menos de 15 anos já tenham tido um
filho. A gravidez de jovens de pouca idade, no entanto, não é exatamente um fenômeno
atual. Nossas avós também casavam e tinham filhos com pouca idade, mas muitas delas
morriam em função de complicações com a gestação e parto, e muitas eram cerceadas em
seus planos profissionais, em função da quantidade de filhos para cuidar.
Segundo Maria Lucia Heilborn "... é necessário constatar que as expectativas
sociais diante da idade se alteram social e historicamente: o que em dado momento é tido
por aceitável e "natural", em outro contexto considera-se inaceitável".
Assim, a diferença é que antigamente não existiam tantas possibilidades de estudo
e de trabalho para as meninas e os meninos. Assim, casar, ter filhos e passar o resto da
vida cuidando da família era considerado normal para as jovens, do mesmo modo como
era normal os rapazes começarem a trabalhar cedo para sustentar a família. Hoje em dia
não é assim. Garotas ou garotos, quando param de estudar para cuidar da família, perdem
chances de aprender outros conhecimentos que os preparem para as disputas no mercado
de trabalho, condição futura de suas vidas.
Por outro lado, ainda são poucos os brasileiros que conseguem construir uma
carreira de estudo e trabalho desejáveis. Muitos meninos e meninas deixam de estudar
cedo, por falta de condições econômicas das famílias em mantê-los na escola. As
pesquisas mostram que a gravidez na adolescência não é a principal causa de evasão
escolar. Quando a gravidez acontece, a maioria das adolescentes de classe menos
favorecida já está fora das escolas, sem contar aquelas que nunca entraram. A maioria das
escolas não está preparada para receber adolescentes grávidas; muitas são excluídas do
convívio escolar por preconceito. Além das sérias dificuldades que enfrentam para
conciliar os estudos e os cuidados com sua família, especialmente quando não têm com
quem contar.
Apesar de compreendermos que a gravidez na adolescência pode gerar obstáculos
aos planos de estudos e trabalho, não podemos esquecer que há situações em que a
gravidez pode ser estruturante, e não necessariamente percebida como um problema
pelos jovens. Cada caso é singular, e o desenlace depende dos valores pessoais do garoto
e garota, dos recursos internos de cada um para lidar com a questão, da maneira como
foram educados, dos valores sociais da época, e, principalmente, do apoio familiar e/ou
dos profissionais encontrados. Apoiar a adolescente que engravida e seu parceiro não
significa estimular a gravidez entre adolescentes; significa criar condições para que esse
processo não resulte em problemas físicos e psicossociais de toda espécie para o casal.
Como a sociedade responde a esses (as) adolescentes ? Qual o impacto desses conflitos
no plano das políticas públicas ? Quais são as condições asseguradas pelo governo na
área de assistência integral à saúde dos adolescentes ?

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A gravidez prejudica a saúde da adolescente ?

Para meninas muito jovens a gravidez não é aconselhável, porque pode interferir
no crescimento e desenvolvimento físico das meninas. É mais difícil ter um parto normal.
Mesmo assim, muitas meninas têm engravidado. No Brasil, em 1997, foram realizados
cerca de 33.500 partos em meninas entre 10 e 14 anos.

Entre as cinco primeiras causas de morte entre adolescentes estão o parto e aborto.
Os riscos relacionados a idade ocorrem principalmente até os 15 anos, quando a gravidez
ocorre antes do desenvolvimento biológico completo. De qualquer maneira, a maior
incidência de certas complicações (como toxemia, anemia, infecções e morte no parto)
poderia ser evitada se as adolescentes não demorassem tanto a procurar o pré-natal, e
tivessem uma boa assistência médica. Adiar ao máximo a ida ao médico é
comportamento muito comum, em função da vergonha, do medo, da tentativa de
esconder ao máximo a gravidez, em função do tratamento repressivo recebido.
Além dos riscos para a mãe, há os riscos para a vida do bebê, principalmente se a
mãe tem menos de 15 anos.
Em São Paulo, de cada 1000 crianças que nascem filhos destas adolescentes, 70
morrem antes de completar um mês de idade. Estão mais sujeitas à desnutrição e à
desidratação, aliados à inexperiência das jovens mães que lidam com a situação para a
qual não estão preparadas.
No caso de aborto, a maioria é realizada em condições inadequadas, trazendo
sérias conseqüências como infecções, hemorragias, anemia, ruptura do colo uterino,
tétano, esterilidade e morte "

"texto parcial do material Gravidez na Adolescência da SOF - Sempre Viva -


Organização Feminista"

Por que acontece a gravidez na adolescência?

Não existe um único motivo para a gravidez na adolescência, assim como não
existe um único motivo para qualquer gravidez. Às vezes, a jovem pode engravidar por
livre e espontânea vontade e com o apoio dos pais; pode também engravidar por falta de
informação sobre como fazer sexo protegido. De fato, a maior parte das garotas que já
são mães, em nosso país, são aquelas que não freqüentam a escola, mesmo antes da
gravidez acontecer. A gravidez pode também acontecer por abuso ou violência sexual.
Nesse caso é permitida, por lei, a interrupção da gravidez em hospitais públicos do país.
Porém, é necessário que a menina tenha apoio suficiente, após o abuso, para tomar as
providências a tempo, pois a interrupção da gravidez deve ser feita até doze semanas de
gestação, ou seja, se possível nos dois primeiros meses de falta da menstruação.
É comum tanto as meninas como os meninos terem dúvidas sobre o
desenvolvimento de seus corpos. Assim, há também aquelas adolescentes que
engravidam por desinformação ou para testar se são férteis, se seus corpos estão

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funcionando como deveriam. Não podemos esquecer que há uma grande parte das
garotas que deseja engravidar. Ou porque se sentem sós e imaginam que um filho possa
preencher a sua vida, ou como uma forma de inserção social, pelo fato de acreditarem
que a gravidez mantém a relação com o namorado.
Diante de uma sociedade na qual o poder do homem era e ainda é central, as
mulheres tê conquistado seus direitos sexuais e reprodutivos. Entretanto, ainda hoje,
vivemos uma contradição: ao mesmo tempo em que a sexualidade feminina é reprimida,
a maternidade é muito valorizada. E, muitas vezes, a identidade feminina se afirma
através da maternidade, como se ser mulher fosse sinônimo de ser mãe.
Os motivos são vários, e devem ser ouvidos e discutidos, a partir de uma postura
de respeito. Os adultos responsáveis estarão auxiliando aquela (e) jovem a crescer, sem
promover atitudes repressivas e preconceituosas, mas acreditando no diálogo e na
aprendizagem mútua.
“Vários fatores contribuem para as elevadas porcentagens de gravidez não planejadas, e
exigem respostas diversificadas em termos de políticas. Entre esses fatores:

♦ Relações sexuais não desejadas. É necessário criar e aplicar o quadro jurídico


necessário para proteger as jovens de violência e abuso sexual. As iniciativas no campo
de educação, no que diz respeito à responsabilidade sexual, devem ensinar tanto os
jovens como as jovens a respeitar a integridade pessoal e os direitos dos seus parceiros
potenciais, e também as maneiras de evitar e sair de situações ameaçadoras.
♦ Relações sexuais não planejadas. A sociedade é muitas vezes mais dura a condenar
as jovens do que os jovens, por terem uma atividade sexual desejada, prevista ou
planejada, em vez de espontânea. É necessária uma educação sensível à discriminação
contra as mulheres, para enfrentar esta duplicidade de critérios que é nociva e assente
(firme) em estereótipos.
♦ Falta de informação e de acesso aos serviços de planejamento familiar. Fazer face
a essas carências é algo que exigirá um maior empenho em satisfazer as necessidades dos
adolescentes em matéria de saúde reprodutiva, na formação de pessoal, nas atividades de
divulgação, na educação dos pares e na conscientização da comunidade.
♦ Uso ineficaz de anticoncepção. Isso pode ser uma conseqüência de se fornecerem
poucas opções em termos de métodos ou de uma informação insuficiente. Ambos os
problemas exigem aperfeiçoamento dos programas. Os serviços precisam também de
incentivar uma melhor comunicação entre os parceiros.” *

* Texto: cap 2 – Os jovens - Preparar-se para a vida.


Revista: A situação da população mundial. 1998. As novas gerações. FNUAP.

Atividade: Causas e soluções para gravidez na adolescência

Tarefas propostas para os adolescentes:


1o. momento: Os adolescentes dividem-se em 2 grupos: o grupo 1 irá listar os motivos
que levam à gravidez na adolescência e o grupo 2 vai listar os motivos que levam os
jovens a serem infectados pelo HIV
2o. momento: Apresentação das listas e comentários dos grupos ( concordo/ discordo
porque? ) Comparação entre as duas listas

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3o. momento: propor alternativas de prevenção tanto para a gravidez como para a
prevenção da AIDS
Como sugestão para esta atividade comparar as idéias do grupo com a pesquisa
publicada na Folha

Foram publicados na Folha de São Paulo dados de uma pesquisa realizada pela CPM
Marketing Research em 1999 com 143 homens e mulheres de 15 a 39 anos - indagando
sobre as causas da gravidez na adolescência

Principais motivos que levam à gravidez na adolescência

- falta de orientação dos pais 58,6%


- acha que nunca vai acontecer com ela 52,5%
- não sabe dizer não ao companheiro 32,8%
- não sabe como evitar a gravidez 32,0%
- aparece muito sexo na TV 28,3%
- acha que o companheiro vai casar com ela 22,1%
- ignorância 20,1%
- pobreza 13,1%
- quer se sentir adulta 12,3%
- a mãe não cuida direito da filha 9,8%
- falta de opção de lazer 4,5%
- quer se sentir adulta 3,7%
- quer agredir os pais 3,7%
- é uma pessoa sem princípios 3,7%
- quer se sentir importante a sociedade 2,9%

Principais caminhos para prevenir a gravidez na adolescência:

- mais orientação sexual nas escolas 71,3%


- Orientar melhor os pais para educar seus filhos 61,1%
- Distribuir camisinhas/pílulas de graça 57,4%
- Dar muito carinho para a filha, falar muito com ela 38,5%
- Saber com quem está saindo / cuidar para que nada aconteça 35,7%
- Mais alternativas de lazer 11,9%
- Tirar cenas de sexo da TV 11,1%
- Ter um pai protetor e firme ao mesmo tempo 9,4%
- Proibir a filha de namorar enquanto for adolescente 3,7%

Como envolver os garotos na responsabilidade pela gravidez?


Nem todo pai é ausente e irresponsável. E, embora a gravidez aconteça no corpo
da mulher, a responsabilidade e o prazer pela gestação, parto e cuidado do filho é um
direito do casal. Assim, não é o caso de forçar para que o rapaz assuma a paternidade,

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fique com a moça ou mesmo a apoie no caso de interrupção da gravidez, pois essas
coisas são ligadas a sentimentos, e sentimentos não brotam pelo uso da força ou da
coerção. Muitas vezes, os garotos sofrem e se preocupam quando recebem a notícia da
gravidez, embora nem sempre o demonstrem. A conversa, o apoio, o respeito ao limite
emocional da moça e do rapaz, são o melhor meio de ajudar ambos a superar, da maneira
mais adequada para cada um, os obstáculos sociais que podem ser gerados pela gravidez
nessa fase da vida.
Estudos5 e também nossa experiência com jovens vêm mostrando que os
estereótipos sobre o adolescente e a gravidez na adolescência, entre outros, não podem
ser generalizados indiscriminadamente. Há pais adolescentes que se envolvem e se
comprometem, tanto com suas crianças, como com as mães dessas crianças. É importante
lembrar também que nem todo parceiro da mãe adolescente é também um adolescente;
muitos são jovens ou adultos.
O principal problema dos garotos quanto à paternidade, é, muitas vezes, a falta de
apoio econômico e social para levar adiante a responsabilidade de educar e cuidar de seus
bebês, tarefa insistentemente exigida socialmente, mas pouco apoiada. Outro problema
também é a idéia de que homem não pode exercer com competência as atribuições do
cuidado infantil. Como se diz por aí: “homem nessas horas só atrapalha!”. É importante,
porém, ter claro que nem todo pai adolescente é relapso, e que nem toda experiência de
paternidade é negativa para os jovens, como somos ensinados a pensar e a esperar. O
mesmo se aplica às mães adolescentes. Para esses pais e mães adolescentes, é de
fundamental importânci, fortalecer redes de apoio na comunidade.
Dentro desta perspectiva, por exemplo, o programa para gravidez na adolescência
do Departamento de Pediatria do Centro Médico da Universidade de Utah (EUA) tem
fornecido informações sobre a gravidez para o casal, pai e mãe adolescentes,
incentivando o pai em todos os aspectos do cuidado para com a criança e do cuidado
consigo mesmo. Também há ações para assistência aos pais no tocante à orientação
vocacional, oportunidades de emprego e moradia. A experiência tem mostrado que os
pais adolescentes acabaram se envolvendo mais na gravidez de suas companheiras, no
cuidado para com os filhos e no enfrentamento dos problemas em decorrência dessa
escolha, como: financeiros, profissional, educacional, amizades, perda de oportunidades
etc.
Inspirado em experiências positivas como essa, no Brasil, foi fundado, em janeiro
de 1997, o primeiro programa voltado diretamente ao pai adolescente. É o Programa
Papai6, que, entre outras coisas, promove atendimentos individuais e atividades em grupo

5
ROBINSON, Bryan E. Teenage fathers. Lexington, MA: Lexington Books, 1987; ROBINSON, Bryan E.
Teenage pregnancy from the father’s perspective. American journal of orthopsychiatry, v. 58, n.1, p. 46-
51, jan. 1988; EARLS, F., SIEGEL, B. Precocius father. American Journal of Orthopsychiatry, nº 50, p.
469-80, 1980. LYRA, Jorge (1997) - Paternidade adolescente: uma proposta de intervenção. Dissertação
de mestrado em Psicologia Social. São Paulo: PUC, 1997; MEDRADO, Benedito; LYRA, Jorge. A
adolescência “desprevenida” e a paternidade na adolescência: uma abordagem geracional e de gênero. In:
SCHOR, Néia; MOTA, Maria do Socorro F. T.; CASTELO BRANCO, Viviane (orgs.). Cadernos
Juventude, saúde e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, Secretária de Políticas de Saúde. 1999.
p. 230-248.
6
Em linhas gerais, o Programa Papai define como princípios éticos o respeito às jovens gerações e direitos
iguais para entre homens e mulheres tanto no trabalho, na rua, na escola, como no espaço doméstico.

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com pais adolescentes, a partir de uma abordagem psicossocial, com ênfase no


diálogo e informação, focalizando questões relativas à gestação, cuidado infantil e
parentalidade (paternidade e maternidade); apoio e diálogo nos diversos aspectos da
vivência da paternidade; discussões sobre relações de gênero nos contextos público e
privado. Essas atividades visam também promover uma maior familiaridade desses
homens - pais ou futuro pais - no contexto do atendimento pré-natal.

Atividade: Debate com adolescentes

OUVINDO UM PAI ADOLESCENTE...


Trechos de uma entrevista realizada com um jovem de 20 anos, que havia
sido pai aos 17, editada por Benedito Medrado e Jorge Lyra, coordenadores
do Papai.

Paternidade na adolescência
Pais adolescentes? Pais adolescentes... [risos] É uma complicação ser pai adolescente, meu irmão.
É a coisa mais maluca do mundo!
O encontro
Olha, antes a gente se prevenia. Eu usava camisinha ou ela tomava anticoncepcional e, daí, dessa
vez, dançou. E olha que eu namoro com Paula [nome fictício] há sete anos, né, velho. Sete anos e
demos um vacilo desse. A gente tinha acabado. Eu tinha ido pra João Pessoa. Teve um
campeonato. A gente se encontrou. Aí o método anticonceptivo foi pro espaço [risos]. Ela
descobriu que tava grávida... O que a gente podia fazer?
notícia
A gravidez, maternidade e paternidade na
Q adolescência podem não ser a melhor
u opção para a vida de um adolescente.
a Contudo, é necessário entender que ações
n repressivas e excludentes face à vida
d sexual e reprodutiva dos(as) adolescentes
o geram discursos e práticas anti-éticas e
discriminatórias, inviabilizando a construção
de alternativas que permitam superar
e possíveis obstáculos sociais.
u

recebi a notícia, foi um choque. Ah! foi um


choque. Fiquei pensando. Fiquei noiado [gíria =
abreviação de “em paranóia”], durante meses,
sem saber o rumo que ia tomar a minha vida...
Sustentar uma família? Não podia me garantir

Sediada na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, a equipe do Programa Papai tem


desenvolvido parcerias com outras instituições que desenvolvem atividades com populações adolescentes
e/ou feminina, tal como o Hospital da Clínicas, onde são desenvolvidos: grupo de discussão; visitas à
maternidade e berçário; técnicas para descontração/ concentração do grupo; apresentação e discussão de
vídeo sócio-educativos.

24
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nem comigo mesmo, como é que eu ia me


garantir com mulher e menino?!
Aborto
Não, nunca pensamos em tirar o filho, porque fazia parte dos planos da gente ter um guri. Só não
tava na hora de vir, mas já que veio, taí.
Família, família
Quando eles souberam, foi uma bomba. Foi uma bomba, porque minha mãe não tava aqui. Não,
minha mãe tava aqui, mas ela ia viajar. Ela não estaria aqui pra segurar minha onda, pra me dar
conselho. Só dependia de mim mesmo e da família de Paula, que no começo bronqueou e ainda
hoje quer botar o dedo onde não deve. Mas eu acho que todo casal, todo casal adolescente passa
por isso [risos]. Não tem escapatória não, ele tem que passar por essas pressões.
O pai do pai
Meu pai? Meu pai morreu. Eu tinha 9 anos. Meu irmão mais velho foi um pai pra mim. É aquela
coisa... Ele é 13 anos mais velho que eu; casado há muito tempo; não tem filho. E eu, o caçulinha,
apareço como pai... Que coisa maluca! Mas ele me dá a maior força até hoje. Mora em outro
estado, na Paraíba, mas sempre tá aqui pra ver como é que eu tô. Age como meu pai, eu acho. Ele
é um cara demais!
Saudade
Mas, eu sinto saudade do meu pai. Porque eu queria ter crescido com ele e eu não cresci. Acho
que ele tinha muita coisa pra passar pra mim. Meu pai foi um cara que, quando ele morreu, toda
uma cidade foi pro enterro dele, toda uma cidade. Ele deve ter sido um cara muito bom, muito
importante. Eu nunca ouvi queixa nenhuma dele. Eu tento me espelhar nele, mas não dá certo. Eu
nunca sei, nunca consigo ser parecido com ele [risos]. Ele era um cara super calmo, eu tento ser
calmo, mas não consigo, eu sempre tô alvoroçado. Bruna, minha filha, não! Bruna é como
painho. É uma onda [risos]!
De menino para homem
Eu tive que mudar de menino pra homem muito rapidamente, eu não sei se eu já sou homem não,
mas eu tô tentando mudou muita coisa com relação à responsa mesmo. É isso mesmo,
responsabilidade, mesmo.
O fim da farra
Eu tinha uma vida como todo jovem, né ! Como todo jovem. De sair e pá... Coisa que eu não faço
mais. Agora, saio do trabalho, de madrugada, e chego em casa afim de dormir, mas não vou
dormir porque, às vezes, Bruna tá lá, acordada. A grana que eu tinha era pra viajar, pra comprar
alguma coisa pra mim. Eu era um tremendo de um irresponsável, agora tenho que batalhar grana
pra casa, mulher, filha... Tudo, tudo. Mas, eu, nisso tudo, eu sinto uma paz enorme, uma paz...
Não é ruim não. Mas eu não esperava casar agora não, podes crer que eu não esperava não.
Casamento
Com certeza, eu pensava em casar com Paula, minha namorada. Lógico, estou com ela há sete
anos... Mas, como veio a guria, aí casei. Foi tudo na pressa, minha mãe não tava aqui pra segurar
minha onda, casei de bolo, cara. Eu acho que vai continuar.
O casal
Casamento quebra um pouco o embalo do casal, querendo ou não ele quebra. Não é bem aquela
coisa de monotonia, não, mas... mas quebra. Eu e Paula continuamos a namorar ainda, apesar de
casado. Não mudou muito. Só que a gente tá sem muito tempo pra gente. Logo mais, o tempo da
gente volta e a gente vai voltar a namorar. O casamento da gente não vai ficar nessa não!
Gestando em casal
Ah! Eu acompanhei o pré-natal sim. Sempre. Não podia deixar Paula ir sozinha. Ela também é
adolescente, bem mais adolescente. Eu tinha que tá junto todo tempo, juntinho todo tempo. Eu

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não tenho plano de saúde, mas Bruna e Paula tem. Sabe, assim, é aquela coisa... Tinha que
ter toda guarita [proteção] possível. Ela fez um bom pré-natal. Acho que não faltou nada prá
ela não.
A parte do pai Por um lado, devemos investir em reflexões,
A discussões e ações em saúde sexual e reprodutiva,
m promovendo medidas preventivas em saúde. Por outro,
a é necessário o apoio aos adolescentes que se tornam
m pais, possibilitando que a paternidade na adolescência
e não se torne um silêncio, uma ausência. O que nós
(adultos/profissionais) podemos fazer quando os
n adolescentes já são pais e mães ou estão “grávidos”?
t Uma abordagem com um caráter menos coercitivo
a possibilitaria, a nosso ver, formular programas mais
r adequados às necessidades enfrentadas pelos
adolescentes, sem pré-conceituar a paternidade e a
é maternidade nessa fase como pura e simplesmente
negativa, provocada, sempre e inexoravelmente, por
irresponsabilidade dos jovens (Medrado e Lyra, 1999).
i
m
possível. Mas eu limpo, eu dou
banho, procuro fazer... Tem que
ajudar, tem que ajudar também.
Paula amamenta desde que nasceu
e deve continuar o máximo.
Enquanto tiver leite, dá pra ela. A
base da refeição da guria é leite
mesmo. Mas eu tô pertinho, tô
pertinho de tudo.
Que sono!!
Na hora que Bruna chora, quem levanta é Paula mesmo. Ela levanta, porque eu tenho o sono
pesado. Ela levanta, mas quando ela tá vendo que Bruna não tá querendo dormir mesmo, aí:
“Acorda aí! Ela tá acordada ainda! Tá na hora de tu tá acordado também!”. No começo isso foi
horrível. No começo, ela era novinha. Mas depois, ficar acordado não foi mais problema não. Já
tinha me acostumado com isso. Foram quase quatro meses, dormindo mal toda noite. Se não me
acostumasse, pronto, desistia de ser pai.
Estudo-trabalho-cuidado
Parei de estudar, esse ano. Paula também parou. Ela tentou, foi lá e não tinha tempo.
Simplesmente não tinha tempo. Vai investir ano que vem. Bruna vai estar com um ano. Eu tava
fazendo eletrotécnica. Eu desisti também. Seria tão bom se a gente pudesse combinar a escola, o
trabalho e criação de Bruna.
Filho de peixe...
Eu acho que a minha filha não vai ter esses problemas de educação sexual não. Eu acho que
minha mãe não me preparou muito bem pra vida. Acho que a geração de minha mãe não
conversava muito não. Pelo menos comigo aconteceu assim. Parece que tinha uma barreira, coisa
que não tem nada a ver. Faltou um pai nessa história. Meus irmãos me davam uns toques, mas o
que eu aprendi mesmo foi na rua. Mas faltou meu pai. Meu pai fez grande falta. Eu acho que eu
não vou morrer agora. Eu quero ser o melhor pai do mundo pra Bruna; ser um amigo também,
coisa que eu não tive. Pai como um amigo.
Amor de pai: o lado bom da história

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Só sabe o que é ter um filho quem tem, porque eu não tinha e não sabia. Eu ficava ansioso
com isso. Eu nunca peguei num bebê; só quando ele tava durinho, com cara de bebê. Porque
quando ele nasce ele não nasce com cara de bebê. E eu: “Tá louco que eu nunca vou pegar em
Bruna quando ela tiver nascida!” Mas quando ela nasceu, eu que peguei ela no braço. Paula tava
deitada, operada. Olhe! desde a primeira vez que ela riu pra mim.. Ela riu pra mim, paga tudo,
sabe como é que é?! Não sei como explicar isso não. É a minha filha! Esse é o lado bom da
história. Pô, minha filha é tudo! Tudo de bom, ela paga tudo. Paga as noites que eu passo sem
dormir, paga o não sair mais... Você tá morrendo de sono, ela olha pra tu, dá uma risadinha,
pagou, sabe. É uma barra, mas é bem pago! É um pedacinho de mim. Ela é o motivo para eu tá
fazendo tudo isso [risos].

PING-PONG
projeto de vida uma praia
realização criar todos os meus filhos
maternidade filho
mulher cama
família amor
passado passado é passado
casamento aconteceu
homem homem
paternidade pai e filho
futuro só o futuro vai dizer isso
trabalho tô encarando!
autoridade autoridade não existe não
filho minha preocupação e minha realização

Coordenação geral Assistentes Fale conosco!


Jorge Lyra Adriano Silva
Equipe de trabalho

Benedito Medrado Cláudio Pedrosa


O Papai é um Programa que Dolores Galindo Correio
Coordenação de
atua no campo de estudos e João Bosco Júnior R. Acadêmico
ações em saúde e relações de Módulos
Kaliani Rocha Hélio Ramos, 7º andar
gênero, discutindo e Pedro Nascimento
promovendo a participação Pesquisa
Luciana Leão Recife/PE
jovem e participação masculina Aída Novelino Maria do Carmo CEP 50740-530
no campo da sexualidade e intervenção social Adrião
reprodução, a partir do Fone/Fax
Karla Galvão Maristela Moraes
desenvolvimento de atividades (081) 271 4804
de pesquisa, intervenção social,
CDI Nara Vieira
formação e capacitação. Patrícia Lyra E-mail
Mídia papai@npd.ufpe.br

http://www.ufpe.br/papai

ABORTO

Este é um tema que envolve questões ligadas a ética, religião, direitos, valores ... Enfim
um tema polêmico e que está presente em todas os debates sobre sexualidade, saúde
sexual e direitos reprodutivos.

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Na maioria das vezes, as discussões são realizadas de forma polarizada, com visões
extremadas, sem levar em conta as intermediações necessárias para o melhor
entendimento e compreensão desta questão.
É papel dos/as educadores/as ampliar ao máximo esta discussão, trazer a pluralidade de
opiniões e de situações, para que o tema não seja abordado de forma a reduzir a
discussão no julgamento ou na posição de "contra" ou "a favor". Esta é uma armadilha
que devemos evitar. Nesse sentido, expomos aqui diversas informações e sugerimos
algumas atividades que possam contribuir no planejamento dos debates sobre esse tema,
que é freqüentemente solicitado pelos adolescentes.

Atividades:

1) proponha que seus alunos, divididos em grupo, pesquisem a legislação dos diferentes
países sobre o tema, a posição das igrejas e religiões brasileiras e apresentem em
forma de painéis para o conjunto da classe.
A partir das informações, propor que os alunos realizem o confronto de
idéias. Cada grupo vai defender uma das posições apresentadas no
seminário. Após esta atividade, realizar uma conversa sobre como cada um
se sentiu defendendo as posições, quais as dificuldades, se foi mais fácil
defender uma ou outra posição, porque.....

2) Vídeo: “Uma vezinha só” – Ecos – São Paulo. Fone: 258.0077

O que é o aborto?

Aborto é a interrupção da gravidez, e pode ocorrer de forma espontânea ou provocada.

Aborto é uma questão de saúde pública e direitos reprodutivos

Quando falamos em cidadania, estamos falando de um conceito que ganhou, nestas


últimas décadas, uma ampliação e abrangência para além dos direitos civis e políticos e
dos deveres estabelecidos pela Constituição.
Aos indicadores tradicionais da cidadania - liberdade de expressão, de organização e
filiação partidária e o direito a votar e ser votado- somam-se o direito à educação, à
saúde, à moradia, ao lazer, ao meio ambiente saudável, à informação e à igualdade sem
discriminações sexo, raça/etnia e de orientação sexual. Mais recentemente, outro
indicador que se incorpora no conceito de cidadania é o reconhecimento dos direitos
reprodutivos e do acesso a saúde reprodutiva.
Essa conquista se expressa já na Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos -
Viena/1993 -, que reconhece que os direitos humanos da mulher , em todas as fases de
sua vida, são inalienáveis; portanto, constituem parte integrante e indivisível dos direitos
universais.

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Na Plataforma de Ação Mundial, elaborada na IV Conferência Mundial da Mulher -


Beijing /1995 - o capítulo dedicado à saúde da mulher traz novos avanços:
- recomenda a todos os países a revisão das leis punitivas em relação à realização de
abortos ilegais, e reconhece o aborto como uma questão de saúde pública.

Estas conquistas asseguram a função reprodutiva como um direito e não como função
obrigatória ou mesmo como "destino" para as mulheres.
Mesmo que os compromisso assinado pelos países presentes na Conferência Mundial da
Mulher, inclusive o Brasil, ainda permaneçam mais no papel do que na prática, eles
servem como parâmetros para decisões dos governos na área de saúde sexual e
reprodutiva e, sem dúvida, representam a luta do movimento de mulheres e do
movimento feminista, que sempre pautou a questão dos direitos reprodutivos, da
autonomia das mulheres sobre seu corpo e da importância de políticas públicas voltadas
para as mulheres na área da saúde, educação e demais setores.

Aborto e a legislação no mundo

País Situações permitidas observações

permite até a 12.ª semana da


gravidez, desde que a mulher
Alemanha 1, 2, 3, 4, 5, 6 se encontre em uma
"situação de emergência de
conflito" e tenha consultado
um médico

até a 10.ª semana, o aborto


pode ser feito, mas depende
de uma consulta médica.
Sendo menor de idade é
França 1, 2, 3 *a , 4 necessária a autorização
dos pais. O Estado assume os
encargos financeiros para
garantir tratamento igual a
todas as mulheres

lei aprovada em 1967


Inglaterra 1, 2, 3, 4, 6 permite a interrupção da
gravidez até a 28.ª semana

O aborto é uma escolha da


mulher, e pode ser feito nos
primeiros 90 dias da
gestação. Deve consultar um

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psiquiatra. Em seguida, passa


Itália 1, 2, 3, 4, 5, 6 *a uma semana de "pausa para
reflexão". Se for menor,
precisa da autorização dos
pais e, no caso de ser casada,
o marido tem que concordar
com o aborto.

A mulher pode optar pelo


aborto até a 1.2ª semana de
Dinamarca 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 gravidez. É realizado
gratuitamente nos hospitais
da Dinamarca.

A mulher deve ter a


avaliação de dois médicos
Noruega 1, 2, 3, 4, 5, 6 para realizar o aborto.
Menores de 16 anos
precisam de uma autorização

Os médicos avaliam se pode


ou não abortar; porém, é
proibido às mulheres casadas
Bulgária 1, 2, 3, 4, 5, 6 sem filhos. Quando há
recomendação médica é
gratuita, e semi-gratuita em
outros casos

apesar de regulamentado, a
associação dos médicos do
país aprovou novo Conselho
de Ética proibindo
Polônia 1, 2, 3, 5 interrupção da gravidez, a
não ser em caso de risco para
a mãe, A autorização é
exigida para menores de 17
anos.

O pedido de aborto é
submetido a uma comissão,
que decide sua aprovação ou
Canadá 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 não. Não é gratuito e não é
necessária a autorização para

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menores de 16 anos

A Suprema corte americana


consagrou o aborto legal com
base no direito constitucional
EUA 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 à privacidade no início da
década de 70.

Índia 1, 2, 3, 4, 5, 6 não há outras


informações

Portugal 1, 2, 3, 4, 5 não há outras


informações

Espanha 1, 2, 3, 4, 5 *a Não há outras


informações

Suíça 1, 2, 3 Não há outras informações

África 1, 2, 3, 4, 5 Não há outras informações


do Sul

Marrocos 1, 2 Não há outras informações

Gana 1, 2, 3, 4, 5, Não há outras informações

Os números indicados no quadro representam as situações em que o aborto é permitido


nos diferentes países
1) risco de vida da mulher
2) risco para a saúde física da mulher
3) risco para a saúde mental da mulher
4) risco para a saúde ou lesão do feto
5) gravidez não desejada por estupro
6) situação sócio econômica
7) por solicitação
*a ) indica como limite os três primeiros meses da gravidez

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E no Brasil, qual é a situação sobre o aborto?

Desde 1940, o Brasil, através do Código Penal, autoriza a interrupção da gravidez quando
a mulher corre risco de vida, e em casos de estupro e violência sexual. Mas, mesmo
nestes casos, ainda é insuficiente o atendimento. Nos setores públicos de saúde, são raros
os hospitais que oferecem serviços para realizar o aborto legal. Para sanar esta deficiência
no atendimento, o Ministério da Saúde, em 1999, assume uma postura mais ofensiva, e
divulga uma portaria indicando que todos os hospitais públicos realizem esse
atendimento.

Segundo o Ministério da Saúde, o aborto é a quarta causa de mortalidade materna no


país. São realizados aproximadamente 2 milhões e 400 mil abortos clandestinos, na sua
grande maioria em locais sem as mínimas condições de higiene e segurança para a
mulher, e que têm como conseqüência riscos à sua saúde – e, e muitos casos, resultam em
morte. O maior índice de mortalidade em decorrência do aborto realizado nestas
condições se encontra nas mulheres pobres, uma vez que as mulheres ricas têm acesso a
clinicas com condições adequadas de atendimento, mesmo que seja clandestino.
Estima-se que 10% dos abortos praticados no mundo sejam feitos por adolescentes entre
15 e 19 anos. Os dados do Brasil, de 1996, estimam 250 mil abortos em jovens menores
de 19 anos.

No Congresso Nacional, atualmente, existem 8 projetos de lei que tratam deste tema, indo
desde a possibilidade da mulher decidir pela interrupção da gravidez como uma escolha
sua até o caso de interrupção devido a mal formação do feto.

No pré-projeto para a revisão da Parte Especial do Código Penal, foram consideradas


como indicações de aborto legal: o aborto voluntário, por razões médicas, econômicas,
sociais, familiares ou psicológicas; o aborto terapêutico; o aborto ético e o aborto em
razão de malformações graves e irreversíveis do feto.

Um dos argumentos mais aceitos a favor da legalização do aborto no Brasil é que se trata
de uma questão de saúde pública e um direito da mulher. A legalização do aborto não
obriga a pessoa a realizá-lo, se isso contraria seus valores morais ou religiosos. As
religiões existentes no Brasil assumem posições que vão desde a proibição terminante do
aborto à sua aceitação.

Discutir o aborto não é fácil!


Para discutir este tema, deve-se levar em conta que, em nossa cultura, existem diferentes
posicionamentos: desde pessoas e instituições que acreditam que o aborto é moralmente
errado, até aquelas que entendem que a mulher tem o direito de escolha se quer ou não
interromper a gravidez. O tema envolve convicções, debate sobre autonomia, valores,
preconceitos e entendimento das questões das mulheres.

Aborto não é um método contraceptivo. Por isso, sempre que se fala em atendimento à
saúde da mulher e direitos reprodutivos, fala-se do atendimento na rede pública que

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permita a mulheres e homens o atendimento integral em todas as fases de suas


vidas, o acesso a todos os métodos contraceptivos e a interrupção da gravidez em
condições adequadas e seguras.

Atividade: Para discutir este tema com os adolescentes, os educadores poderão organizar
debates trazendo depoimentos a favor e contra a legalização do aborto; solicitar que os
alunos tragam recortes de jornal com notícias sobre o tema; ou mesmo montar uma
situação para ser discutida com o grupo.

O que é o Citotec?

Muitas mulheres buscam interromper a gravidez por conta própria. Neste caso, o
meio mais usado, atualmente, é o uso do CITOTEC, um remédio feito originalmente para
tratamento de úlcera de estômago, e que, hoje em dia é utilizado em hospitais para a
indução do parto. O CITOTEC provoca uma forte cólica, seguido de hemorragia, que em
geral faz com que o aborto ocorra.
O Citotec é o método usado por 45,4% das mulheres hospitalizadas por
complicações surgidas após o aborto induzido. Por ser o remédio mais utilizado no Brasil
para provocar aborto, o Ministério da Saúde controlou sua comercialização.

O que fazer quando uma jovem é descoberta abortando no banheiro da


escola?

Se a jovem provoca um aborto com CITOTEC, ou por qualquer outro meio, deve
ser encaminhada a um hospital ou maternidade imediatamente, pois a hemorragia, nestes
casos, pode ser intensa, e também porque pode haver risco de infeção. Sempre que uma
garota provocar um aborto, deve receber apoio e aconselhamento para o uso de
contraceptivos, pois é uma experiência traumática e arriscada, que não deve ser repetida.

O aborto não é um método contraceptivo. O melhor meio de prevenção da gravidez


precoce e do aborto entre os jovens é o diálogo aberto sobre a sexualidade, o prazer e a
responsabilidade que deve acompanhar qualquer usufruto de prazer. E informação clara e
objetiva sobre os modos de evitar gravidez.

O que fazer quando uma jovem nos procura querendo abortar e querendo
referências de lugares onde fazem abortos?

Adolescentes que engravidam e pensam em interromper essa gravidez deveriam


conversar com pessoas adultas, amigos, com as quais tenham relações de confiança, de
compreensão e de respeito.
É importante termos claro que existem várias alternativas para uma mulher que
não esperava ficar grávida, entre elas: pode decidir ter o bebê e criá-lo, ter o bebê e
oferecê-lo para adoção, ou, então, interromper a gravidez.
O papel do educador não é decidir pela jovem, que, muitas vezes, na prática, se
traduz em dizer faça ou não faça o aborto, ou mesmo em atitudes do tipo “fazer a cabeça

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da garota para fazer ou não o aborto”. O papel do educador, mesmo em questões


polêmicas como o aborto, é auxiliar tanto o garoto como a garota em suas escolhas.
Ajudá-los a refletir sobre o assunto e a ponderar sobre: seus medos, crenças e dúvidas;
vantagens e desvantagens de cada possibilidade de ação; recursos pessoais para lidar com
o problema e possíveis conseqüências; recursos externos para auxiliá-los (pais, parente,
amigo mais velho, serviço de saúde, grupos de apoio, livros...); cultura e valores sociais.
A decisão de fazer ou não um aborto é complexa. Não podemos esquecer que
fazer um aborto pode provocar tanto uma experiência emocional de dor como de alívio.
As crenças das pessoas a respeito do aborto baseiam-se em seus valores religiosos,
culturais e familiares. Muitas vezes, a opção pelo aborto é a primeira reação diante da
notícia da gravidez, do medo da reação dos pais, familiares e círculo de amizades. Todas
as pessoas diante de um problema precisam de tempo e de serenidade para encontrar a
solução que mais faça sentido para suas vidas, que respeite a maneira de pensar e a
cultura na qual foram criadas. Ter ou não o bebê pode ou não ser uma experiência ruim
na vida de uma pessoa, mesmo que ainda jovem.
Se a mulher tiver a oportunidade de refletir e tomar esta decisão conscientemente,
e sentir um respeito e apoio familiar e social à sua opção, enfrentará esta decisão em
condições melhores.

O que fazer quando um garoto ou garota conta que foi abusado/a


sexualmente?

O abuso sexual pode ser prevenido ou impedido. Ocorre abuso sexual quando uma pessoa
utiliza-se de outra – através da violência, do poder, da autoridade ou da diferença de
idade – para obter prazer sexual.

Muitos jovens, meninos e meninas, sofrem abusos sexuais. Na maioria das vezes,
os abusadores são familiares ou pessoas muito próximas, o que dificulta a revelação.
Frente a uma suspeita, ou caso confirmado de abuso sexual, a primeira providência é
tranqüilizar e dar todo o suporte emocional à pessoa que foi abusada, até poder definir a
melhor estratégia para impedir a continuidade do abuso, punir o abusador e proteger a
vítima. O abuso sexual é crime previsto por lei!!!
Em caso de abuso sexual com penetração vaginal ou anal, deve ser procurado um
serviço de saúde para fazer a contracepção de emergência, e a prevenção das DST.
A experiência de ser abusada/o, ou violentada/o, em geral, é uma experiência
profundamente traumática. Portanto, exige especial delicadeza por parte de quem está
lidando com o jovem nesta situação, visando que a pessoa possa se recuperar do trauma,
reestruturar sua auto estima e o sentimento de humilhação e violação corporal, de modo a
poder exercer sua sexualidade com autonomia e prazer.

As pessoas têm o direito de saber onde podem obter ajuda. Devem ser orientadas
a investigar a idoneidade das instituições e das pessoas que oferecem ajuda. Educadores,
profissionais de saúde, psicologia e serviço social, entidades jurídicas e de defesa da
cidadania, dentre outras, podem oferecer ajuda. Pedir ajuda não é um processo passivo.
Problemas que envolvam diretamente a integridade física e moral de crianças e
adolescentes devem ser encaminhados com urgência às entidades e instituições que
possam assisti-los.

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Os adolescentes estão começando a se organizar para participar de


momentos de debate junto a instâncias deliberativas sobre políticas públicas
em saúde para adolescente e jovens brasileiros. Apresentamos aqui uma
síntese do que um grupo de adolescentes presentes em Brasília no segundo
semestre de 1999, participante do “ I Fórum: Juventude e Saúde” apontou:

DST/AIDS:
- falta de trabalho com a auto-estima do jovem
- necessidade de trabalho com a saúde física, social, mental e espiritual dos
adolescentes e jovens
- falta de incentivo a campanhas de prevenção. É preciso estar trabalhando
prevenção a partir da vivência do jovem, de sua auto-estima
- falta de preparação dos funcionários do sistema de saúde. Sensibilizar e
capacitar os profissionais de saúde para o atendimento a adolescentes e
jovens
- criar intercâmbio das iniciativas ligadas aos programas de DST/AIDS
- criar salas de aula que falem de prevenção
- inadequação das normas estipuladas nas camisinhas distribuídas pelo
Ministério da Saúde
- falta de financiamento para iniciativas que tenham nos jovens os atores
principais
- falta de informação que sensibilize
- banalização por parte da mídia
- falta de informação contextualizada ao padrão sociocultural ao qual
pertença
- ausência de participação ativa da escola, família e das igrejas
- centralizar os serviços médicos

GRAVIDEZ:

- falta de atenção ao menino (rapaz)


- influência dos amigos e amigas
- falta de projeto de vida
- baixa auto-estima
- alto índice de exploração sexual
- dificuldades da família
- finalização da adolescência

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- falta de informação – educação


- falta de planejamento de uma vida sexual
- violência sexual – estupro

VIOLÊNCIA:

- falta de estímulo à educação


- deficiência e decadência da escola pública
- alto índice de desemprego
- desestruturação social da família
- falta de políticas públicas
- falta de vontade política para implantar mudanças
- fácil acesso às drogas lícitas e ilícitas
- o jovem está em construção de sua própria identidade
- sociedade insuficientemente conscientizada para cobrar seus direitos e
cumprir seus deveres
- banalização da violência pela mídia enquanto desigualdade social
- acomodação a um sistema opressor

DROGAS:

- tráfico – mercado e sobrevivência


- campanhas mal elaboradas, falta de linguagem para o jovem. Fala-se em
drogas e não em prevenção
- capacitação de agentes de saúde
- informação técnica insuficiente
- falta de segurança para realizar o trabalho
- má informação da mídia
- educação pobre
- pouco investimento em espaços culturais e de lazer
- distanciamento da realidade do usuário
- desestruturação social da família
- falta de auto-estima

O que os adolescentes acham destas questões? Concordam?


Um desafio: Promova este debate com alunos de sua escola envolvendo a
todos. Levante esta questão: vamos discutir a saúde do adolescente e do
jovem brasileiro. Convide profissionais da saúde, estabeleça parcerias e faça
meninos e meninas falarem sobre sua realidade e proporem melhorias.

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Isto é cidadania. Isto é prevenção às DST/AIDS e gravidez não planejada.


Isto é saúde sexual e reprodutiva.

Livros:

Gravidez na Adolescência
Carmem Barroso
Brasília: IPLAN/IPEA, 1996 (série Instrumentos para a Ação, 6)

Sexo e sexo
Roseli Sayão
São Paulo: Editora Companhia das Letras

Saúde sexual e reprodutiva na adolescência: o desafio de institucionalizar ações na saúde


e na educação.
Maria Thereza Alves Conforto
Brasília: Editora Rumo

Viagem ao mundo da contracepção: um guia sobre os métodos anticoncepcionais.


SOS Corpo
Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos

O que é aborto?
Danda Prado
São Paulo: Editora Brasiliense

Aborto: um direito ou um crime?


Maria Tereza Verardo
São Paulo: Editora Moderna (Coleção Polêmica)

Guia de Orientação Sexual – Diretrizes e Metodologia


GTPOS - ABIA - ECOS
Jovens acontecendo na trilha das políticas públicas
CNPD Comissão Nacional de População e Desenvolvimento.
Sexo para Adolescentes – Marta Suplicy

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Vídeos:

Transas do Corpo
Recife: SOS Corpo.
Distribuído pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (Videoteca da Mulher)

Ventre Livre
Porto Alegre: Casa de Cinema de Porto Alegre.
Distribuído por Casa de Cinema de Porto Alegre

Em busca de saúde
Recife: SOS Corpo
Distribuído por Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (Videoteca da Mulher)

Uma vezinha só
ECOS

Uma história não contada - A história das idéias sobre o aborto na Igreja católica
Católicas pelo Direito de Decidir
e-mail: cddbr@ax. apc.orgt

Cartilha: Mulher, corpo ...Desejos


Direitos... Vida, muita vida
e-mail: cddbr@ax. apc.orgt

Aborto: conversando a Gente se entende


e-mail: cddbr@ax. apc.orgt

Revista
- A situação da população mundial – 1998 as novas gerações
FNUAP – Fundação das Nações Unidas para a População
- Conferência Internacional sobre população e desenvolvimento
FNUAP
- Revista Perspectivas. Em Saúde e Direitos Reprodutivos
Fundação MarcArthur
- Cadernos Juventude Saúde Desenvolvimento
Ministério da Saúde. Secretaria das políticas de Saúde. Área de Saúde do adolescentes e
do jovem. Volume 1
- Seminário gravidez na adolescência
Associação Saúde da Família

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- Folheto gravidez na adolescência não dê as costas pra isso


SOF – SempreViva Organização Feminista

Sugestão de atividade: álbum “Adolescência e Vulnerabilidade”


GTPOS – Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual.
Tel: 822.8249 Fax: 822.2174
e-mail: gtpos@that.com.br

Sites na internet

http://www.pai.com.br
http://aguia.redes.ufpe.br/papai/
http://www.prossiga.br/fsp_usp/saudereprodutiva/

Estatísticas brasileiras
http://www1.saude.sp.gov/html/fr_perf.htm
geadi@seade.gov.br
http://www.seade.gov.br/cgi-bin/mulherv98/mulher.ksh

Sugestão de leitura
MEDRADO, Benedito & LYRA, Jorge (1999). A adolescência “desprevenida” e a paternidade na
adolescência: uma abordagem geracional e de gênero. In: SCHOR, Néia; MOTA, Maria do Socorro F. T.;
CASTELO BRANCO, Viviane (orgs.). Cadernos Juventude, saúde e desenvolvimento. Brasília:
Ministério da Saúde, Secretária de Políticas de Saúde. 1999. p. 230-248.
Obs.: Agradecimentos especiais a Dolores Galindo

O Programa Papai está sediado na UFPE e desenvolve atividades de pesquisa, ensino e


intervenção social em gênero e saúde, sexualidade e reprodução. Fundado em 1997, o
Papai foi a primeira instituição nacional a oferecer atendimento ao pai adolescente.

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