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Costa, N.L. e Townsend, C.R.

Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens


cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.


Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=588>.

Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens


cultivadas na Amazônia

Newton de Lucena Costa1 e Claudio Ramalho Townsend2

1
Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Roraima, Boa Vista, Roraima.
2
Zootec., D.Sc., Embrapa Rondônia, Porto Velho, Rondônia.

Resumo
A pecuária tem sido uma atividade pioneira no processo de ocupação da
Amazônia Legal nas ultimas décadas, ocupando segmentos significativos da
floresta, em conseqüência da abertura de novas estradas e da implantação de
dezenas de Projetos de Colonização e Assentamento que propiciaram as
condições favoráveis para a ocupação humana na região. As pastagens
cultivadas constituem o principal tipo de uso da terra na Amazônia brasileira.
Contudo, tem-se observado que após quatro a dez anos de uso inicia-se um
processo de degradação, caracterizado pelo declínio da produtividade e vigor
da pastagem e predomínio de plantas invasoras. A utilização de estratégias de
recuperação e reforma de pastagens tem preferência, em relação à
incorporação de novas áreas pelo processo tradicional de derrubada e queima
da floresta, por questões econômicas e ambientais. Neste trabalho revisa-se as
práticas agronômicas mais adequadas para a recuperação de pastagens em
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processo de degradação na Amazônia, usando a interpretação conjunta de


critérios agronômicos, ambientais e econômicos.
Palavras-chave: pastagens cultivadas, degradação, renovação, recuperação,
manejo

Recuperation and sustainable practices of management of Amazonia´s


cultivated pastures

Abstract
The livestock farming has been a pioneering activity in the land occupation of
the Amazonia in the last decades, occupying significant segments of the forest,
as a consequence of the opening of new roads and implementation of the
Colonization Projects that provided the favorable conditions for the human
occupation in the region. Pastures make up the principal use of cleared land in
the Brazilian Amazon. However, observations show that after four to ten years
after they are formed, cultivated pastures generally begin a process of
degradation that characterized by a decline in grass forage productivity and an
increase in the cover of weeds. Pasture degradation is one of the greatest
problems related to land use in the Amazon region, forcing farmers to open
new forest areas. Many studies have identified the causes and the factors
involved in this degradation process, in an attempt to reverse the situation. For
both environmental and economic reasons, development of strategies for
reformation and recuperation of these existing degraded pastures is preferable
to formation of new pastures by traditional slash and bum activities. In this
report were reviwed and evaluated agronomic strategies for recuperation of
degraded pastures in Amazonia examining agronomic, environmental and
economic criteria.
Keywords: cultivated pastures, degradation, renovation, reclamation,
management
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1. Introdução

A Região Amazônica caracteriza-se por uma multiplicidade de


ecossistemas complexos, resultantes de variadas combinações de fatores
ambientais, como: tipo de solos, clima e diversidade de fauna e flora. A
interdependência destes fatores, especialmente das espécies animais, vegetais
e microorganismos, predominantes em solos com baixa fertilidade natural,
imprimem um caráter de fragilidade a este ecossistema, quando do seu uso
agrícola ou pecuário (Walker & Franken, 1983; Schubart et al., 1988).

Nos últimos 30 anos, a Amazônia tem sido submetida a um processo de


desmatamento para o desenvolvimento da agricultura e, principalmente da
pecuária, resultante de estímulos governamentais, mediante incentivos fiscais,
implantação de projetos de assentamentos rurais, financiamentos a juros
subsidiados, construção de estradas, etc. Como resultado da conversão de
floresta em pastagens tem-se verificado conseqüências negativas para a
região, aumentando as áreas abandonadas com solos degradados e
improdutivos (Fearnside, 1980). A substituição de florestas tropicais por
pastagens constitui, na maioria dos casos, uma prática extremamente
destrutiva com conseqüências desastrosas para a fertilidade do solo, poucos
anos depois (Budowski, 1978). A retirada da floresta, a fragilidade dos solos e
a expansão da fronteira agrícola sem o devido conhecimento da vocação
agroecológica da região, são fatores a serem considerados na análise sobre a
expansão das áreas degradadas da Região Amazônica (Toledo & Serrão, 1982).

As pastagens, via de regra, são estabelecidas em área sob domínio


florestal, após a derrubada e queima da vegetação original, podendo ser ou
não precedida de lavouras. Geralmente, as pastagens são manejadas
inadequadamente com baixa oferta de forragem sob lotação contínua, o que
tem contribuído para um rápido e crescente processo de degradação,
comprometendo o processo produtivo. Tal tendência vem ocorrendo em
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estabelecimentos dos mais variados tamanhos e pode ser explicado, entre


outros fatores, pela escassez de mão-de-obra qualificada, descapitalização dos
produtores e a baixa remuneração dos produtos agropecuários. Em geral, a
utilização das pastagens cultivadas tem sido realizada sob condições de altas
pressões de pastejo, notadamente lotação contínua, com a utilização de
períodos mínimos de descanso, incompatíveis com a manutenção do equilíbrio
do complexo solo-planta-animal e não permitem uma produtividade
satisfatória da pastagem no longo prazo (Costa, 2004). As práticas mais
utilizadas para deter o declínio de produtividade das pastagens têm se
restringido ao controle de plantas invasoras, através de métodos manuais,
químicos ou físicos, isolados ou integrados. Estes são, geralmente, associados
com queimas periódicas e seguidos por um período de descanso variável, com
a finalidade de reduzir a competição da comunidade de plantas invasoras e
favorecer o desenvolvimento da planta forrageira. Entretanto, na maioria dos
casos, mesmo um descanso prolongado das pastagens não tem proporcionado
o efeito desejado, tornando os processos de limpeza cada vez mais freqüentes
e menos eficientes, pois, geralmente, não é suficiente para que as gramíneas
e/ou leguminosas forrageiras recuperem seu vigor. Como as plantas invasoras
são, na maioria, nativas e perfeitamente adaptadas às condições
edafoclimáticas da região e raramente consumidas pelos animais, tendem a
predominar no ecossistema (Costa et al., 2007).

O manejo da pastagem tem por objetivo obter equilíbrio entre o


rendimento e a qualidade da forragem produzida e a manutenção da
composição botânica desejada para a pastagem, concomitantemente com a
produção ótima por animal e por área. Assim, o conhecimento das inter-
relações dos componentes envolvidos é de vital importância no controle e na
manipulação dos sistemas de pastejo, pois a inobservância desses princípios
pode conduzir a erros no manejo das pastagens e fracassos na condução de
sistemas de produção duradouros e produtivos. Visando a substituir o uso
indiscriminado da queimada no processo de limpeza e manutenção das
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pastagens, prática bastante difundida entre os produtores da Amazônia, que


não tem se mostrado eficiente, além de representar grandes prejuízos
ambientais, torna-se muito importante a busca por alternativas tecnológicas
que possibilitem a manutenção da estabilidade do sistema solo-planta-animal,
assegurando a produtividade e persistência das pastagens cultivadas, de modo
que a pecuária seja uma atividade mais produtiva, mais sustentável e menos
danosa ecologicamente.

O processo de intervenção em uma pastagem visando a sua recuperação


e/ou renovação depende de seu estágio de degradação, pois quanto mais
avançado, maiores serão os investimentos necessários. A princípio deve-se
determinar quais os fatores que contribuem para a sua degradação, adotando-
se medidas de controle específicas para cada caso. Neste sentido, Dias Filho
(2005) enfatiza que a recuperação e/ou renovação de pastagens é a única
alternativa para o aumento da produtividade pecuária, sem promover a
expansão das áreas de pastagens.

Este cenário tem despertado a preocupação de diferentes segmentos da


sociedade, que cada vez mais exerce pressão sobre o setor produtivo que atua
no Bioma Amazônia, com o intuito de que este adote sistemas de produção
que sejam sustentáveis. No âmbito das políticas de governo o Plano Amazônia
Sustentável - PAS (Brasil, 2008) pode ser considerado uma das iniciativas
públicas voltada para a região Norte de forma participativa, devido sua
construção com o envolvimento dos Estados Amazônicos. O qual apresenta
entre seus objetivos e estratégias a sustentabilidade e conservação dos
recursos naturais, onde as pastagens cultivadas merecem atenção especial,
pois representam uma das principais formas de uso das terras deste Bioma.
Dias Filho (2005) subdivide o processo em “degradação agrícola” na qual a
capacidade da pastagem para produzir economicamente, estaria
temporariamente diminuída ou inviabilizada, devido à pressão competitiva
exercida pelas plantas daninhas sobre o capim, portanto, queda acentuada na
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capacidade de suporte da pastagem; e “degradação biológica” quando a


capacidade da área em sustentar a produção vegetal estaria comprometida
devido a drástico empobrecimento do solo, por diversas razões de natureza
química (perda dos nutrientes e acidificação), física (compactação e erosão) ou
biológica (perda da matéria orgânica). Para Kitamura (1994) a recuperação e
intensificação do uso de pastagens cultivadas devem ser preconizadas a fim de
reduzir a expansão em áreas de florestas, propiciando benefícios de ordem
ecológica (preservação da floresta), econômica (custo de formação de
pastagem maior que o de recuperação) e social (necessidade de mão-de-obra),
com vistas a sustentabilidade dos sistemas pastoris no Bioma Amazônia.

2. Ecossistema de Pastagens Cultivadas

A maioria dos solos da Região Amazônica caracteriza-se por uma baixa


fertilidade e elevada acidez, sendo que os tipos mais representativos são os
Latossolos que compreendem 45,5% da região, os Argissolos com 29,9% e os
Neossolos com 15%, quase todos de origem aluvial. Somente 8% dos solos
são considerados de fertilidade relativamente alta (Cochrane & Sanchez,
1982). As principais restrições químicas destes solos são a elevada acidez, a
deficiência em fósforo (P), a baixa capacidade de intercâmbio catiônico e
uma ampla deficiência de nitrogênio (N), potássio (K), enxofre (S), cálcio
(Ca), magnésio (Mg), boro (B), cobre (Cu), zinco (Zn) e, ocasionalmente,
outros micronutrientes. Cerca de 81% da região possui solos ácidos, com pH
inferior a 5,3, indicando uma provável toxidez de alumínio (Al), enquanto
que 90% apresenta níveis de P disponível baixo e 56% apresentam
deficiência de K em seu estado natural (Cochrane & Sanchez, 1982).

O ecossistema de pastagens cultivadas caracteriza-se pelas interrelações


entre solo, planta, animal e clima, influenciadas pelas práticas de manejo.
Estes compartimentos são ligados por cadeias alimentares, fluxos de energia,
gases, água, etc. O compartimento solo está dividido em duas partes: a fração
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inorgânica, constituída pelos minerais do solo, e a fração orgânica (resíduos),


constituída pela matéria orgânica oriunda de restos de plantas mortas,
organismos, excreções, etc. Os nutrientes destas frações encontram-se em
equilíbrio, sendo que os resíduos representam um estado transitório onde
ocorrem transformações para o retorno dos nutrientes ao solo. A absorção de
nutrientes pelas plantas da pastagem e seu consumo pelos animais em pastejo
representam um atraso temporário no fluxo de nutrientes (Fearnside, 1980).
Dentre as fontes de nutrientes ao sistema, destacam-se: a) o material de
origem dos solos; b) o retorno dos resíduos vegetais; c) o retorno das
excreções dos animais em pastejo; d) a aplicação de fertilizantes e corretivos;
e) suplementos alimentares e água de bebida dos animais; f) nutrientes da
atmosfera provenientes de precipitações pluviométricas, da fixação simbiótica
e da fixação não-simbiótica. Dentre as saídas, destacam-se: a) volatilização;
b) desnitrificação; c) lixiviação; d) percolação; e) erosão; f) fixação pelo solo;
g) exportação de produtos animais; h) exportação de produtos vegetais.

Quando o sistema de reciclagem é interrompido pela derrubada e queima


da biomassa, grande parte dos elementos não voláteis do ecossistema são
colocados de uma vez sobre a superfície do solo, o que afeta fortemente as
condições químicas da camada superficial do solo, produzindo uma diminuição
da saturação de Al, um aumento do pH, das bases trocáveis (principalmente
Ca, Mg e K) e do P (Falesi, 1976; Serrão & Falesi, 1977; Serrão et al., 1979;
Serrão & Dias Filho, 1991). Depois da derrubada e queima da biomassa, as
pastagens estabelecidas apresentam excelente produtividade, devido ao
aumento da fertilidade do solo, pela incorporação de nutrientes contidos nas
cinzas. No entanto, no decorrer dos anos observa-se um declínio gradual em
sua produtividade e incremento gradual de plantas invasoras (Toledo & Serrão,
1982). Neste sentido, a qualidade e a quantidade das cinzas estão
diretamente relacionadas com a disponibilidade e composição química
do material a ser incinerado, ou seja, pastagens com baixa
disponibilidade e qualidade da forragem disponível vão incorporar
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quantidades inexpressivas de nutrientes ao solo, o que pode ser


insuficiente para neutralizar os efeitos negativos da ação do fogo
sobre as características físicas e químicas do solo.

A dinâmica dos nutrientes disponíveis em três diferentes solos com


pastagens durante treze anos foi avaliada por Falesi (1976). O aumento da
fertilidade propiciado pela queima da vegetação reduz-se no decorrer dos anos
de utilização das pastagens. Os três tipos de solos apresentaram
comportamento similar. A disponibilidade de Ca + Mg reduziu-se apenas nos 2
a 4 anos após a formação, permanecendo depois em níveis estáveis com
disponibilidade acima do nível crítico para a produção de pastagens. Para o K,
também observou-se redução nos primeiros 4 anos, com posterior
estabilização com níveis em torno do nível crítico. O aumento de pH e a
redução da saturação de Al foram mantidos durante todo o período analisado.
A disponibilidade de P, depois da queima, reduziu-se indefinidamente com os
anos de utilização, estabilizando-se em 1 mg/kg de solo, nível igual ou inferior
ao encontrado nos solos da floresta (Figuras 1 e 2). A disponibilidade de P (1
mg/kg) está bem abaixo do nível crítico para produção de pastagens (10
mg/kg de solo) (Falesi, 1976; Serrão et al., 1979; Toledo & Serrão, 1984).
Teixeira & Bastos (1989) estudaram a dinâmica de nutrientes no solo de
floresta e pastagem, encontraram que a maior parte do P colocado na forma
assimilável após a queima passa rapidamente para a forma não disponível às
plantas e citam como provável causa a adsorsão deste nutriente pelos
polímeros de ferro e alumínio (Figura 3).
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Figura 1. Disponibilidade de Ca + Mg, K e P em solos de floresta e pastagem de


Panicum maximum em diferentes idades (Falesi, 1976).
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Figura 2. Alterações dos valores de pH e Al trocável em solos de florestas e pastagem de


Panicum maximum em diferentes idades (Falesi, 1976).
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Floresta Nativa
Após a queima
Pastagem de 1 ano
Pastagem de 2 anos
Pastagem de 6 anos
Pastagem de 7 anos
Pastagem de 8 anos
0 50 100 150 200 250 300 350
Fósforo em kg/ha
Fósforo total
Fósforo assimilável

Figura 3. Fósforo total e assimilável no solo (kg/ha) até a profundidade de um metro, em área de
floresta e de pastagens (Teixeira & Bastos, 1989).
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Aparentemente, as quantidades de nutrientes incorporadas ao solo,


através das cinzas, seriam suficientes para assegurar padrões aceitáveis de
produtividade das pastagens, por longos períodos, desde que fossem adotadas
práticas de manejo adequadas e maximizados os processos de reciclagem de
nutrientes, exceto para o P, o qual é o nutriente mais limitante. Para pastagens
com produção anual média de 10 t/ha de matéria seca (MS), são subtraídos do
solo aproximadamente 150 kg de N, 15 kg de P (34 kg de P205), 80 kg de K
(96 kg de K2O) e 15 kg de Ca (21 kg de CaO); contudo, por serem
agrossistemas altamente eficientes na reciclagem de nutrientes, apenas uma
pequena parte é exportada nos animais, enquanto que a maior parte retorna
ao solo via resíduos vegetais das plantas forrageiras e através das fezes e
urina dos animais. Teixeira (1987) avaliando a ciclagem de nutrientes em uma
pastagem de Brachiaria humidicola, observou que as quantidades de P, K, Ca e
Mg exportadas por bovinos em pastejo, supridos com sal mineral no cocho,
foram muito pequenas, representando 32% de P; 0,9% de K; 21% de Ca e 1%
de Mg, da somatória dos nutrientes consumidos na gramínea e no sal mineral.
Dos 80,1 kg/ha/ano de nutrientes consumidos pelos animais, 74,39 kg/ha/ano
retornaram ao solo e apenas 5,71 kg/ha/ano foram exportados pelos bovinos,
para um ganho de 256 kg de peso vivo/ha/ano (Tabela 1). Deste modo,
pode-se inferir que um dos principais fatores responsáveis pelo
processo de degradação das pastagens seria a utilização inadequada
de práticas de manejo, as quais não maximizam os processos de
reciclagem de nutrientes no sistema solo-planta.
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Tabela 1. Dinâmica de nutrientes em pastagens de B. humidicola,


correspondente a uma produtividade de 256 kg de peso vivo/ha/ano.

Estocado nos
Consumo (kg/ha/ano) Retorno ao solo
Nutriente animais

Gramínea Sal mineral Total (kg/ha/ano) (kg/ha/ano)

Fósforo 2,32 (39)(1) 3,61 (61)(1) 5,93 1,87 (32)(1) 4,06 (68,5)(1)

Potássio 51,33 (100) - - 51,33 0,44 (0,9) 50,89 (99,1)

Cálcio 6,42 (40) 9,53 (60) 15,95 3,30 (21) 12,65 (79,3)

Magnésio 6,57 (95) 0,32 (5) 6,89 0,10 (1) 6,79 (98,5)

Total 66,64 - 13,46 - 80,10 5,71 - 74,39 (92,9)

Fonte: Teixeira (1987).(1)Percentual em relação ao total consumido.

3. Causas da degradação das pastagens

O processo de degradação da pastagem é dinâmico e caracterizado por


um conjunto de causas e efeitos que interagem e ocasionam a gradativa
diminuição da sua capacidade de suporte. A identificação das causas e a
compreensão dos processos de degradação são essenciais para o sucesso de
programas de manutenção ou recuperação da produtividade das pastagens
(Dias Filho, 2005). As pastagens são consideradas em degradação quando a
produção de forragem é insuficiente para manter um determinado número de
animais, em uma mesma área, por um certo período de tempo. Entretanto,
quando a disponibilidade de MS diminui sensivelmente, a ponto de ser notada
através da redução da carga animal, a planta forrageira já reduziu
drasticamente o sistema radicular, o perfilhamento, a expansão de novas
folhas e os níveis de reservas de carboidratos nas raízes e base dos colmos.
Desse modo, o sucesso na recuperação de pastagens degradadas depende da
eficiência com que se restabelece o sistema radicular, o perfilhamento e os
demais mecanismos que a planta utiliza para prolongar sua persistência.
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A definição dos limites para a estabilidade produtiva das pastagens deve


ser estabelecida em função das condições ecológicas regionais. Para tanto,
conceitos e referenciais de manejo como pressão de pastejo, altura da
pastagem, massa de forragem, períodos de descanso e de ocupação podem
ser decisivos para o sucesso da exploração pecuária. Após a implantação de
pastagens na Amazônia e sua posterior utilização através dos anos, sob
condições do manejo tradicional, anualmente 15% das pastagens da Amazônia
atinge o nível crítico da fase de boa produtividade (entre 3 e 5 anos após a
implantação); 18% atinge o nível crítico da fase de produtividade regular
(entre 5 e 9 anos após o estabelecimento); e 6% chegam ao ponto extremo da
fase de degradação (entre 7 e 15 anos após a formação), como se observa na
Figura 4. Desde que sejam adotadas práticas de manejo compatíveis com a
manutenção do equilíbrio do sistema solo-planta-animal, parece razoável
estimar entre 8 e 10 anos a vida útil da pastagem, tornando-se desnecessário,
neste período, a utilização de procedimentos intempestivos ou emergenciais
visando a assegurar sua produtividade e persistência.

Figura 4. Esquema das perdas de produtividade de pastagens estabelecidas em área de


Floresta Amazônica, após a derrubada e queima (Toledo & Serrão, 1984).
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As causas da degradação, normalmente, estão relacionadas com fatores


decorrentes do estabelecimento e manejo das pastagens, sendo as mais
importantes:

1.Utilização de germoplasma forrageiro com baixa adaptabilidade às


condições edafoclimáticas locais;
2.Tipo de solo: características químicas (acidez e fertilidade do solo), físicas
(estrutura, densidade aparente, porosidade, textura, taxas de infiltração de
água, profundidade) e microbiológicas (biomassa e atividade microbiana);
3.Falhas no estabelecimento das pastagens (preparo, correção e adubação
do solo; uso de sementes com baixo valor cultural; densidade, sistemas e
métodos de plantio inadequados; manejo inicial precoce e com utilização
excessiva de animais);
4.Manejo e práticas culturais (uso rotineiro do fogo para remoção da
forragem não consumida ou controle de plantas invasoras; métodos, épocas
e excesso de roçagens; ausência ou aplicação insuficiente de fertilizantes
para suprir as necessidades nutricionais das plantas forrageiras; adoção de
práticas inadequadas de conservação do solo);
5.Ocorrência de pragas, doenças e plantas invasoras;
6.Manejo das pastagens (superpastejo; períodos curtos de descanso ou
incompatíveis com a curva de crescimento das plantas forrageiras);
7.Fatores abióticos (excesso ou falta de chuvas; drenagem deficiente;
compactação do solo).
A velocidade em que ocorre o processo de degradação depende da
fertilidade do solo, presença de pragas e enfermidades e do manejo adotado
(Toledo & Serrão, 1984). O declínio tende a ser mais rápido em solos de
textura mais argilosa (Serrão et al., 1979). Pastagens com alto requerimento
de nutrientes degradam mais rapidamente que pastagens com menores
requerimentos (Toledo & Serrão, 1984). O efeito compactante do animal em
pastejo, normalmente, se restringe aos 10 cm iniciais do solo e ocorre apenas
em áreas em que se observa uma diminuição drástica da cobertura vegetal,
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com a conseqüente diminuição do crescimento radicular e por altas pressões


de pastejo durante períodos com alta umidade do solo. Na maioria das áreas
de pastagens que apresentam aspecto de compactação, a adubação e a
vedação parecem ser suficientes para reverter o processo de compactação. A
ocorrência de plantas invasoras, compactação e erosão do solo são problemas
secundários e ocorrem devido à perda da capacidade competitiva das
pastagens causada pela redução na fertilidade do solo (Spain & Gualdrón,
1991). As principais causas e sinais da degradação das pastagens e suas
interrelações são mostradas na Figura 5.

Manejo
inadequado Escolha errônea
da planta
Falhas na
forrageira
formação
do pasto

Debilidade das plantas


forrageiras

Densidade de plantas forrageiras e Produção de


cobertura do solo forragem

Plantas Produtividade animal


Compactação
invasoras

Desaparecimento Erosão
da fauna do solo
Descapitalização
do produtor

Figura 5. Principais causas e sinais de degradação de pastagens com suas interrelações


(Rodrigues et al., 2000).
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4. Sinais da degradação das pastagens

A degradação da pastagem é um processo evolutivo da perda de vigor,


da produtividade e da capacidade de recuperação natural das pastagens para
sustentar os níveis de produção e qualidade exigidas pelos animais, assim
como, o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e plantas invasoras,
culminando com a degradação avançada dos recursos naturais, em razão de
manejos inadequados (Macedo & Zimmer, 1993). A degradação pode ser
constatada com a redução na produção e valor nutritivo da forragem, mesmo
durante as épocas favoráveis ao seu crescimento (Carvalho, 1993). Por sua
vez, Spain & Gualdrón (1991) caracterizaram a degradação da pastagem,
como uma diminuição considerável na produtividade potencial, dada às
condições bióticas e abióticas a que a planta forrageira está submetida.

Os sinais da degradação de pastagens nem sempre são visíveis, o que


torna difícil detectar a primeira causa da degradação, pois ela provoca uma
reação em cadeia. Segundo Soares Filho (1993), com o processo de
degradação das pastagens a produção de forragem diminui, observando-se a
redução na qualidade e quantidade de forragem, mesmo nas épocas favoráveis
ao seu crescimento. A freqüência de plantas invasoras, a densidade de plantas
forrageiras e o percentual de cobertura de solo pelas plantas desejáveis são
parâmetros que podem ser utilizados para avaliação e escolha do método
adequado de recuperação ou de renovação. A degradação das pastagens em
seus estágios mais avançados caracteriza-se pela modificação na dinâmica da
comunidade vegetal, onde as espécies desejáveis (plantas forrageiras) cedem
lugar a outras, de menor ou quase nenhum valor forrageiro, e pelo declínio na
produtividade de forragem, com reflexos na produção animal. Contudo, para
Vieira & Kichel (1995), em termos práticos, com base no conhecimento do
potencial produtivo de uma dada planta forrageira, o grau de degradação da
pastagem pode ser facilmente avaliado pela observação de algumas
características, como:
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a)Disponibilidade de forragem: pastos baixos, com escasso material


disponível;
b)Capacidade de rebrota: produção de MS não reage à vedação
prolongada, mesmo sob condições climáticas favoráveis;
c)Cobertura vegetal: presença de áreas sem vegetação;
d)Taxa de lotação: muito baixa para o potencial da planta forrageira;
e)Ganho de peso dos animais: abaixo do possível para a categoria;
f)Plantas invasoras e pragas: infestação por plantas invasoras e eventual
aparecimento de pragas;
g)Propriedades do solo: compactação, sinais de erosão e de deficiências
nutricionais.

O estabelecimento de critérios para a avaliação do estágio de degradação


das pastagens cultivadas é complexo, considerando-se a grande diversidade
das características morfofisiológicas das plantas forrageiras e dos ecossistemas
em que são cultivadas (Nascimento Júnior et al., 1994). A Escola Americana de
Manejo de Pastagem Nativa sugere a utilização de quatro classes de condição
da pastagem, sendo que a produtividade da planta forrageira em cada situação
pode estar:
1.Excelente: quando produz 75 a 100% de toda a forragem, sob um
manejo prático e adequado;
2.Boa: quando produz 50 a 75% de toda a forragem;
3.Razoável: quando produz 25 a 50% de toda a forragem;
4.Pobre: quando produz menos que 25% de toda a forragem.

Para pastagens cultivadas, notadamente as de Brachiaria decumbens, a


época de avaliação é considerada muito importante por Nascimento Júnior et
al. (1994), que propõem uma escala de classificação dos estádios de
degradação, para ser utilizada durante o período favorável de crescimento da
pastagem, na qual são consideradas a produtividade de forragem, a
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

composição botânica, a relação folha/caule, a densidade e altura das plantas,


além da presença de evidências de processos erosivos do solo. Dessa forma,
têm-se as seguintes classificações;

a)Excelente: produção de matéria seca verde (MSV) igual a 2.500 kg/ha;


presença de mais de 75% da braquiária na composição botânica; altura
média das plantas maior que 40 cm e relação folha/colmo maior que 1;
b)Boa: produção de MSV entre 2.500 e 1.500 kg/ha; a braquiária deve
estar presente entre 50 e 75% na composição botânica; altura média das
plantas em torno de 40 cm e relação folha/colmo em torno de 1;
c)Razoável: produção de MSV entre 1.500 e 750 kg/ha; a braquiária é a
espécie com participação entre 25 e 50% da composição botânica; altura
média das plantas inferior a 40 cm; relação folha/colmo sempre abaixo de 1
e sinais iniciais de erosão laminar causada pelas chuvas;
d)Pobre: produção de MSV inferior a 750 kg/ha; participação da braquiária
inferior a 25% da composição botânica da pastagem; altura média das
plantas inferior a 40 cm e sinais evidentes de erosão laminar causada pelas
chuvas.

Os graus de degradação (fator qualitativo) da pastagem e a sua


vinculação com a perda da produtividade da pastagem (fator quantitativo)
foram estabelecidos por Spain & Gualdrón (1991). Outro critério foi proposto
por Barcellos (1990), utilizando quatro graus de degradação, os quais
complementam aqueles sugeridos por Spain & Gualdrón (1991), como se
observa nas Tabelas 2 e 3.
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Tabela 2. Estágios de degradação de pastagens conforme parâmetros


restritivos e nível de deterioração.

Estágio de Declínio na
Parâmetros restritivos Grau
degradação produtividade (%)

1 Vigor e qualidade da planta forrageira <25 Leve

2 1+ Pequena população de plantas 25-50 Moderado

3 1+2+Plantas Invasoras 50-75 Forte

4 1+2+3+Formigas e cupins >75 Muito forte

5 1+2+3+4+ Fraca cobertura do solo >75 Muito forte

6 1+2+3+4+5+Erosão >75 Muito forte

Fonte: Spain & Gualdrón (1991).


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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Tabela 3. Graus de degradação de pastagens cultivadas, em função da


produtividade de forragem e dinâmica da cobertura vegetal.

Graus de
Caracterização
degradação

- Declínio na produtividade de forragem menor que


25%, com perda de vigor e qualidade; redução na
Grau 1
altura e volume das plantas durante a época
Degradação Leve
favorável de crescimento, principalmente por
restrições de nutrientes, tais como N, P e K.

- Declínio na produtividade de forragem entre 25 a


Grau 2 50%; diminuição na área coberta pela vegetação;
Degradação Moderada reduzido número de novas plantas forrageiras;
pequena população de plantas invasoras.

- Declínio na produtividade entre 50 e 75%;


Grau 3 aparecimento de plantas invasoras de folhas largas e
Degradação Forte início dos processos erosivos do solo pela ação das
chuvas.

- Declínio na produtividade superior a 75%;


Grau 4 presença, em alta proporção de plantas invasoras;
Degradação Muito aparecimento de gramíneas nativas; ocorrência de
Forte formigas e cupins; pouca cobertura do solo,
ocasionando erosão hídrica e eólica.

Fonte: Barcellos (1990); Spain & Gualdrón (1991).

5. Técnicas de Recuperação de Pastagens

A escolha da técnica de recuperação de pastagens mais adequada


depende do diagnóstico sobre a situação real da pastagem degradada, da
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disponibilidade ou possibilidade da utilização de implementos e insumos, do


nível tecnológico adotado e da estrutura da propriedade. Na prática, os
termos: recuperação, reforma e renovação de pastagens são usados como
sinônimos, contudo, tecnicamente eles possuem significados diferentes.
Entende-se por recuperação a utilização de práticas culturais e/ou
agronômicas, visando ao restabelecimento da cobertura do solo e do vigor das
plantas forrageiras na pastagem (adubações de manutenção; vedação ou
diferimento das pastagens; controle de plantas invasoras; sobressemeadura da
espécie existente e/ou de leguminosas, arborização das pastagens).

Na reforma realiza-se um novo estabelecimento da pastagem, com a


mesma espécie e, geralmente, com a utilização de máquinas e implementos
(movimentação física do solo), correção da acidez e da fertilidade do solo;
implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta e/ou
silvipastoris. A renovação consiste na utilização da área degradada para a
formação de uma nova pastagem com outra espécie forrageira, geralmente
mais produtiva e adaptada às condições locais, com a adoção de práticas mais
eficientes de melhoria das características físico-químicas do solo
(descompactação do solo; calagem, adubação de estabelecimento e de
manutenção) e uso mais racional da pastagem (Rodrigues et al., 2000).

Neste contexto, a integração lavoura-pecuária-floresta surge como uma


das alternativas mais viáveis, considerando-se a sustentabilidade produtiva e a
economicidade do processo. As principais causas de degradação de pastagens
e as possíveis estratégias para sua recuperação estão relacionadas na Tabela
4.
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Tabela 4. Principais causas de degradação de pastagens e as possíveis


estratégias para a sua recuperação.

Causas Estratégias*
- Germoplasma (para b, c, d, e)
a. Perda da fertilidade do solo (N, P,
- Uso de leguminosas (a, c, d)
K, Ca, Mg, S)
b. Instabilidade gramínea -
- Manejo do pastejo (b, c, d, e)
leguminosa
- Adubação de manutenção (a, b,
c. Plantas invasoras
c, d)
d. Falta de cobertura, compactação e - Tratamentos físicos do solo (b, c,
erosão do solo d)
- Integração lavoura x pecuária
e. Pragas
(a, c, d, e)
- Implantação de sistemas
silvipastorís (a, b, c, d, e)
* Letras entre parênteses indicam as causas de degradação da pastagem que
se corrige com determinada estratégia. Fonte: Spain & Gualdrón (1991).

5.1. Recuperação direta sem movimentação do solo

A degradação ocorreu devido ao manejo inadequado da pastagem o que


implicou na baixa produtividade e qualidade da forragem disponível, vigor de
rebrota insatisfatório para assegurar a sua competitividade, contudo a planta
forrageira está adaptada às condições edafoclimáticas locais e apresenta uma
boa cobertura do solo (maior que 75%), sendo a capacidade de suporte
superior a 1,0 UA/ha (UA = 450 kg de peso vivo). A ocorrência de plantas
invasoras é menor que 25% e não há sinais de compactação ou erosão do solo,
apesar da constatação de deficiências nutricionais. Nesta situação recomenda-
se o ajuste das práticas de manejo da pastagem, a calagem, a adubação e o
controle de plantas invasoras e de pragas, notadamente as cigarrinhas-das-
pastagens.
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

5.2. Recuperação direta com movimentação mínima do solo

Recomendada quando forem diagnosticadas baixa produtividade e


qualidade da forragem disponível, capacidade de suporte inferior a 1,0 UA/ha,
vigor de rebrota insuficiente para assegurar a persistência das plantas,
simultaneamente com a ocorrência de até 40% de plantas invasoras,
deficiências nutricionais do solo e sinais de sua compactação. Nesta situação
recomenda-se a ressemeadura da gramínea ou vedação da pastagem para a
produção de sementes, o ajuste das práticas de manejo da pastagem, a
calagem, a adubação e o controle de plantas invasoras e de pragas,
notadamente as cigarrinhas-das-pastagens, além da utilização de métodos
físicos (aração, gradagem, subsolagem ou escarificação), visando a remover os
efeitos negativos da compactação do solo.

5.3. Recuperação direta com movimentação total do solo

Recomendada quando forem diagnosticadas baixa produtividade e


qualidade da forragem disponível, capacidade de suporte inferior a 0,5 UA/ha,
vigor de rebrota insuficiente para assegurar a persistência das plantas, número
reduzido de novas plantas da gramínea pela ausência de banco de sementes,
simultaneamente com a ocorrência de até 60% de plantas invasoras, altas
percentagens de áreas descobertas, deficiências nutricionais do solo, sinais
evidentes de sua compactação e ocorrência de processos erosivos. Nesta
situação recomenda-se o completo preparo do solo (aração, gradagem,
subsolagem ou escarificação) para a ressemeadura da mesma gramínea ou sua
substituição por outra mais produtiva e adaptada às condições locais; ajuste
das práticas de manejo da pastagem, calagem, adubação, introdução de
leguminosas, arborização da pastagem, sistemas silvipastoris, controle de
plantas invasoras e de pragas, além de medidas para o controle da erosão.
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

5.4. Renovação através da integração lavoura-pecuária

Recomendada quando a pastagem original atinge um estágio de


degradação em que torna-se impossível, técnica e economicamente, a sua
recuperação. Nesta situação a percentagem da gramínea é inferior a 25%, a
ocorrência de plantas invasoras maior que 60%, simultaneamente com altas
percentagens de áreas descobertas, inexistência de banco de sementes da
gramínea e sinais acentuados de processos erosivos do solo. Neste contexto, a
alternativa mais prática seria a utilização da integração lavoura-pecuária, a
qual possibilita a amortização total ou parcial dos custos de renovação, através
da comercialização dos grãos produzidos e do aproveitamento do efeito
residual da correção e adubação do solo pela pastagem.

6. Práticas para a Recuperação de Pastagens

6.1. Germoplasma forrageiro: na Amazônia, as pastagens cultivadas


representam a principal fonte econômica para a alimentação dos rebanhos. A
baixa disponibilidade e valor nutritivo da forragem, durante o período seco, são
fatores limitantes à produção animal, implicando um baixo desempenho
zootécnico, causando a perda de peso ou a redução drástica na produção de
leite. A formação de extensas áreas de pastagens monoespecíficas se
contrapõe a diversidade dos ecossistemas naturais das florestas tropicais
úmidas, já que, uma vez rompido o equilíbrio ecológico, há o favorecimento
para a proliferação da população de diversos organismos (insetos, fungos,
bactérias, vírus, nematóides e plantas invasoras), que se constituem em
fatores que contribuem para a instabilidade e degradação destas áreas de
pastagens.

A seleção de plantas forrageiras adaptadas às diversas condições


edafoclimáticas da região representa a alternativa mais viável para a melhoria
da alimentação dos rebanhos, notadamente durante o período de estiagem,
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

proporcionando incrementos significativos na produção de carne e leite, além


de aumentar a capacidade de suporte das pastagens. As plantas forrageiras
introduzidas e avaliadas, nos últimos 30 anos, foram selecionadas
considerando-se as características apresentadas (Tabela 5) por Veiga &
Tourrand (2001).

Tabela 5. Características desejáveis na escolha de plantas forrageiras para a


formação de pastagens na Amazônia.

Características Desejáveis Vantagens Comparativas


- Resistência a pragas e  Diminuição do risco de perda total e
doenças maior sobrevivência
 Menor demanda de fertilizantes para
- Tolerância à baixa fertilidade manutenção e maior competitividade com
do solo as plantas invasoras em condições de
baixo uso de insumos
 Maior competitividade com as plantas
- Boa cobertura do solo invasoras e maior proteção do solo (menor
erosão)
 Maior produção de forragem no verão,
- Tolerância à seca
diminuindo a variação estacional
- Boa produção de sementes  Maior capacidade de reprodução e
viáveis competitividade com as plantas invasoras
 Maior persistência sob condições
- Tolerância a altas lotações adversas de manejo e maior produção por
área
 Geralmente melhor valor nutritivo e
- Alta relação folha/colmo
maior produção animal
 Maior capacidade de suporte e maior
- Boa produção de forragem
produção animal por área
 Maior produção por animal e por área
- Bom valor nutritivo
Fonte: Veiga & Tourrand (2001).
A diversificação de espécies forrageiras nas pastagens não aumenta os
custos de produção, apenas proporciona maior racionalização no processo de
produção de forragem. Ademais, os riscos de ocorrência de pragas e doenças
que podem atacar uma espécie são diluídos ou até eliminados. A exploração do
potencial de produção das diferentes espécies e de suas características
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

agronômicas específicas elimina a necessidade de adoção do fogo como prática


de manejo das pastagens cultivadas. A seguir são apresentadas as
características agronômicas das gramíneas e leguminosas forrageiras que se
destacaram como promissoras, por apresentarem altas produções de
forragem, persistência, tolerância a pragas e doenças e competitividade com
as plantas invasoras. Um resumo das principais características agronômicas
das gramíneas e leguminosas forrageiras recomendadas para a formação e/ou
renovação de pastagens na Amazônia está apresentado nas Tabelas 6 e 7.

Tabela 6. Características agronômicas das gramíneas forrageiras


recomendadas para formação de pastagens na Amazônia.

Exigência Tolerância a
Gramíneas Palatabilidade
em solo Umidad Sombra Cigarrinhas
Seca
Adropogon gayanus cv. e
Baixa Alta Baixa Baixa Alta Média/alta
Planaltina
Brachairia brizantha cv.
Média/alta Média Baixa Alta Alta Média/alta
Marandu
B. brizantha cv. Xaraés Média/altaMédia Baixa Alta Média Média/alta
B. dictyoneura Baixa Alta Média Alta Média Média
B. humidicola Baixa Alta Alta Alta Média Média
Panicum maximum cv. Baixa/médi
Média/alta Baixa Média Média Alta
Centenário a
Baixa/médi
P. maximum cv. Massai Média/alta Baixa Média Média Média/alta
a
Baixa/médi
P. maximum cv. Mombaça Alta Baixa Média Média Alta
a
P. maximum cv. Tanzânia- Baixa/médi
Alta Baixa Média Média Alta
1 a
Baixa/médi
P. maximum cv. Tobiatã Alta Baixa Baixa Média Alta
a
Baixa/médi
P. maximum cv. Vencedor Alta Baixa Média Média Alta
a
Paspalum atratum cv. Baixa/médi
Baixa Alta Alta Alta Média
Pojuca a
Média/alt
Setaria sphacelata Média Média Média Alta Média
a
Fontes: Costa et al. (2007); Kichel & Kichel (2001)
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Tabela 7. Características agronômicas das leguminosas forrageiras


recomendadas para formação de pastagens na Amazônia.

Exigência Tolerância a
Leguminosas Palatabilidade
em solo
Seca Umidade Sombra
Arachis pintoi Média/alta Baixa Alta Alta Alta
Calapogonium
Baixa Baixa Média Média Baixa/média
mucunoides
Cajanus cajan Alta Média Baixa Baixa Alta
Centrosema acutifolium Baixa/média Média Média Alta Alta
C. brasilianum Baixa/média Média Média Alta Alta
C. macrocarpum Baixa/média Média Média Alta Alta
Desmodium ovalifolium Baixa Alta Média Alta Baixa/média
Baixa/médi
Leucaena leucocephala Alta Baixa Média Alta
a
Baixa/médi
Pueraria phaseoloides Baixa Média Alta Média/alta
a
Stylosanthes capitata cv.
Baixa Alta Baixa Média Alta
Lavradeiro
S. guianensis cv. Mineirão Baixa Alta Baixa Média Alta
S. capitata x S.
macrocephala cv. Campo Baixa Alta Baixa Média Alta
Grande
Fontes: Costa et al. (2007); Kichel & Kichel (2001)

6.2. Manejo de formação: a utilização intensa das pastagens, logo após o


seu estabelecimento pode comprometer sua produtividade e diminuir sua vida
útil. Se o plantio foi bem sucedido e ocorreu boa emergência de plantas,
aproximadamente 3 a 4 meses após, quando a espécie forrageira atingir uma
altura aproximada de 30-40 cm (plantas prostradas) e 60-100 cm (plantas
cespitosas), faz-se um pastejo inicial e rápido com uma carga animal de 4 a 6
UA/ha, preferencialmente utilizando-se animais jovens, visando a consolidar o
sistema radicular e estimular novas brotações, contribuindo também para
maior cobertura do solo. Segue-se a limpeza das plantas invasoras, replantio
das áreas descobertas e descanso das pastagens até o completo
estabelecimento. No entanto, recomenda-se não iniciar a utilização do pasto
durante a primeira estação chuvosa. Quando a densidade de plantas muito
baixa é desejável deixar que estas cresçam livremente para a produção de
sementes e, então, dar-se-á um pastejo para que os animais auxiliem na
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queda e distribuição das sementes em toda a área, favorecendo a sua


ressemeadura natural na estação chuvosa seguinte (Costa, 2004; Costa et al.,
2007). Para gramíneas com sementes grandes (B. decumbens, B. ruzziensis e
B. brizantha), 15 a 20 plântulas/m2 são suficientes para asseguras uma boa
formação da pastagem. No caso de espécies que apresentam sementes
pequenas (A. gayanus, B. humidicola, P. maximum, S. sphacelata e P.
atratum) ou de estabelecimento mais lento, recomenda-se 40 a 50
2
plântulas/m (Kichel et al., 1997).

6.3. Manejo da pastagem: a carga animal ou intensidade de desfolha influi


na utilização da forragem produzida, estabelecendo uma forte interação com a
disponibilidade de forragem, como conseqüência do crescimento das plantas,
da desfolha e do consumo pelos animais. O superpastejo determina um
crescimento reduzido da parte aérea, com correspondente redução do sistema
radicular, diminuição da capacidade de absorção de água e nutrientes, com
reflexos negativos na produção e qualidade da forragem e abertura de espaços
para o crescimento de plantas invasoras. O subpastejo favorece a seletividade
dos animais por determinadas espécies, que sendo constantemente
desfolhadas, acabam eliminadas, enquanto outras, de menor aceitabilidade,
passam a dominar o estande. Após o pastejo, metabólitos e/ou fotoassimilados
para produção de novos afilhos, folhas e raízes provêm da fotossíntese ou de
reservas orgânicas previamente acumuladas nas raízes e pontos de
crescimento durante o intervalo entre desfolhas. Deste modo, os sistemas de
pastejo devem ser adotados visando proporcionar à planta forrageira condições
para a rebrota rápida e vigorosa.

Independentemente do método de pastejo, sob lotação contínua ou


rotativa, a pressão de pastejo ou oferta de forragem é o principal fator que
determina o sucesso ou insucesso no manejo de uma pastagem. Partindo-se
do princípio em que os demais componentes do sistema não sejam limitantes,
a máxima produção por animal (p.e. kg de leite/vaca) é determinada pelo
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

valor nutritivo (qualidade) da forragem disponível e a máxima produção por


área (kg de leite/ha = kg de leite/vaca x número de vacas/ha) é função da
quantidade de forragem disponível na pastagem. A máxima produção por
animal e por área não pode ser atingida simultaneamente. No manejo da
pastagem deve-se procurar manter a pressão de pastejo e/ou oferta de
forragem em níveis que, embora não representem o máximo ganho por
animal, propiciem os maiores ganhos por área (zona de amplitude ótima),
pois, desta forma, a pastagem estará expressando o seu potencial
produtivo, ou seja, conciliando elevada produção de forragem com alto valor
nutritivo (Figura 6).

O máximo ganho por animal ocorre quando a pressão de pastejo é baixa


e/ou a oferta de forragem é alta, o que propicia o pastejo seletivo por parte
dos animais (área de subpastejo); em casos extremos o desempenho animal
poderá ser prejudicado, devido ao decréscimo na qualidade da forragem, em
função do acúmulo de material senescente. À medida que a pressão de pastejo
vai aumentando e/ou a oferta de forragem vai diminuindo o ganho/área é
crescente e o por animal é decrescente; inicialmente as taxas são pequenas,
mas com o aumento na restrição de forragem disponível as taxas de
decréscimo passam a ser maiores, até ser atingido o ponto em que tanto o
ganho/área como por animal, passam a ser decrescentes (área de
superpastejo), chegando-se ao platô em que os ganhos são nulos (Mott,
1960). Um dos fatores que limitam o manejo de pastagens com base na
pressão de pastejo e/ou oferta é a determinação da disponibilidade de
forragem, pois as técnicas tradicionais de corte e pesagem da forragem são
onerosas (mão-de-obra, tempo, custo), embora as metodologias de dupla
amostragem, que procuram correlacionar amostragens de corte com
estimativas visuais, realizadas por avaliadores treinados, representem um
grande avanço neste sentido.
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Figura 6. Relação da pressão de pastejo (n) com o ganho por animal (g) e o ganho por unidade de
área (G)(Mott, 1960).

A estimativa da disponibilidade de forragem em uma pastagem a partir


da altura de plantas é uma alternativa relativamente simples e prática,
podendo ser adotada desde que a densidade e a composição botânica estejam
adequadas, já que estas variáveis guardam uma estreita correlação entre si.
Para as condições edafoclimáticas da Amazônia, as alturas mínimas
recomendadas para o manejo da desfolha, sob lotação rotativa das principais
gramíneas forrageiras cultivadas são apresentadas na Tabelas 8.
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Tabela 8. Alturas recomendadas como indicadoras da pressão de pastejo


consideradas ótimas para gramíneas forrageiras tropicais, nas condições
edafoclimáticas da Amazônia.

Alturas mínimas de pastejo


Gramíneas
Entrada Saída
A. gayanus cv. Planaltina 80-120 30-40
B. brizantha cvs. Marandu, Xaraés 50-60 25-30
B. decumbens, B. ruziziensis 30-40 15-20
B. dictyoneura, B. humidicola 25-30 10-15
C. dactylon, C. nlemfluensis 25-30 10-15
P. maximum cvs. Tobiatã,
100-120 40-50
Mombaça
P. maximum cvs. Tanzânia,
80-120 30-40
Centenário, Vencedor
P. maximum cv. Massai 50-70 20-25
P. atratum cv. Pojuca 40-60 15-20
S. sphacelata 80-100 25-30

6.3.1. Subdivisão das pastagens: a divisão racional das pastagens em


piquetes com área máxima de 25 ha, além de facilitar o manejo das pastagens
e do rebanho, propicia o máximo aproveitamento da forragem produzida,
evitando o desperdício pelo subpastejo ou o rebaixamento excessivo das
plantas pelo superpastejo. No caso de adoção do sistema de pastejo com
lotação rotativa, deve-se considerar que: os ciclos de pastejo deverão ser
regulados para propiciar uma perfeita recuperação das pastagens e acúmulo de
reservas, conciliando a produção e qualidade da forragem; em geral, períodos
curtos de descanso propiciam forragem de melhor qualidade, no entanto,
podem comprometer a longevidade das pastagens, principalmente quando
associados a períodos longos de ocupação. O emprego de cerca elétrica
contribui significativamente na redução dos custos de implantação desses
sistemas, já que representam aproximadamente 40 a 70% dos investimentos
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na construção das cercas convencionais, sendo uma excelente alternativa para


subdivisão das pastagens.

O número de divisões varia de acordo com as categorias animais


existentes no rebanho e do sistema de pastejo adotado (lotação contínua,
alternada ou rotativa). Em geral, módulos constituídos por 8 a 12 piquetes são
adequados para a maioria das situações. O tamanho das divisões depende de
cada rebanho (número de animais por categoria animal) e da capacidade de
suporte das pastagens. A distribuição e a forma das divisões devem ser
compatíveis com a disponibilidade das aguadas naturais existentes na
propriedade, de tal maneira que proporcione o deslocamento dos animais por
toda a área, sempre visando à economia de cercas. O número de subdivisões
(piquetes) a ser adotado em um sistema de pastejo sob lotação rotativa é
definido pela fórmula:

Período de descanso
Número de subdivisões = + 1
Período de ocupação

Recomenda-se, sempre que possível, acrescentar mais algumas


subdivisões, para se ter maior flexibilidade no manejo e como precaução nos
períodos de escassez de forragem. Um grande número de divisões, além de
onerar os custos com construção de cercas, bebedouros etc., não se traduz em
aumentos significativos nos períodos de descanso das pastagens.

Como indicativos podem ser adotados ciclos de pastejo de 1 a 7 dias de


utilização, conforme a estação do ano e condições das pastagens. Em
condições normais, períodos de descanso oscilando entre 21 a 49 dias
permitem o pleno restabelecimento, da maioria das gramíneas forrageiras
tropicais (Tabela 9). Menores intervalos entre pastejos poderão ser adotados,
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desde que as condições de solo e clima sejam favoráveis e seja mantida boa
quantidade de tecido folhar remanescente. Em geral, o período de pastejo não
deve ultrapassar 7 dias, pois à medida que prolonga-se o pastejo, há o risco de
os animais passarem a consumir as novas brotações, o que pode comprometer
a persistência das pastagens. Quanto menor o tempo de permanência dos
animais na pastagem, melhor será o aproveitamento da forragem disponível.

Tabela 9. Períodos de descanso recomendados para o manejo das principais


gramíneas forrageiras, sob lotação rotativa, nas condições edafoclimáticas de
Amazônia.

Gramíneas Períodos de descanso (dias)


A. gayanus cv. Planaltina 28 – 42
B. brizantha cv. Marandu, Xaraés 28 – 35
B. decumbens, B. ruziziensis 24 - 35
B. dictyoneura, B. humidicola 21 - 28
C. dactylon, C. nlemfluensis 21 - 28
P. maximum cvs. Tobiatã, Mombaça 28 - 42
P. maximum cvs. Tanzânia, Centenário,
28 - 35
Vencedor
P. maximum cv. Massai 28 - 35
P. atratum cv. Pojuca 21 - 28
P. purpureum cvs. Cameroon, Pioneiro 35 - 49
S. sphacelata 35 - 42

6.3.2. Descanso da pastagem: a vedação ou o diferimento deve ser


realizado em épocas estratégicas, como florescimento e frutificação da(s)
espécie(s) forrageira(s) desejada(s), bem como, na fase de germinação das
sementes e desenvolvimento das novas plantas, visando à restauração da área
coberta com a pastagem; outra alternativa seria a utilização menos intensa ou
parcial de alguns piquetes durante os últimos meses do período de chuvas,
com vistas a armazenar forragem para a alimentação do rebanho durante o
período seco, prevendo-se uma área de 0,5 a 1,0 ha/animal e a manutenção
de uma disponibilidade mínima de 1.500 kg de MS/ha. Em geral, recomenda-
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se que do total a ser diferido, 1/3 das pastagens seja diferido 90 dias antes do
final do período chuvoso; 1/3, 60 dias após e o restante, 30 dias antes do
início do período seco. De modo a obter-se forragem com melhor valor
nutritivo, as pastagens diferidas há mais tempo deverão ser utilizadas no início
do período seco e, assim subseqüentemente, em função do tempo de
diferimento da pastagem.

6.3.3. Ajuste de Manejo: quando for detectado o superpastejo, reduzir a


carga animal, podendo ser ajustada com base na capacidade de suporte das
pastagens durante o período seco.

6.4. Calagem e adubação: na Região Amazônica, uma grande proporção de


seus solos apresenta elevada acidez, baixa disponibilidade de P e uma alta
saturação de Al, o que implica em baixos rendimentos de forragem e,
conseqüentemente dos índices de produtividade animal. Em alguns casos, a
capacidade de fixação de P é alta e sua absorção pelas plantas é baixa,
tornando-se necessária a aplicação de doses relativamente altas, de modo a
satisfazer os requerimentos nutricionais das plantas forrageiras. A baixa
disponibilidade deste nutriente tem sido identificada como a principal causa
para a instabilidade das pastagens cultivadas na Amazônia. O alto
requerimento de P pelas gramíneas e/ou leguminosas cultivadas, associadas
com perdas pela erosão, retirada pelos animais em pastejo e a competição que
as plantas invasoras exercem, implica na queda de produtividade e a
conseqüente degradação das pastagens (Costa, 2004; Costa et al., 2007; Dias
Filho, 2005). Trabalhos realizados na Amazônia, com o objetivo de avaliar os
efeitos da adição ou omissão de macro e micronutrientes na produção de
diversas gramíneas (B. decumbens, B. brizantha cv. Marandu, B. humidicola,
Hyparrhenia rufa, P. maximum cv. Centenário e P. atratum cv. Pojuca) e
leguminosas forrageiras (S. guianensis, C. pubescens e D. ovalifolium),
consistentemente demonstraram que o P foi o nutriente mais limitante, cuja
ausência na adubação completa proporcionou drásticas reduções no rendimento
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de forragem. Os efeitos de K, S, calagem e micronutrientes foram menos


acentuados (Tabela 10).

Tabela 10. Produção relativa (%) de forragem de gramíneas e leguminosas com


adubação completa menos um nutriente e sem adubação, em áreas de pastagens
da Amazônia.

Brachiaria Hyparrhenia Panicum Paspalum


Adubação Leguminosas
decumbens brizantha humidicola rufa maximum atratum

Completo
100 100 100 100 100 100 100
(C)*
C-P 47 48 56 45 16 22 55
C-K 70 42 74 84 59 54 60
C-S 62 68 84 53 37 44 77
C - Calcário 75 70 95 72 63 75 79
C - FTE BR-
73 77 92 67 96 90 59
12
Testemunha 54 17 70 44 15 20 46
Fontes: Costa (2004); Costa et al. (2007).
* Completo = P + K + S + Calcário + FTE BR-12.
P = 100 kg de P2O5/ha (superfosfato triplo).
K = 100 kg de K2O/ha (cloreto de potássio).
S = 50 kg de S/ha (enxofre elementar).
Calcário = 1.000 kg de calcário dolomítico/ha (PRNT = 100%).
FTE BR-12 = 30 kg/ha (mistura comercial de micronutrientes).

A calagem e a adubação serão recomendadas conforme os resultados de


análise de solo e as exigências nutricionais da(s) espécie(s) forrageira(s)
existente(s) ou a ser(em) introduzida(s), considerando, também, o nível de
produtividade a ser atingido e sua economicidade. A adubação de manutenção
será estabelecida a partir do monitoramento da fertilidade do solo e dos níveis
de disponibilidade de forragem da pastagem, concomitantemente com os
índices de produtividade animal. Para a calagem, como indicativo, podem-se
utilizar as recomendações contidas na Tabela 11. A fertilização fosfatada
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consiste numa prática indispensável à recuperação da capacidade produtiva


das pastagens. Em geral, aplicações periódicas entre 50 a 100 kg de P2O5/ha,
no mínimo a cada dois anos, resultam, em pelo menos, um incremento
superior a 50% na produção de forragem em pastagens degradadas (Tabela
12). Andrade et al. (2002) propuseram uma recomendação geral para a
adubação fosfatada de pastagens degradadas da Amazônia, em função dos
teores de argila e de fósforo do solo (Tabela 13). A utilização de fosfatos de
rocha, como fonte de P, surge como uma alternativa tecnicamente viável,
considerando-se que sua eficiência agronômica, notadamente as taxas de
dissolução, são estimuladas pela acidez do solo. Geralmente, estes apresentam
menor custo unitário e maior efeito residual, podendo ser utilizados em
combinação com uma fonte mais solúvel, a qual forneceria, a curto prazo, o P
necessário para o rápido crescimento inicial, período crítico de competição com
as plantas invasoras. A fonte menos solúvel (fosfato de rocha) liberaria o P
paulatinamente, possibilitando maior persistência da pastagem (Tabela 14).
Para o K, aplicações entre 40 a 60 kg de K2O/ha atendem aos requerimentos
nutricionais da maioria das plantas forrageiras.
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Tabela 11. Recomendações para a calagem de gramíneas e leguminosas


forrageiras, em função de suas exigências em fertilidade do solo.

Saturação por
Grupos Espécies
Bases (%)

Cynodon dactylon, C.
nlemfluensis, Panicum maximum
Gramíneas
cvs. Centenário, Massai, Mombaça, 50-60
Grupo I
Vencedor, Tanzânia-1, Tobiatã;
Pennisetum purpureum

Andropogon gayanus cv.


Gramíneas
Planaltina, Brachiaria brizantha. 40-50
Grupo II
cvs. Marandu, Piatã, Xaraés

Brachiaria dictyoneura, B.
Gramíneas
humidicola, Paspalum atratum cv. 30-40
Grupo III
Pojuca, Setaria sphacelata

Leguminosas Arachis pintoi, Cajanus cajan,


50-60
Grupo I Leucaena leucocephala

Centrosema acutifolium, C.
Leguminosas brasilianum,
30-40
Grupo II C. macrocarpum, Pueraria
phaseoloides

Calopogonium mucunoides,
Leguminosas Desmodium ovalifolium,
25-30
Grupo III Stylosanthes capitata, S.
guianensis, S. macrocephala
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Tabela 12. Rendimento de MS (t/ha) de pastagens degradadas de P.


maximum, B. decumbens, B. brizantha e H. rufa, em função da fertilização
fosfatada.

Doses de P P. Brachiaria
H. rufa2
1 2
(kg P2O5/ha) maximum decumbe brizantha
0 7,72 10,36 4,38 10,62
25 9,28 10,49 5,31 13,94
50 10,61 13,42 7,13 14,93
75 14,44 15,95 9,04 17,14
100 12,46 14,37 11,70 15,54
150 11,39 14,56 13,22 15,72
Fontes: 1 - Italiano et al. (1982); 2 - Costa (2004).

Tabela 13. Doses de fósforo recomendadas para a renovação de pastagens,


com base no teor de argila e de fósforo disponível no solo.

Teor de Disponibilidade de Fósforo


argila Baixa Média Adequada

Teor P2O5 Teor P2O5 Teor P2O5


(%)
(mg/dm3) (kg/ha) (mg/dm3) (kg/ha) (mg/dm3) (kg/ha)

> 35 0 - 3,0 60 3,1 - 6,0 40 > 6,0 0

15- 35 0 - 4,5 45 4,6 - 9,0 30 > 6,0 0

< 15 0 - 6,0 30 6,1 - 12,0 20 > 6,0 0

Fonte: Andrade et al. (2002).


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Tabela 14. Rendimento de MS de B. brizantha cv. Marandu e de plantas


invasoras, teores de proteína bruta (PB), Ca, P, K e Mg, em função da aplicação
de fontes e doses de P. Médias de seis cortes.

Doses MS (kg/ha) PB Ca P K Mg
Fontes de
kg Plantas
P Gramínea % g/kg
P2O5/ha invasoras

Testemunha 0 1.303 847 8,64 3,75 1,47 13,3 3,04

Superfosfato 50 2.374 356 9,39 3,93 1,81 16,5 2,92

Triplo 100 2.650 333 8,53 3,90 1,49 14,5 2,27

Superfosfato 50 2.044 389 8,40 3,77 1,58 15,7 2,95

Simples 100 2.318 321 8,47 3,97 1,46 15,4 2,92

Fosfato 50 1.863 285 8,46 3,95 1,54 15,8 2,86

Natural 100 1.854 277 9,47 3,60 1,76 17,1 2,84

Fonte: Costa (2004).

Na renovação de pastagens com preparo mecanizado ou na sua


recuperação em que envolve algum tipo de descompactação do solo,
geralmente, não há necessidade de adubação nitrogenada, devido ao estímulo
a mineralização da matéria orgânica do solo, liberando quantidade de N quase
sempre suficiente para suprir a demanda das forrageiras durante o seu
estabelecimento. Entretanto, principalmente em solos arenosos e pobres em
matéria orgânica, pode ser necessário fazer uma adubação nitrogenada de
cobertura para garantir o sucesso do estabelecimento das forrageiras,
aumentando sua capacidade de competição com as plantas invasoras.
Recomenda-se a aplicação de 40 a 80 kg de N/ha, metade no plantio e o
restante em cobertura, 30 a 60 dias após a emergência das plantas. Para os
sistemas de produção mais intensivos, sugere-se a aplicação de 80 a 120 kg
de N/ha, anualmente, parcelada em três a quatro aplicações, durante o
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período chuvoso, a intervalos de 30 a 45 dias. Quando a fonte de nitrogênio for


uréia, deve-se dispensar cuidado especial ao momento da aplicação, para
evitar perdas de N. A aplicação de uréia em solo seco pode levar a grandes
perdas, por volatilização da amônia. A adubação com uréia deve ser feita,
preferencialmente, quando o solo estiver úmido, logo depois de uma chuva, ou
se houver previsão de chuva logo após a aplicação. Costa (2004) constatou
que a adubação com N e P mostrou-se uma prática agronômica tecnicamente
viável para a recuperação de pastagens de B. brizantha cv. Marandu. Os
rendimentos de MS, teores de PB e P da gramínea foram significativamente
incrementados com a aplicação de níveis crescentes desses nutrientes,
ocorrendo o inverso em relação às plantas invasoras. A aplicação conjunta de
50 kg de N/ha e de 100 kg de P2O5/ha foi suficiente para assegurar a
recuperação da pastagem, proporcionando resultados semelhantes aos obtidos
com os níveis máximos dos nutrientes (Tabela 15).

Tabela 15. Rendimento de MS de B. brizantha cv. Marandu e de plantas


invasoras, teores de PB e de P da gramínea, em função da aplicação de níveis
de N e P. Porto Velho, Rondônia.

Níveis de (kg/ha) B. brizantha1 Plantas Invasoras1 PB P


N P2 O5 t de MS/ha %
0 0 10,65 4,72 6,53 0,144
50 12,51 3,48 7,63 0,149
100 15,37 2,89 9,00 0,159
50 0 13,23 2,64 8,20 0,147
50 13,30 2,77 8,67 0,150
100 18,87 2,26 9,73 0,154
100 0 16,17 2,85 9,37 0,150
50 17,31 2,33 9,97 0,158
100 19,06 2,97 10,80 0,160
Fonte: Costa (2004). 1. Totais de quatro cortes.
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6.5. Plantas invasoras: devem ser consideradas como uma conseqüência do


manejo inadequado da pastagem, pois, devido ao seu comportamento
oportunista, ocupam os espaços que eventualmente são deixados abertos
pelas forrageiras. Trabalhos realizados na Amazônia demonstraram que
algumas dessas espécies podem apresentar atributos ecofisiológicos que
auxiliam no seu potencial de infestação ou reinfestação através da germinação
e longevidade das sementes no solo e no seu potencial de competição em
situação de déficit hídrico, fogo ou de sombreamento. Ademais, por
apresentarem alta eficiência na absorção e translocação de nutrientes,
notadamente durante a senescência de suas folhas (principalmente a de P e
N), quando comparadas com outras gramíneas forrageiras, essas espécies
podem causar a diminuição da disponibilidade desses nutrientes para as
plantas forrageiras (Dias Filho, 2005).

6.5.1. Controle: pode ser realizado através de roçagens mecânicas, arranquio


ou aplicação de herbicida. De modo a maximizar os efeitos dos métodos de
controle, a época ideal seria quando as plantas invasoras se encontram em
pleno crescimento (estádio vegetativo), não permitindo que ocorra o
florescimento e amadurecimento de suas sementes. Na escolha do método de
controle devem ser consideradas a sua eficácia, eficiência e economicidade.O
controle integrado baseado na associação de métodos físicos e químicos
promove maior eficácia, eliminando ou retardando a regeneração da
comunidade de plantas invasoras.

6.6. Pragas: as cigarrinhas-das-pastagens (Deois incompleta, D. flavopicta,


Mahanarva fimbriolata e Notozulia entreriana) representam um dos principais
problemas que afetam a produção e persistência das pastagens cultivadas. A
diversificação das pastagens com a utilização de gramíneas resistentes à
referida praga é a alternativa mais prática e econômica para a sua solução,
além de ser um dos fatores que contribui para reduzir a prática da queimada.
As gramíneas forrageiras apresentam características e exigências específicas e
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podem ser destinadas a objetivos distintos. Considerando-se estes aspectos,


sugere-se, na medida do possível, a inclusão de novas gramíneas durante a
formação de novas áreas ou quando da renovação das pastagens. As
cigarrinhas-das-pastagens acarretam acentuado decréscimo na disponibilidade
e valor nutritivo da forragem. São insetos sugadores, essencialmente
graminícolas. Na fase adulta, os insetos sugam a seiva das folhas e inoculam
toxinas, causando intoxicação sistêmica nas plantas (fitotoxemia), que
interrompe o fluxo da seiva e o processo vegetativo, cujos sintomas iniciais são
estrias longitudinais amareladas que aumentam para o ápice da folha e
posteriormente secam, podendo, no caso de ataque intenso, ocorrer o
amarelecimento e secamento total da pastagem. As ninfas sugam
continuamente a seiva das raízes ou coleto, produzindo uma espuma branca
típica, semelhante à saliva, a qual serve como proteção contra os raios solares
e certos predadores. Nesta fase, ocorre um desequilíbrio hídrico e o
esgotamento dos carboidratos de reserva utilizados no processo de
crescimento das plantas. Dentre as gramíneas forrageiras introduzidas e
avaliadas na Região Amazônica, as que se mostraram resistentes e/ou
tolerantes às cigarrinhas-das-pastagens foram Andropogon gayanus cv.
Planaltina, Brachiaria humidicola, B. brizantha cvs. Marandu e Piatã, Tripsacum
australe, Axonopus scoparius, Panicum maximum cvs. Centenário, Tanzânia,
Mombaça e Massai, Paspalum atratum cv. Pojuca, P. guenoarum FCAP-43 e P.
secans FCAP-12.

6.6.1. Manejo da pastagem: o manejo adequado, através da subdivisão dos


pastos e controle da pressão de pastejo, é fundamental no controle das
cigarrinhas. Durante o período de maior ocorrência do inseto, evitar o
superpastejo, principalmente das gramíneas suscetíveis. Como regra geral, as
gramíneas com hábito de crescimento decumbente ou estolonífero devem ser
mantidas a altura entre 25 e 30 cm, já as de crescimento cespitoso (touceira)
entre 40 e 45 cm, o que mantém o vigor das plantas e permite a preservação
dos inimigos naturais das cigarrinhas. Entretanto, Valério & Koller (1992)
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relatam que em pastagens de B. decumbens, há uma relação direta entre o


número de ninfas e adultos, com o acúmulo de material senescente, sendo que
as menores taxas de acúmulo estão associadas a altas cargas animal. Tal fato
pode ser explicado, pelo microclima favorável ao desenvolvimento dos insetos
quando este material acumula-se nas pastagens. Assim, recomendam que
pastagens de gramíneas suscetíveis sejam rebaixadas, sem utilização de
superpastejo, de modo a permitir pouca disponibilidade de matéria senescente
e redução da quantidade de palhada ao nível do solo, durante o período de
maior concentração de oviposição ou de ovos em diapausa, a qual ocorre entre
os meses de março a maio.

Em uma infestação de cigarrinhas com danos econômicos, o número de


animais retirados de cada piquete poderá ser alterado de acordo com a
densidade de ninfas em cada um deles. As contagens de ninfas grandes
podem ser classificadas em níveis de infestações tais como: baixa (< 20
ninfas/m2), média (21 a 50/m2), alta (51 a 80/m2) e muito alta (> 81/m2). Em
caso de uma infestação muito alta, todos os animais do piquete poderiam ser
retirados; em uma infestação alta a retirada seria de 75% dos animais,
percentagem que se reduz para 50% no caso de infestação média. Em
algumas situações, as populações flutuantes de adultos de cigarrinhas podem
permanecer acima do nível de dano por toda a estação chuvosa. Neste caso, o
esquema de manejo aqui proposto não deveria ser usado, mas a gramínea
deveria ser mantida alta constantemente, ou seja, com mais matéria verde
(Nilakhe, 1983).

6.6.2. Controle biológico: os inimigos naturais atuam em maior ou menor


grau para redução da população de cigarrinhas, devendo-se adotar medidas
que visem a manter e/ou aumentar as suas populações, na busca do equilíbrio
biológico. São conhecidas as ações predadoras de Anagyrus sp. parasitando os
ovos, Salpingogaster nigra, mosca que suga as ninfas e Porasilus barbiellinii
em adultos. O fungo Metharhizium anisopliae tem-se mostrado uma alternativa
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válida no controle das cigarrinhas em canaviais (Tabela 16). Embora em


pastagens os resultados sejam inconstantes, pois os índices de eficiência
oscilam entre 10 a 60%, os resultados próximos ao nível mais elevado são
alentadores, já que na prática, realiza-se apenas uma aplicação do fungo com
doses baixas de conídeos (100 a 500 g/ha). Em regiões ecologicamente
favoráveis ao entomopatógeno, este tem superado o efeito real dos inseticidas
químicos no controle da praga (Alves et al., 1998).

Em Rondônia, Oliveira & Curi (1979) constataram a eficiência do fungo


no controle de cigarrinhas (D. flavopicta) em pastagens de B. decumbens, com
o efeito persistindo por até seis meses após a aplicação, acometendo tanto as
ninfas como os adultos e os pastos apresentando evidentes sinais de
recuperação. Com base nos levantamentos populacionais dos insetos,
recomendaram duas aplicações do fungo na formulação pó molhável, a
primeira no início das chuvas (outubro/novembro) e a segunda na época de
aparecimento da primeira geração de adultos (janeiro). Segundo Alves et al.
(1998), o M. anisopliae pode ser aplicado na formulação pó molhável, na dose
mínima de 5,0 x 1012 conídios/ha, que corresponde a aproximadamente a 500
g de conídeos puros, através de pulverizador terrestre, gastando-se de 200 a
300 litros de água/ha, conforme o nível de infestação. Como as ninfas são
mais suscetíveis à ação do fungo, a aplicação deve coincidir com suas maiores
populações, o que ocorre entre a segunda e terceira gerações. Sua ação se
torna mais eficiente em pastagens que apresentem 25 a 40 cm de altura, o
que evita a ação indesejável da radiação ultravioleta sobre o fungo. Elevada
umidade, seguida de veranicos e temperatura na faixa de 25 a 27ºC, são
indispensáveis para obtenção de bons resultados no controle das cigarrinhas.
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
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Tabela 16. Inimigos naturais das cigarrinhas-das-pastagens.

Grupo Nome comum Nome científico


Pássaros Anu-preto Guira guira

Anu-branco Crotophaga ani

Bem-te-vi Pitangus sulphuratus

Andorinha Progne chalibea

Galinha d´Angola Numida meleagris

Aranhas Aranhas Entichreus ravidans

Agiope argentale

Epeina sp.

Insetos Microhimenóptero Acmopolynema hervalis

Anagyrus sp.

Mosca Salpingogaster nigra

Diversas espécies
Patógenos Bactérias
(laboratório)

Nematóides Examermis sp.

Fungos Entomophthora sp.

Beauveria bassiana

Metharhizium anisopliae

Fonte: Alves (1986).

Embora ainda não se tenha definido claramente o nível de dano


econômico para as cigarrinhas, Carvalho et al. (2000) sugerem que o controle
seja feito baseado em levantamentos populacionais da praga, observando-se
todas as medidas anteriormente descritas. Para tanto, no período de máxima
precipitação (outubro a maio), quando ocorre a maior incidência do inseto,
proceder levantamentos de insetos a cada 15 dias. Para a contagem de ninfas
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
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(espumas) utilizar marco de 0,25 a 1,0 m2, alocado aleatoriamente, em pelo


menos cinco pontos para cada 10 ha de pasto; para os adultos, utilizar rede
entomológica de 0,4 m de diâmetro, através de redadas em forma de
semicírculo, em pelo menos 5 transectas de 30 m para cada 10 ha de pasto.
Com base no levantamento, caso necessário adotam-se as medidas de controle
sugeridas:

Cigarrinhas na
nº/m2 Medidas de controle
forma de

Aplicação de fungo em faixas com 10 m de


6 a 25
Ninfa largura

+ de 25 Aplicação do fungo na área toda

Aplicação de fungo em faixas com 10 m de


10 a 20
largura

21 a 30 Aplicação do fungo na área toda


Adulto

+ de 31 Aplicação de inseticida nas reboleiras

1
Metarhizium anisopliea.
Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (2000).

6.7. Descompactação do Solo: quando o principal fator da degradação da


pastagem é a compactação do solo, a utilização apenas de métodos físicos
pode proporcionar bons resultados. No entanto, esta pratica só tem sucesso
quando, paralelamente, são combatidas as causas da compactação,
notadamente o superpastejo. Conforme o grau de compactação, a interferência
será superficial através de gradagem ou aração + gradagem, ou profunda
através de aração ou subsolagem. Em solos de baixa fertilidade natural, os
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

efeitos de métodos físicos podem ser potencializados com a utilização de


fertilizantes químicos, notadamente o P; a sobressemeadura da espécie
existente e/ou de leguminosas se faz necessária quando o banco de sementes
do solo for insuficiente. Em Rondônia, Costa (2004) verificou que a utilização
de métodos físicos, associados à adubação fosfatada, mostrou-se uma prática
tecnicamente viável para a recuperação de pastagens de B. brizantha cv.
Marandu. Os rendimentos de MS da gramínea foram incrementados pela
adubação fosfatada, ocorrendo o inverso com relação às plantas invasoras.
Considerando-se a disponibilidade total de forragem, a gradagem, aração +
gradagem, associadas à adubação fosfatada, foram os métodos mais eficientes
para a recuperação de pastagens degradadas da gramínea (Tabela 17).
Ademais, como se observa na Tabela 18, os métodos físicos proporcionaram
melhorias significativas nas propriedades físicas do solo, bem como no seu teor
de umidade (Townsend et al., 2002).

Tabela 17. Disponibilidade de MS (kg/ha) de pastagens degradadas de B.


brizantha cv. Marandu, submetidas a diferentes métodos físicos de preparo do
solo, em função da adubação fosfatada.

Fósforo Período chuvoso1 Período seco2


Métodos de
kg/ha de
Recuperação Gramínea Invasoras Gramínea Invasoras
P2O5
Testemunha 0 4.761 1.566 1.493 964
50 5.116 1.634 2.114 1.007
Aração (A) 0 5.766 1.484 1.734 941
50 6.375 1.066 2.393 1.094
Gradagem (G) 0 7.021 1.502 1.955 792
50 7.231 1.299 2.896 782
A+G 0 5.936 1.849 1.808 1.306
50 7.071 1.317 2.882 1.197
1 2
Fonte: Costa (2004); Totais de quatro cortes; Totais de dois cortes.
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Tabela 18. Efeito de métodos de preparo do solo na resistência à penetração


e umidade do solo sob pastagens degradadas de B. brizantha cv. Marandu.

Métodos de Preparo
Pressão (kgf/cm2) Umidade do solo (%)
do Solo

Testemunha 40 21,5

Aração (A) 29 22,1

Gradagem (G) 32 22,8

A+G 29 22,8
Fonte: Townsend et al. (2002).

6.8. Introdução de leguminosa: na Amazônia, as pastagens cultivadas têm


como principal componente florístico as gramíneas forrageiras. No entanto,
visando à obtenção de níveis satisfatórios de produção de forragem, evitando a
degradação, torna-se necessário a utilização de alguma fonte de N (química ou
biológica), pois sua baixa disponibilidade tem sido apontada como uma das
principais causas da degradação de pastagens. A deficiência de N ocorre pela
diminuição dos teores de matéria orgânica do solo, devido ao manejo
inadequado do sistema solo-planta-animal. Solos que se apresentam com
aparência de compactados, geralmente, possuem baixos teores de matéria
orgânica. Se houver um suprimento adequado de N para as pastagens,
provavelmente, não ocorrerá a limitação de P, em razão da acumulação deste
nutriente na fitomassa e de sua reciclagem (Spain & Salinas, 1985). A
recuperação de pastagens através da aplicação de fertilizantes nitrogenados
pode tornar-se inviável devido a seus altos custos. Deste modo, a introdução
de leguminosas surge como a alternativa mais prática, eficiente e econômica
para o fornecimento de N ao sistema solo-planta-animal, além de aumentar a
capacidade de suporte, melhorar o valor nutritivo da forragem e ampliar a
estação de pastejo, refletindo positivamente na produção de carne e/ou leite.
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Na escolha da espécie considerar a sua adaptabilidade às condições


edafoclimáticas predominantes no local e a compatibilidade à gramínea que
está sendo consorciada. Como espécies promissoras podem ser citadas: P.
phaseoloides, D. ovalifolium, S. guianensis, A. pintoi e L. leucocephala. O
preparo do solo através da aração e gradagem constitui sempre o melhor
processo para o estabelecimento de leguminosas em pastagens degradadas. O
fator mais importante é o controle do vigor da vegetação existente. A redução
de sua agressividade dará maior chance de sobrevivência às plântulas recém-
estabelecidas, minimizando a competição por água, luz e nutrientes. A
desfolha pelo superpastejo ou a roçagem, antes ou após a semeadura da
leguminosa, têm sido utilizados como alternativas eficazes para reduzir a
agressividade da cobertura existente. Quando o pastejo é realizado após o
plantio pode ajudar a enterrar as sementes através do pisoteio e movimentar o
solo, criando microrrelevos que auxiliarão no estabelecimento, principalmente
pelo aumento da superfície de contato entre a semente e o solo. O preparo do
solo em faixas pode ser uma alternativa a ser utilizada, visando a reduzir os
custos da recuperação, sendo sugeridas faixas de 2,5 a 50, m da leguminosa.
Em Rondônia, Costa et al. (2007) constataram que a introdução de P.
phaseoloides, independentemente da adubação fosfatada, mostrou-se uma
prática tecnicamente viável para a recuperação de pastagens de B. brizantha
cv. Marandu. Os rendimentos de MS da gramínea e da leguminosa foram
significativamente incrementados pela adubação fosfatada, ocorrendo o
inverso em relação às plantas invasoras. A aração + gradagem,
independentemente da adubação fosfatada e a aração, associada à aplicação
de P, foram os métodos mais eficientes para a introdução da leguminosa em
pastagens degradadas da gramínea (Tabela 19).
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Tabela 19. Disponibilidade de MS de pastagens degradadas de B. brizantha


cv. Marandu, submetidas a diferentes métodos de introdução de P.
phaseoloides, em função da adubação fosfatada.

Métodos de Fósforo Gramínea Leguminosa Gram. + Leg. Plantas Invasoras


Introdução kg P2O5/ha
------------------------------- t/ha -------------------------------

Testemunha 0 3,58 --- 3,58 1,82 (33,8) 1

50 5,33 --- 5,33 1,71 (24,3)

Roçagem 0 6,91 1,10 (11,4)1 8,01 1,62 (16,8)

50 10,40 1,09 (08,2) 11,49 1,74 (13,2)

Aração (A) 0 5,39 1,89 (19,7) 7,28 2,33 (24,2)

50 8,47 2,80 (17,5) 11,27 1,90 (14,4)

Gradagem (G) 0 8,66 1,55 (13,1) 10,21 1,63 (13,8)

50 11,66 1,54 (10,8) 13,20 1,30 (08,9)

A+G 0 3,63 2,40 (29,8) 6,03 2,13 (26,1)

50 8,44 4,60 (38,0) 11,04 1,72 (13,6)

Matraca 0 8,50 0,84 (07,6) 9,34 1,68 (15,2)

50 12,37 1,19 (07,8) 13,56 2,03 (13,0)


1
Percentual em relação à disponibilidade total de MS.
Fonte: Costa et al. (2007).

6.9. Renovação através da Integração lavoura-pecuária: o alto custo de


renovação da pastagem, principalmente devido à mecanização e aplicação de
adubos, tem sido o maior entrave, considerando-se as grandes áreas a serem
renovadas. A associação de culturas alimentares (arroz, milho, feijão, sorgo,
soja) com forrageiras na renovação de pastagens degradadas tem sido
recomendada como uma alternativa de minimizar os custos de implantação da
pastagem (Costa, 2004). No entanto, é preciso conhecer a compatibilidade das
espécies que vão ser cultivadas. O ideal é a obtenção de um bom
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estabelecimento da forrageira, sem que ela afete a produção de grãos das


culturas. Para tanto, é preciso considerar o hábito e o ciclo de crescimento da
cultura, a arquitetura da planta, a densidade adequada de plantio da cultura e
das forrageiras, a época de semeadura, as exigências nutricionais das plantas
e o uso de fertilizantes e corretivos. A integração lavoura-pecuária apresenta
diversas vantagens, destacando-se: a) aumento na produção de produtos
agrícolas (grãos, fibras) e pecuários (carne, leite); b) redução nos custos de
produção (defensivos e fertilizantes); c) maior estabilidade econômica e
financeira, dada a diversificação da produção; d) aumento na eficiência de
utilização da terra, máquinas, equipamentos e mão-de-obra, com otimização
do uso por maior período de tempo no ano; e) melhoria na fertilidade do solo;
f) conservação dos recursos naturais (água, solo) e da biodiversidade; e g)
geração alimentos, renda e emprego.

Com a utilização de técnicas adequadas de renovação, espera-se reduzir


significativamente o uso da queimada, minimizando os efeitos adversos sobre
o meio ambiente e aumento na capacidade produtiva das pastagens,
diminuindo a pressão sobre a derrubada de novas áreas de floresta. A
viabilidade técnica de renovação de pastagens de B. brizantha cv. Marandu,
consorciadas com milho foi avaliada por Jakelaitis et al. (2005). A gramínea foi
semeada simultaneamente com o cereal, utilizando-se quatro métodos de
plantio: uma ou duas linhas da gramínea na entrelinha do milho; uma linha
com a gramínea na linha do milho e a gramínea a lanço na entrelinha do milho.
Os rendimentos de grãos do milho não foram afetados pelos diferentes
métodos de plantio da gramínea, contudo a disponibilidade de forragem da
gramínea foi significativamente reduzida, independentemente do método de
plantio (Tabela 20).
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Tabela 20. Rendimentos de grãos e de MS em cultivos consorciados de B.


brizantha cv. Marandu com milho.

Rendimento de
Grãos de
MS da
Arranjos de semeadura milho
gramínea
(kg/ha)
(kg/ha)

Duas linhas da gramínea na


2.664 5.030
entrelinha do milho

Uma linha da gramínea na entrelinha


1.155 5.771
do milho

Uma linha com a gramínea na linha


715 5.550
do milho

Gramínea a lanço na entrelinha do


451 5.772
milho

Gramínea em monocultivo 7.634 ---

Milho em monocultivo --- 5.912

Fonte: Jakelaitis et al. (2005).

Em Rondônia, a renovação de pastagens de B. brizantha cv. Marandu, B.


humidicola e P. atratum cv. Pojuca, consorciadas com arroz de terras altas cv
Progresso foi avaliada por Townsend et al. (2004). As gramíneas foram
semeadas simultaneamente com o cereal, utilizando-se dois métodos de
plantio: linhas e entrelinhas. Os maiores rendimentos de arroz em casa foram
registrados nas associações com B. humidicola (1.374 kg/ha) e P. atratum cv.
Pojuca (1.247 kg/ha). Independentemente dos métodos de plantio, B.
Brizantha cv. Marandu foi a gramínea mais produtiva, contudo foi a que
proporcionou maior redução na produtividade do arroz (Tabela 21).
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Tabela 21. Rendimentos de MS (kg/ha) e de grãos em cultivos consorciados de


gramíneas tropicais com arroz de terras altas. Porto Velho, RO.

Gramíneas em cultivos
Rendimento
consorciados
Gramíneas de
Gramíneas em cultivo Métodos de plantio arroz em
Isolado casca
Linha Entrelinha (kg/ha)

B. brizantha cv.
2.491 2.940 2.277 853
Marandu

P. atratum cv. Pojuca 2.315 1.666 1.569 1.247

B. humidicola 1.771 864 741 1.374

Fonte: Townsend et al. (2004).

Souza & Teixeira (2007) avaliaram o desempenho agronômico da


associação do milho com quatro gramíneas forrageiras. O milho foi plantado
em linhas espaçadas de 0,9 m. A adubação de plantio constou da aplicação de
225 kg/ha da fórmula 12-24-16 e a de cobertura de 200 kg/ha de nitrato de
amônio. A produtividade de grãos de milho não foi reduzida, evidenciando-se a
compatibilidade dos sistemas avaliados (Tabela 22).

Tabela 22. Produtividade da cultura do milho estabelecida em consorciação


com gramíneas forrageiras tropicais.

Consorciações Grãos de milho (kg/ha)


Milho em monocultivo 9.480
Milho + Brachiaira brizantha 9.540
Milho + B. ruziziensis 9.480
Milho + B. decumbens 9.360
Milho + Panicum maximum cv. Tanzânia 9.420
Fonte: Souza & Teixeira (2007).
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No Pará, Veiga (1986) demonstrou a viabilidade da renovação de


pastagens através da integração de gramíneas forrageiras com a cultura do
milho. Sob o ponto de vista econômico, as melhores combinações foram
aquelas onde as plantas forrageiras (A. gayanus cv. Planaltina, B. humidicola e
P. maximum, consorciadas com C. mucunoides e C. pubescens), semeadas
conjuntamente no mesmo sulco ou intercaladamente entre as linhas do milho
(Tabela 23).

Tabela 23. Disponibilidade de MS de pastagens consorciadas e estabelecidas


em associação com a cultura do milho. Paragominas, Pará.

Disponibilidade de MS Rendimento Grãos


Tipos de pastagens/Cultivo 1
(kg/ha)
Gramínea Leguminosas2 kg/ha

A. gayanus +
1.680 760 3.120
leguminosas/milho

P. maximum +
750 310 2.460
leguminosas/milho

B. humidicola +
430 250 2.820
leguminosas/milho

1. Seis meses após a semeadura; 2. Centrosema pubescens + Calopogonium


mucunoides
Fonte: Veiga (1986).

6.10. Sistemas silvipastoris (SSP): são sistemas agropecuários


diversificados e multiestratificados, nos quais os componentes arbóreos são
explorados em associação planejada com cultivos agrícolas ou pastagem, de
maneira simultânea ou seqüencialmente. Os SSP que somente associam
árvores com pastagem, obviamente, têm também um componente animal,
como regra, ruminantes de médio ou pequeno porte, principalmente bovinos e
ovinos (Townsend et al., 2000). Em geral, os objetivos principais da integração
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de ruminantes em SSP são: 1) produzir proteína animal sem incorporar novas


áreas ao sistema de produção; 2) reduzir os custos de limpeza das plantas
invasoras do sub-bosque através do pastejo de espécies palatáveis ou
danificação e pisoteio das não-palatáveis; 3) reduzir o risco de incêndios ao
evitar o acúmulo e secagem da vegetação herbácea; 4) acelerar a ciclagem de
nutrientes da biomassa através da deposição de fezes e urina e, 5) prover
ingressos adicionais através do aumento da produtividade da terra. Já, as
árvores que compõem o SSP mantêm ou melhoram as características químicas
e físicas dos solos através dos seguintes processos: 1) aumento das entradas
(matéria orgânica, fixação de N atmosférico pelas leguminosas e absorção de
nutrientes); 2) redução das perdas (matéria orgânica, nutrientes através da
reciclagem e controle da erosão); 3) melhoramento das propriedades físicas do
solo, inclusive da capacidade de retenção de água; 4) efeito benéfico sobre os
processos biológicos (nodulação e micorrização); 5) aumento da
biodiversidade; 6) fornecimento de sombra e redução da intensidade de calor,
proporcionando um ambiente favorável aos animais e, 7) fornecimento de
madeira, lenha, postes e mourões que podem ser utilizados na propriedade
rural e/ou produtos de base florestal com agregação de valor econômico
(Young, 1989; Franke & Furtado, 2001).

No SSP o componente arbóreo constitui importante fator de estabilização


do solo, por conferir proteção contra a ação direta das chuvas, do sol e da
erosão pluvial e eólica. O sistema radicular das árvores, geralmente denso e
profundo, além de evitar o arraste das partículas do solo, potencializa a
absorção dos nutrientes nas camadas mais profundas (Montagnini, 1992), o
que pode favorecer, via ciclagem de nutrientes, o crescimento das plantas
forrageiras ou outros cultivos anuais de enraizamento superficial, que são
plantados de forma intercalar às árvores. O componente arbóreo impede a
redução drástica da umidade de solo sob a influência de suas copas ao reduzir
a excessiva evaporação causada pela radiação solar e ventos. Por outro lado,
os animais se beneficiam da sombra proporcionada pelas árvores que reduzem
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

a insolação e a temperatura ambiente, com reflexos positivos na performance


produtiva e reprodutiva do rebanho.

As espécies arbóreas para utilização em combinação de pastagens com


bovídeos devem possuir as seguintes características: não ser tóxica aos
animais e nem produzir efeitos alelopáticos sobre a pastagem; adequadas às
condições ecológicas e ambientais regionais; crescimento rápido,
preferencialmente perenifólias e que possam fornecer algum tipo de alimento
para os animais; resistentes a ventos, além de alta capacidade de rebrota e de
fixação de N, no caso das leguminosas. Ademais, devem ter suas práticas
silviculturais conhecidas. Para as condições edafoclimáticas da Amazônia
Ocidental, Costa (2004) concluiu que, considerando-se as taxas de
sobrevivência e o crescimento em altura e diâmetro, as leguminosas mais
promissoras para a composição de SSP foram: Acacia angustissima, Inga
edulis, Clitoria racemosa, Albizia saman, A. lebbek e Anadenanthera pavonina
(Tabela 24).

Tabela 24. Altura das plantas, diâmetro a altura do peito (DAP) de


leguminosas arbóreas e arbustivas, aos 6, 12, 18 e 24 meses.
Meses de crescimento Meses de crescimento
Espécies/Meses 6 12 18 24 6 12 18 24
Altura (m) DAP (cm)
Acacia angustissima 2,90 4,80 6,10 7,98 1,47 3,13 4,47 5,80
Albizia saman 1,74 3,05 4,17 5,53 1,00 2,63 3,66 4,65
Albizia lebbek 1,22 1,92 2,91 4,71 1,43* 2,64 3,55 4,48
Anadenanthera
1,95 2,97 4,02 5,50 1,28 3,04 4,24 5,77
pavonina
Caesalpina
0,51 0,88 1,05 1,15 0,19* 0,31* 0,88 2,51
peltephoroides
Calliandra calothyrsus 1,05 1,88 2,83 3,51 1,15* 2,24 3,33 4,43
Clitoria racemosa 2,20 3,20 4,10 5,10 1,27 2,47 3,91 5,11
Desmodium gyroides 1,60 2,60 --- --- 0,37 0,53 --- ---
Inga edulis 2,30 4,36 6,62 7,90 1,47 2,95 4,30 5,79
Leucaena leucocephala 0,54 0,88 --- --- 0,28* 0,43* --- ---
Leucaena hybrid K x 1 0,33 0,58 --- --- 0,27* 0,41* --- ---
Leucaena hybrid K x 2 0,39 0,51 --- --- 0,19* 0,36* --- ---
Leucaena hybrid K x 3 0,41 0,62 --- --- 0,17* 0,29* --- ---
Sesbania sesban 1,81 2,10 3,92 4,10 0,57 1,17 1,94 2,79
* Dados referentes ao diâmetro basal. Fonte: Costa (2004).
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6.11. Arborização de pastagens: é uma modalidade do SSP, na qual o


produto prioritário é o animal e seus subprodutos. A arborização é uma
alternativa que pode contribuir para a utilização sustentável de pastagens,
notadamente daquelas estabelecidas em solos de baixa fertilidade. Além
atenuar as temperaturas extremas, as árvores reduzem o impacto das chuvas
e dos ventos, promovendo conforto e servindo de abrigo para os animais,
refletindo positivamente no seu desempenho produtivo e reprodutivo. A
arborização de pastagens requer o conhecimento sobre as características
agronômicas das espécies arbóreas mais adequadas, as quais devem
apresentar: a) facilidade de estabelecimento; b) rápido crescimento; c)
capacidade para fornecer N e outros nutrientes ao sistema solo-planta; d)
adaptação ao ambiente e tolerância à seca; e) capacidade para fornecer
forragem palatável aos animais; f) ausência de efeitos alelopáticos sobre as
plantas associadas; e g) tolerância a ataques de pragas e doenças.

As árvores devem ser estrategicamente distribuídas na pastagem,


visando a maximizar seus efeitos positivos e não alterar acentuadamente os
hábitos de pastejo dos animais. Dentre os diversos arranjos espaciais
possíveis, Oliveira et al. (2003) e Dias Filho (2006), destacam como os mais
promissores:

1. Plantio em linha simples: as árvores são dispostas em espaçamentos


regulares entre linhas e plantas, sendo recomendados 3 x 10, 5 x 10, 10 x 10,
5 x 20 m etc. A escolha do espaçamento estaria principalmente condicionada a
espécie de árvore utilizada, isto é, em função das características da arquitetura
da copa e altura da árvore. Outros fatores determinantes do espaçamento
seriam: a finalidade principal do empreendimento agropecuário e a espécie
animal. Em áreas com declividade pronunciada a disposição das linhas de
plantio das árvores deve obedecer à orientação de curvas de nível. Em áreas
planas as linhas devem ser dispostas, preferencialmente, no sentido leste-
oeste, visando a diminuir o sombreamento no pasto.
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

2. Plantio em linhas duplas: arranjo das árvores em linhas duplas em


espaçamento reduzido, como 3 x 2 m ou 3 x 3 m entre as linhas mais
próximas, espaçadas entre si pelo menos em 10 m. Um problema potencial
desse arranjo seria a maior probabilidade de desenvolvimento de plantas
daninhas, ou zonas de solo descoberto entre as árvores, devido ao excesso de
sombra que prejudicaria o desenvolvimento do capim. Uma alternativa para
minimizar esse problema seria o plantio de leguminosas tolerantes ao
sombreamento entre as duas linhas de árvores. A disposição das linhas duplas
seguiria a mesma orientação anteriormente sugerida para o arranjo em linhas
simples.

3. Plantio aleatório: a espacialização das árvores não seguiria espaçamento


fixo, sendo distribuídas aleatoriamente na pastagem. Esse arranjo seria o mais
próximo de uma situação natural, não concentrando, portanto, o
sombreamento em locais contínuos específicos na pastagem. Indicado,
principalmente, para aquelas situações onde a intenção fosse aumentar a
biodiversidade através do plantio de diversas espécies arbóreas na pastagem,
ou mesmo quando se incentivasse a regeneração natural de espécies já
existentes na pastagem. A quantidade e a disposição das árvores plantadas ou
preservadas no pasto dependeria, sobretudo, das espécies que fossem
plantadas.

4. Plantio de bosquetes: arranjo das árvores em grupos compactos na


pastagem. Dependendo das espécies, dentro de cada bosquete as árvores
poderiam ser plantadas em espaçamentos de 3 x 2, 3 x 3, 3 x 5 m etc. Como
no interior dos bosquetes haverá excesso de sombra e freqüente aglomeração
do animais, o crescimento da pastagem nessa área será provavelmente
prejudicado, abrindo espaço para o aparecimento de plantas invasoras ou
áreas de solo descoberto. Por outro lado, é possível que o solo no interior dos
bosquetes fique mais compactado devido à exposição do solo e ao pisoteio
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

animal. Além disso, nessas áreas haverá maior chance do pisoteio do gado
danificar as raízes superficiais das árvores.

5. Plantio ao longo das cercas: as árvores são plantadas ao longo das


cercas divisórias da pastagem, servindo como uma cerca viva.

6. Regeneração natural: consiste em promover, seletivamente, a


regeneração das espécies arbóreas, remanescentes da vegetação original, que
surgem espontaneamente na pastagem. Uma vantagem desse método seria o
menor custo de implantação já que não haveria necessidade do preparo e
plantio de mudas das árvores.

7. Desempenho Animal em Pastagens Recuperadas

A restauração da capacidade produtiva das pastagens, ao incrementar a


disponibilidade e qualidade da forragem e, conseqüentemente de sua
capacidade de suporte, proporciona um melhor desempenho dos animais.
Contudo, a adoção de práticas de manejo que envolva a utilização de
germoplasma forrageiro adaptado, controle da oferta de forragem e ciclos de
pastejo compatíveis com a manutenção do equilíbrio do sistema solo-planta-
animal, podem ser consideradas como fatores determinantes para assegurar
a persistência das pastagens cultivadas na Amazônia.

O desempenho animal, em pastagens recuperadas com a introdução de


leguminosas, geralmente, está diretamente correlacionado com o
estabelecimento e a sua participação na composição botânica da forragem em
oferta. A introdução de Macroptilium atropurpureum e Neonotonia wightii, em
pastagens de P. maximum, em vias de degradação, permitiu elevar a sua
capacidade de suporte de 0,35 para 0,81 e 1,1 UA/ha, respectivamente para
o primeiro e segundo ano de utilização (Arruda, 1988). Em pastagens de B.
decumbens degradadas, a introdução de C. macrocarpum CIAT-5713 e C.
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

acutifolium CIAT-5568 resultou em ganhos de 830 kg/ha/ano e 607


g/animal/dia, comparativamente a 550 kg/ha/ano e 451 g/animal/dia obtido
na pastagem não recuperada (Centro Internacional de Agricultura Tropical,
1989). No Pará, Camarão et al. (1980) verificaram que o estabelecimento de
P. phaseoloides, C. pubescens e S. guianensis em pastagens degradadas de
P. maximum proporcionava incrementos de 16 e 63%, respectivamente para
os ganhos de peso vivo/animal/ano e hectare/ano. Utilizando as mesmas
leguminosas, Gonçalves et al. (1990a, b), em Rondônia, obtiveram
acréscimos de 46 e 53% nos ganhos de peso vivo/ha/ano, respectivamente,
para pastagens degradadas de H. rufa e B. humidicola (Tabela 25).

Tabela 25. Desempenho produtivo de novilhos Nelore em pastagens de B.


humidicola e H. rufa, recuperadas com a introdução de leguminosas forrageiras
tropicais.

Ganho de Peso
Pastagens
kg/animal/ano kg/hectare/ano

B. humidicola (BH) 133 206

BH + Leguminosas* 183 316

H. rufa (HR) 134 201

HR + Leguminosas* 196 294

* P. phaseoloides + C. pubescens + S. guianensis.


Fonte: Gonçalves et al. (1990a,b).

Na Região dos Cerrados, Vilela et al. (1989) compararam os efeitos da


gradagem; gradagem + N (40 kg de N/ha/ano) e gradagem + C. mucunoides
na recuperação de pastagens de B. decumbens e na performance animal de
bovinos de corte. A maior disponibilidade de forragem (2,6 t/ha de MS) e o
maior ganho de peso vivo/animal (70,0 kg) foram registrados no tratamento
com leguminosa, os quais superaram em 30 e 59%, respectivamente, àqueles
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

obtidos com a pastagem não recuperada. Ademais, foi o único tratamento em


que não se observou perda de peso durante o período seco. No Acre, Valentim
& Costa (1982) constataram a viabilidade da recuperação de pastagens de P.
maximum através da introdução de leguminosas, associadas à fertilização
fosfatada (50 kg de P2O5/ha), independentemente da carga animal utilizada,
sendo registrado um incremento médio de 69% na produtividade de
carne/ha/ano (Tabela 26).

Tabela 26. Desempenho produtivo de novilhos Nelore em pastagens de P.


maximum, recuperadas com a introdução de leguminosas forrageiras tropicais e
fertilização fosfatada.

Carga Ganho de peso


Pastagens
(an./ha) kg/an./ano kg/ha/ano

P. maximum (PM) 0,5 179,7 89,9

1,0 150,6 150,6

1,5 139,4 209,1

PM + leguminosas* + 50 Kg
0,5 147,0 147,0
P2O5/ha

1,0 164,1 245,6

1,5 184,1 367,8


* P. phaseoloides + C. pubescens + S. guianensis.
Fonte: Valentim & Costa (1982).

A adubação fosfatada, ao incrementar a disponibilidade de forragem das


pastagens degradadas e, conseqüentemente, da sua capacidade de suporte,
geralmente, proporciona um melhor desempenho produtivo dos animais. No
Pará, Kitamura et al. (1982) verificaram que pastagens de P. maximum
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

recuperadas com a aplicação de 50 kg de P2O5/ha e a introdução de


leguminosas (P. phaseoloides, S. guianensis e C. pubescens), apresentaram
uma capacidade de suporte de 0,8 an./ha e um ganho de peso de 191
kg/ha/ano, comparativamente a 0,4 an./ha e 92 kg/ha/ano registrados na
pastagem degradada. Em Rondônia, Gonçalves et al. (1990a), utilizando os
mesmos tratamentos, verificaram que pastagens recuperadas de H. rufa
apresentavam um desempenho produtivo 46% superior ao da pastagem
degradada (294 vs. 201 kg/ha/ano). Da mesma forma, Gonçalves et al.
(1990b) observaram que a aplicação de 50 kg de P2O5/ha, independentemente
da carga animal utilizada (1,8 ou 3,2 na./ha), foi suficiente para incrementar
significativamente a disponibilidade de forragem de pastagens degradadas de
B. humidicola, a qual refletiu positivamente no desempenho animal,
proporcionando maiores ganhos de peso, tanto por animal quanto por área.
Em média, a adubação fosfatada promoveu acréscimos de 30; 26 e 29%,
respectivamente para a disponibilidade de forragem, ganhos de peso por área
e animal, comparativamente à pastagem não recuperada (Tabela 27).

Tabela 27. Efeito da carga animal e da fertilização fosfatada sobre o


desempenho produtivo de novilhos Nelore e a disponibilidade de forragem em
pastagens de B. humidicola. Porto Velho, Rondônia.

Carga Ganho de Peso Forragem


Tratamentos
animal kg/an. kg/ha disponível

B. humidicola
1,8 150 270 2,67
(BH)

3,2 107 342 2,36

BH + 50 kg
1,8 183 329 3,44
P2O5/ha

3,2 150 480 3,12

Fonte: Gonçalves et al. (1990b).


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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

O desempenho animal em SSP está diretamente correlacionado com a


disponibilidade e qualidade da forragem, sendo afetado pelas práticas de
manejo, notadamente o sistema de pastejo e a carga animal. As restrições
impostas pelas particularidades dos cultivos arbóreos dificultam o manejo da
pastagem. Taxas de lotação menores são recomendáveis e mais seguras contra
os danos às árvores e aos solos, principalmente os argilosos. O sistema de
pastejo com lotação contínua, embora reduzindo a movimentação de entrada e
saída de animais na área, é geralmente mais danoso à persistência da
pastagem em relação ao com lotação rotativa, especialmente sob altas taxas
de lotação. Para facilitar o manejo, tanto da pastagem, como dos animais, é
recomendável a existência de uma pastagem solteira, a qual funcionará como
área de reserva, nos momentos em que a pastagem sob sombreamento
encontra-se em situação critica. Townsend et al. (1998) avaliando três níveis
de sombreamento de A. angustissima, em pastagens de B. brizantha cv.
Marandu, observaram melhor desempenho produtivo de bubalinos no nível
máximo de sombreamento (30%), não sendo constatada diferença significativa
entre os níveis de 5 e 15% (Tabela 28). Da mesma forma, Magalhães et al.
(1998), tanto no período chuvoso quanto no seco, observaram maiores ganhos
de peso para bubalinos, pastejando B. brizantha cv. Marandu, sob
sombreamento total de seringal adulto, comparativamente a pastagem não
sombreada ou com sombreamento parcial, correspondente a 10% de sua área
(Tabela 29). Paciullo et al. (2007), avaliaram o desempenho de bovinos em um
sistema silvipastoril, onde três leguminosas arbóreas (Acacia mangium, A.
angustissima e Mimosa artemisiana) foram introduzidas em faixas de 10 m de
largura, alternadas por faixas de 30 m de B. decumbens, comparativamente à
pastagem solteira. Não foram detectadas variações significativas na produção
de forragem e na capacidade de suporte entre os dois sistemas, sendo os
maiores ganhos de peso/animal e por área registrados no SSP (Tabela 30).
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Tabela 28. Ganho de peso de bubalinos mantidos em pastagens de B.


brizantha cv. Marandu, sob diferentes níveis de sombreamento de A.
angustissima. Porto Velho, Rondônia.

Peso Vivo Ganho de Peso


Níveis de Sombreamento (%)
Inicial Final kg/animal g/animal/dia

5 197 234 37,67 409,4

15 177 214 37,55 408,2

30 182 230 47,78 519,3

Fonte: Townsend et al. (1998).

Tabela 29. Desempenho produtivo de bubalinos, submetidos a diferentes


condições de sombreamento. Presidente Médici, Rondônia.

Carga Período Seco Período Chuvoso


Tratamentos animal
kg/an./dia kg/an. kg/ha kg/an./dia kg/an. kg/ha
(UA/ha)
Sem sombra 0,97 0,337 20,2 39 0,812 101 199

Sombra
0,70 0,472 28,3 40 0,818 102 144
parcial1

Sombra total2 0,80 0,575 34,5 69 0,864 108 215


1 2
Bosque nativo (10% da área total do piquete); Seringal com 12 anos de
implantação.
Fonte: Magalhães et al. (1998).
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Tabela 30. Ganho de peso de bovinos de corte em pastagens de B.


decumbens, em cultivo solteiro e em sistema silvipastoril, durante os períodos
chuvoso e seco.

Ganho de Peso por Ganho de peso por área


Sistemas Animal (kg/dia) (kg/ha)

Seca Chuva Seca Chuva


B. decumbens 0,275 0,269 73 220
Sistema
0,619 0,730 70 263
Silvipatoril1
Gramínea + A. angustissima, A. mangium e M. artemisiana
Fonte: Paciullo et al. (2007)

Em pastagens renovadas através do “Sistema Barreirão”, utilizando o


consórcio de arroz com B. decumbens e B. brizantha, Cézar & Yokoyama
(2003) avaliaram o desempenho produtivo de bezerros de corte, durante o
período de três anos. A carga animal foi ajustada para uma oferta de forragem
de 7% (7 kg de MSV/100 kg de PV). Os dois sistemas avaliados apresentaram
capacidades de suporte e ganhos de peso/animal/dia semelhantes, tanto no
período chuvoso quanto no seco, além de proporcionarem uma produtividade
de equivalente carcaça/ano superior a 9 @, o que representa uma produção
satisfatória e muito superior àquela obtida em pastagens degradadas (Tabela
31). Em pastagens degradadas de B. humidicola, Barcellos et al. (1999)
avaliaram três métodos de renovação: 1. Substituição da gramínea por B.
brizantha cv. Marandu, estabelecida em associação com milho ou arroz,
seguindo as recomendações técnicas do “Sistema Barreirão” e, 2. Renovação
direta com a aplicação de 1,4 t/ha de calcário, incorporado com grade aradora
no período seco, além da aplicação de 165 kg/ha de superfosfato simples no
início do período chuvoso e da semeadura, a lanço de 12,5 kg/ha de sementes
de B. brizantha, seguida pela passagem de rolo compactador. As alternativas
avaliadas foram capazes de aumentar expressivamente a capacidade de
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

suporte das pastagens e dos ganhos de peso/animal. A produção de carne na


pastagem degradada correspondeu a apenas 8,2% da registrada nas
pastagens recuperadas. A comercialização dos grãos de milho e arroz
amortizou, respectivamente, 46 e 80% dos custos de renovação (Tabela 32).

Tabela 31. Desempenho produtivo de bovinos de corte em pastagens


recuperadas com o “Sistema Barreirão”.

Carga Ganho de
Sistemas de Equivalente
Animal Peso
Integração Carcaça
(UA/ha) kg/animal/dia
Lavoura-Pecuária
Chuva Seca Chuva Seca @/ha/ano
Milho + B.
2,3 1,3 0,650 0,284 9,25
decumbens
Milho + B. brizantha 2,5 1,2 0,654 0,285 9,30
Fonte: Cezar & Yokoyama (2003).

Tabela 32. Capacidade de suporte e desempenho produtivo de bovinos


recriados, no período de 9 aos 24 meses de idade, em pastagens renovadas
com diferentes estratégias.

Carga Animal
Estratégias de Ganho de Peso
(UA/ha)
Renovação
Chuva Seca g/animal/dia kg/ha/ano
Barreirão + Milho 3,04 0,83 443 670
Barreirão + Arroz 2,79 0,83 434 593
Renovação com
2,55 0,80 467 596
adubação
Pastagem Degradada 1,20 0,6 139 51
Fonte: Barcellos et al. (1999).
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8. Impactos Negativos da Degradação das Pastagens

A Amazônia compreende uma área de 5.217.423 km2, o que representa


cerca de 59,8% da área do Brasil. A população regional é de 21 milhões de
habitantes (12% da população do País) com 81% vivendo em áreas urbanas.
Com uma área de 3,37 milhões de km2 de florestas e extensos ecossistemas
de cerrados e várzeas, a região possui grande potencial para contribuir de
forma significativa para o crescimento econômico do país. A agropecuária
ocupa aproximadamente 3,5 milhões de pessoas na região e 40% da mão-de-
obra está envolvida em atividades de produção animal. O processo de
desenvolvimento regional resultou na conversão de 748.698 km2 de áreas sob
vegetação nativa para uso agropecuário até 2007, e cerca de 78% (58.398
km2) são ocupados com pastagens que comportam 69,51 milhões de cabeças
de bovinos (2007), correspondendo a 32,8 e 34,8%, respectivamente, da área
total de pastagens e do rebanho do País. A região é responsável por 29% da
carne e 9% do leite de bovinos produzidos no Brasil. Estima-se que
aproximadamente 40% da área de pastagens cultivadas (23,36 milhões de
hectares) na Amazônia Legal sejam produtivas (menos de 15% de solo
descoberto ou ocupado com plantas invasoras). Os 60% das áreas de
pastagens restantes (35,04 milhões de hectares) apresentam algum grau de
degradação. Uma porção significativa dos cerca de 23% das áreas desmatadas
que foram plantadas com culturas anuais ou perenes estão degradadas ou
abandonadas com capoeiras (Valentim & Gomes, 2005).

Na Amazônia, a conversão indiscriminada de florestas em pastagens


implica em questões econômicas, sociais, ambientais não contribuindo para a
sustentabilidade dos recursos naturais renováveis e resultando em impactos
sobre o meio ambiente que vão desde ao aumento do desmatamento,
degradação dos recursos hídricos, erosão dos solos até mudanças climáticas
visíveis. Apesar de ser uma atividade rentável, a pecuária enfrenta grandes
desafios na região, entre os quais se destacam a degradação das pastagens; a
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

falta de capacitação técnica e gerencial dos produtores e a deficiência na


assistência técnica e extensão rural. Durante os primeiros anos de exploração
(3 a 4 anos), as pastagens apresentam uma capacidade de suporte superior a
1,5 UA/ha, enquanto que nas pastagens degradadas, dependendo do estágio
de degradação, a capacidade de suporte não ultrapassa a 0,5 UA/ha, o que
reflete na necessidade continua de novos desmatamentos para a formação de
pastagens, a fim de alimentar adequadamente os rebanhos, o que resulta
numa pecuária itinerante, caracterizada por baixos índices de produtividade
animal. Neste contexto, o desmatamento, geralmente associado com a
utilização de queimadas para o estabelecimento ou manejo das pastagens,
resulta em impactos econômicos e ecológicos, tornando a pecuária uma
atividade com baixo nível de sustentabilidade ambiental. O controle da
utilização do fogo como ferramenta de manejo das pastagens é o principal
desafio em busca da implantação de uma pecuária de baixo impacto
ambiental, através do monitoramento e fiscalização de queimadas, prevenção
de incêndios, além da capacitação e sensibilização dos produtores.

As pastagens degradadas implicam na produção de forragem insuficiente


e de baixo valor nutritivo, redundando em baixa capacidade de suporte.
Tomando-se por base a morte de 1% do rebanho, somada ao emagrecimento
de 1,5 @/animal adulto na seca, os prejuízos na pecuária brasileira podem
superar um bilhão de dólares por ano (Yokoyama et al., 1995). Pastagens
recuperadas podem manter a capacidade de suporte de 1,8 UA/ha, enquanto
em pastagem degradada suporta apenas de 0,3 a 0,5 UA/ha (Kluthcouski,
1994; Kluthcouski et al., 2003). Na região dos Cerrados, que responde por
60% da produção de carne do país, aproximadamente 80% dos 45-50 milhões
de hectares com pastagens cultivadas apresentam algum grau de degradação,
com capacidade de suporte inferior a 0,8 UA/ha/ano (Barcellos, 1996). Nestas
áreas, considerando-se somente a fase de engorda, a produtividade de carne
está em torno de 2 @/ha/ano, enquanto que, em áreas de pastagens em bom
estado, pode-se atingir, em média, 16 @/ha/ano (Kichel et al., 1999).
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

O desmatamento tem avançado de forma continuada na Amazônia


brasileira. Até 1980, o desmatamento na região totalizava cerca de 300 mil
Km², o equivalente a 6,0% do território regional. Na década de oitenta
aproximadamente 130 mil Km² foram incorporados ao estoque desmatado, e
na década de noventa outros 150 mil Km², atingindo o desmatamento um total
de 580 mil Km² na virada do milênio. Nos cinco primeiros anos da atual
década, o ritmo intensificou-se, totalizando a área desmatada 700 mil Km² em
agosto de 2005, o equivalente a 14% da área total de toda a Amazônia Legal.
Deve-se destacar, contudo, que o desmatamento é particularmente acentuado
na macrorregião do Arco de Povoamento Adensado, respondendo esta área por
cerca de 80% do total desmatado em toda a Amazônia Legal. O desmatamento
e a queima como resultado da atividade agropecuária seria o principal
componente de abertura de extensas áreas, provocando sérios impactos ao
ambiente, com destaque para as alterações climáticas, a diminuição da
biodiversidade, a degradação do solo e o comprometimento da rede
hidrográfica.

1. Alterações climáticas: o clima do mundo é afetado com a destruição das


florestas porque elas regulam a temperatura, o regime de ventos e de chuvas.
As precipitações provêm, além de outros fatores, da evaporação da água por
meio da transpiração das plantas. A redução da camada vegetal leva à
diminuição das chuvas e, paralelamente, ao aquecimento da terra, já que a
energia solar antes utilizada na evapotranspiração é devolvida para a
atmosfera. O aquecimento do planeta observado nos últimos anos é decorrente
da concentração de gases à base de carbono (C) na atmosfera lançados pelas
queimadas de extensas áreas de florestas tropicais e outras atividades
antrópicas. O desmatamento na Amazônia provoca a emissão anual de
aproximadamente 200 milhões de toneladas de C para atmosfera, o que
representa 2,5% da emissão global desse gás. Contudo, as pastagens
cultivadas, desde que submetidas a práticas sustentáveis de manejo, podem
contribuir de forma positiva e significativa para o seqüestro de C e,
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

conseqüentemente, para a melhoria da qualidade ambiental (Nogueira et al.,


2007)(Tabela33).

Tabela 33. Comparação da adubação nitrogenada (kg de N/ha/ano), carga


animal (UA/ha), seqüestro de C, emissão de óxido nitroso (N2O) pela
adubação, emissão de gases pelos bovinos e balanço entre o seqüestro e a
emissão de CO2 (expressos em equivalentes de CO2) pela atividade pecuária.

Emissão
Adubação Carga Seqüestro Emissão Saldo
dos
(kg de Animal de C de N2O Seqüestrado
Bovinos
N/ha) (UA/ha)
kg/ha de equivalente CO2

100 1,52 6.426 580 2.520 3.326

200 3,04 9.471 1.160 5.040 3.271

300 4,57 12.515 1.740 7.560 3.215

400 6,09 15.559 2.320 10.080 3.159

Fonte: Nogueira et al. (2007).

2. Biodiversidade: os desmatamentos constituem grande ameaça à


biodiversidade, uma vez que a Amazônia é considerada a maior reserva de
diversidade biológica do mundo, contendo um quinto da água doce líquida e
corrente disponível e um terço das florestas latifoliadas. A manutenção da
biodiversidade é importante para a região e o Planeta. Localmente, fornece o
estoque genético necessário à constante experimentação e adaptação dos
sistemas de manejo florestal e agroflorestal, sem os quais estes não seriam
sustentáveis no longo prazo; no plano global, os compostos químicos e o
material genético representam fonte importante para o desenvolvimento de
produtos alimentícios e medicinais. O potencial da biotecnologia na produção
de novos produtos é enorme e movimenta bilhões de dólares anualmente. O
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

número de espécies vegetais ocorrentes na Amazônia é estimado em


aproximadamente 35 mil, onde somente cerca de 60 espécies são atualmente
exploradas comercialmente. O volume total de madeiras comerciais em pé é
estimado em aproximadamente 50 bilhões de m3, o que representa
aproximadamente 30% do estoque mundial de madeiras tropicais.

3. Degradação do solo: deterioração das propriedades físicas (estrutura,


densidade aparente, textura, porosidade, taxa de infiltração), químicas
(redução da matéria orgânica e de nutrientes) e microbiológicas (biomassa,
diversidade e atividade microbiana), expondo-o à ação direta dos ventos e da
chuva, implicando na sua compactação e na ocorrência de processos erosivos.
A produtividade das pastagens declina na medida em que a qualidade do solo
piora, embora, um patamar mais baixo de produtividade possa ser mantido por
sistemas tais como a alternância de cultivo. A adição contínua da calagem e da
fertilização pode conter a degradação, mas as limitações de recursos físicos e
econômicos tornam o uso desses produtos inócuos para grandes áreas longe
dos mercados urbanos (Fearnside, 1997). O desmatamento acaba com as
opções de manejo florestal sustentável tanto para os recursos madeireiros
quanto para os farmacológicos e os genéticos.

4. Hidrografia: o desmatamento e a erosão do solo nas nascentes e nas


margens dos cursos de água fazem com que grande quantidade de sedimentos
seja carreada para o fundo dos rios e lagos, diminuindo sua profundidade, num
fenômeno conhecido como assoreamento. Os sedimentos quando em
suspensão alteram as propriedades físico-químicas originais da água,
modificando a sua transparência e o seu pH, o que afeta o habitat das espécies
nativas, podendo, leva-las à extinção ou reduzindo suas populações. Isto,
aliado à escassez de vegetação nativa, que antes absorvia a água, intensifica a
incidência das enchentes. As funções da bacia hidrográfica são perdidas
quando a floresta é convertida em pastagem. A precipitação nas áreas
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

desmatadas escoa rapidamente, formando as cheias, seguidas por períodos de


grande redução ou interrupção do fluxo dos cursos d’água.

9. Aspectos Econômicos da Recuperação/Renovação de Pastagens

Com base no comparativo dos custos e benefícios correntes de diferentes


tecnologias para a recuperação/renovação de pastagens, proposto por Oliveira
et al. (1996), procedeu-se a adequação dos coeficientes técnicos de insumos e
produtos às condições vigentes em Rondônia-Brasil1. As tecnologias, custos e
receitas servem como indicativo à tomada de decisões no processo de
reabilitação de pastagens no Bioma Amazônia, em regiões onde já se praticam
a pecuária e/ou agricultura, levando em consideração as peculiaridades de
cada localidade. Nos sistemas analisados não foram quantificados os
resultados econômicos da atividade pecuária após a recuperação/renovação
das pastagens nem tão pouco os seus impactos sobre os componentes sociais
e ambientais do sistema, muito embora, espera-se melhoras significativas,
como apontam os resultados obtidos por Alves & Homma (2004) nos aspectos
econômico e social, e por Cerri et al. (2005) em relação ao meio ambiente.

Nos sistemas de recuperação/renovação diretos as práticas a serem


adotadas estão relacionadas ao grau de degradação em que se apresenta a
pastagem, mas via de regra, além da planta forrageira, não há a introdução
temporária ou permanente de um novo componente (p.e. lavoura, árvore) no
sistema. Considerando a caracterização de uma pastagem degradada proposta
por Barcellos (1990) e Spain & Gualdrón (1991), descritos nas Tabela 2 e 3, as
pastagens com graus de degradação 1 (leve), 2 (moderada), 3 (forte) e 4

1
Preços de insumos e produtos vigentes no primeiro trimestre de 2009, obtidos a partir de:
BASA (Banco da Amazônia). Relatório de informações trimestrais (RIT): pesquisa sobre atividades agropecuárias.
Agências de Porto Velho e Rolim de Moura-RO, ano 2009, 1° trimestre, n.p.

EMATER-RO (Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia).Pesquisa semanal de


preços. Disponível em: <http://www.emater-ro.com.br/fique_sabendo.php?id=3> acesso em: 05 mar. 2009.
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

(muito forte), com vistas a sua reabilitação, deveriam ser submetidas a níveis
de intervenção baixo, médio/baixo, médio e alto, respectivamente (Tabelas
34 e 35). Com relação aos “sistemas consorciados”, normalmente, as
pastagens encontram-se em um nível de degradação entre 3 (forte) e 4
(muito forte). Nos consórcios sugeridos, as culturas acompanhantes são
estabelecidas concomitantemente ou não com a(s) forrageira(s), sendo
considerado apenas um ciclo de cultivo, após o qual a pastagem encontra-se
reabilitada, por um período mínimo de cinco anos, não havendo sucessão no
espaço e no tempo entre os componentes lavoura-pecuária. Outro fator a ser
considerado é o alto custo (300,00 a 400,00 R$/ha) da sistematização de
áreas de primeiro ciclo de pastagem, dada a ocorrência de raízes e toras em
decomposição, que devem ser removidas através da destoca e enleiramento, a
fim de permitir adequado preparo do solo, principalmente quando se pretende
estabelecer lavouras.

Com o agravamento do processo de degradação da pastagem, observa-


se que os custos operacionais de reabilitação da pastagem aumentam
consideravelmente (Figura 7), já que os dispêndios com corretivos/fertilizantes
e com as operações de preparo de solo passam a ser os seus principais
componentes (oscilando entre 30 e 70%). Para as tecnologias de
recuperação/renovação direta, os custos passam de aproximadamente 800,00
para 1.900,00 R$/ha da baixa intervenção para alta, que equivalem,
respectivamente, a 11 e 26 @ de carne ou a 1.700 e 4.000 l de leite, o que
pode inviabilizar a adoção das tecnologias de médio e alto níveis de
intervenção, notadamente em áreas extensas. Outros agravantes seriam o
elevado nível de descapitalização dos produtores, além de linhas de
financiamento escassas e de difíceis acesso ou mesmo proibitivas. É de se
esperar que a utilização de tecnologia com baixo nível intervenção não resulte
em pastagens tão boas quanto às obtidas com os de mais níveis intervenção, e
conseqüentemente sua produtividade e longevidade também serão
comprometidas, ao menos que sejam submetidas à práticas de manutenção
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

(reposição de nutrientes do solo, controle de plantas invasoras) e de manejo


adequadas (ajuste da carga animal, pastejo com lotação rotacionada).
Dependendo da prática adotada (roçagem manual, mecanizada ou química),
apenas o controle de plantas invasoras, pode representar despesa de 50,00 a
150,00 R$/ha ao ano.

CUSTOS OPERACIONAIS DE TÉCNOLOGIAS DE RECUPERAÇÃO/RENOVAÇÃO


DE PASTAGENS
(R$/ha)
2.500
2.400
2.300
2.200
2.239
2.100
2.000 2.108
1.900 1.938
2.008
1.800
1.700 1.774
1.600
1.500 1.624
1.400
1.300
1.353
1.200
1.100
1.000
900
800
819
700
600
500
400
300
200
100
0
BAIXO (1) MÉDIO/BAIXO (2) MÉDIO (3) ALTO (4)

ARROZ MILHO SORGO SOJA

Figura 7. Custos operacionais de tecnologias de recuperação/renovação de


pastagens degradadas.

Em função dos elevados custos das tecnologias de


recuperação/renovação direta, os sistemas de reabilitação de pastagens, via
consorciação com cultivos agrícolas, representam uma alternativa com vistas a
minimizar, ou até mesmo, cobrir estes custos, através das receitas obtidas com
a comercialização dos produtos agrícolas (Kluthcouski et al., 2003). Para tanto,
Dias Filho (2005) aponta alguns pré-requisitos para sua adoção, tais como:
existência de mercado para comercialização dos grãos produzidos, com preços
que justifiquem economicamente o uso da prática; disponibilidade de mão-de-
obra e de máquinas/implementos agrícolas, para o plantio, manutenção e
colheita das lavouras; e existência de infra-estrutura adequada para o
armazenamento e o posterior transporte das colheitas até o mercado
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consumidor. Estes fatores estão vinculados às peculiaridades dos sistemas de


produção vigentes em uma dada região, os quais passam a determinar o tipo
de lavoura, assim como, os métodos empregados na recuperação de pastagens
por meio da integração lavoura-pecuária.

Considerando os consórcios propostos na Tabela 34, os custos


operacionais de implantação (Figura 7, Tabela 35) oscilaram de 1.624,00
(arroz) a 2.238,72 (soja) R$/ha, valores que podem limitar a adoção de tais
tecnologias, em função do baixo nível de capitalização dos produtores, além da
escassez e dificuldade de acesso às linhas de financiamento. Entretanto, as
tecnologias passam a ser exeqüíveis, com destaque para os consórcios com as
lavouras de arroz e soja, considerando-se as receitas obtidas com a venda dos
produtos agrícolas, próximas a 1.300,00 e 1.500,00 R$, que cobriam 82 e 68%
dos custos de reabilitação das pastagens, respectivamente, enquanto que com
as de milho e sorgo seriam cobertos 44 e 35% (Figura 8), para estas mesmas
lavouras seriam necessárias aproximadamente 4; 9; 16 e 17 @ de carne ou
600; 1.450; 2.400 e 2.700 l de leite para cobrir os custos finais (diferença
entre o custo total e o retorno advindo da comercialização dos grãos).
Independentemente da tecnologia a ser adotada na reabilitação das pastagens,
quando comparadas à abertura de novas áreas de floresta para formação de
pastagens, com custos variando de 600,00 a 1.000,00 R$/ha, sem considerar
os investimentos em infra-estrutura (p.e. cerca em arame liso = 6.100,00
R$/km), passam a ser mais atrativas economicamente e, principalmente sob
os aspectos sociais e ambientais. Ademais, deve-se considerar as questões de
ordem legal, sobre o uso da terra no Bioma Amazônia, que restringem a
utilização da área da propriedade agrícola em 20%.
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TAXA DE RETORNO COM A COMERCIALIZAÇÃO DE GRÃOS EM CULTIVOS


CONSORCIADOS COM PASTAGENS
(%)

100

90

80
82

70
68
60

50

40 44

30 35

20

10

ARROZ MILHO SORGO SOJA

Figura 8. Taxas de retorno advindas da comercialização das safras agrícolas,


em relação aos custos operacionais de tecnologias de recuperação/renovação
de pastagens em sistemas consorciados.

Esses valores refletem por um lado, os baixos preços praticados com


relação aos produtos da agropecuária, e por outro, os elevados preços com
relação aos insumos necessários para implantação dos sistemas, notadamente
os de corretivos e fertilizantes, embora nos últimos anos os preços pagos aos
produtores tenham reagido. As grandes distâncias com relação ao mercado
consumidor e fornecedor de insumos, e conseqüentemente o aviltamento dos
valores de frete têm sido um dos principais fatores que contribuem para este
panorama.
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Tabela 34. Comparativo de custos operacionais de tecnologias de recuperação/renovação de pastagens.

TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO/RENOVAÇÃO DE PASTAGENS

SISTEMAS DIRETOS SISTEMAS CONSORCIADOS


INSUMOS/SERVIÇOS
(componentes do custo) Médio/Baixo
Baixo (1) Médio (3) Alto (4) ARROZ MILHO SORGO SOJA
(2)

R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$ % R$ %
Corretivos/fertilizantes 577,30 70 901,44 67 1.021, 58 1.062, 55 924,3 57 1.337, 63 1.243, 62 1.266, 57
Defensivos 4,30 6 48,30 4 72,45 4 96,60 5 42,83 3 16,38 1 12,28 1 117,28 5
Sementes 22,50 3 63,09 5 87,12 5 92,39 5 109,5 7 132,50 6 132,90 7 179,80 8
Preparo do solo/plantio 140,76 17 294,12 22 534,70 30 624,19 32 482,9 30 542,97 26 542,97 27 589,48 26
Tratos culturais 6,19 0,8 6,19 0,5 6,19 0,3 6,19 0,3 12,39 0,8 12,39 0,6 12,39 1 14,95 0,7
Colheita/administração 23,85 3 39,39 3 51,67 3 56,46 3 52,50 3 66,58 3 63,67 3 70,39 3
TOTAL 818,90 100 1.352, 100 1.774, 100 1.938, 100 1.624, 100 2.108, 100 2.008, 100 2.238, 100
Retorno com a comercialização de 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0 1.330, 82 922,50 44 699,60 35 1.527, 68
≠ custo e retorno grãos 818,90 100 1.352, 100 1.774, 100 1.938, 100 294,4 18 1.185, 56 1.308, 65 711,72 32
Taxa de retorno c/ venda de grãos 0,00 - 0,00 - 0,00 - 0,00 - 0,82 - 0,44 - 0,35 - 0,68 -
@ de carne p/ cobrir custos 12,22 - 20,19 - 26,48 - 28,93 - 4,40 - 17,70 - 19,53 - 10,62 -
l de leite p/ cobrir os custos 1.706, - 2.817, - 3.696, - 4.038, - 613,5 - 2.470, - 2.726, - 1.482, -
Preços médios praticados em Rondônia no primeiro trimestre de 2009 (Informações Trimestrais Sobre Atividades Agropecuárias-BASA e EMATER/RO)
ARROZ: produtividade de 33,25 scs./ha (sc. 60 kg), preço de mercado R$ 40,00/sc. pago ao produtor
MILHO: produtividade de 61,50 scs./ha (sc. 60 kg), preço de mercado R$ 15,00/sc. pago ao produtor
SORGO: produtividade de 58,30 scs./ha (sc. 60 kg), preço de mercado R$ 12,00/sc. pago ao produtor
SOJA: produtividade de 42,4 scs./ha (sc.60 kg), preço de mercado R$ 36,00/sc. pago ao produtor
preço pago ao produtor: @ do boi R$ 67/@ - leite R$ 0,48/l
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N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Tabela 35. Comparativo de custos operacionais de tecnologias de recuperação/renovação de pastagens


TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO/RENOVAÇÃO DE PASTAGENS
PREÇO SISTEMAS DIRETOS SISTEMAS CONSORCIADOS
INSUMOS/SERVIÇOS UD UD (nível de intervenção conforme o grau de degradação) (culturas acompanhantes)
R$ Baixo (1) Médio/baixo (2) Médio (3) Alto (4) ARROZ MILHO SORGO SOJA
UD/ha R$ UD/ha R$ UD/ha R$ UD/ha R$ UD/ha R$ UD/ha R$ UD/ha R$ UD/ha R$
Calcário dolomítico t 84,99 1,50 127,49 2,50 212,48 2,50 212,48 1,50 127,49 3,00 254,97 3,00 254,97 4,00 339,96
Fosfato natural t 1154,60 0,50 577,30 0,25 288,65
Termofosfato t 507,79 0,80 406,23
Fostato parcialmente acidulado t 848,60 0,50 424,30
Superfosfato simples t 970,60 0,50 485,30 0,20 194,12 0,20 194,12
Cloreto de potássio t 1952,70 0,05 97,64 0,08 156,22
Formulado 4-30-16 t 1972,89 0,30 591,87 0,35 690,51 0,35 690,51 0,45 887,80
Sulfato de amônio t 934,31 0,10 93,43 0,10 93,43 0,10 93,43 0,30 280,29 0,20 186,86
Sulfato de zinco t 4089,40 0,02 81,79 0,02 81,79 0,02 81,79
FTE BR-12 t 991,30 0,03 29,74 0,03 29,74 0,03 29,74 0,03 29,74 0,03 29,74
Inoculante dose 3,11 3,00 9,33
Carbofuran/Thiodicarb l 40,94 0,90 36,85 0,40 16,38 0,30 12,28
Inseticida l 53,36 0,70 37,35
Herbicida l 48,30 1,00 48,30 1,00 48,30 1,50 72,45 2,00 96,60 1,50 72,45
Fungicida l 29,90 0,20 5,98 0,25 7,48
B. brizantha kg 4,50 5,00 22,50 7,00 31,50 10,00 45,00 10,00 45,00 5,00 22,50 5,00 22,50 5,00 22,50 5,00 22,50
Leguminosa (P. phaseoloides/Stylosanthes) kg 10,53 3,00 31,59 4,00 42,12 4,50 47,39
Arroz de terras altas kg 1,45 60,00 87,00
Milho kg 5,50 20,00 110,00
Sorgo kg 6,90 16,00 110,40
Soja kg 2,42 65,00 157,30
Destoca/enleiramento H/M 150,00 0,50 75,00 1,00 150,00 1,50 225,00 2,00 300,00 1,00 150,00 1,00 150,00 1,00 150,00 1,00 150,00
Espalh.fosfato/semente forrageira H/M 13,02 0,50 6,51 0,50 6,51 0,50 6,51 0,50 6,51
Frete calcário (dist. 100km) t 40,00 60,00 100,00 100,00 60,00 120,00 120,00 160,00
Espalhamento de calcário H/M 13,02 0,50 6,51 0,50 6,51 0,50 6,51 0,50 6,51 0,50 6,51 0,50 6,51 1,00 13,02
Gradagem aradora (18 discos) H/M 59,25 1,00 59,25 1,20 71,10 1,20 71,10 1,20 71,10 1,20 71,10 1,20 71,10 1,20 71,10 1,20 71,10
Aração disco (3 discos) H/M 48,30 2,00 96,60
Aração aiveca (3 conchas) H/M 48,30 2,30 111,09 2,30 111,09 2,30 111,09 2,30 111,09 2,30 111,09
Nivel./desterroamento (36 discos) H/M 48,30 0,60 28,98 0,60 28,98 0,60 28,98 0,60 28,98 0,60 28,98 0,60 28,98
Plantio H/M 55,29 1,00 55,29 1,00 55,29 1,00 55,29 1,00 55,29
Aplicação de herbicida H/M 12,37 0,50 6,19 0,50 6,19 0,50 6,19 0,50 6,19 0,50 6,19
Aplicação de inseticidas H/M 12,37 0,50 6,19
Cobertura N/K H/M 13,02 0,80 10,42 0,80 10,42 0,80 10,42
Controle de formigas D/H 18,26 0,10 1,83 0,10 1,83 0,10 1,83 0,10 1,83
Tratamento de sementes D/H 1,50 0,10 0,15 0,10 0,15 0,10 0,15 0,50 0,75
Colheita/transporte/secagem H/M 2,19 1,00 2,19 1,00 2,19 1,00 2,19 1,00 2,19
Mão-de-obra colheita D/H 2,99 1,00 2,99 1,00 2,99 1,00 2,99 1,00 2,99
Administração (3% de custo) U/D 23,85 39,39 51,67 56,46 47,32 61,40 58,49 65,22
TOTAL R$/ha 818,90 1352,52 1774,09 1938,29 1624,49 2108,12 2008,08 2238,72
Retorno com produção de grãos R$/ha 1330,00 922,50 699,60 1527,00
Taxa de retorno c/ venda de grãos 0,82 0,44 0,35 0,68
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3,
N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

@ de carne p/ cobrir custos UD/h 12,22 20,19 26,48 28,93 4,40 17,70 19,53 10,62
l de leite p/ cobrir os custos UD/h 1706,03 2817,76 3696,02 4038,10 613,53 2470,04 2726,00 1482,75
Preços médios praticados em Rondônia no primeiro trimestre de 2009 (Informações Trimestrais Sobre Atividades Agropecuárias-BASA e EMATER/RO)
ARROZ: produtividade de 33,25 scs./ha (sc. 60 kg), preço de mercado R$ 40,00/sc. pago ao produtor
MILHO: produtividade de 61,50 scs./ha (sc. 60 kg), preço de mercado R$ 15,00/sc. pago ao produtor
SORGO: produtividade de 58,30 scs./ha (sc. 60 kg), preço de mercado R$ 12,00/sc. pago ao produtor
SOJA: produtividade de 42,4 scs./ha (sc.60 kg), preço de mercado R$ 36,00/sc. pago ao produtor
preço pago ao produtor: @ do boi R$ 67/@ - leite R$ 0,48/l
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Camarão & Veiga (2006) diagnosticaram as demandas tecnológicas


referentes à recuperação/renovação de pastagens em dez propriedades
leiteiras localizadas nas mesorregiões Nordeste e Sudeste do Pará.
Considerando-se as características locais, o nível de degradação da área a ser
recuperada, e as condições socioeconômicas dos produtores, em cada
propriedade instalaram uma unidade demonstrativa, onde foram aplicadas
diferentes estratégias de reabilitação de pastagens, as quais consistiram da
correção (calcário dolomítico) ou não do solo, da adubação fosfatada do solo
(superfosfato simples e/ou fosfato de Arad) ou com macronutrientes (N-uréia;
P-superfosfato simples e/ou fosfato de Arad e, K-cloreto de potássio), aliadas
ao preparo do solo através de aração e gradagem com o replantio da espécie
forrageira existente ou introdução de uma nova: B. humidicola (Quicuio-da-
amazônia), B. brizantha cv. Marandu (Braquiarão) e P. maximum cv. Mombaça
(Mombaça). Durante a instalação das unidades demonstrativas foram
levantados os coeficientes técnicos, os preços dos insumos e serviços
demandados no processo (Tabela 36).
Costa, N.L. e Townsend, C.R. Recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagens
cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

Tabela 36. Custo médio de recuperação de pastagens degradadas em dez


propriedades, localizadas nas mesorregiões Nordeste e Sudeste do Pará.

Valor Método
Uni Quan
Discriminação Unitário P NPK
dade tidade
(R$) (R$/ha) (%) (R$/ha) (%)
Insumos
Sementes
Mombaça kg/ha 12,1 6,46 78,4 11 78,4 9
Braquiarão kg/ha 13,3 5,17 68,9 9 68,9 8
B. humidicola kg/ha 13,0 13,36 173,7 21 173,7 18
Corretivos/fertilizantes
Superfosfato simples kg/ha 83,3 0,92 76,5 10 76,5 8
Fostato Arad kg/ha 50,0 0,66 33,0 4 33,0 4
Cloreto de Potássio kg/ha 50,0 1,23 - - 59,4 6
Uréia kg/ha 72,3 1,28 - - 93,2 10
Calcário dolomítico t/ha 1,0 190,00 190,0 25 190,0 21
Total 299,5 39 452,1 49
Serviços
Aração/gradagem H/M 3,6 62,50 222,4 29 222,4 24
Adubação/plantio H/M 1,2 57,22 68,3 9 68,3 7
Aplicação de calcário H/M 2,0 35,00 70,0 9 70,0 8
Total 360,7 47 360,7 39
Total com Mombaça - - - 738,6 - 891,3 -
Total com Braquiarão - - - 729,1 - 881,7 -
Total com B. humidicola - - - 833,9 - 986,6 -

Fonte: Adaptado a partir de Camarão & Veiga (2006).

A recuperação de pastagens através da adubação fosfatada com preparo


do solo e semeadura da forrageira apresentou custo oscilando entre 375,8 e
860,5 R$/ha; para adubação com NPK variou entre 512,5 e 972,2 R$/ha e,
quando se procedeu a calagem, esses valores foram onerados em 32 e 29%.
As variações foram decorrentes, principalmente, do tipo de vegetação
(herbácea ou arbustiva), da necessidade de destoca e da limpeza de troncos
espalhados na área a ser preparada, bem como, aos preços dos insumos e
serviços praticados em cada localidade, com destaque aos das sementes
forrageiras. Considerando os valores médios dos preços de insumos e serviços
(Tabela 36) os custos das recuperações com o Mombaça e o Braquiarão foram
cerca de 12% menores do que com a B. humidicola (733,8 vs. 833,9 R$). Os
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corretivos e fertilizantes representaram 39 e 49% dos custos dos métodos de


recuperação com adubação fosfatada e com NPK, respectivamente; dentre
esses insumos, o calcário dolomítico tinha participação superior a 20%. As
operações de aração/gradagem do solo, adubação/plantio e aplicação do
calcário compunham 26; 8 e 9% dos custos.

O cultivo do arroz seqüenciado ao de milho (diversificação da produção)


foi proposto por Alves et al. (2001) como alternativa de recuperação das
vastas áreas de pastagens degradadas na região Sudeste do Pará, em
contraposição ao sistema convencional de queima de pastagens e/ou
derrubada de novas áreas de floresta, que leva ao processo de “pecuarização”,
que vem sendo questionado quanto a sua sustentabilidade (socioeconômica e
ambiental). Para comparar estes dois sistemas de uso da terra, Alves &
Homma (2004) simularam o desempenho de duas propriedades de 50 ha,
subdividas em 5 piquetes de 10 ha (Tabela 37). Uma sendo utilizada
exclusivamente com pastagem de Braquiarão voltada à pecuária mista
(leite/corte), como sendo representativa do modelo vigente; e outra, na qual
as lavouras de arroz e milho foram introduzidas em cultivo seqüenciado em um
dos cinco piquetes (5 ha para cada cultura), de tal forma, que ao final do 5°
ano todas as pastagens teriam sido recuperadas. A adoção desta tecnologia
aponta para incrementos expressivos nos principais índices zootécnicos e
econômicos da propriedade. Fazendo com que, a capacidade de suporte da
pastagem duplicasse (1,0 vs. 2,0 UA/ha), com conseqüente aumento do
rebanho (56 vs. 100 cabeças) e reestruturação de sua composição, passando
de 27 para 31 vacas (mestiças), 11 para 24 bezerros(as); ademais, se espera
que a produção de leite aumente de 3,0 para 6,0 l/vaca, e o período de
lactação de 250 para 300 dias, melhorias que representam incrementos de 173
e 99% das receitas advindas da comercialização do leite e de animais.
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Tabela 37. Comparativo entre o fluxo de caixa anual de propriedades com


sistemas de produção convencional e diversificado no Sudeste do Pará.

Sistemas de produção
A/B
Componentes
Convencional (A) Diversificado (B) (%)
............... R$ ...............
Entradas 8.517,00 42.090,00 394,19
(1)
Venda de leite 2.805,00 7.650,00 172,73
(2)
Venda de animais 5.712,00 11.340,00 98,53
(3)
Venda do arroz - 9.900,00
(4)
Venda do milho - 13.200,00
Saídas 7.046,60 20.336,01 188,59
Despesas operacionais 5.942,60 19.232,01 223,63
Concentrados e sais minerais 1.703,00 2.865,96
Serviços de ordenha e
3.120,00 3.120,00
manejo
Sanidade do rebanho 350,00 903,00
Manutenção de pastagem 280,00 280,00
Custo de produção do arroz - 5.229,70
Custo de produção do milho - 6.343,75
Encargos previdência 489,60 489,60
Despesas de investimento 1.104,00 1.104,00 0,00
Formação de pasto 592,00 592,00
Benfeitorias (cercas e
512,00 512,00
estábulos)
Saldo do Fluxo de Caixa 1.470,40 21.753,99 1.379,46
Retorno Líquido Mensal 122,53 1.812,83
Retorno Anual por Hectare (50
29,41 435,08
ha)

(1)
Venda de leite:
Sistema (22 vacas x 3 l/vaca/dia x 250 dias de lactação) = (16.500 l/ano x
convencional R$ 0,17/l)
Sistema (25 vacas x 6 l/vaca/dia x 300 dias de lactação) = (45.000 l/ano x
diversificado R$ 0,17/l)
(2)
Venda de
animais:
Sistema
(05 vacas x 14 @/vaca x R$ 42,00 + 11 bezerros x R$ 252,00)
convencional
Sistema
(09 vacas x 14 @/vaca x R$ 42,00 + 24 bezerros x R$ 252,00)
diversificado
(3)
Venda do arroz Produtividade 1.800 kg/ha = 60 sacos/ha x 5 ha x R$ 33,00
(4)
Venda do milho Produtividade 6.600 kg/ha = 110 sacos/ha x 5 ha x R$ 24,00
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A introdução dos cultivos agrícolas ao sistema de produção representou


um aumento de aproximadamente R$ 11.500,00 nas despesas operacionais
(Tabela 37), mas por outro lado, a comercialização de suas safras, contribuíram
com mais de R$ 23.000,00 nas entradas, que aliadas às melhorias obtidas na
atividade pecuária, redundaram em incrementos expressivos no saldo do fluxo
de caixa (R$ 20.283,59), no retorno mensal (R$ 1.690,30) e no retorno anual/ha
(R$ 405,67), em relação ao sistema convencional.

Os reflexos positivos das tecnologias de recuperação/renovação de


pastagens também passam a ser evidentes nos sistemas de produção de
pecuária de corte. A título de exemplo, na Tabela 38 simula-se dois cenários
envolvendo a fase de terminação/engorda; no primeiro os animais são
mantidos em pastagem degradada e no outro em pastagem que recebeu
intervenção do nível médio a um custo próximo a 1.800,00 R$/ha (Figura 7,
Tabela 35). Considerando apenas a lotação média das pastagens (cab./ha),
que passou de 1,2 para 3,0 após o processo de reabilitação da pastagem,
redundou em incrementos de 2.170,80 e 397,80 R$, respectivamente na
receita bruta e líquida do sistema, sendo o período de amortização do
investimento de 4,5 anos.
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Tabela 38. Comparativo dos principais parâmetros zootécnicos e econômicos


entre pastagens degradada e recuperada em sistemas de terminação de gado
de corte.

Pastagem
Indicadores Unidade Degradada (A) Recuperada (B) B/A
(Grau 3 - Forte) (Excelente)
Zootécnicos
Lotação
inicial bez./ha 1,6 4,0 2,4
final bois/ha 0,8 2,0 1,2
média cab./ha 1,2 3,0 1,8
Peso inicial médio @ 7 7
Peso final médio @ 18 18
Preços praticados
bezerro R$/bez. 500,00 500,00
@ boi gordo R$/@. 67,00 67,00
Econômicos
Retorno com a venda R$/boi gordo 221,00 221,00
Despesas R$/boi gordo 985,00 985,00
compra de bezerro R$/bez. 500,00 500,00
(1)
manutenção/engorda R$/cab. 485,00 485,00
Receitas R$/boi gordo 1.206,00 1.206,00
Despesa bruta R$/ha 1.182,00 2.955,00 1.773,0
Receita bruta R$/ha 1.447,00 3.618,00 2.170,0
Receita líquida R$/ha 265,00 663,00 397,0
Amortização do investimento anos - 4,5
(1)
custos: UA/ano-estoque médio + manutenção pastos + depreciação instalações-
cercas +administração 10%

As estratégias de intervenção para a reabilitação das pastagens em


diferentes estágios de degradação e a estimativa de seus custos estão
apresentadas na Tabela 39, enquanto que na Tabela 40 são descritos os
principais indicadores agronômicos e zootécnicos esperados em pastagens
recuperadas ou renovadas na Amazônia.
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Tabela 39. Estágios, indicadores e estimativa de custos de possíveis


estratégias de intervenção na recuperação de pastagens degradadas no Bioma
Amazônia.

Degradação Custo
Estratégia de Recuperação
Estágio Indicadores (R$/ha)

0 a 20% de cobertura de solo


por plantas invasoras, descanso + ajuste de manejo + limpeza 350,00
Inicial gramínea ainda vigorosa, + adubação (P) + introdução de a
capacidade de suporte da leguminosas 850,00
pastagem próxima a 1,0 UA/ha
30 a 50% de cobertura de solo
descanso + ajuste de manejo + limpeza
por plantas invasoras,
+ descompactação parcial do solo + 850,00
gramínea com vigor regular,
Médio calagem + adubação (N-P-K) + a
capacidade de suporte da
introdução de leguminosas + introdução 1.850,00
pastagem entre 0,5 a 0,9
de gramínea
UA/ha
cobertura do solo por plantas limpeza + descompactação do solo +
invasoras superior a 60%, calagem + adubação (N-P-K) +
1.850,00
gramínea com baixo vigor ou introdução de leguminosas + introdução
Avançado a
inexistente, capacidade de de gramíneas / renovação em
2.250,00
suporte da pastagem menor associação com culturas anuais + ajuste
que 0,5 UA/ha de manejo
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Tabela 40. Principais indicadores agronômicos e zootécnicos esperados para


uma pastagem degradada e recuperada/ renovada no Bioma Amazônia.

Pastagem

Indicadores Degradada Recuperada/renovada

(Grau 3 - Forte) (Excelente)

Agronômicos

Disponibilidade de MVS(1) (kg/ha) < 1.500 > 2.500

Espécie forrageira - (% da composição


< 50 > 75
botânica)

Plantas invasoras - (% da composição


> 40 < 20
botânica)

Altura média de planta(2) (cm) < 40 > 40

Relação folha colmo(2) <1 >1

Erosão laminar do solo + -

Zootécnicos

Capacidade de suporte (UA/ha) <1 >2

Ganho de peso

(kg/animal/dia médio no ano) 0,250 0,700

(lotação média cab/ha) 1,2 3,0

(kg de PV/ha/ano) 90 500

(@ boi/ha/ano) 6 33

(@ carne/ha/ano) 3 16

Produção de leite

(kg de leite/vaca/dia) 3 6

(dias de lactação) 250 300

(vacas/ha) 0,75 1,6

(kg de leite/ha/ano) 563 2.880


(1)
MVS: matéria verde seca
(2)
Forrageira B. brizantha cv. Marandu (Braquiarão)
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9. Considerações Finais

Os recursos naturais disponíveis tornam a Amazônia potencialmente


viável para a exploração pecuária. No entanto, a produtividade de carne e
leite, em geral, não é satisfatória, já que é afetada pela interação de diversos
fatores, incluindo a baixa disponibilidade e valor nutritivo da forragem, nutrição
animal deficiente, aspectos sanitários, práticas de manejo inadequadas, tanto
para o rebanho como para as pastagens. Mediante a adoção de tecnologias
apropriadas ao ecossistema, as quais estão disponíveis para utilização na
Amazônia, é possível elevar significativamente a produtividade animal e
contribuir para a sustentabilidade dos sistemas de produção pecuários,
reduzindo consideravelmente a pressão de desmatamento. Dias Filho (2005)
enfatiza que as restrições ambientais tendem a reduzir as possibilidades da
contínua incorporação de novas áreas, o que implica na recuperação de
pastagens como a única alternativa para a restauração da produtividade
pecuária na região e, conseqüentemente a produção de alimentos, empregos e
renda, sem promover a expansão das áreas de pastagens, às custas da
vegetação ainda inalterada.

A recuperação de pastagem otimiza o aproveitamento da área, recupera


as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo e viabiliza a produção de
proteína animal, devido ao aumento da capacidade de suporte, não obstante,
impede novos desmatamentos preservando a fauna e a flora, favorecendo o
meio ambiente. O processo de recuperação e/ou intensificação do uso de
pastagens cultivadas a fim de reduzir a expansão em áreas de florestas,
propicia benefícios de ordem ambiental (preservação da floresta), econômica
(custo de formação de pastagem maior que o de recuperação) e social
(necessidade de mão-de-obra). Para Dias Filho (2003), a recuperação das
pastagens pode ser abordada sob dois aspectos principais: sob o ponto de
vista agronômico, com o restabelecimento e aumento da produtividade das
plantas forrageiras, utilizando sistemas de produção mais intensivos, inclusive
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com a intercalação, no tempo ou no espaço, de lavouras de ciclo curto, nas


quais a adubação do solo teria papel de alta relevância; e, sob o ponto de vista
ecológico com a implantação de sistemas mais diversificados e biologicamente
mais produtivos e sustentáveis, tais como, os sistemas silvipastoris.

Os desafios mais urgentes para o desenvolvimento de uma pecuária


sustentável na Amazônia Legal seriam: a) promover programas de capacitação
de extensionistas e produtores rurais; b) oferecer e/ou adaptar linhas de
crédito para a adoção das tecnologias; c) desenvolver programas de vacinação
contra a febre aftosa em toda a Amazônia Legal; d) adoção de melhores
práticas de manejo das pastagens e dos rebanhos; e) difusão e transferência
de tecnologias; f) reduzir desmatamento; g) eliminar ou integrar melhores
práticas de manejo de fogo para áreas menores; h) matas ciliares protegidas
ou recuperadas; i) Políticas de integração de desenvolvimento de pecuária e
conservação ambiental, com a realização do Zoneamento Ecológico-Econômico
(ZEE). Segundo Valentim & Gomes (2005), a Amazônia Legal apresenta
grandes oportunidades para o desenvolvimento de sistemas sustentáveis de
pecuária bovina, especificamente: 1) o estoque de tecnologias existente
possibilita vencer os desafios e viabilizar uma atividade rentável e competitiva,
com inserção no mercado nacional e internacional; 2) a possibilidade de
produção de carne e leite totalmente a pasto; 3) o potencial de acessar o
mercado de carbono para viabilizar a recuperação das áreas de pastagens
degradadas e a vegetação nas nascentes e ao longo dos rios por meio da
implantação de ecossistemas de pastagens arborizados.

Devem ser priorizados processos que compreende práticas agropecuárias


que de forma racional favorece a preservação do solo, da água, do ar e da
biodiversidade, diminuindo o grande risco agrícola e auxiliando as condições
socioeconômicas da região. Entretanto seu uso pode ser questionado
principalmente em relação aos custos/benefícios de utilização, disponibilidade
de mão-de-obra qualificada para executá-lo, além das condições de infra-
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cultivadas na Amazônia. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 19, Art#588, Jun1, 2009.

estrutura na propriedade e na região, para que depois de implantado, consiga


a sinergia de ações para o aumento da produção em escala. A necessidade de
incentivos para a melhoria dos corredores de escoamento de produtos
(interligando rodovias, ferrovias e hidrovias) são necessários como principais
facilitadores de transporte de produtos, flexibilizando a comercialização e
expandindo as fronteiras para escoamento das safras.

A preservação da biodiversidade do Bioma Amazônia é imperativa, para


tanto o ZEE deve se executado, definindo as áreas aptas a exploração
intensificada e sustentável da agropecuária e restringindo o avanço
indiscriminado sobre novas áreas de floresta. Novas linhas de crédito devem
ser abertas para planos estratégicos de desenvolvimento agropecuário neste
Bioma; concomitantemente, atividades de pesquisa e de assistência técnica
devem ser fomentados, a fim de medir os impactos socioeconômicos e
ambientais destas atividades, e garantir a adoção de tais tecnologias.

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