Para efeito de melhor orientar a conduta do negociador na alternativa ttica
para a soluo do evento crtico, necessrio conceituar as duas situaes em que a pessoa capturada se enquadra. Ser refm, quando a pessoa capturada tem valor real para o Causador do Evento Crtico, que dela se valer para a obteno de algum tipo de vantagem ou benefcio real, palpvel, claramente expresso e, muitas vezes, quantificvel. Por exemplo, quando o Causador do Evento Crtico foi surpreendido pela Polcia no momento da prtica de um delito, como forma de garantir sua sobrevivncia fsica e uma fuga eventual captura pessoas e tenta troc-las por veculos. No existe nenhuma inteno clara do Causador do Evento Crtico em cometer violncias contra os capturados, antes, tal atitude lhe ser prejudicial. Esta , claramente, uma situao em que a pessoa capturada refm. E quando o Causador do Evento Crtico foi surpreendido pela Polcia em meio a um ritual bizarro, no qual se prepara execuo de uma criana. O Causador do Evento Crtico alega que somente o sacrifcio humano apaziguar sua divindade, que com ele mantm incessantes dilogos. Avisa aos Policiais que a mera interrupo do ritual provocar tragdias imensas que atingiro toda a humanidade, e prepara-se para degolar a criana. Essa criana uma vtima, pois no apresenta nenhum valor para o Causador do Evento Crtico, exceto o de possibilitar a consecuo de seus objetivos, que incluem necessariamente a sua morte. O desequilbrio mental do Causador do Evento Crtico evidente, e a ao ttica inevitvel.
Uma negociao de sucesso comea, necessariamente, por esta etapa: a
identificao das pessoas capturadas que merecem especial ateno. A definio de quem refm ou vtima proporciona uma clara delimitao do trabalho inicial do Negociador.
Fonte: Texto extrado de -THOM, Ricardo Lemos e SALINAG, Angelo
Oliveira. O Gerenciamento das Situaes Policiais Crticas. Curitiba: Editora Genesis, 2001.