1
conhecimento. É onde está estabelecido o pensamento que não
evolui.
2
pensamento econômico estava todo nos manuais de marxismo-
leninismo. Nosso sonho de consumo era ler, e entender?, o Capital.
Todos éramos economistas. Era a economia da crítica ao
capitalismo. Apenas uma coisa nos interessava: Encontrar a
contradição final que levaria à derrocada do modo e abriria o
caminho para o socialismo.
Mas, bons marxistas que éramos não nos contentávamos em
esperar o modo capitalista “cair de maduro”. Abraçávamos a teoria
do elo mais fraco de Lênin e acreditávamos que era a política e não
a economia nosso foco. A economia apenas servia para construir a
crítica ao modo e “orientar” a leitura política. Claro, fortalecer
convicções...
Enfim, não havia a intenção do uso do pensamento
econômico como gestão, como técnica de condução de políticas
públicas. Nesse campo o que nos interessava era a economia do
socialismo. Nada que uma leitura do Oskar Lange não resolvesse.
Na campo acadêmico nossa briga era com o keynesianismo, que
víamos como um instrumento para a perpetuação do modo
capitalista via mecanismos para a superação de suas crises.
Nos debates sobre o desenvolvimento instaurava-se um
problema. Ficávamos obrigados a olhar para as oposições entre
termos e não composições entre termos. No campo internacional a
grande questão era o imperialismo e a tensão latente entre centro e
periferia. Algo opunha o Brasil aos EUA e nos colocava em lados
antagônicos. Da mesma forma com relação aos outros países
desenvolvidos. Dentro da teoria da determinação do núcleo
dinâmico sobre as partes do sistema eram os americanos nosso
alvo, mas isso não eximia o restante.
3
O debate sobre o desenvolvimento era uma contradição nos
seus termos. De um lado, embora o marxismo pregasse o fim do
Estado, o leninismo nos levava a acreditar que o Estado e não nós,
seres humanos e pensadores, era o condutor do processo.
Nesse caso nenhuma dificuldade de olhar para o Estado brasileiro e
ver nele o mesmo papel. O partido falava e polemizava, mas cabia
ao Estado a gestão do desenvolvimento.
A contradição se estabelecia quando nosso projeto pregava a
necessidade de mais capitalismo, para...sair do capitalismo. Era o
projeto da revolução nacional e democrática. Aqui nosso
pensamento econômico se cindia. Permanecia a linha de crítica ao
modo e a questão centro-periferia nos documentos. No mundo real
o instrumento era um keynesianismo fortemente estatizante. A
economia enquanto gestão ficava guardada num escaninho, mas o
Estado forte, condutor do processo, ligava as duas visões de
mundo: A socialista e a nacional democrática com papel único para
o Estado.
O mundo mudou
4
conceito não há um grande condutor e também não é mais o
Estado o único condutor do desenvolvimento. Ou fazemos um jogo
a três ou não há jogo.
Conciliações
5
Enfim, o comércio mundial, o resto do mundo fazem parte de
nosso projeto, seja do ponto de vista do comércio
importação/exportação ou seja do ponto de vista dos investimentos.
Nosso lugar no mundo tem um outro tipo de reflexão.
Tradicionalmente a economia brasileira é mais fechada que aberta
e assim continua. Foi muito fácil para nós ignorar o resto do mundo
quando tratava-se de algo mais simples: Nosso alinhamento estava
errado. Tínhamos que pular do bloco capitalista para o bloco
socialista. Não tem mais para onde pular.
Não se trata mais de formar uma ampla aliança anti-imperialista das
nações exploradas. Percebemos uma inserção no mundo onde as
estratégias de desenvolvimento são resultantes de nossas vontades
e não das imposições de um dado contexto.
Nossa atual política externa parece voltada para construir novos
blocos de oposição quando nossa disposição deveria ser a de
discutir governanças possíveis, mas acima de tudo, interações
possíveis.
O que fazer?
6
clarificar este debate pontual num país onde vivemos, durante toda
a história republicana, diferentes governos que buscaram atalhos de
crescimento na formação da dívida pública, com históricos, e
registrados, problemas;
c) Da mesma forma que a macro e a microeconomia falam de
instrumentos de gestão pública que respondam a sustentabilidade
de projetos de desenvolvimento o Estado não é o fim. É o meio de
mobilizar recursos, inteligências e capacidades.
Não existe um tamanho ideal de Estado. Existe uma gestão que
tem uma tarefa a cumprir, mas que deve cumpri-la de forma
eficiente. Eficiência aqui nos remete à finalidade da própria ação,
mas também nos remete à liberdade das famílias disporem da
renda que auferem. Existe um grau de responsabilidade em lidar
com a apropriação imposta pelo Estado. Existe um outro grau de
responsabilidade em não compartilhar com a noção de que o
Estado é antes de tudo a confirmação de uma hegemonia que deve
se perpetuar e o papel que a capacidade de gastar joga ai.
7
Não se faz gestão sem uma clara definição de pensamento
econômico.
É isto que o PPS deve esperar da economia.
Demetrio Carneiro