PI0007780-1
Palavras-chave:
Resumo:
PEZZINI, Bianca Ramos; SILVA, Marcos Antônio Segatto and FERRAZ, Humberto Gomes.
Formas farmacêuticas sólidas orais de liberação prolongada: sistemas monolíticos e
multiparticulados. Rev. Bras. Cienc. Farm. [online]. 2007, v. 43, n. 4, pp. 491-502.
Acesso em: 13 fev. 2009.
SOUSA, Andreza de. Materiais mesoporosos ordenados aplicados como sistemas
para liberação controlada de drogas. Biblioteca Universia. Disponível em:
<http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/id/29729488.html>. Acesso em: 13
fev. 2009.
Resumo
A via intranasal é útil para administrar medicamentos, pois permite o rápido início
de ação da droga, tem aplicação indolor, não sofre interferência do metabolismo
hepático, contorna o problema de absorção errática da droga no trato digestivo e
possibilita a ação central de moléculas que normalmente não atravessam a barreira
hemoliquórica.
Introdução
Por fim, a fração da droga não absorvida na mucosa nasal é levada pelo
aparelho mucociliar até a orofaringe, onde é deglutida.
Acetato de nafarrelina
O acetato de nafarrelina é um decapeptídeo análogo do GnRH, indicado para o
tratamento da endometriose, pré-operatório de leiomiomas uterinos e
estimulação ovariana nos procedimentos de fertilização in vitro. A
biodisponibilidade da droga em spray nasal é de 2,8% e a absorção diminui
quando há uso concomitante de descongestionantes nasais. De acordo com o
fabricante, é recomendável que os descongestionantes sejam aplicados no
mínimo duas horas após o uso da nafarrelina(24).
Desmopressina
O acetato de desmopressina (DDAVP®) é encontrado comercialmente no Brasil
na apresentação de 10 µg/dose, em frasco contendo 25 doses. Pode ser
utilizado no tratamento da enurese noturna na infância e do diabetes insipidus,
em crianças e adultos.
Insulina
Leary e cols. (2006)(29) relatam que o uso da insulina intranasal proporciona
biodisponibilidade ligeiramente superior a das injeções por via subcutânea:
19,8% x 16,6% duas horas após administração da dose e 19,8% x 14% em
cinco horas. O pico de concentração plasmática da insulina foi obtido 15 a 20
minutos após a aplicação intranasal. Os autores afirmam que a formulação
intranasal de insulina é bem tolerada pelos pacientes diabéticos.
Comentários
Bibliografia
1. Wermeling DP, Miller JL, Rudy AC. Systematic intranasal drug delivery:
concepts and applications. Disponível em
http://www.drugdeliverytech.com/cgi-bin/articles. Acessado em 21/06/2007.
2. Talegaonkar S, Mishra PR. Intranasal delivery: an approach to bypass the
blood brain barrier. Indian J Pharmacol 2004; 36: 140-7.
3. Zaki NM, Awad GA, Mortada ND, Abd El-Hady SS. Rapid-onset intranasal
delivery of metoclopramide hydrochloride. Part I: influence of formulation
variables on drug absorption in anesthetized rats. Int J Pharm 2006; 327: 89-
96.
4. Erhart EA. Vascularização do sistema nervoso e líquor. In Erhart EA,
Neuranatomia simplificada. São Paulo, Ed. Roca, 6ª. ed, 1986, p. 85.
5. Yamada K, Hasegawa M, Kametani S, Ito S. Nose-to-brain delivery of TS-
002, prostaglandin D2 analogue. J Drug Target 2007; 15: 59-66.
6. Rapoport A, Winner P. Nasal delivery of antimigraine drugs: clinical rationale
and evidence base. Headache 2006; 46 (suppl. 4): S192-201.
7. Chemuturi NV, Donovan MD. Metabolism of dopamine by the nasal mucosa.
J Pharm Sci 2006; 95: 2507-15.
8. Gavini E, Hegge AB, Rassu G, Sanna V, Testa C, Pirisino G et al. Nasal
administration of carbamazepine using chitosan microspheres: in vitro / in vivo
studies. Int J Pharm 2006; 307: 9-15.
9. University of Kentucky. Intranasal delivery of antipsychotic drugs:
haloperidol. Patente WO2006023497 (2006).
10. Leonard AK, Sileno AP, Brandt GC, Foerder CA, Quay SC, Constantino HR.
In vitro formulation optimization of intranasal galantamine leading to enhanced
bioavailability and reduced emetic response in vivo. Int J Pharm 2007;
335:138-46.
11. Cao SL, Zhang QZ, Jiang XG. Preparation of ion-activated in situ gel
systems of scopolamine hydrobromide and evaluation of its antimotion sickness
efficacy Acta Pharmacol Sinica 2007; 28: 584-590.
12. Varshosaz J, Sadrai H, Heidari A. Nasal delivery of insulin using bioadhesive
chitosan gels. Drug Deliv 2006; 13: 31-8.
13. Majithiya RJ, Ghosh PK, Umrethia ML, Murthy RSR. Thermoreversible-
mucoadhesive gel for nasal delivery of sumatriptan. AAPS PharmSciTech. 2006;
7(3): 67.
14. Lee DW L, Shirley SA, Lockey RF, Mohapatra SS. Thiolated chitosan
nanoparticles enhance anti-inflammatory effects of intranasally delivered
theophylline. Respir Res 2006; 7(1): 112.
15. Mainardes RM, Urban MC, Cinto PO, Chaud MV, Evangelista RC, Gremião
MP. Liposomes and micro/nanoparticles as colloidal carriers for nasal drug
delivery. Curr Drug Deliv 2006; 3: 275-85.
16. Ding WX, Qi XR, Fu Q, Piao HS. Pharmacokinetics and pharmacodynamics
of sterylglucoside-modified liposomes for levonorgestrel delivery via nasal
route. Drug Deliv 2007; 14: 101-4.
17. Mills KHG, Cosgrove C, McNeela EA, Sexton A, Giemza R, Jabbal-Gill I et al.
Protective levels of diphtheria-neutralizing antibody induced in healthy
volunteers by unilateral priming-boosting intranasal immunization associated
with restricted Ipsilateral mucosal secretory immunoglobulin A. Infect Immun
2003; 71: 726-732.
18. Manocha M, Pal PC, Chitralekha KT, Thomas BE, Tripathi V, Gupta SD et al.
Enhanced mucosal and systemic immune response with intranasal
immunization of mice with HIV peptides entrapped in PLG microparticles in
combination with Ulex Europaeus-I lectin as M cell target. Vaccine 2005;23:
5599-617.
19. Asahi-Ozaki Y, Itamura S, Ichinohe T, Strong P, Tamura S, Takahashi H et
al. Intranasal administration of adjuvant-combined recombinant influenza virus
HA vaccine protects mice from the lethal H5N1 virus infection. Microbes Infect
2006; 8: 2706-14.
20. Kim TW, Chung H, Kwon IC, Sung HC, Kang TH, Han HD et al. Induction of
immunity against hepatitis B virus surface antigen by intranasal DNA
vaccination using a cationic emulsion as a mucosal gene carrier. Mol Cells
2006; 22: 175-81.
21. Tafaqhodi M, Jaafari MR, Sajadi Tabassi SA. Nasal immunization studies
using liposomes loaded with tetanus toxoid and CpG-ODN. Eur J Pharm
Biopharm 2006;64: 138-45.
22. Bargieri DY, Rosa DS, Lasaro MAS, Ferreira LCS, Soares IS; Rodrigues MM.
Adjuvant requirement for successful immunization with recombinant derivatives
of Plasmodium vivax merozoite surface protein-1 delivered via the intranasal
route. Mem Inst Oswaldo Cruz 2007; 102: 313-318.
23. Huang J, Mikszta JA, Ferriter MS, Jiang G, Harvey NG, Dyas B et al.
Intranasal administration of dry powder anthrax vaccine provides protection
against lethal aerosol spore challenge. Hum Vaccin 2007; 3: 64-7.
24. Pfizer. Bula do medicamento SynarelÒ. Disponível em:
http://backoffice.pfizer.com.br/Bula_Pfizer/Synarel.pdf. Acessado em
25/06/2007.
25. Dodick D, Brandes J, Elkind A, Matthew N, Rodichok L. Speed of onset,
efficacy and tolerability of zolmitriptan nasal spray in the acute treatment of
migraine: a randomised, double-blind, placebo-controlled study. CNS Drugs
2005; 19: 125-36.
26. Dowson AJ, Charlesworth BR, Purdy A, Becker WJ, Boes-Hansen S, Färkkilä
M. Tolerability and consistency of effect of zolmitriptan nasal spray in a long-
term migraine treatment trial. CNS Drugs 2003; 17: 839-51.
27. Body JJ. Calcitonin for the long-term prevention and treatment of
postmenopausal osteoporosis. Bone 2002; 30 (suppl. 5): 75S-79S.
28. Akoglu E, Görür S, Atik E, Okuyucu S, Sangün O. Effect of 1-deamino 8-D-
arginine vasopressin spray on nasal cytology and mucociliary clearance in
patients with nocturnal enuresis. Int J Pediatr Otorhinolaryngol 2006; 70:
1919-22.
29. Leary AC, Stote RM, Cussen K, O´Brien J, Leary WP, Buckley B.
Pharmacokinetics and pharmacodynamics of intranasal insulin administered to
patients with type 1 diabetes: a preliminary study. Diabetes Technol Ther
2006; 8: 81-8.
30. Maggio ET. Intravail: highly effective intranasal delivery of peptide and
protein drugs. Expert Opin Drug Deliv 2006;3:529-3.
31. Cheng YH, Dyer AM, Jabbal-Gill I, Hinchcliffe M, Nankervis R, Smith A et al.
Intranasal delivery of recombinant human growth hormone (somatropin) in
sheep using chitosan-based powder formulations. Eur J Pharm Sci 2005; 26: 9-
15.
32. Woods AM, Thompson SJ, Wooley PH, Klavinskis LS. Immune modulation of
collagen-induced arthritis by intranasal cytokine gene delivery: a model for
therapy of rheumatoid arthritis. Arthritis Rheum 2005; 52: 3761-71.
Insulina nasal no mercado
Ontem, depois de alguns meses na pendência, o Food and Drug Administration
(conhecido pela sigla FDA), órgão americano que regulamenta medicamentos e afins,
finalmente concedeu a Pfizer o direito de comercializar a insulina nasal. A
Comunidade Européia já havia aprovado dias antes.
Marketeada como Exubera, será a tão sonhada independência das injeções diárias que
os diabéticos tipo 1 sonharam por tanto tempo - e os diabéticos tipo 2 que fazem uso de
insulina também. No ano passado, o painel de aconselhamento do FDA já havia dado
um parecer favorável, mas aguardava ainda a decisão final. Entretanto, passar por esse
painel já era considerado uma vitória, e a aprovação final agora reitera o que a indústria
farmacêutica já vislumbrava como certo.
A insulina nasal é na verdade insulina em pó, inalada por um aparelho especial que
propicia o ajuste da dose (não é um mero nebulizador, pelo que entendi). Mas ainda há
ressalvas: é contra-indicada para pessoas fumantes e/ou com problemas de pulmão,
assim como para crianças. E como não houve um estudo a longuíssimo prazo sobre os
efeitos do uso contínuo da insulina nasal, não se sabe ao certo todas as contra-
indicações.
Quando você tem uma doença como a diabetes, em proporções epidêmicas no mundo
inteiro e cujo tratamento para muitos depende de incômodas injeções diárias, você sabe
que qualquer ajuda para que as pessoas enquadrem o tratamento em seu dia-a-dia é
válida. Acrescente a isso o potencial mercado consumidor gigante que uma empresa
pode ter acesso com uma tecnologia inovadora. Acho que boa parte do lobby pró-
insulina nasal vem desses fatos: melhoria na aceitação do tratamento e pressão
econômica.
De qualquer forma, é um grande avanço, mesmo que não pareça, mesmo que não
saibamos ainda tudo sobre como a insulina nasal age a longo-prazo - é esperar para ver.
É provável que agora os diabéticos tipo 2 que se recusam a levar injeções possam
aceitar com mais facilidade tomar insulina - essa é a grande esperança por trás da
indústria farmacêutica, aliás, visto que apenas 10% dos diabéticos são tipo 1, insulino-
dependentes. A fatia grossa do lucro de tratamento da diabetes vem sem dúvida da
diabetes tipo 2.
A diabetes tipo 2 não é uma doença "barata" - uma certa contradição, pois sua
prevenção é das mais baratas possíveis: exercício físico e dieta balanceada são
suficientes. Mas, uma vez instalada, o ônus monetário é grande para todo o sistema,
desde o indivíduo até o governo. E se analisarmos mais criticamente ainda,
perceberemos que os aumentos gritantes no número de casos de diabetes tipo 2 geram
lucros para empresas seguradoras, hospitais e médicos. Uma faca de 2 gumes: você
prefere uma sociedade mais saudável perdendo a fatia de mercado consumidor que os
milhões de diabéticos representam, ou prefere mantê-los gastando e doentes?
Infelizmente, a resposta para muitos não é tão simples como esperaríamos.
Recentemente, o New York Times, fez uma série de reportagens sobre diabetes em
Nova Iorque, uma cidade que já foi considerada das mais "magras" dos EUA, e hoje
encara uma tragédia silenciosa prestes a explodir. Nessas reportagens, fica claro que a
doença atravessou qualquer tipo de fronteira geográfica: latinos, asiáticos, europeus...
não há mais uma população claramente "mais suscetível" que a outra. Frente à mudança
do nosso comportamento alimentar e nosso sedentarismo, somos todos quase iguais
perante a diabetes. E a diabetes tipo 2 na maioria dos casos é uma consequência da
obesidade, que por sua vez nos últimos anos tem sido uma consequência do grupo social
em que você está. A tendência que vemos hoje em dia é: onde há pobreza, há mais
obesos. Parece contraditório, mas a comida mais barata, mais rápida de ser preparada,
mais cômoda é a que mais engorda, e famílias sem muito dinheiro e/ou sem tempo para
investir em boa alimentação tendem portanto a comer mal. Essa tendência se espalhou
pelo mundo - inclusive no Brasil - e requer um profundo repensar da sociedade como
um todo. Como iremos diminuir as diferenças sociais, como melhorar as condições de
vida dos que não tem acesso à boa alimentação, saudável, diversificada, nutritiva?
A insulina nasal é um grande avanço no tratamento. Mas muito maior avanço e impacto
para a contenção da doença no mundo seria conseguido com a conscientização das
pessoas por um estilo de vida mais saudável.
******************
P.S.: Duas notícias tristes relacionadas ao tema: uma criança diabética tipo 1 que
morreu em São Paulo por incompetência de 3 pediatras (médicos de plano de saúde!)
em reconhecer os sintomas da doença; e um adolescente britânico de 20 anos que se
alimentou a vida inteira de batatas fritas e feijão em lata apenas, e morreu semana
passada, com problemas graves no fígado e no sangue. Apesar de tristes, os dois casos
nos fazem pensar sobre a importância da boa alimentação e dos bons profissionais no
sistema de saúde de qualquer nação.
A insulina inalável foi liberada, no início de junho, pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) pra que seja comercializada no Brasil. Embora a eficácia da insulina
inalável esteja comprovada, ao contrário do que muitos acreditam o medicamente não irá
livrar as pessoas com diabetes das tradicionais injeções. A Dra. Vivian Ellinger, presidente do
Departamento de Diabetes da SBEM, explica o porquê na entrevista abaixo.
Sem duvida é um avanço da indústria que nestes últimos anos vem investindo muito em
formas de se melhorar o tratamento do paciente diabético.
Dra. Vivian Ellinger - A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou no principio
do mês de junho, pouco tempo depois de outros países. Espera-se que ainda este ano já
esteja à venda no Brasil.
Dra. Vivian Ellinger - Existe um novo grupo de tratamento para pacientes com Diabetes Tipo
2 que são bastante promissores. Estes medicamentos melhoram a função das células Beta
pancreáticas, através de hormônios gastrointestinais.Além da ação na liberação da insulina,
existe uma supressão do Glucagon, que é um hormônio hiperglicemiante.
A primeira droga deste grupo que foi liberada nos Estados Unidos, foi a exenatide, mas
outras estão prestes a ser lançadas.
A imprensa sempre que fala da insulina inalável cita o surgimento de tosse nos
pacientes. Esse efeito colateral é preocupante?
O efeito colateral mais observado é o da hipoglicemia, o que ocorre com todas as insulinas. A
principal contra indicação é para fumantes. Se o paciente parar de fumar, é necessário
esperar seis meses para utilizá-la.
Dra. Vivian Ellinger - Não, outros laboratórios estão pesquisando insulina inalável, alguns já
em fase bem avançada.
A insulina Exubera será disponibilizada apenas em blisters de 1mg e 3mg. Quando for
necessária a administração de doses diferenciadas, será complicado para o usuário fazer
esse cálculo?
O cálculo deve considerar que o blister de 1mg corresponde a três unidades internacionais de
insulina e 3mg correspondem a 8 unidades internacionais.
Mas o que se espera tanto do médico quanto do paciente é que ambos passem a pensar na
dosagem em miligramas e esqueçam as “unidades internacionais”. Essa é uma nova forma
de se dosar e de se ajustar a dose da insulina.
Fracasso
Surpresa
Segundo ele, uma hipótese para a baixa aceitação do produto foi a falta
de portabilidade. O inalador utilizado para tomar a medicação seria muito
grande e grosso. "Não dá para carregar na bolsa, para uma festa, um
jantar. No caso da injeção o paciente pode aplicar mais discretamente",
afirma.
FELIPE MAIA
da Folha Online