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BIBLIOTECA DE FILOSOFIA Coordenagao de Roberto Machado Proust e os Signos, de Gilles Deleuze Foucault e a Psicanalise, de Ernani Chaves. Apresentacao de Benedito Nunes Os Ultimos Dias de Immanuel Kant, de Thomas de Quincey IMMANUEL KANT CRITICADA | FACULDADE DO JUIZO TRADUCAO de Valerio Rohden @ Anténio Marques 2*EDICAO Primeira Parte CRITICA DA FACULDADE DE JUIZO ESTETICA Primeira Segao ANALITICA DA FACULDADE DE JUIZO ESTETICA Primetro Livro ANALETICA DO BELO Primeiro momento do jutzo de gosto”, segundo a qualidade § 1. 0 jufzo de gosto 6 estético. Para distinguir se algo é belo ou nao, referimes a representagao, 1ndo pelo entendimento ao objeto em vista do conhecimento, mas pela faculdade da imaginacdo (talvez ligada ao entendimento) ao sujeito € 1 4 dotnigdo do gosto, posta aqui a fundamento, 6 de que ole 6 a faculdade de ajuizaments & considerado como objeto da complacéncia (a qual ndo é nenhum conhe- cimento do mesmo). Ora, que meu julzo sobre um objeto, pelo qual o declaro agradavel, expresse um interesse pelo mesmo, jé resulta claro do fato que mediante sensagao ele suscita um deseo de tal objeto, or conseguinte a complacéncia pressupde nao o simples julzo sobre ele, mas a referencia de sua existéncia a meu estado, na 2 4: portancente ao conhecimento, % Be: tale objotos. 51 medida em que ele 6 afetado por um tal objeto. Por isso, do 1» agraddvel ndo se diz apenas: ele apraz, mas: ele deleita . Nao 6 uma simples aprovacdo que the dedico, mas através dele 6 gerada inclinagao; e ao que é agradavel do modo mais vivo nfo pertence a tal ponto nenhum julzo sobre a natureza do objeto, que 2queles que sempre tém em vista 0 gozo (pois esta 6 a palavra com que se designa o intimo do deleite) de bom grado dispensam-se de todo 0 julgar. § 4. Acomplacéncla no bom é ligada a Interesse. Bom & 0 que apraz mediante a razo pelo simples conceito. Denominamos bom para (o itl) algo que apraz somente como meio; ‘outta coisa, porém, que apraz por si mesma denomninamos bom em ‘si Em ambos esi contido 0 conceito de um fim, portanto a relagao {da razo ao (pelo menos poss{vel) querer, consaqientemente uma complacéncia na existéncia de um objeto ou de uma ago, isto 6, um interesse qualquer. Para considerar algo bom, preciso saber sempre que tipo de ‘0 objeto deva ser, isto 6, ter um conceito do mesmo. Para ‘encontrar nele beleza, ndo o necesito. Flores, desenhos livres, Tinhas entrelagadas sem intengao sob o nome de folhagem nao signiticam nada, néo dependem de nenhum conceito determinado contudo aprazem. A complacéncia no belo tem que depender da Teflexdo sobre um objeto, que conduz a um conceito qualquer (sem determinar qual), © desta maneira distingue-se também do agraddvel, que assenta intelramente na sensacao. Na verdade, o agraddvel parece ser em muitos casos idéntico 20 bom. Assim, se diré comumente: todo o deleite (nomeadamente o 6 gozo. Mas se apenas este contasse, seria tolo ser escrupuloso com respeito 40s maios que no-lo proporcionam, quer ele fosse obtido passi- vamente da liberalidade da natureza, quer por atividade propria e Por nossa propria aluagao. A Tazo, porém, jamais se deixard persuadir de que tenha em si um valor a existéncia de um homem ‘que vive simplesmente para gozar (e soja até muito diigente a este propésito), mesmo que ele fosse, enquanto meio, o mais ttl possivel {2 outros, que visam todos igualmente ao gozo, @ na verdade porque le, pola simpatia co-participasse do gozo de todo o deleite. Somente através do que o homem faz sem considerag3o do gozo, em inteira liberdade @ independentemente do que a natureza também pass vamente poderia proporcionar-he, dé ele um valor absoluto’” & sua existéncia enquanto existéncia de uma pessoa; @ a felicidade, com a inleira plenitude de sua amenidade, nao é de Jonge um bem incondicionado.** 2 som a, ecrdacimo oe B ® “absolute, acréscimo de . 3 ina tne do gro ¢ ura nanfoi aber, Preranai sm que $0 pois Uma prelansa obrigaoriedade de todas 2 Sbutvo siesta oozes pode ant maprads (detach) to fepiituaimenta como se qusira, « mesmo que se 'alasse de um goz0 mistco, chamado coastal (K) 53 Mas, a despeito de toda esta diversidade entre o agraddvel e © bom, ambos concordam em que eles sempre estao ligados com interesse ao seu objeto, nao s6 0 agradavel (§ 3), e 0 mediatamente bom (0 util), que apraz como meio para qualquer amenidade, mas também o absolutamente e em todos os sentidos bom, a saber, 0 bem moral, que comportao maximo interesse. Pois o bom 6 0 objeto da vontade (isto 6, de uma faculdade da apetigao determinada pela azo). Todavia, querer alguma coisa e ter Complacéncia na sua (0 6, tomar um interesse por ela, 6 idéntico. § 5. Comparagao dos trés modos especificamente diversos de complacéncia. ‘© agradavel e 0 bom tém ambos uma referéncia a facukdade da apeligdo nesta medida trazem consigo, aquele uma complacéncia patologicamente condicionada (por estimulos), este uma complacén- Cia pratica, a qual ndo é determinada simplesmente pela representacao do objeto, mas ao mesmo tempo pela representada conexao do sujeito ‘com a existéncia do mesmo. Nao simplesmente o objeto apraz, mas também sua existéncia” Contrariamente,” o julzo de gosto mera- mente contemplativo, isto , um julzo que, indiferente em relagao & existéncia de um objeto, s6 considera sua natureza em comparagao com o sentimento de prazer e desprazer. Mas esta propria contem- plago 6 tampouco dirigida a conceitos; pois 0 julzo de gosto nao & nenhum juizo de conhecimento (nem teérico nem pratico),.' e por isso tampouco 6 fundado sobre conceitos e nem os tem por fim. © agradavel, 0 belo, o bom designam, portanto, trés re- lagées diversas das representagdes ao sentimento de prazer e desprazer, com referéncia ao qual distinguimos entre si objetos. ‘ou modos de representagao. Também nao sao idénticas as expressées que convém a cada um e com as quais se designa a ‘compiaceéncia nos mesmos. Agraddvelchama-se para alguém aquilo que o deleita; belo, aquilo que meramente 0 apraz, bom, aquilo que 6 estimado, aprovado,” isto é, onde & posto por ele um valor objetivo. Amenidade vale também para animais irracionais; beleza somente para homens, isto 6, entes animais mas contudo racionais, mas também nao meramente enquanto tais (por exemplo, espiritos), poré m ao mesmo tempo ‘Nao simplesmente... existoncia’,acréscimo de. Kant: ‘por isso: cortigido por Rosenkranz ‘A: conhecimento (te6re0). “aprovado', acréscimo de B. enquanto animais;** o bom, porém, vale para todo ente racional em geral; uma proposieao que somente no que se segue pode obter Sua completa justificago e elucidagao. Pode-se dizer que, entre todos estes modos de complacéncia, tinica e exclusivamente © do gosto pelo belo 6 uma complacéncia desinteressada e livre; pois Nenhum interesse, quer o dos sentidos, quer o da razo, arranca aplauso. Por isso, poder-se-ia dizer da complacéncia que ela, nos trés casos mencionados, refere-se a inclinapao ou favorou respeito. Pois favor , a qual designa a validade no da referencia de uma representago a faculdade de conhecimento, mas ao senti- mento de prazer e desprazer para cada sujeito. (A gente pode, porém, servir-se também da mesma expressdo para a quantidade légica do juizo, desde que acrescente: validade universal objetiva, a diferenga da simplesmente subjetiva, que é sempre estética). ‘Ora, um julzo objetiva @ universalmente valido também & ‘sempre subjetivo, isto 6, se 0 julzo vale para tudo o que esta contido sob um conceito dado, entao ele vale também para qualquer um que represente um objeto através deste conceito. Mas de uma validade universal subjetiva, isto 6, estética, que nao se baseie em nenhum conceito, ndo se pode deduzir a validade universal Ibgica, porque aquela espécie de julzo no remete absolutamente a0 objeto. Justamente por isso, todavia, a universalidade estética, que & ‘conferida a um julzo, tambémtem que ser de indole peculiar, porque ela” ndo conecta o predicado da beleza a0 concelto do objeto, considerado em sua inteira esfera ligica,™ e no entanto estende o mesmo sobre a esfera inteira dos que julgam. No que conceme a quantidade l6gica, todos as julzos de gosto ‘so julzos singulares. Pois, porque tenho de ater 0 objeto ime- diatamente a meu sentimento de prazer e desprazer, e contudo néo através de conceitos, assim aqueles nao podem ter a quantidade de um julzo objetiva e comumente valido;* se bem que, se a representagdo singular do objeto do julzo de gosto, segundo as condiges que determinam o titimo, for por comparagao convertida em umconceito, um julz0 l6gico universal poder resulta disso: porexemplo, a rosa, que contemplo, declaro-a bela mediante un julzo de gosto. 2B: porque nko se conecta. 8 igglea", acréscimo de B. 5 ¢: julzos objetva 6 comumente vélidos. Contrariamente, 0 julzo que surge por comparagao de varios singu- lares — as rosas, em geral, S20 belas — nao é desde entéo enunciado simplesmente como estético, mas como um julzo K6gioo fundado sobre um julzo estético. Ora, 0 julzo “a rosa 6 (de odor)” agradavel" na verdade 6 também um julzo estéicoe singular, mas nenhum julzo de gosto e sim dos sentidos. Ele distingue-se do primeiro no falo de que o julzo de gosto traz consigo uma quantidade estética da universalidade, isto 6, da validade para quaiquor um, a qual no pode ser encontrada nojulzo sobre © agradavel. S6 e unicamente os julzos sobre o bom, conquanto deter- miner também a complacéncia em um objeto, possuem universalidade logica, no meramente estética; pois eles vale sobre 0 objeto, como ‘conhecimentos do mesmo, e por sso para qualquer um. ‘Quando se julgam objetos simplesmente segundo conceitos, toda a representacao da beleza é perdida. Logo, nao pode haver tampouco uma regra, segundo a qual alguém devesse ser coagido ‘@ reconhecer algo como belo. Se um vestido, uma casa, uma flor é bela, disso a gente nao deixa seu juizo persuardir-se por nenhuma razo ouprincipio, A gente quer submeter 0 objeto aos seus préprios olhos, como se sua complacéncia dependesse da sensagao; contudo, se a gente entdo chama o objeto de belo, cré ter em seu favor uma voz universal e reivindica a adesao de qualquer um, j& que do contrério cada sensagao privada decidiria 56 e unicamente para 0 observador e sua complacéncia. Ora, aqui se trata de ver que no julzo de gosto nada é postulado -, a no ser uma tal voz universal com vistas & complacén- cia, sem mediacao dos conceitos; por conseguinte, a possibiidade de um julzo estético que, 20 mesmo tempo, possa ser considerado como vlido para qualquer Um. O proprio julzo de gosto ndo postula o acordo Uundnime de qualquer um (pois isto s6 pode fazé-lo um julzo Kbgico-uni- versal, porque ele pode alegar raz6es): ele somente imputa a qualquer um este acordo como um caso da regra, com vistas a0 {qual espera a confirmacao néo de conceitos, mas da adesao de outros. ‘Avoz universal é, portanto, somente uma idéia (em qué ela se basela, no serd ainda investigado aqui). Que aquele que cré proferir um julz0, de gosto, de fatojulgue conformemente a essa idéia, pode ser incerto; masque ele, contudo, 0 refira a ela, conseqientemente que ele deva ser um julzo de gosto, anuncia-o através da expresso "beleza". Por i préprio, porém, ele pode estar certo disso pela simples conscién- cia da separacdo, de tudo o que pertence ao agradavel e ao bom, da complacéncia que ainda the resta; e isto é tudo para o qual ele * ‘Kant: uso; comigido por Erdmann 60 se promete 0 assentimento de qualquer um; uma pretensdo para a qual, sob estas condicSes, ele também eslaria autorizado, se ele ‘nao incarresse freqdentemente em falta contra elas e por isso proferisse um julzo de gosto erréneo. § 9. Investigaco da questio, se no julzo de gosto o ‘sentimento de prazer precede 0 ajuizamento do objeto ‘0U $0 este ajuizamento precede o prazer. A solugo deste problema 6 a chave da critica do gosto @ por isso digna de toda a atenga« Se 0 prazer no objeto dado fosse o antecedente e no julzo de gosto somente a comunicabilidade " universal do prazer devesse ser concedida a representacao do objeto, entéo um tal procedimento estaria em contradi¢ao consigo mesmo. Pois tal prazer no seria nenhum outro que o simples agrado na sensagao ‘sensorial e, por isso, de acordo com sua natureza, somente poderia ter validade privada, porque dependeria imediatamente da repre- ‘sentagao pela qual 0 objeto 6 dado. Logo, 6 a universal capacidade de comunicagao do estado de nimo na representacdo dada que, como condigéo subjetiva do julzo de gosto, tem de jazer como fundamento do mesmo e ter como consequéncia 0 prazer no objeto. Nada, porém, pode ser comunicado tuniversalmente, a ndo ser conhecimento e represeniacgo, na medida ‘em que ela pertence ao conhecimento. Pois 86 @ unicamente nesta medida a tiima & objetiva @ s6 assim tem um ponto de referéncia universal, com o qual a faculdade de representacao de todos é coagida a concordar. Ora, s2 0 fundamento determinante do juzo sobre essa ‘comunicablidade universal da representago deve ser pensado apenas subjelivamente, ou seja, sem um conceito do objeto, entao ele no pode ‘Ser nenhum outro sendo 0 estado de &nimo, que & encontrado narrelagso reciproca das faculdades de representago, na medida em que elas refetem uma representago dada ao conhecimento em geral “* 0 verbo milion tam 0 sentido lier de compartir ou compartihar. Embora ‘autores nBo kantanos (p.8x., Luhmann) considerem o substentvo Mitellung como ‘apenas designando um dos elementos da comunicagdo, especialistas kantanos ‘ontendem-no simplesmente no sentido de comunicagdo. Of. p. ex. J.Kulenkampf, Kants Logik des Asthetschen Uris, 1978, p. 80: ‘allgomein kommunizierbar (algemain miteibary. E F. Kaulbach, em Asthetische Weltorkeantnis boi Kant, 1984, . 71 enlende Miteibarkelt der Gefthle como uma harmonia comunicatva, ‘kommunikativen Harmonie, © préprio Kant assim se oxpressa na Reflexo 767: Der Goachmack macht, dass der Genuss sich kommuniziert (0 gosiotaz com que 0 gozo 8¢ comunique). 61 ‘As faculdades de conhecimento, que através desta repre- ‘sentago so postas em jogo, esto com isto em um livre jogo, porque | ‘enum conceito determinado limita-as a uma regra de conhecimento particular. Portanto, 0 estado de animo nesta representagéo tem que ‘ser 0 de um sentimento de jogo livre das facukdades de representacao ‘em uma representagao dada para um conhecimento em geral. Ora, & ‘uma representagéo pela qual um objeto 6 dado, para que disso resuite conhecimento, pertencem a faculdade de imaginagao,* para a com posi¢do do muiltiplo da intuig&o, e o entendimento, para a unidede do ‘conceito, que unica as. 3. Este estado de um jogo livre das faculdades de conhecimento em uma representagéo, pela qual um ‘Objeto 6 dado, tem que poder comunicar-se universaimente; porque o conhecimento como determinacgo do objeto, com o qual repre- ‘sentag6es dadas (seja em que sujet for) devem concordar, 8 0 Unico modo de representacdo que vale para qualquer um. ‘A comunicabilidade universal subjetiva do modo de repre- sentagdo em um julzo de gosto, visio que ela dave ocorrer sem pressupor um conceito daterminado, nao pode ser outra coisa sendo © estado de Animo no jogo livre da faculdade da imaginagéo ¢ do ‘entendimento (na medida em que concordam entre si, como 6 re- ‘querido para um conhecimento em gera), enquanto somos conscientes ‘de que esta relago subjetiva, conveniente ao conhecimento em gral, ‘tem de valer também para todos @ conseqdentemente ser universal- mente comunicével, como o 6 cada conhecimento determinado, que, pols, sempre se baseia naquela relac4o como condig&o subjetiva. Este ajuizamento simplasmente subjetivo (astético) do objeto ou da representago, pela qual ale 6 dado, precede, pois, o prazer no mesmo objeto e 6 o fundamento deste prazer na harmonia das faculdades de conhecimento; mas esta validade subjetiva universal da complacéncia, qua ligamos & raprasentacSo do objeto qua de- ominamos belo, funda-se unicamente sobre aquela universalidade das condigdes subjetivas do ajuizamento dos objetos. ( fato de que 0 poder comunicar seu estado de nimo, embora somente com vistas &s faculdades cognitivas, comporte um prazer, poder-se-ia demnonstrar faciimente (empitica @ psicologicamente) @ partir da tendéncia natural do homem a sociablidade. Isto, porém, no *® Einbiaungstraft 6 om slamto um terme técrico, usado sobretudo por Kant no ‘Sento de taculdade da imaginagko. CI, p. ex., Anthropologie § 28, Acad. p. 167. Em vista disso traduzimos Einbldung por imaginagio @ Einbidungsiraf por faculdade da imaginagio; do mesmo modo como waduzimos Urtelskraft por faculdade do julzo @ Erkenntniskraft (como Erkenntnisvermégen) por laculdade de ‘contiecimento 62 6 suficionte para o nosso objetivo. O prazer que sentimos nos 0 imputames a todo outro, no julzo de gosto, como necessério, como se, quando denominamos uma coisa bela, se tralasse de uma qualidade do objeto, que 6 determinada nele segundo conceitos; pois a beleza, sem referéncia ao sentimento do sujeto, por si nao é hada, Mas temos que reservar a discussao desia questo até a resposta aquela outra: se @ como julzos estéticas a priori so possivels. ‘Agora ocupamo-nos ainda com a questéo menor: de que modo tomamo-nos conscientes de uma concordancia subjeliva reciproca das faculdades de conhecimento entre si no julzo de gosto, se esteticamente pelos meros sentido interno @ sensapo ou se intele- clualmente pela consciéncia de nossa atividade intencional, com que pomos aquelas em jogo. ‘Sea representago dada, que enseja o juizo de gosto, fosse um conceito, que unificasse entendimento e faculdade ca imaginagdo no ajuizamento do objeto para um conhecimento do mesmo , entéo a consciéncia desta relac4o seria intelectual (como no esquematismo objetivo da faculdade do julzo, do qual a Crftica trata). Mas 0 julzo tampouco seria proferido em referéncia a prazer desprazer, portanto, no seria nenhum julzo de gosto. Ora, 0 julzo de gosto, cortudo, determina independentemente de concsitos 0 objeto ‘com respelto & complacéncia e ao predicado da beleza. Logo, aquela, unidade subjetiva da relagdo somente pode fazer-se cognosctvel através da sensagao. A vivificagéo de ambas as faculdades (da imaginago e do entendimento) para uma atividade indeterminada, ® mas contudo undnime através da iniciativa da representagdo dada, a ‘saber daquela atividade que pertence a um conhacimento em geral, é ‘a sensago, cuja comunicabilidade universal o julzo de gosto postula. Na verdad, uma relagao objetiva somente pode ser pensada, mas na medida em’ que de acordo com suas condigdes 6 subjeliva, pode todavia ser sentida no efeito sobre 0 animo; e em uma relagao que no se funda sobre nenhum conceito (como a 'relagao das faculdades de representacdo a uma faculdade de conhecimento em geral) tampouco 4 possfvel uma outra consciéncia da mesma sendo por sensacao do ‘feito, que consiste no jogo faciltado de ambas as faculdades do nimo (da imaginag2o e do entendimento) vivificadas pela ooncordancia reciproca. Uma representaeo, que como singular e sem comparagao ‘com outras todavia possui uma concordancia com as condigées da. universalidade, a qual constitul a tarefa do entendimento em geral, * ¢: datarminada, cconduz.as facudadess do conhecimento a proporcionada disposigso, que -exigimos para todo o conhecimento e que por isso também consideramos ‘lida para qualquer um que esteja destinado a julgar através de entondi- "mento e sentides coligados (para todo home). Explicagdo do belo inferida do segundo momento Belo é 0 que apraz universalmente sem conceto, Terceiro momento do jutzo de gosto, segunido a relagdo dos fins que nele & considerada. § 10, Da conformidade a fins om geral. ‘Se quisermos explicar o que seja um fim segundo suas deter- minagées transcendentais (sem pressupor algo empirico, como 6 0 caso do sentimento de prazer), entdo fim 6 0 objeto de um conceito, na medida em que este for considerado como a causa daquele (0 fundamento real de sua possibiidade); @ a causalidade de um conceito com respeito a seu objeto é a conformidade a fins (forma finalis). Onde, pois, nao & porventura pensado simplesmente 0 conhecimento de um objeto mas 0 préprio objeto (a forma ou existéncia do mesmo) como efeito, enquanto possivel somente mediante um conceito do titimo, af se pensa um fim. A repre- ‘sentagao do efeito é aqui o fundamento determinante de sua causa @ precede-a. A consciéncia da causalidade de uma representagao com vistas ao estado do suleito, para conservara este nesse estado, pode aqui de modo geral designar aquilo que se chama prazer, conirariamente, desprazer 6 aquela representag4o que possui 0 fundamento para determinar o estado das representagdes ao seu proprio oposto (para impedi-las ou elimind-las).“*| ‘A faculdade de apeti¢go, na medida em que 6 determindvel somente por conceitos, isto 8, a agit conformemente a repre- sentago de um fim, seria a vontade. Conforme a um fim, porém, chama-se um objeto ou um estado de Animo ou também uma acao, ainda que sua possibilidade nao pressuponha necessariamente a representacao de um fim, simplesmente porque sua possibllidade “+ smpedt-ias ou eliming-las" falta om A. 64 ‘somente pode ser explicada ou concebida por nés na medida em que admitimos como fundamento da mesma uma causalidade segundo fins, isto 6, uma vontade, que a tivesse ordenado desse modo segundo a representacSo de uma certa regra. A conformidade a fine pode, pols, ser som fim, na medida em que nao pomos as ‘causas desta forma em uma vontade, e contudo somente podemos tomar compreensivel a nds a explicagao de sua possibildade en- quanto a deduzimos de uma vontade. Ora, ndo temos sempre necessidade de descortinar pela razéo“ segundo a sua possibili- dade) aquilo que observamos. Logo, podemes pelo menos observar uma conformidade a fins segundo a forma ~ mesmo que nao Ihe + Tanto pot falta de linguagem floséfica como de claraza conceitual, 0 termo Einsohen/Eisicht (ings: insight) nfo encontrou também no portuguds até agora, ‘uma tradupso aceitivel. Adptou-se ora ciscornitidiscernimento (Santos/Morujdo), Intolecgfo (Heck) ou enteverinrovisto (Rohden). E curioso que a propria lingua, inglesa, que possui em insightum consagrado termo equivalents, no tenha feito uso dele na tedugie da Cride of Judgment da Meredith, onde encontramos para ‘einsehen... (oP. 23) 000k with the ey@ ofreason «para Einsicht Understanding. Em ouras tentatves de tadugdo encontramos _saisirjuger(Philonenko) ‘comprencre/examen (Delamarre), _riguardere/sapere__(Gergjulo/Verr ‘considerarfnvestgacién (Morenta). insight ambém tem sido teduzido do inglds a0 ‘alomo por Durchbiick (perepectve), Ouzos lermos que the convém aBo 08 latinos Insplosre/nspecto (inspecionar, insperio) também perspicere/perspicata ver alrevés, peraplodcia), como 0 Grego frdnesis. Ligado & percepglo visual, o termo Einsicht significa ume epreensio de estuturas ou de um todb dotado de sentido. Psloologicamente ofenémeno é assim descr: “(Uma pessoa vse controntada com ‘um estado de coisas inialmente opaco , fechado, indstinto, Confuse etonta eno, mediante escolha de uma posiglo ou &ngulo visual, apreender melhor oicamenta esses estados de coises © conhect-los em suas intorconexées (K- MUller, in: J. Pitter (ed), Hist. Wort. o. Phil, 1972(1)418)., Bonnet observa que 6 uma condiglo necesséria mas no suidente de uma conduta dotada de EEinaicnt (neigh que ei "prove um saber previo ou uma pré-conivieyu do caminho ‘correto para.a solugto de um problema prétco’ (Rationallat, wad. alem& 1967, p. 127). Ele ga ainda Einsichvinsight a uma goneralizagéo conceitual @ faz depender © valor lectico do concalte de seu reconhiecimentolingolstico ¢ pbc. Do ponto de. Vista de que uma palavra demasiado vaga nBo serve para a déncia (Bennett), tam ‘Sento a conclusto de G. H. Hartmann, em "Begriff und Kriteien der Einsict’, de {que 0 sentido desse tormo continua uma terra Incdgnita, com uma aplcaggo ‘2preseada ao comportamento animal, som que se conhecesse sufciontomontso Sou ‘2dmiido correlate humano, De um ponto de vista kantano o também na dregao da. ‘concepgBo apontada por Bennett tam sent a pergunta de Hartmann: E Einsicht ‘uma espécie do genus ineigéncia ou vice-versa? (in: Graumann (ed), Denkon, 1069, p. 143), Vale alentar a ess0 rospolto para a verstio kantiana dos termos da Peychologla empiica de Baumgarten, no vol. XV da Acad. Kants handschriticher Nachlass) 65 ponhamos como fundamento um fim - como matéria do nexus finalis— ‘enolé 1a emobjetos, embora de nenhum outro mado sendo por reflexdo. § 11. 0 julzo de gosto nao tem por fundamento sendo a forma da conformidade a fins de um objeto (ou do seu modo de representacéo). ‘Todo fim, se 6 considerado como fundamento da complacén- ia, comporta sempre um interesse como fundamento de determi s@80 V: Perspicacia, observa Baumgarten que “o habito de observar a Identidade das coisas chama-se engenho em sertide esto" © que o"habito de obsorvar a cversidade das coleas chama-se acumen’: deciarados belos pela maioria das pessoas, se bem que ambos paregam ter por funda- mento simplesmente a matéria das representagées, a saber, pura simplesmente a sensacdo e por isso merecessem ser chamados ‘somente de agradaveis. Entretanto, ao mesmo tempo se observara que as sensagdes da cor como as do som somente se consideram To direito de valer como belas na medida em que ambas so puras; © que 6 uma determinago que jd concerne & forma e é também 0 nico dessas representagdes que com certeza pode comunicar-se tniversalmente; porque a qualidade das préprias sensagdes nao pode ser admitida como undnime em todos 0s sujeitos, e a ameni- dade de uma cor, superior & de outra, ou do som de um instrumento ‘musical, superior ao de um outro, dificilmente pode ser adrritido como ajuizado em qualquer um da mesma maneira, ‘Se com Euler se admite que as cores sejam, simul- taneamente, pulsagées (pulsus) do éter sucessivas umas as outras, ‘como sons do ar vibrado no eco e, oque é 0 mais nobre, que 0 Animo perceba (do que absolutamente nao duvido),‘' nao meramente pelo sentido, 0 efelto disso sobre a vivificagdo do érgao, mas também pela teflexdo, o jogo regular das impressbes (por conseguinte, a forma na ligagdo de representagdes diversas); ento cor e som no seriam simples sensagdes, mas ja determinagdes formais da uni- dade de um miitiplo ‘dos mesmos e neste caso poderiam ser também computados por si como belezas. 4 (enquanto formal" fata om A © Euter, Leonhard (1707-83), matamaio e aio nascto om Basisiafalecdo om '. Petersburg 1 sico @ um dos matemaicos mais universes, 5° A, B: "do que até duvido muito". Segundo Windeiband (Acad. V, p. 527). 6 a variant da 3, edigBo (C) que cortesponde ao pansamento de Kant 70 Mas o puro de um modo simples de sensagao significa que a uniformidade da mesma néo é perturbada e interrompda por nenhum, ‘modo estranho de sensago ¢ pertence meramente & forma; porque neste caso se abstral da qualidade daquele modo de sensago (seja ‘que cor ou som ele representa). Por isso, todas as cores simples, na medida em que 840 puras, s&0 consideradas belas; as mes- cladas ndo tém esta prerrogativa precisamente porque, 4 que no ‘so simples, ndo possuimos nenhum padréo de medida para o ajuizamento de se devemos chamé-las puras ou impuras. E um erro comum e muito prejudicial ao gosto auténtico, incorrompido @ sélido, supor que a beleza, atribuida ao objeto em virlude de sua forma, pudesse até ser aumentada pelo atralivo; se bem que certamente possam ainda acrescer-se atrativos a beleza para interessar 0 Animo, para além da seca complacéncia, pela epresentacdo do objeto ¢, assim, servir de recomendacao ao gosto @ A sua cultura, principalmente se ele 6 ainda rude e nao exercitado, Mas eles prejudicam efetivamente o julzo de gosto, se chamam a tengo sobre si como fundamentos do ajuizamento da beleza. Pols las esto to distantes de contribuir para a beleza, que, enquanto estranhos, somente 18m que ser admitidos com indulgéncia, na medida em que no perturbam aquela forma bela quando 0 gosto 6 ainda fraco @ ndo exercitado. Na pintura, na escultura, enfim em todas as artes pldsticas; na arquitetura, na jardinagem, na medida em que séo belas artes, 0 desanho &'0 essencial, no qual ndo 6 0 que deleita na sensagao, mas simplesmente 0 que apraz por sua forma, que constitu o fundamento de toda a disposigo para 0 gosto. As cores que iluminam 0 esbogo pertencem ao atrativo; elas, na verdade, podem vivificar 0 objeto em si para a sensagao, mas nao tomé-lo belo e dligno de intui¢éo; antes, elas em grande parte séo limitadas muito por aquilo que a forma bela requer, e mesmo ld, onde 0 atrativo 6 admitido, so enobrecidas unicamente por ela. Toda forma dos objetos dos sentidos (dos externos assim ‘como mediatamente do interno) 6 ou figura ou jago, no uitime caso, ‘ou jogo das figuras (no espaco: a mimica e a dana); ou simples’ jogo das sensagdes (no tempo). O atrativo das cores ou de sons agradaveis do instrumento pode ser-Ihe acrescido, mas o desenho na primeira ea composi¢o no titimo constituemo verdadeiro objeto do julzo-de-gosto puro; e 0 fato de que a pureza das cores assim como a dos sons, mas também a multiplicidads dos mesmos e 0 5 simplas" falta om A n seu contraste paregam contribuir para a beleza néo quer significar que elas produzam um acréscimo homogéneo & complacéncia na forma porque sejam por si agradaveis, mas somente porque elas tomam esia tltima mais exata, determinada e completamente in- tulvel, @ além disso vivificam pelo seu atrativo as representagdes ‘enquanto despertam e mantém a atengao sobre o proprio objeto. ‘Mesmo aquilo que se chama de omamentos (parerga).” isto 6, que no pertence a inteira representacao do objeto internamente como parte integrante, mas s6 externamente como acréscimo e que aumenta a complacéncia do gosto, faz isto, porém, somente pela ‘sua forma, como as molduras dos quadros, ou as vestes em estdtuas, ou as arcadas em tomo de exificios suntuosos. Mas se 0 préprio ornamento nao consiste na forma bela, e se ele 6, como a moldura dourada, adequado simplesmente para recomendar, pelo ‘seu atrativo, 0 quadro ao aplauso, entao ele se chama adoro - @ rompe com a auténtica beleza. Comogao, uma sensacao cuja amenidade 6 produzic somente através de inibigéo momentanea e subseqiiente efusdo mais forte da forga vital, ndo pertence absolutamente a beleza, ‘Sublimidade (com a qual o sentimento de comogdo esta ligado)* requer, porém, um critétio de ajuizamento diverso daquele que © gosto poe como seu fundamento; e assim um juizo-de-gosto puro no possuiinematrativo nem comogo como prinefpio determinante, ‘em uma palavra, nenhuma sensacdo enquanto matéria de julzo estético. § 15. O julzo de gosto 6 totalmente independente do conceito de perfeigao. A conformidade a fins objetiva somente pode ser conhecida através da referéncia do miiliplo a _um fim determinado. logo ‘somente por um conceito. Disso, todavia, ja resulta que belo, cujo ajuizamento tem por fundamento uma conformidade a fins mera- mente formal, sto é, uma conformidade a fins sem fim, 6 totalmente independente da representacao do bom, porque o tiltimo pressupoe uma conformidade a fins objetiva, isto é, a referéncia do objeto a um fim determinado. 4: além disso palo sou atravo despertam @ elavam a atenglo sobre 0 préprio objet. “(parorgal falta em A 5 as molduras dos quadros ou’ fata om A. 5 “(com a qual..bgadoy falta em A 2 ‘A conformidade a fins objetiva 6 ou extema, isto 6, a utilidade, u interna, isto 6, a perfeigo do objeto. O fato de que a complacén- ‘cla em um objeto, em virtude da qual o chamamos de belo, nao pode basear-se sobre a reprasentacdo de sua utlidade pode concluir-se suficientemente dos dois capitulos anteriores; porque em tal caso ela ndo seria uma complacéncia imediata no objeto, a qual 6 a condigao essencial do juzo sobre a beleza. Mas uma conformidade a fins interna objetiva, isto 6, a perfeigéo, jd se aproxima mais do ppredicado da beleza ©, por isso, foi tomada também por filésofos ilustras - todavia com 0 complemento quando ela for pensada confusamente - como idéntica & beleza. E da maxima importancia decidir em uma critica do gosto se também a beleza pode efeti- ‘vamente dissolver-se no conceito de perfeigao. Para ajuizar a conformidade a fins objetiva, precisamos sem- pre do conceito de um fim o (se aquela conformidade a fins nao deve ‘seruma utilidade externa, mas interna) do conceito de umfim interno que contenha o fundamento da possibilidade interna do objeto. Ora, ‘assim como fim em geral é aquilo cujo conceito pode ser conside- ado como o fundamento da possibilidade do préprio objeto; assim, para reprasentar-se uma conformidade a fins objetiva em uma coisa, © concelto do que esta coisa deva ser precedé-la-4; e a concordan- cia do matiplo, na mesma coisa, com esse concsito (0 qual fomece ele a regra da ligago do mesmo) 6 a perfelpdo qualilativa de uma coisa. Disso a perfeigéo quantitativa, como a completude de cada coisa em sua espécie, 6 totalmente distinta e um simples conceito de grandeza (da totalidade), no qual ja 6 antecipadamente pensado como determinado o que a coisa deva ser, e somente 6 perguntado se fodoo requerido para isso esteja néle. O formal na representacao do uma coisa, isto 6, a concordancia do mitiplo com uma unidade (Geja qual for), de modo nenhum dé por si a conhecor uma confor. midade a fins objetiva; pois uma vez que se abstrai desta unidade ‘como fim (0 que a coisa deva ser), no resta sendo a conformidade a fins subjetiva das representagdes no animo do que intui; essa conformidade presumivelmente indica cetta conformidade a fins do ‘estado da representago no sujeito, e neste uma salisfagéo para captar uma forma dada na facuklade da imaginagao, mas nenhuma perfeig&o de qualquer objeto, que aqui ndo é pensado por nenhum conceito de fim. Como, por exemplo, quando ra floresta encontro um relvado, em tomo do qual as rvores esto em circulo e ndo me represento al um fim, ou seja, de que ele deva porventura servir para a danca campestre, ndo 6 dado pela simples forma o minimo conceito de perfeicdo. Representar-se uma conformidade a fins 73 objetiva formal mas sem fim, isto 6, a simples forma de uma perfei¢ao (sem toda matéria e conceito daquilo com 0 que é posto de acordo, mesmo que fosse meramente a idéia de uma conformi- dade a leis em geral),”” uma verdadeira contradicao, Ora, 0 julzo de gosto é um julzo estético, isto 6, que se baseia ‘sobre fundamentos subjetivos e cujo fundamento de determinacao no pode ser nenhum conceito, por conseguinte tampouco o de um fim determinado. Logo, através da beleza como uma conformidade a fins subjetiva formal, de modo nenhum é pensada uma perfeico. do objeto, como pretensamente-formal, e contudo uma conformi- dade a fins objetiva; e a diferenca entre os conceitos de belo e bom, como se ambos fossem diferentes apenas quanto a forma légica, endo o primeiro simplesmente um conceito confuso, e o segundo, um conceito claro de perfeicdo, afora isso, porém, iguais quanto ao contetido e a origem, é sem valor; porque ent&o nao haveria entre eles nenhuma diferenca especifica, mas um julzo de gosto tanto seria um jufzo de conhecimento como o julzo pelo qual algo é declarado bom; assim como porventura 0 homem comum, quando diz que a fraude 6 injusta, funda seu julzo sobre princ{pios confusos, 0 fldsofo sobre principios claros, no fundo, porém, ambos fundam. ‘se sobre os mesmos principios da razao. Eu, porém, j4 menci que um julzo estético é Unico em sua espécie e nado fomece absolutamente conhecimento algum (tampouco um confuso) do objeto: este timo ocorre somente por um julzo Kégico; j4 aquele, 0 contrétio, refere a representagdo, pela qual um objeto & dado, simplesmente ao sujeito e nao da a perceber nenhuma qualidade do objeto, mas s6 a forma conforme a um fim na determinag4o™ das faculdades de representacao que se ocupam com aquele. O juizo chama-se estético também precisamente porque o seu fundamento de determinaco nao é nenhum conceito, e sim o sentimento (do sentido interno) daquela unanimidade no jogo das taculdades do 4nimo, na medida em que ela pode ser somente sentida, Contraria- mente, se se quisesse denominar estéticos conceitos confusos eo julzo objetivo que aquela unanimidade tem por fundamento, ter-se- ia um entendimento que julga sensivelmente, ou um sentido que representaria seus objetos mediante conceitos, o que se contradiz."” A faculdade dos conceitos, quer sejam eles confusos ou claros, é 0 57 smesmo que fosse...m gor) falta om A. 5 1B: uno. 5 na detarminagfo fata om A © to que 90 contradiz’ falta om A. 4 ‘entendimento; @ conquanto ao julzo de gosto, como julzo estético também pertenga o entendimento (como a todos 0s julzos), ole ‘contudo pertence ao mesmo, néo como faculdade do conhecimento de um objeto, mas como faculdade da determinagao do julzo e de ‘sua representago (sem conceito) segundo a relagao da mesma ao sujeito e seu sentimento interno, e na verdade, na medida em que este julzo 6 possivel segundo uma regra universal. § 16, 0 julzo de gosto, pelo qual um objeto 6 declarado belo ‘sob a condi¢so de um concelto determinado, néo puro. H4 duas espécies de beleza: a beleza livre (pulchritudo vaga) @ a beleza simplesmente aderente (pulchritudo adhaerens). A primeira no pressupde nenhum concetto do que o objeto deva ser, ‘a segunda pressupde um tal conceit @ a parfeigao do objeto ‘segundo o mesmo. Os modos da primeira chamam-se belezas (por si subsistentes) desta ou daquela coisa; a outra, como aderente a um conceit (beleza condicionada), é atribuida a objetos que esto sob 0 conceito de um fim particular. Flores so belezas naturais livres. Que espécie de coisa uma flor deva ser, dificilmente o saberd alguém além do botdnico; e ‘mesmo este, que no caso conhece 0 6rgao de fecundagso da planta, se ulga.a respeito através do gosto, nao toma em consideragao este fim da natureza. Logo, nenhuma perfeiggo de qualquer espécio, nenhuma conformidade a fins intema, & qual se refira a do miltiplo, 6 posta a fundamento deste julzo. Muitos passaros (0 papagaio, 0 colibri, a ave-do-paraiso), uma poreao de crustdceos do mar 840 belezas por si, que absolutamenie nao convém a nenhum objeto determinado segundo conceltos com respeito a seu fim, mas aprazem livremente @ por si. Assim, os desenhos a Ja grecque, a folhagom para molduras ou sobre papel de parade ate., Por si ndo significa nada; nao representam nada, nenhum objeto ‘sob um conceito determinado, @ s8o belezas livres. Também se pode computar como da mesma espécie o que na musica denomi- nam-se fantasias" (sem tema), ¢ até a inteira misica sem texto. No ajuizamento de uma beleza livre (segundo a mera forma), © julzo de gosto & puro. Nao 6 pressuposto nenhum conceito de ‘qualquer fim, para o qual o muitiplo deva servir ao objeto dado eo qual este ultimo deva representar, mediante o que unicamente seria limitada a liberdade da faculdade da imaginago, que na observagao da figura por assim dizer joga. © ¢: fantasia. a beleza de um ser humano (@ dentro desta ———omem ou uma mulher ou um filho), a beleza de ‘edificio (como igreja, palacio, arsenal ou casa de a LUM conceito do fim que determina o que a coisa SEEN SOQUiNte Um conceito de sua perfeicdo, © 6, —Sinplesmente™ aderente. Ora, assim como a li- «(da sensacao) a beleza, que propriamente 86 ____ impedia a pureza do juizo de gosto, assim a 10 Qual, a saber, o mitiplo 6 bom com respeito undo o seu fim) & beleza prejudica a pureza do SS ol0car om um ecitfcio muita coisa que aprazeria intuigéo, desde que nao setratasse de uma igreja; ———ezar uma figura com toda sorte de floreados & ===> porém regulares, assim como o fazem os $= sua tatuagem, desde que ndo se tratasse de Ke poderia ter tragos muito mais finos e uma perfil mais aprazivel e suave, desde que ele nao $21 um homem ou mesmo um guerreiro. EEE 2cnicia No miltiplo om uma coisa, em referencia a ———ictermina sua possibilidade, é uma complacéncia oncaito; a complacéincia na beleza é, porém, tal ———>ée nenhum conceito, mas esté ligada ime- isentagao pela qual o objeto 6 dado (nao pela qual, Ora, se 0 julzo de gosto a respeito da itima mado dependente do fim na primeira, enquanto ssim é limitado, ent&o aquele nao é mais um julzo tro. ‘© gosto lucra por essa ligagdo da complacéncia 2éncia intelectual no fato de que ele & fixado; ele, 6 universal, nao obstante possam ser-Ihe prescri- ‘speito a certos objetos determinados conforme- astas, por sua vez, lampouco sao regras de gosto, do acordo do gosto com'a razéo, isto 6, do belo qual © belo 6 utilizvel como instrumento da relto ao bom, para submeter aquela disposicao do mantém a si propria e 6 de validade universal i maneira de pensar que somente pode ser man- enoso esforgo, mas & valida universal e objeti- nente, porém, nem a perfeigdo lucra através da ‘aem Vortander (0). 76 beleza, nem a beleza através da perfeigéo; mas visto que, quando mediante-um conceito comparamos a representagao, pela qual um objeto nos 6 dado, com 0 objeto (com respeito ao que ele deva ser), no se pode evitar de ao mesmo tempo comparéla com a sensagao 1no sujeito, assim, quando ambos os estados do 4nimo concordam entre si, lucra a intaira faculdade de representacao, Um julzo de gosto seria puro com respeito a um objeto de fim interno determinado somente se o julgante néo tivesse nenhum conceito desse fim ou se abstralsse dele em seu julzo. Mas este, ‘entdo, conquanto proferisse um julzo-de-gosto correto enquanto ajuizasse 0 objeto como beleza livre, seria contudo censurado & culpado de um julzo falso pelo outro que contempla a beleza nele ‘somente como qualidade aderente (presta atengao ao fim do ob- jeto), se bem que ambos julguem corretamente a seu modo: um, ‘segundo o que ele tem diante dos sentidos; o outro, segundo o que ele tem no pensamento, Através desta distingao pode-se dissipar muita dissengao dos jutzos do gosto sobre a beleza, enquanto se thes mostra que um considera a beleza livre 8 0 outro a beleza aderente; o primeiro profere um julzo-de-gosto puro e o segundo, um julzo-de-gosto aplicado, § 17, Do ideal da beleza. Nao pode haver nenhuma regra de gosto objetiva, que deter- mine através de conceitos 0 que seja belo. Pois todo julzo prove- niente desta fonte é estético; isto &, 0 sentimento do sujeito, e no © conceito de um objeto, ¢ seu fundamento determinante. Procurar um prinefpio do gosto, ‘que fornega o critério universal do belo através de conceitos determinados, é um esforgo infrutffero, porque (© que 6 procurado & impossivel ¢ em si mesmo contraditério. A ‘comunicabilidade universal da sensagao (da complacéncia ou descomplacéncia), ¢ na verdade uma tal que ocorra sem conesito, ‘a unanimidade, o quanto possivel, de todos os tempos @ povos com respeito a este sentimento na representagao de certos objetos, © critério emplrico, se bem que fraco e suficiente apenas para ‘a suposigo da derivago de um gosto, t4o confirmado por ‘exemplos, do profundamente oculto fundamento comum a todos os homens, da unanimidade no ajui- zamento das formas sob as quais Ihes s40 dados objetos. Por isso, se consideram alguns produtos de gosto como ‘exemplares: nao como se 0 gosto possa Ser adquirido enquanto ele © 4: "90 voli pare’ 4 imita a outros. Pois 0 gosto tem que ser uma facuidade mesmo propria; quem, porém, imita um modelo, na verdade mostra, na medida em que o encontra, habilidade, mas gosto ele mostra somente na medida em que ele mesmo pode ajuizar esse modelo.™ Disso segue-se, porém, que o modelo mais elevado, o original do gosto 6 uma simples idéia que cada um tem de produzir ‘em si proprio e segundo a qual ele tem que ajuizar tudo 0 que 6 objeto do gosto, 0 que & exemplo do ajuizamento pelo gosto e mesmo o gosto de qualquer um. idéia significa propriamente um conceito da razo; ideal, a representagao de um ente individual como adequado a uma idéia. Por isso, aquele original do gosto ~ que certamente repousa sobre a idéia indeterminada da razio de lum maximo, @ no entanto no pode ser representado mediante conceitos, mas somente em apresentagdo individual ~ pode ser melhormente chamado 0 ideal do belo, de modo que, se ndo ‘estamos imediatamente de posse dele, contudo aspiramos a pro- duzi-lo em nés. Ele, porém, sera simplesmente um ideal da 4 faculdade da imaginaco, justamente porque ndo repousa sobre conceilos, mas sobre a apresentagdo; a faculdade de apresentago porém 6 a imaginagao. Ora, como chegamos a um tal ideal da beleza? A prioriou empiricamente? E do mesmo modo, que género de belo & capaz de um ideal? Em primeiro lugar, cabe observar que a beleza, para a qual deve ‘ser procurado um ideal, no tem que ser nenhuma beleza vaga, mas uma beleza fixada por um conceito de conformidade a fins objetiva; conseqientemente, no tem que pertencer a nenhum objeto de um julzo de gosto totalmente puro, mas ao de um juizo de gosto em parte intelectualizado. Isto 6, seja em que espécie de fundamentos do ajuizamento um ideal deva ocorrer, tem que jazer & sua base alguma id6ia da razo segundo conceitos determinados, que determina a prior| © fim sobre o qual a possiblidade intema do objeto repousa. Um ideal de flores belas, de um mobildrio belo, de um belo panorama nao pode sserpensado. Mas tampouco se pode representar oidealde umabeleza Modelos do gosto com respeio ds ares elocutvas tom cult: 0 primeio, para no tr que sotrer um as inguas vives, de modo que expresstes habituais tornam-se arcaicas e oxpressGes recriadas ao postas am circulago por ‘somento um curte perlodo de tempo; o segundo, para que ela tonha uma gramatica (que no seja eubmetda a 78 aderente a fins determinados, por exemplo, de uma bela residéncia, de uma bela drvore, de um belo jarcim etc.; presumivelmente porque ‘08% fins no so suficientemente determinados @ fxados pelo seu ‘concelto, conseqdentemente a conformidade a fins é quase to livre ‘como na beleza vaga. Somente aquilo que temo fim de sua existéncia em si proprio — 0 homer, que pode determinar ele proprio seus fins pela razfo -, ou onde necesita tomé-los da parcepgao externa, todavia, pode compard-los aos fins essenciais ¢ universais e pode ‘enigo ajuizar também esteticamente a concordancia com esses fins; ‘este homem 6, pois, capaz de um ideal da beleza, assim como a humanidade em sua pessoa, enquanto inteligéncia, 6, entre todos os ‘objetos do mundo, a Unica capaz do ideal da ; ‘A isso, porém, pertencem dois elementos: primeiro, a idéia normal estética, a qual 6 uma intuigao singular (da faculdade da imaginagdo), que representa 0 padréo de medida de seu aju- ‘zamento, como de uma coisa pertencente a uma espécie animal particular; segundo, a idéia da razdo, que faz dos fins da humanidade, na’medida em que néo podem ser, representados ‘sensivelmente, o principio do aluizamento de sua figura, através da qual aqueles se revelam como sem efeito no fendmeno. A idéia normal tem que tomar da experiéncia os seus elementos, para a figura de um animal de espécie particular; mas a maxima conformidade a fins na construgdo da figura, que seria apta para padrao de medida universal do ajuizamento esiético de cada in- dividuo desta espécie, a imagem que residiu por assim dizer inten- cionalmente & base da técnica da natureza, @ A qual somente a ‘espécie no seu todo, mas nenhum individuo separadamente, 6 adequada, jaz contudo simplesmente na idéia do” que ajuiza, a qual, porém, com suas proporgdes como idéla estética, pode ser apresentada inteiramante in concreto em um modelo . Para tomar em certa medida compreensivel como isso se passa (pois quem pode sacar totalmente da natureza seu segredo?), queromos tentar uma explicagao psicolégica, Deve-se observar que a faculdade da imaginagao sabe, de um ‘modo totalmente incompreensivel a nés, ndo somente revocar os sinais de conceltos mesmo de longo tempo ads, mas também Teproduzir a imagem @ a figura do objeto a partir de um numero indizivel de objetos de diversas espécies ou também de uma e ant: “estes, cortigido por Ercan. © Kant: ‘uma’, corigde por Erdmann, ® B: dos que ajutzam. mesma espécie; ¢ igualmente, se 0 animo visa comparagées, ela, de acordo com toda a verossimilhanga, se bem que nao suficiente- mente para a consciéncia, sabe efetivamente como que deixar cair uma imagem sobre outra , pela congruéncia das diversas imagens da mesma espécie, extrair uma intermedidria, que serve a todas ‘como medida comum. Alguém viu mil pessoas aduttas do sexo masculino. Ora, se ele quer julgar sobre a estatura normal avalidvel ‘comparativamente, entao (na minha opinio) a faculdade da imagi- ago superpde um grande numero de imagens (talvez todas aquelas mil); e, se me for permitido utilizar, neste caso, a analogia da apresentacao dtica, é no espago, onde a maior parte delas se retine, e dentro do contorno, onde o lugar é iluminado pela mais forte concentragdo de luz, que se torna cognosc{vel a grandeza média, que esté igualmente afastada, tanto segundo a altura quanto a largura, dos limites extremos das estaturas maximas @ m{nimas; e esta 6a estatura de um homem belo. Poder-se-ia descobrir a mesma coisa mecanicamente se se medissem todos os mil, somas- som entre si suas altura e largura (e espessura) e se dividisse a ‘soma por mil, Todavia, a facukdade da imaginagao faz precisamente isto mediante um efeito dinamico, que se origina da impressao variada de tais figuras sobre 0 érgao dos sentidos. Ora, se agora de modo semelhante procurar-se para este homem médio a cabeca média, para esta 0 nariz médio etc,, entéo esta figura encontra-se a fundamento™ da idéia normal do homem belo no pals onde essa comparago for felta; por isso, sob essas condigées emplricas,* um. negro necessariamente tord Uma idéia normal da beleza da figura diversa” da do branco e o chins uma diversa da do europeu. Precisamente 0 mesmo se passaria com 0 modelo de um belo cavalo ou cdo (de certa raga). Esta idéia normal nao é derivada de proporgGes tiradas da experiéncia como regras determinadas; mas 6 de acordo com ela que regras de ajuizamento tomam-se pela primeira vez possiveis. Ela 6 para a espécie inteira a imagem flutuante entre todas as intuigdes singulares e de muitos modos diversos dos individuos e que a natureza colocouna mesma espécie como protétipo de suas produgSes, mas parece néo té-lo con- seguido inteiramente em nenhum individuo. Ela n&o 6 de modo algum o inteiro” protétipo da beleza nesta espécie, mas somente & ® A: esta figura é aia, ® sob estas condigtes empiticas fala om A 7 A: um ideal..cverso da beloza, 7 sintaio* fata om A. forma, que constitui a condigao imprescindivel de toda a beleza, por conseguinte simplesmente a correpao na exposigao da espécie. Ela 6, como se denominava o famoso dorfforo de Policieto, a regra (precisamente para isso também podia ser utilizada em sua espécie ‘avaca de Miro). Precisamente por isso, ela também ndo pode conter nada especificamente caracteristico; pois, do contrario, ela nao seria idéia normal para a espécie. Sua apresentagao tampouco apraz pela beleza, mas simplesmente porque ela nao contradiz rnenhuma condi¢ao, sob a qual unicamente uma coisa desta espécie pode ser bela. A apresentacdo 6 apenas academicamente correta.”* Da idéia normal do belo, todavia, se distingue ainda o ideal, que se pode esperar unicamente na figura humana pelas razoes |é apresentadas. Ora, nesta 0 ideal consiste na expressao do moral, ‘sem 0 qual o objeto nao aprazeria universalmente e, além disso, ositivamente (ndo apenas negativamente em uma apresentagao academicamente correta). A expresso visivel deidélas morais, que dominam internamente 0 homem, na verdade somente pode ser tirada da experiéncia; mas tomar por assim dizer visivel na ex: presso corporal (como efeito do intetior) a sua ligago a tudo o que nossa razo conecta ao moralmente-bom na iiéia da suprema conformidade a fins — a benevoléncia ou pureza ou fortaleza ou serenidade etc. — requer idéias puras da razao e grande poder da faculdade da imaginacdo reunidos naquele que quer apenas aluiz- las, e muito mais ainda naquele que quer apresenté-las. A corregao de um tal ideal da beleza prova-se no fato de que ele nao permite a nenhum atrativo dos sentidos misturar-se & complacéncia em seu objeto e, nao obstante, inspira um grande interesse por ele; 0 que ‘entdo prova que o ajuizamento segundo um tal padrao de medida jamais pode ser puramente estético e o ajuizamento segundo um ideal da boloza nao 6 nenhum simples julzo de gosto. 72 Achar-se-4 que um rosto perfeltamente regular, que o pinior gostaria de pedir ‘como modelo para posar, geralmente nBo diz nada, porcue no contém nada caracteristco, portanto, expressa mais aiddia da espécie do que o espectio de uma, Pessoa O cavaceristico desta espécie, quando ¢ exagorado, isto 6, prejudica a prépria kddia normal (da conformidade @ fins da espécie), chama-se caricature ‘Também a expariéncia mostra que aquoles rostos totalmente regulares gersimento traam também somente um homem mediocre no interior; rasumivelmente (s0 30 ode admite que a natureza expresse no exterior as proporgées do interior) porque, ‘8 nenhuma das dleposigées do &rimo ¢ salienle sobre aquela proporgto que 6 requorida para constiuir simplasmente um homom lvra de defeltos, nada se pode ‘esperar daquil que s0 denomina génio, no qual a natureza parece aastay-s6 das rolagéos normals das laculdades do Arimo em benefeio de uma faculdad 86 (K) at Explicagao do belo deduzida deste terceiro momento. Beleza 6 a forma da conformidade a fins de um objeto, na medida em que ela é percebida nele sem representagao de um fim.” Quarto momento do jutzo de gosto segundo a modalidade da complacéncia no objeto.” § 18. 0 que 6 a modalidade de um julzo de gosto. De cada representagao posso dizer que é pelo menos poss/vel {que ela (como conhecimento) seja ligada a um prazer. Daquilo que denomino agraddvel digo que ele efetivamente produz prazer em min. Do belo, porém, se pensa que ele tenha uma referéncia necessaria & complacéncia, Ora, esta necessidade é de uma mo- dalidade peculiar: ela nao é uma necessidade objetiva teérica, na qual pode ser conhecido a priori que qualquer um sentird esta complacéncia no objeto que denomino belo; nem sera uma neces- sidade pratica, na qual, através de conceitos de uma vontade racional pura — que serve de regra a entes que agem livremente -, esta complacéncia é a conseqéncia necesséria de uma lei objetiva @ no significa sendo que simplesmente (sem intengdo ulterior) se deve agirde um certo modo, Mas, como necessidade que é pensada ‘em um julzo estético, ela 86 pode ser denominada exemplar, isto 6, uma necessidade do assentimento de todos a um juizo que é considerado como exemplo de uma regra universal que nao se pode indicar. Visto que um julzo estético nao é nenhum julzo objetivo e de conhecimento, esta necessidade no pode ser deduzida de conceitos determinados e no é, pois, apoditica. Muito menos pode 7 Podor-se-a alagar, como instancia contra essa explcacso, que existem coisas ras quais se vé uma forma conforms a fins, sem reconhecer nelas um fim; por ‘examplo, 08 ulensfios de pedra, requentemente retrados de antigos timulos, ‘dotades de um otliclo como $8 fosse para um cabo, conquanto em sua figura taiam claramente uma conformidade a fins, para @ qual nfo se conhece o fim, e nem por |s90 sto dectarados belos, Todaviaofato de que sto considerados uma obra de arto 6) suficonte para er que admit que a gente rofere a sua figura. alguma intongo {qualquer @ a Um fim delerminado. Daf também a absoluta ausdncia de qualquer Complacéncia imeciata om sua intuigdo. Ao contrésio uma flor, por exemplo uma fulipa, € tida por bela porque om sua percepgao 6 encontrada uma carta Conformidade a fine, que do mado como a ejuizamos nfo ¢ referida a absolutamente ‘renhum fim. (K) 7 ¢:nos objetos. ela ser inferida da generalidade da experiéncia (de uma unanimi- ‘dade geral dos jutzos sobre a beleza de um certo objeto). Pois, ndo 86 pelo fato de que a experiéncia dificilmente conseguiria documen- tos suficientemante numerosos, nenhum conceito de necessidade pode fundamentar-se sobre julzos emplricos. § 19. A necessidade subjetiva que atribuimos ao jutzo de gosto 6 condicionada. (Ojulzo de gosto imputa o assentimento a qualquer um; e quem declara algo belo quer que qualquer um deva aprovar o objeto em prego e igualmente declaré-lo belo. © dever, no julzo estético, undo todos os dados que so requeridos para o ajuizamento, 6, portanto, ele mesmo expresso sé condicionadamente. Procura-se ganhar o assentimento de cada um, porque se tem para isso um_ fundamento que 6 comum a todos; com esse assentimento” tam- bém se poderia contar se apenas se estivesse sempre seguro de que 0 caso seria subsumido corretamente sob aquele fundamento como regra da aprovagao. § 20. A condig&o da necessidade que um jutzo de gosto pretende 6 a idéia de um sentido comum. Se julzos de gosto (identicamente aos julzos de conhe- cimento) tivessem um principio objetivo determinado, entéo aquele que os profere segundo esse principio reivindicaria necessidade incondicionada de sou julzo. Se eles fossem desprovidos de todo principio, como os do simples gosto dos sentidos, entéo ninguém absolutamente teria a iddia de alguma necessidade dos mesmos. Logo, eles tém que possuir um principio subjetivo, o qual determine, somente através do sentimento @ nao da concaitas, @ contudo de modo universalmente valido, 0 que apraz ou desapraz. Um tal princ{pio, porém, somente poderia ser considerado como um sen- {ido comum, 0 qual 6 essencialmente distinto do entendimento ‘comum, que as vezes também se chama senso comum (sensus communis); neste caso, ele nao julga segundo 0 sentimento, mas ‘sempre segundo conceitos, se bem que habitualmente somente ao modo de principios obscuramente representados, Portanto, somente sob a pressuposicao de que exista um ‘sentido comum (pelo qual, porém, néo entendemos nenhum sentido textemo, mas 0 efeito decorrente do jogo livre de nossas faculdades de « 75 -essontimento” falta om A. ‘conhecimento), somente sob a pressuposi¢o, digo eu, de um tal sentido comum 0 julzo de gosto pode ser proferido. § 21. Se se pode com razéo pressupor um sentido comum. Conhecimentos e juizos, juntamente com a convicgao que os ‘acompanha, tém que poder comunicar-se universalmente; pois, do contro, eles nao alcangariam nenhuma concordancia com o ob- jeto; eles seriam em suma um jogo simplesmente subjetivo das faculdades de representagao, precisamente como 0 ceticismo 0 reclama. Se, porém, conhecimentos devem poder comunicar-se, entéo também o estado de animo, isto 6, a disposicéo das faculdades de conhecimento para um conhecimento em geral, @ na verdade aquela proporcao que se presta a uma representagao (pela qual um objeto nos é dado) para fazé-la um conhecimento, tem que poder comunicar-se universalmente; porque sem esta condicao ‘Subjetiva do conhecer, 0 conhecimento como efeito ndo poderia surgir. [sto também acontece efetiva mente sempre que um objeto dado leva, através dos sentidos, a faculdade da imaginacao & composigzio do miitiplo, e esta por sua vez pée em movimento o entendimento para unidade do mesmo” em conceitos. Mas esta disposigao das faculdades de conhecimento tem uma proporeao diversa, de acordo com a diversidade dos objetos que séo dados. Todavia, tem que haver uma proporeao, na qual esta relacao interna paraa vivificagao, (de uma pela outra) é a mais propicia para ambas as faculdades do animo com vistas ao conhecimento (de objetos dados) em geral; ¢ esta disposigdo nao pode ser determinada de ‘outro modo sendo pelo sentimento (ndo Segundo conceitos). Ora, visto que esta propria disposigao tem que poder comunicar-se universalmente @ por conseguinte também o sentimento da mesma (em uma representagao dada), mas visto que a comunicabilidade Universal de um sentimento pressupde um sentido comum; assim, este poderd ser admitido com razao, e na verdade sem neste caso se apoiar em observagdes psicolégicas; mas como a condigaio necesséria da comunicabilidade universal de nosso conhecimento, qual tem que” ser pressuposta em toda ldgica e em todo principio dos conhecimentos que nao seja cético, 76 Vorlander prope que “mesmo” se referita.a ‘muliplo’ @altera derselben (Kant) para dessaiben, aceilo pela Academia. O texto de Kant "da mesma" remete a “composigao", o que nio parece despropositado, 7 stam quo” falia em B 2 C. 84 § 22. A necessidade do assentimento universal, que 6 pensada em um julzo de gosto, 6 uma necessidade subjetiva, que sob a pressuposicao de um sentido comum 6 Tepresentada como objetiva. Emitodos 0s julzos pelos quais declaramos algo belo no perrriti- mos a ninguém ser de outra opinigo, sem com isso fundarmos nosso Jul20 sobre conceltos, mas somente sobre nosso sentimento; © qual, pois, ‘colocamos a fundamento, no como sentimento privado, mas como um ‘sentimento comunitério . Ora, este sentido comum 1ndo pode, para este fim, ser fundado sobre a experiéncia; pois ele quer dar direfo a juizos que contém um dever; ele nao diz que qualquer um ird concordar com nosso julzo, mas que deve conoordar com ele. Logo, ‘© sentido comum, de cujo julzo indico aqui o meu julzo de gosto como um exemplo e por cujo motivo eu the confiro validade exemplar, 6 uma simples norma ideal, sob cuja pressuposicéo poder-se-ia, com direto, tomar um jufzo - que com ela concorde 6 uma complacéncia em um ‘objeto, expressa no mesmo - regra para qualquer um; porque o principio, ra verdade admitido 86 subjetivamente, mas contudo como subjetivo- Universal (uma idéia necessdria para qualquer um), poderia, no que conceme & unanimidade de juigantes diversos, identicamente a um principio objetivo, exigir assentimento universal, contanto que apenas se estivesse seguro de ter feito a subsungo correla. Esta norma indeterminada de um sentido comum é efetivamente pressuposta por nés, 0 que prova nossa presungdo de proferirjulzos de gosto. Se de falo existe um tal sentido comum como principio constitutivo da possibilidade da experiéncia, ou se um principio ainda superior da razo no-o tome somente principio regulativo, antes de tudo para produzir em nés um sentido comum para fins superiores; pportanto, o gosto 6 uma faculdade original ennatural, ou somente aidéia de uma faculdade ficticia @a ser ainda adquirida de modo que um julzo, ‘de gosto, com sua pretensdo a um assentimento universal, de fato soja somente uma exigéncia da razdo de produzir uma tal unanimidade do modo de sentir, e que 0 dever, isto 6, a necessidade objetiva da confluéncia do sentimento de quaiquer um com o sentimento particular de cada um, signifique somente a possibilidade dessa unanimidade, e © julzo de gosto fomega um exemplo somente de apicagao deste principio; aqui ndo queremos, e no podemos, ainda investigar isso; por ofa, cabe-nos somente decompor a faculdade do gosto em seus ‘elementos @”® uni-a finalmente na idéia de um sentido comum. aetna Explicagao do belo inferida do quarto momento. Belo 6 o que 6 conhecido sem conceito como objeto de uma complacéncia necesséria. OBSERVAGAO GERAL SOBRE A PRIMEIRA ‘SECAODA ANALITICA. Se se extrai o resultado das andlises precedentes, descobre- ‘se que tudo decorre do conceito de gosto; que ele 6 uma faculdade de ajuizamento de um objeto em referéncia a livre conformidade a eis da faculdade da imaginagso. Ora, se no julzo de gosto tiver que ser considerada a faculdade da imaginagéo em sua liberdade, entao ‘la seré tomada primelro no reprodutivamente, como ela é sub- metida as leis de associaggo, mas como produtiva e esponténea (como autora de formas arbitrérias de intuigoes possiveis); e embora hha apreensdo de um dado objeto dos sentidos ela, na verdade, esteja vinculada a uma forma determinada deste objeto nesta medida ndo possua nenhum jogo livre (como na poesia), todavia ainda se pode compreender bem que precisamente o objeto pode fomecer-Ihe uma tal forma, que contém uma composigao do multi- plo, como a taculdade da imaginagao — se fosse entregue livremente a si propria - projeté-la-la em concordancia com a legalidade do ‘entendimento em geral. Todavia, 0 fato de que a facuidade da imaginagdo seja livre e apesar disso por si mesma conforme a leis, isto 6, que ela contenha uma autonomia, 6 uma contradieso. Uni camente o entendimento fomnece a lel. Se, porém, a facuidade da imaginagéo 6 coagida a proceder segundo uma iei determinada, entéo 0 seu produto 6, quanto & forma, determinado por conceitos como ele deve ser; mas em tal caso, como foi mostrado acima, a complacéncia nao 6 a no belo e sim no bom (na perfeicéo, con- ‘quanto apenas na perfeigao formal), @ o julzo nao é nenhum juizo pelo gosto. Portanto, unica mente uma conformidade a leis sem lel, @ uma concordancia subjetiva da faculdade da imaginagdo com 0 entendimento sem uma concordancia objetiva, jA que a repre- sentagdo 6 referida a um concelto determinado de um objeto, pode coexistir com a livre conformidade a leis do entendimento (a qual também foi denominada conformidade a fins sem fim) @ com a pecullaridade de um julzo de gosto. 86 ra, figuras geométrico-regulares, a figura de um cfroulo, de» ‘um quadrado, de um cubo etc., 880 comumente citadas por criticos do gosto como os exemplos mais simples e indubitdveis da beleza; @, contudo, 880 denominadas regulares exatamente porque ndo se pode rapresenté-las de outro modo pelo fato de que s40 conside- Tadas simples exposigdes de um conceito determinado, que pres- creve aquela figura a regra (segundo a qual ea unicamente é poss{vel). Portanto, um dos dois tem de estar errado: ou aquele julzo dos criticos, de atribuir beleza as sobreditas figuras; U0 nosso, que considera a conformidade a fins sem conceito necasséria a beleza. Ninguém admitird facilmente que seja necessério um homem de gosto para encontrar mais complacéncia na figura de um circulo do que num perfil rabiscado, em um quadrildtero equildtero © equi- angular mais do que em um quadrilatero oblfquo, de lados desiguais @, por assim dizer, deformado; pois isso conceme somente ao entendimento comum @ de modo algum ao gosto. Onde for perce- ida” uma intengao, por exemplo, de ajuizar a grandeza de um lugar ou de tomar compreensivel a relagao das partes entre si e com 0 todo em uma diviséo; af so necessérias figuras regulares ¢ na verdade aquelas da espécie mais simples; @ a complacéncia nao assenta imediatamente na viséo da figura, mas da utilidade da mesma para toda espécie de intengdo possivel. Um quarto, cujas paredes formam Angulos oblfquos; uma praga de jardim da mesma espécie, e mesmo toda violagao da simetria tanto na figura dos animais (por exemplo, de ter um olho) como nas dos edificios ou dos canteiros de flores, desaprazem porque contrariam o fim, nao apenas praticamente com respeito a um uso determinado desta coisa, mas também para oajuizamento em toda espécie de intencao posstvel; 0 que nao 6 0 caso no julzo de gosto, que, se 6 puro, liga imediatamente e sem considerago do uso ou de umfim complacén- ia ou descomplacéncia a simples contemplacao do objeto. ‘A conformidade a regras que conduz ao conceito de um objeto na verdade a condieao indispensavel (conditio sine qua non) para captar 0 objeto em uma tinica representagao e determinar o miitiplo da forma do mesmo. Esta determinagao é um fim com respeito a0 conhecimento; @ em referéncia a este ela também estd sempre ligada @ complacéncia (a qual acompanha a efstuacao de cada intengao mesmo simplesmente problemdtica). Mas em tal caso se trata simplesmente da aprovagdo da solugdo que satisfaz a uma questo, @ nao de um entretenimento livre e indeterminadamente 78 onde ha uma intangao. 87 conforme a um fim, das faculdades do 4nimo com o que denomi- names belo, e onde o entendimento estd a servigo da faculdade da imaginago e ndo esta a servigo daquele. Em uma coisa que possivel somente através de uma in- tengao, em um edificio, mesmo em um animal, a conformidade a regras que consiste na simetria tem que expressar a unidade da intuigdo que acompanha o conceito de fim, e co-pertence ao con- hecimento, Mas onde somente deve ser entretido um jogo livre das. faculdades de representagao (contudo sob a condigao de que o entendimento néo sofra af nenhuma afronta), em parques, deco- ragao de aposentos, toda espécie de utensflios de bom gosto etc., ‘a conformidade a regras, que se anuncia como coer¢ao, € tanto quanto possivel evitada; por isso, o gosto inglés por jardins, o gosto barroco por méveis impuisionam a liberdade da faculdade da imagi- ago até perto do grotesco, e nesta abstracao de toda coergao da regra precisamente admit que 0 gosto pode mostrar a sua maxima perfeicao em projetos da faculdade da imaginacao. Todo rigidamente-regular (o que se aproxima da regularidade matemadtica) tem em si o mau gosto de que ele nao proporciona nenhum longo entretenimento com a sua contemplagao, mas, na medida em que ele ndo tem expressamente por intengao 0 conhe- cimento ou um determinado fim pratico, produz tédio. Contraria- mente aquilo com que a faculdade da imaginagao pode jogar naturalmente e conformemente a fins é-nos sempre novo, endo se fica enfastiado com sua visio. Marsderf®, em sua descri¢ao de ‘Sumatra faz a observagao de que nesse lugar as belezas livres da natureza circundam por toda a parte o observador e por isso jam poucoatrativo para ele; contrariamente, se ele encontrasse emmeio a uma floresta um jardim de pimenta, onde as hastes sobre as quais festa. vegetal enrola-se formassem entre si alamedas em linhas paralelas, esse jardim teria muito atrativo para ele; e concluiu disso ‘que abeleza selvagem, irregularna aparéncia, somente apraz como variagdoaquele que se fartou da beleza conformea regras. Todavia, ele poderia somente fazer a tentativa de um dia deter-se juntoa seu jardim de pimenta para perceber que, se o entendimento pela conformidade a regras transpos-se uma vez para a disposigao & ‘ordem, que ele necesita por toda parte, o objeto jé no o entretém por mais tempo, muito antes faz uma violéncia indesejével & faculdade da imaginagao; contrariamente a natureza, al prédiga em © sfarsden, lingoista @ etndlogo inglds (1754-1836), autor de History of Sumatra, {que Kant utiizou também na Motafisica dos costumes, 88 variedades até a luxtira, e que ndo 6 submetida a nenhuma coergao de regras attificiais, pode alimentar constantemente 0 seu gosto. Mesmo 0 canto dos passaros, que nés nao podemos submeter a nenhuma regra musical, parece conter mais liberdade, @ por isso mais para 0 gosto, do que mesmo um canto humano, que é executado segundo todas as regras da misica; porque a gente enfada-se do Ultimo muito antes se ele & repetido frequentemente @ por longo tempo. Entretanto, aqui confundimos presumivelmente nossa participacdo na alegria de um pequeno e estimado animalzinho ‘com a beleza de um canto, que, $8 6 imitado bem exatamente pelo homem (como ocorre as vezes com 0 cantar do rouxinol), parece 20 nosso ouvido ser totalmente sem gosto. ‘Ainda devem distinguir-se objetos belos de vistas belas sobre objetos (que freqdentemente, devido a distancia, nao podem mais ser reconhecidos distintamente). Nas ultimas, 0 gosto parece ater- se ndo tanto no que a faculdade da imaginagao apreende nesse ‘campo, mas muito antes no que comisso Ihe dé motivo para compor posticamente, isto 6, nas verdadeiras fantasias com as quais 0 nimo entretém-se enquanto continuamente despertado pela ‘uttiplicidade na qual o olho choca; como é talvez 0 caso na viso das figuras mutéveis de um fogo de lareira ou de um riacho mur- murejante, ambas as quais nao constituem nenhuma beleza, t davia comportam um atrativo para a facukdade da imaginagéo porque entratém o seu livre jogo. Segundo Livro ANALITICA DO SUBLIME § 23, Passagom da faculdade de ajuizamento do belo & de ajuizamento do sublime. ‘O belo concorda com o sublime no fato de que ambos aprazem por si préprios; uteriormente, no fato de que ambos nao pres- supdem nenhum julzo dos sentidos, nem um jutzo Ibgico-determi- rrante, mas um julzo de reflexdo; conseqtientemente, a complacéncia indo se prende a uma sensagéo como a do agradavel, nem a um conceito determinado como a complacéncia no bom, ¢ contudo referida a conceitos, se bem que sem determinar quais; por con- seguinte, a complacéncia esté vinculada a simples apresentacaoou a faculdade de apresentago, de modo que esta faculdade ou a faculdade da imaginagdo 6 considerada, em uma intuigao dada, em ‘concordancia com a faculdade des conceitos do entendimento ou da razo, como promogo desta titima. Por isso, também ambas as espécies de julzos sao singulares e contudo julzos que se anunciam como universalmente validos com respeito a cada sujeito, se bem que na verdade reivindiquem simplesmente 0 sentimento de prazer @ no 0 conhacimento do objeto. Entretanto, saltam também aos olhos considerdveis dife- rengas entre ambos. O belo da natureza conceme a forma do objeto, que consiste na limitaco; o sublime, contrariamente, pode também ser encontrado em um objeto sem forma, na medida em que seja tepresentada ou que o objeto enseje representar nele uma ilimi- ago, pensada, além disso, em sua totalidade; de modo que o belo parece ser considerado como apresentagéo de um conceito inde- terminado do entendimento, o sublime, porém, como apresentagao de um conceit semelhante da razo. Portanto, a complacéncia Id 6 ligada & representagao da qualidade, aqui, porém, & da quanti- dade. A tiltima complacéncia também se distingue muito da primeira wuanto & espécie: enquanto o belo" comporta diretamente um sen- timento de promogao da vida, @ por isso 6 vinculavel a atrativos © @ uma faculdade de imaginag&o ltidica, 0 sentimento do sublime” 6 ‘um prazer que surge $6 indiretamente, ou sea, ele 6 produzido pelo sentimento de uma momentanea inibigo das forcas vitais pela ‘ofusdo imediatamente consecutiva e tanto mais forte das mesmas, por consequinte enquanto comogéo néo parece ser nenhum jogo, mas seriedade na ocupacéo da faculdade da imaginagdo. Por isso, também 6 incompativel com atrativos, @ enquanto 0 4nimo nao & simplesmente atrafdo pelo objeto, mas altemadamente também sempre de novo repelido por el, a complacéncia no sublime con- tém® ndo tanto prazer posttivo. quanto muito mais admiragdo ou respeito, isto 6, merece ser chamada de prazer negativo. Mas a diferenca intema mais importante entre 0 sublime @ 0 belo é antes esta: que, se, como 6 justo, aqui consideramos antes de mais nada somente 0 sublime em objetos da natureza (pois © sublime da arte 6 sempre limitado as condig6es da concordancia coma natureza), a beleza da natureza (auto-subsistente) inclui uma conformidade a'fins em sua forma, pela qual 0 objeto, por assim dizer, parece predeterminado para nossa faculdade de julzo, & 8°: Yenquanto esta’ (roferindo-se a “espécio") B:“enquanto esta (belo). 2 ‘4: aquele porém; B: aquele porém (0 sentimento do subime), ® scontém* falta om A 90 assim constitui em si um objeto de complacéncia; contrariamente, aquilo que, sem raciocinio, produz em nés e simplesmente na apreensao 0 sentimento do sublime, na verdade pode, quanto & forma, aparecer como contrario tins para nossa faculdade de julzo, inconveniente & nossa faculdade de apresentagéo @, por assim dizer, violento para a faculdade da imaginago, mas apesar disso @ ‘86 por isso é julgado ser tanto mais sublime. isso, porém, se v8 Imediatamente que em geral nos expres- ‘samos incorretamente quando denominamos sublime qualquer objeto da natureza, embora na verdade possamos de modo inteiramente ccorreto denominar belos numerosos objetos da natureza; pois, como pode ser caracterizado com uma expressao de aprovagao 0 que em si 6 apreendido como contrario a fins? Nao podemos dizer mais sendo que 0 objeto & aplo & apresentagdo de uma sublimidade que pode ser ‘encontrada no nimo; pois o verdadeiro sublime nao pode estar contido emnenhuma forma sensivel, mas conceme somentea idéias da azo, ‘que, embora no possibiltem nenhuma representagao adequada a elas, so avivadas @ evocadas ao Animo precisamente por essa Inadequago, que se deixa apresentar sensivelmente. Assim oextenso ‘oceano, revoto por tempestades, nao pode ser deriominado sublime, ‘Sua contemplago 6 horivel ejé se tem que ter ocupado 0 animo com muita idéias, se é que ele deva, através de uma talintuigdo, dispor-se a um sentimento que 6 ele mesmo sublime, enquanto o Animo é incttado a abandonar a sensibilidade e ocupar-se com idéias que possuiem uma conformidade a fins superior. ‘Abeleza auto-subsistente da natureza revela-nos uma técnica da natureza, que a torna representdvel como um sistema segundo Jeis, cujo principio nao 6 encontrado em nossa inleira faculdade do ‘entendimento, ou seja, segundo uma conformidade a fins respecti- vamente ao uso da faculdade do jufzo com vistas aos fenémenos, de modo que estes tm de ser ajuizados como pertencentes no simplesmente a natureza em seu mecanismo semtfim, mas também @ analogia com a arte.” Portanto, ela na verdade nao estende efetivamente o nosso conhecimento dos objetos da natureza, mas contudo 0 nosso conceito da natureza, ou seja, enquanto simples mecanismo, ao conceito da mesma como arte; 0 que convida a aprofundar as investigagdes sobre a possibilidade de uma tal forma, Mas naquilo que nela costumamos denominar sublime nao ha assim absolutamente™ nada que conduza a prinefpios objetivos especiais a: mas também & arte ®5 kant: “mesmo (sogan’; origdo por Hartenstein “(30 ga’. 1 ‘ea formas da natureza conformas a estes, de modo que a natureza, muito antes, em seu caos ou em suas mais selvagens e desregradas desordem @ devastacdo, suscita as idéias do sublime quando ‘somente poder e grandeza podem ser vistos.™ Disso vernos que o conceito do sublime da nalureza nao é de longe tao importante © rico em conseqiéncias como o do belo na mesma; @ que ele em geral no denota nada contorme a fins na propria natureza, mas ‘somente no uso possivel de suas intuigSes, para suscitar em nés proprios o sentimento de conformidade a fins totalmente inde- pendente da natureza. Do belo da natureza temos que procurar um fundamento fora de nés; do sublime, porém, simplesmente em nds. e na maneira de pensar que introduz & representacao da primeira sublimidade; esta é uma observagéo proviséria muito necesséria, ‘que separa totalmente as idélas do sublime da idéia de uma confor- idade a fins da nafureza e toma a sua teoria um simples apéndice com vistas ao ajuizamento estético da conformidade a fins da natureza, porque assim nao é representada nenhuma forma particu- lar na naiureza, mas somente é desenvolvido um uso conforme a fins, que a facuidade da imaginagdo faz da sua representacéo. § 24. Da divisdo de uma investigagao do sentimento do ‘sublime. No que conceme & divisdo dos momentos do ajuizamento estético dos objetos em referéncia ao sentimento do sublime, a ‘Analitica poder seguir 0 mesmo principio ocorrido na andlise dos julzos de gosto. Pois enquanto julzo da faculdade de julzo estético- Teflexiva, a complacéncia no sublime, tanto como no belo, tem que representar” segundo a quantidade, de modo universalmente valido; segundo a qualidade, sem interesse; e tem que representar, segundo a relagdo, uma conformidade a fins subjetiva; ©, segundo a modalidade, essa titima como necessaria. Nisso, portanto, © método nao diferird do método da se¢40 anterior, pois ter-se-ia que tomar em conta o fato de que Id, onde o julzo estético concernia & forma do objeto, comegamos da investigagao da qualidade; aqui, porém, no caso da auséncia de forma, que pode convir ao que denominamos sublime, comecaremos da quantidade como o © : ola permite ver °7 frase kantana parece, com respelto & quantidade e qualidade, sem objoto nosso ver relere'se ao sublime), tendo Erdmann, seguido por Verlander, ‘2ctescentado para os dois primeiros casos o verbo “ser, deixando “representa” para ‘08 domais, 92 primeiro momento do julzo estético sobre o sublime; a razag deste procedimento pode ser deduzida do paragrafo precedente. ‘Mas a anaiise do sublime necessita de uma divisao da qual a anélise do belo nao carece, a saber: em matemstico-sublime © em dindmico-sublime. Pois, visto que 0 sentimento do sublime comporta, como caracteristica prépria, um movimento do animo ligado ao ajul- zamento do objeto, ao passo que o gosto no belo pressupée e mantém 0 animo em serena contemplacao, mas visto que este movimento deve ser ajuizado como subjetivamente conforme a fins (porque o sublime apraz), assim ele é referido pela faculdade da imaginagao ou & faculdade do conhecimento ou a faculdade da apeti¢ao, mas em ambos 08 casos a conformidade a fins da repre- ssentacdo dada 6 ajuizada somente com vistas a estas faculdades (sem fim ou interesse); nesse caso, entdo, a primeira é atribulda ao ‘objeto como disposicdo matematica, a segunda, como disposigéo dindmica da faculdade da imaginagdo e por conseguinte esse objeto 6 representado como sublime dos dois modos mencionados. A. DO MATEMATICO - SUBLIME § 25. Defini¢éo nominal do sublime. Denominamos sublime o que 6 absolutamente grande. Mas grande e grandeza® sao conceitos totalmente distintos (magni- tudo e quantitas). Do mesmo modo dizer simplesmente (simplici- ter) que algo 6 grande é totalmente divetso de dizer que ele seja absolutamente grande (absolute, non comparative, magnum). O Uitimo 6 0 que 6 grande acima de toda a comparagao. Que significa entéo a expressao: "algo & grande ou pequeno ou médio"? Nao 6 um conceito puro do entendimento que é denotado ® Como s0 v8, também na endlise do sublime Kant gua-se pola tébua das ccategoriae: no § 26, da quantidade; no § 27, da qualidade; no§ 28, da relaglo; no § 29, da modalidade. Posteriormento ole pivilogiard, com reszeito 80 jutzo sobre 0 ‘sublime, a categoria da rlago; com respato a0 jul20 sabre o belo, a da qualidade; ‘com respeito ao julzo sobre 0 agraddvel, ada quantidade; e com respeito ao julz0 sobre o bom, a da medalidade (ct. ps. 113-114). ® Kant joga aqui com os termos gross (grande) © Grosse (= grandeza, magnitude, ‘quantidade). Neste contexto, porém, 0 termo “orandeza’ assumira, além da Conotagio matematca, um sentido esistic, ustficando a opeao por esta tradugao, 93 através dela;® menos ainda uma intuigao dos sentidos; e tampouco um conceito da razo, porque ndo comporta absolutamente nenhum principio do conhecimento. Logo, tem de tratar-se de um conceito da faculdade do julzo, ou derivar de um tal conceito e por como fundamento uma conformidade a fins subjetiva da representacao em referencia & faculdade do jufzo. Que algo seja uma grandeza (quantum) pode-se reconhecer desde a propria colsa sem nenhuma comparagao com outras, a saber quando a pluralidade do ho- mogéneo, tomado em conjunto, constitul uma unidade. Quéo ‘grande, porém o seja, requer sempre para sua medida algo diverso ue também seja uma grandeza. Visto, porém, que no ajuizamento da grandeza nao se trata simplesmente da pluralidade (nimero), mas também da grandeza da unidade (da medida) e a grandeza desta tilima sempre precisa por sua vez de algo diverso como medida, com a qual ela possa ser comparada, assim vemos que toda determinagdo de grandeza dos fenémenos simplesmente ndo pode fornecer nenhum conceito absoluto de uma grandeza, mas ‘sempre somente um conceito de comparago. - Ora, se eu digo simplesmente que algo soja grande, entzio parece que eu absolutamente nao tenho em vista nenhuma com- pparagdo, pelo menos com alguma medida objetiva, porque desse modo néo 6 absolutamente determinado quao grande 0 objeto seja. Mas se bem que o padrao de medida da comparagdo seja mer mente subjetivo, o julzo nem por isso reciama assentimento™ uni- versal; os julzos ‘0 homem 6 belo" e "ele é grande" ndo se restringem meramente ao sujeito que julga mas reivindicam, como 08 julzos teéricos, o assentimento de qualquer um. | Mas porque em um julzo, pelo qual algo é denotado simples- mente como grande, ndo se quer meramente dizer que 0 objeto tenha uma grandeza, e sim que esta ao mesmo tempo ihe é atribulda de preferéncia a muitas outras da mesma espécie, sem contudo indicar determinadamente esta preferéncia; assim certamente & posto como fundamento da mesma um padrao de medida que se pressupde poder admitir como o mesmo para qualquer um, que, porém, no é utiizavel para nenhum ajuizamento lgico (matemati- ‘camente determinado), mas somente estético da grandeza, porque ele 6 um padréo de medida que se encontra s6 subjetivamente & base do julzo reflexivo sobre grandeza. Ele pode, alids, ser empirico, % squo 6 donotado através disso’ falta om A. ant determinago : cortigide por Hartonstein@ Rosenkranz para ‘essenimento' 94 como, por assim dizer, a grandeza média dos a nés conhecidos homens, animais de certa espécie, arvores, casas, montes, etc., ou um padréo de medida dado a priori, que, pelas deficiéncias do sujeito ajuizante,” é limitado a condigdes subjetivas da apresen- ago in conereto, como no pratico a grandeza de uma certa virtude ou da liberdade e justica publica em um pals; ou no tedtico a ‘grandeza da corregao ou incorregéo de uma observagao ou men- ‘Suragao feita etc. ‘Ora, 6 aqui digno de nota que, conquanto néo tenhamos absolutamente nenhum interesse no objeto, isto 6, a existéncia do mesmo 6-nos indiferente, todavia a simples grandeza do mesmo, até quando ele é observado como sem forma, possa comportar uma complacéncia que 6 comunicdvel universalmente, por conseguinte contém consciéncia de uma conformidade a fins subjetiva no uso de nossa faculdade de conhecimento; mas ndo, por assim dizer, uma complacéncia no objeto como no belo (porque ele pode ser ‘sem forma) - em cujo caso a faculdade de julzo teflexiva encontra- se disposta conformemente a fins em referéncia ao conhecimento ‘em geral - e sim na ampliagao da faculdade da imaginacao em si mesma, ‘Se (sob a limitagéo mencionada acima) dizemos simples- mente de um objeto que ele & grande, entdo este nao é nenhum jufzo matematicamente determinante, mas um simples julzo de Teflexao sobre sua representagdo, que é subjetivamente conforme 208 fins de um certo uso de nossas faculdades de conhecimento na apreciagdo da grandeza; e nds, entdo, ligamos sempre a repre- sentagao uma espécie de respeito, assim como ao que denomi- amos simplesmente pequeno um desrespeito. Alids, oajuizamento das coisas como grandes ou pequenas concemne a tudo, mesmo a todas as propriedades das coisas; por isso nés préprios denomi- amos a beleza grande ou pequena; a razdo dsto deve set pro- curada no fato de que 0 que quer que segundo a prescrigao da faculdade do julzo possamos apresentar na intuigdo (por con- seguinte representar esteticamente), 6 em suma fenmeno, por conseguinte também um quantum. Se, porém, denominamos algo no somente grande, mas sim- plesmente, absolutamente e em todos os sentidos (acima de toda a comparagao) grande, isto 6, sublime, entdo se tem a imediata pers- piciéncla de que néo permitimos procurar para o mesmo nenhum Padé de medida adequado a ele fora dele, mas simplesmente ° ajuizante* falta om A. ele. Trata-se de uma grandeza que 6 igual simplesmente a si mesma. Disso segue-se, portanto, que © sublime ndo deve ser procurado nas coisas da natureza, mas unicamente em nossas idéias; em quais delas, porém, ele se situa 6 algo que tem que ser reservado para a deducao. ‘A definigao acima também pode ser expressa assim: sublime 6 aquilo em comparacao com 0 qual tudo 0 mais pequeno. Aqui 's@ V8 facilmente que na natureza nada pode ser dado, por grande ‘que ele também seja ajuizado por nés, que, considerado em uma outra relagéo, nao pudesse ser degradado até o infinitamente- pequeno; e inversamente nada téo pequeno que em comparacao ‘com padrées de medida ainda menores, no se deixasse ampliar, para a nossa faculdade de imaginacdo, até uma grandeza césmica. Os telescépios forneceram-nos rico material para fazer a primeira ‘observagao, os microscépios para fazermos a ultima. Nada, por- tanto, que pode ser objeto dos sentidos, visto sobre essa base, deve denominar-se sublime. Mas precisamente pelo fato de que em nossa faculdade da imaginagdo encontra-se uma aspiragao a0 progresso até 0 infinilo, e em nossa razo, porém, uma pretensao & totalidade absoluta como a uma idéia real, mesmo aquela inade- quagao a esta idéia de nossa faculdade de avaliagao da grandeza das coisas do mundo dos sentidos desperta o sentimento de uma faculdade supra-sansivel em nds; € 0 que é absolutamente grande no 6, porém, o objeto dos sentidos, e sim o uso que a faculdade do julzo naturalmente faz de certos objetos para o fim daquele (sentimento), com respeito a0 qual, todavia, todo outro uso 6 pequeno. Por conseguinte, o que deve denominar-se sublime nao 6 0 objeto e sim a disposicao de espftito através de uma certa Tepresentagao que ocupa a faculdade de julz0 reflexiva, Podemos, pois, acrescentar s {érmulas precedentes de de- tinlgao do sublime ainda esta; sublime é 0 que somente polo fato de poder também pensd-lo prova uma faculdade do &nimo que ultra- passa todo padrao de medida dos sentidos. § 26. Da avaliagao das grandezas das coisas da natureza, ‘que 6 requerida para a idéia do sublime. A avaliagdo das grandezas através de conceitos numéricos (ou seus sinais na digebra) é matematica, mas a sua avaliacdo na simples intuigdo (segundo a medida ocular) ¢ estética. Ora, na verdade somente™ através de nimeros podemos obter determi- © -eomento’ falta om A nados conceitos de quao grande seja algo (quando muito, aproxi- magées através de séries numéricas prosseguindo até o infinito), cuja unidade 6 a medida; e deste modo toda avaliagao-de-gran- dezas légica 6 matematica. Todavia, visto que a grandeza da medida tom que ser admitida como conhecida, assim, se esta agora tivesse que ser avaliada de novo somente por nmeros, Cuja uni- dade tivesse que ser uma outra medida, por corseguinte devesse ser avaliada matematicamente, jamais poderlamos ter uma medida primeira ou fundamental, por conseguinte tampouco algum conceito determinado de uma grandeza dada. Logo a avaliagao da grandeza da medida fundamental tem que consistir simplesmente no fato de que se pode capté-la imediatamente em uma intuigéo e utilizé-la pela faculdade da imaginago para a apresentagao dos conceitos numéricos isto é, toda avaliagdo das grandezes dos objetos da natureza 6 por fim estética (isto é determinada subjetivamente @ nao objetivamente). Ora, para a avaliagdo matemdtica das grandezas, na verdade 1ndo existe nenhum maximo (pois 0 poder dos ntimeros vai até o infinito); mas para a avaliagao estética das grandezas certamente existe um maximo; @ acerca deste digo que, se ele é aluizado como medida absoluta, acima da qual nao 6 subjetivamente (a0 sujelto ajuizador) possivel medida maior, entéo ele comporta a idéia do sublime @ produz aquela comogao que nenhuma avaliagao materatica das grandezas pode efetuar através de nimeros (a nao ‘ser que e enquanto aquela medida-fundamental estética, presente & faculdade da imaginaco, seja mantida viva); porque a tikima ‘sempre apresenta somente a grandeza relativa por comparagdo com outras da mesma espécie, a primeira, porém, a grandeza ‘simplesmente, na medida em que o énimo pode capié-la em uma intuigao. ‘Admit intuitivamente um quantum na faculdade da imag nago, para poder utilizé to como medida ou como unidade para a avaliagdo da grandeza por nimeros, implica duas agdes desta faculdade: Apreensao™ (apprehensio) e compreensdo (comprehen- ssio aesthetica). Com a apreensao isso nao é dficil, pois com ela Pode-se ir até o infinito; mas a compreensao torna-se sempre mais dificil quanto mais a apreensdo avanga e alinge logo 0 seu maximo, a saber, a medida fundamental esteticamente-méxima da avaliagao das grandezas. Pois quando a apreensao chegou tao longe, a ponto Para os twmos ‘apreensio' @ “compreensio" Kant usa, respectvamente, ‘Autfassung @ Zusammenfassung, sequides de seus correspondantas latins. 97 de as representagdes parciais da intuigéo sensorial, primeiro apreendidas, j4 comegarem a extinguir-se na facuklade da imagi- nagdo, enquanto esia avanga na apreensdo de outras repre- sentagées, entéo ela perde de um lado tanto quanto ganha de outro @ na compreensdo ha um maximo que ela nao pode exceder. Isto permite explicar o que Savary,* emsuas noticias do Egito, observa, de que ndo se tem de chegar muito perto das piramides & tampouco se tem de estar muito longe delas para obter a inteira ‘comogdo de sua grandeza. Pois se ocorre 0 titimo, entéo as partes ‘que 80 apreendidas (as pedras das mesmas umas sobre as outras) S40 representadas s6 obscuramente @ sua representagao n&o pro duz nenhum efeito sobre 0 sentimento estético do sujeito. Se, porém, ocorre o primeiro, entdo 0 olho precisa de algum tempo para completar a apreensdo da base até o épice; neste, porém, sempre ‘se dissolve em parte as primeiras representagées antes que a faculdade da imaginagao tenha acolhido as ultimas @ a compreen- 840 jamais 6 completa. O masmo pode também bastar para explicar fa estupetagao ou espécie de perplexidade que, como se conta, ‘acomete 0 observador por ocasigo da primeira entrada na igreja de Sao Pedro em Roma, Pois se trata aqui de um sentimento da inadequacao de sua faculdade da imaginagaio a exposicdo da idéia™ de um todo, no que a faculdade da imaginagao atinge o seu maximo @, naansiade amplid-lo, recai emssi, mas desta maneira 6 transposta a'uma comovedora complacéncia. Por enquanto ndo quero apresentar nada acerca do funda- mento desta complacéncia, que esié ligada a uma representagao da qual menos se deveria esperar que nos desse a perceber a inadequaco, consequentemente também a desconformidadea fins subjetiva da representacdo a faculdade do julzo na avaliagao da Grandeza; mas observe apenas que, 3¢ 0 julzo ostético deve ser Puro (no mesclado com nenhum julzo teleokigico como julzo da Tazo), e disso deve ser dado um exemplo intelramente adequado critica da faculdade de julzo estética, ndo se tem de apresentar 0 sublime em produtos da arte (por exemplo, edificios, colunas etc.), onde um fim humano determina tanto a forma como a grandeza, em em coisas da natureza, cujo conceito j4 comporta um fim determinado (por exemplo, animais de conhecida determinagao 95 savary, Nicolau (1750-1785), viajanto © autor de Lettres sur /Eoyple, Patt 1786-9. A informag&o de Vorlinder (p96) a respeito 6 visivelmente incorreta,pok ido se coaduna com a data da edigdo da Critica da faculdade do Julzo, Kant idéias;corrgido por Windelband. natural), mas na natureza bruta (e nesta inclusive somente enquanto ‘la no comporta nenhum atrativo ou comogao por perigo efetivo), simplesmente enquanto ela contém grandeza. Pois nesta espécie de representagdo a natureza nao contém nada que fosse monstru- ‘080 (nem 0 que fosse suntuoso ou hortivel); a grandeza que 6 apreendida pode ser aumentada tanto quanto se queira, desde que, somente, possa ser compreendida pela imaginagao em um todo, Um objeto 6 monstruoso se ele pola sua grandeza anula o fim que onstitui 0 seu concetto. Colossal, porém, 6 denominada a simples apresentagao de um conceito, o qual” é para toda exposicao quase ‘grande demais(confina com o relativamente monstruoso): porque 0 fim da exposigao de um conceito é dificultado pelo fato de que a intuigdo do objeto 6 quase grande demais para a nossa faculdade de apreenséo. Um julzo puro sobre o sublime, porém, no tem que ter como fundamento de determinagao absolutamente nenhum fim. do objeto, se ele deve ser estético 6 nao mesclado com qualquer julzo do entendimento ou da razéo. Visto que tudo 0 que deve aprazer sem interesse a faculdade do julzo meramente reflexiva tem de comportar em sua repre- sentagao uma conformidade a fins subjetiva e, como tal, universal- mente valida, se bem que aqui ndo se encontre como fundamento enhuma conformidade a fins da forma do objeto (como no belo), pergunta-se: qual é esta conformidade a fins subjetiva? E através de que é ela prescrita como norma, para na simples apreciagao da ‘grandeza—e na vardade daquela qua foi impelidaaté a inadequacao de nossa faculdade da imaginagao na apresentapao do conceito de uma grandeza - fornecer um fundamento para a complacéncia tuniversalmente valida? Na composicao™ que é requerida para a representagao da andeza, a faculdade da imaginaco avanga por si, sem qualquer impeditivo, até o infinito; o entendimento, porém, a guia através de ° Nas edicdes originals A, 8, C constou “a qual” (cle), apessr de Kant t8-lo. naerrata para ‘o qual" (der). somsace % Corrigido por Erdmann para “compreensiio" (Zusammenfassung a0 invés de Zusammensetzing @ ace por Vorinder sob o argumento de que "alm do mals stim ocrre om Kant este # nos padgraos sogintas”(p 98. 99 conceitos numéricos, para os quais ela tem de fomecer o esquema; e neste procedimento, enquanto pertencente a avaliagdo logica da grandeza, na verdade ha algo objetivamente conforme a fins Segundo 0 conceito de um fim (tal como toda medicgo o 6), mas nada conforme a ins e aprazivel a facukiade de julzo estética. Nesta conformidade a fins intencional tampouco ha algo que forgasse a impulsionara grandeza da medida, por conseguinte a do muito em uma intuigdo até o limite da faculdade da imaginagao « to longe quanto esta em apresentagses sempre possa alcancar. Pois na avaliagdo intelectual das grandezas (da aritmética) chega- se igualmente to longe, quer se impulsione a compreensao das Unidades até o ntimero 10 (na escala decimal) ou somente até 4 (na quateméria); masa ulterior produgo de grandezas no compor,” ou, se 0 quantum 6 dado na intuigdo, no apreender, realiza-se apenas progressivamente (no compreensivamente) segundo um principio de progressio admitido, Nessa avaliagao matematica da grandeza © entendimento 6 igualmente bem servido e satisteito, quer a faculdade da imaginagdo escolha para unidade uma grandeza que se pode captar de uma olhada, por exemplo um pé ou uma vara, ou uma milha, ou até um didmetro da terra, cuja apreensao na verdade 6 possivel, mas ndo a compreensao em uma intuigdo da faculdade da imaginagao (ndo pela comprehensio aesthetica, embora perfel- tamente bem por co logica em um conceito numérico). Em ambos 0s casos a avaliacao légica da grandeza vai sem impedimento até 0 infinito. (Ora bem, o Animo escuta em sia voz da razBo, a qual exige a totalidade para todas as grandezas dadas, mesmo para aquelas que na verdade jamais podem ser apreendidas inteltamente, embora ‘sejam ajuizadas como inteiramente dadas (na representago sen sivel), por conseguinte reivindica compreenséo em uma intuig&o © apresentagao para todos os membros de uma série numérica pro- gressivamente crescente e nao exclui desta exigéncla nem mesmo © infinito (espago e tempo decorrido), torna, muito antes, inevitdvel pensd-lo no julzo da razao comum como inteiramente dado (segundo sua totalidade). © iinfinito, porém, 6 absolutamente (ndo apenas comparati- vamente) grande. Comparado com ele, tudo o mais (da mesma ‘espécie de grandezas) é pequeno, Mas, o que é mais notavel, t80-66 poder pensé-lo como um todo denota uma faculdade do &nimo que ‘excede todo padrao de medida. Pois para isso requerer-se-ia uma © ‘Eramann: compreendar. 100 ‘compreenséo que fornecesse como unidade um padréo de medida que tivesse uma suposta relacdo determinada e numérica com 0 infinto; 0 que 6 impossfvel. No entanto, para 140-56 poder pensar ‘sem contradicao o infinito dado" requer-se no animo humano uma. faculdade que seja ela propria supra-sensivel. Pois somente através desta e de sua idéia de um ndmero - que nao permite ele mesmo enhuma intuigdo e contudo é submetido como substrato a intuigo do mundo enquanto simples fendmeno — 0 infinito do mundo dos ssontidos 6 compreendido totalmente sob um conceito na avaliagao pura e intelectual da grandeza, conquanto na avaliagao matematica através de conceitos numéricos jamais possa ser totalmente pen- sado. Mesmo uma faculdade de poder pensar 0 infnito da intuigao supra-sensivel como dado (em seu substrato inteligivel) excede ‘odo padrao de medida da sensibilidade e ¢ grande acima de toda comparagdo mesmo com a faculdade da avaliaco matemdtica; certamente no de um ponto de vista teérico parao fimda faculdade do conhecimento, e contudo como ampliagao do animo, que de um outro ponto de vista (o prético) sente-se apto a ultrapassar as barreiras da sensbbilidade. ‘A natureza 6, portanto, sublime naquele entre os seus fenomenos cuja intuigao comporta a idéia de sua infinitude. Isto no pode ocorrer sendo pela prépria inadequago do maximo esforco de nossa faculdade da imaginagao na avaliagao da grandeza de um objeto. Ora bem, a imaginagao é capaz da avaliagao matematica da grandeza de cada objeto, com 0 fito de fomecer uma medida Suficiente para a mesma, porque os conceitos numéricos do en- tendimento podem através de progressao tomar toda medida ade- quada a cada grandeza dada, '"" Portanto, tem que ser na avaliagao estética da grandeza que o estorgo de compreensdo — que'” ultrapassa a faculdade da imaginagao de conceber a apreensao progressiva em um todo das intuiges é sentido e onde ao mesmo tempo 6 percebida a inadequacao desta faculdade, ilimitada no progredir, para com o minimo esforgo do entendimento captar uma medida fundamental apta a avaliagao da grandeza e usé-la para a avaliagdo da grandeza. Ora, a verdadeira e invaridvel medida fun- damental da natureza 6 0 todo absoluto da mesma, o qual é nela, ‘como fendmeno, infinitude compreendida, Visto que porém esta medida fundamental 6 um conceito que se contradiz a si proprio 1 - dado" tata om A 10 dada” fita om A M2 aue 6 actéscimo de Windelband 101 (devido a impossibilidade da totalidade absoluta de um progresso sem fim), assim aquela grandeza de um objeto da natureza, na qual a faculdade da imaginacao aplica infrutiferamente sua inteira faculdade de compreensao, tem que conduzir 0 conceito da natureza a um substrato supra-sensivel (que se encontra a base dela e, ao mesmo tempo, de nossa faculdade de pensar), o qual 6 grande acima de todo padro de medida dos sentidos @ por isso permite ajuizar como sublime nao tanto 0 objeto quanto, antes, a disposigao de animo na avaliagao do mesmo. Portanto, do mesmo modo como a faculdade de julzo estética no ajuizamento do belo refere a faculdade da imaginagao, em seu jogo livre, ao entendimento para concordar com seus conceitos em geral (sem determinago dos mesmos), assim no ajuizamento de ‘uma coisa como sublime ela" refere a mesma faculdade a razéo para concordar subjetivamente com suas idéias (sem determinar quais), isto 6, para produzir uma disposigao de &nimo que 6 con- forme @ compativel com aquela que a influéncia de determinadas idéias (praticas) efetuaria sobre o sentimento. isso vé-se também que a verdadeira sublimidade tenha de ser procurada s6 no Animo daquele que julga e nao no objeto da natureza, ccujo ajuizamento enseja essa disposicao de &nimo. Quem quereria ‘denominar sublimes também massas informes de cordilheiras amon- toadas umas sobre outras em desordem selvagem com suas pirdmides de gelo, ou o sombrio mar furioso etc.? Mas 0 &nimo sente-se elevado em seu préprio ajuizamento quando ele, na con- templagao dessas coisas,’ sem consideragao de sua forma, en- trega-se ao cuidado da faculdade da imaginagao e de uma razio meramente ampliadora dela, conquanto posta em ligagao com ela {otaimente som fim determinado, no entanto considera 0 poder inteiro da faculdade da imaginagao inadoquado"® as idéias da razao. Exemplos do matemético-sublime da natureza na simples intuigdo, formecem a todos nés 0s casos em que nos é dado néo tanto um conceito-de-nimero maior, quanto antes uma grande unidade como medida (para abreviagdo das séries numéricas) para 19 B,C: refre-s0 (a0 invés do “ola roero"), 10 Na tradugBo desta passagem seguimos o toxto da 1* eclglo(A): (wenn es sich in dor Batrachtung), J que o da segunda (B) e teceira(C) (wenn os, indem os sich in ‘dor Betrachtung) én aduzivel e gramatcalmente incorrato Cf. tb. Vorlinder (p. 101). 5c: adequado ; segundo Vorlénder unangemessen 6 erro de Improssao, 102 1a faculdade da imaginagéo. Uma arvore, que avaliamos segundo uma escala humana, fornece em todo caso um padréo de medida para um monte; e este, se por acaso tiver uma milha de altura, pode sservir de medida para o nlimero que expressa o diametro da terra, para tornar 0 tiltimo intuivel; o didmetro da terra, para o sistema de planetas conhecido por nés; este, para o da Via-Léctea; e a quanti dade incomensurdvel de tais sistemas de via-lacteas sob 0 nome de nebulosas, as quais presumivelmente constituem por sua vez um semelhante sistema entre si, ndo nos permitem esperar aqui nenhum limite. Ora, no ajuizamento estético de um todo tao incomensuravel, © sublime situa-se menos na grandeza do numero que no fato de que progredindo chegamos sempre a unidades cada vez maiores; para 0 que contribui a divisdo sistemdtica do universo, a qual nos Fepresenta todo o grande na natureza sempre por sua vez como pequeno, propriamente, porém, representa nossa faculdade da imaginagao em sua total ilimitagao e com ela a nalureza como dissipando-se contra as idéias da razo, desde que ela deva pro- porcionar uma apresentacao adequada a elas. §27. Da qualidade da complacéncia no ajuizamento do sublime. O sentimento da inadequagao de nossa facuidade para aleangar uma idéia, que 6 lei para nds, é respeito. Ora, a idéia da compreensao de cada fenémeno suscetlvel de ser-nos dado na intuigao de um todo 6 uma idéla que nos 6 imposta por uma lei da razo que nao conhece nenhuma outra medida determinada, valida e invaridvel"™ para qualquer um sendo 0 todo-absoluto. Nossa faculdade da imaginagao, orém, prova, mesmo no seu maximo esforgo com respeito a por ela reclamiada compreenso de um objeto dado em um todo da intuigao (por conseguinte, para a apresentacao da idéia da razao), suas barrel- ras e inadequacao, contudo ao mesmo tempo sua determinago para a efetuacdo da adequacéo a mesma como uma lei. Porfanto, © ssentimento do sublime na natureza é respeito por nossa propria destinag4o, que testemunhamos a um objeto da natureza por uma certa sub-repgdo (confusdo de um respeito pelo objeto como respeito pela idéia da ‘humanidade em nosso suieito), 0 que por assim dizer torna-nos intulvel a superioridade da determinagao racional de nossas faculdades de conhecimento sobre a faculdade maxima da sensibili- dade. ‘© sentimento do sublime é, portant, um sentimento do desprazer a partir da inadequagao da faculdade da imaginagao, na 19 a: varive 103 avaliago estética da grandeza, & avaliagso pela razio e, neste caso, ‘ao mesmo tempo um prazer despertado a partir da concordancia, precisamente deste julzo da inadequacgo da maxima faculdade sensivel, com idéias racionais, na medida em que o esforgo em diregéo as mesmas 6 lei para nds. Ou seja, 6 para nés lel (da razAo) @ pertence & nossa determinacao avaliar como pequeno em com- paragao com idéias da razo tudo 0 que a natureza como objeto dos sentidos contém de grande para nés; e 0 que ativa em nds 0 sentimento desta destinagao supra-sensivel concorda com aquela lei. Ora, 0 esforgo maximo da faculdade da imaginaggo na ex- osigdo da unidade para a avaliacao da grandeza 6 uma referéncia a algo absolutamente grande, conseqiientemente é também uma teferéncia a lei da raz4o admitir unicamente esta lei como medida suprema das grandezas. Portanto, a percepedo interna da inade- quagao de todo padréo-de-medida sensivel para a avaliagao de grandeza da razao 6 uma concordancia com leis da mesma e um desprazer que ativa em nés o sentimento de nossa destinacdo ‘supra-sensivel, segundo a qual é conforme a fins por conseguinte 6 prazer, considerar todo 0 padrdo de medida da sensibilidade inadequado"” as idéias da razao."* ‘Na representagdo do sublime na natureza o Animo sente-se ‘movi, 4 que em seu julzo estético sobre o belo ele est em trangia ‘contemplacao. Este movimento pode ser comparado (principalmente io seU inicio) a um abalo, isto 6, a uma répida alteréncia de atrac&o ‘8 repulsdo do mesmo objeto. O excessivo para a facuklade da imagl- ‘ago (até o qual ela 6 impelida na apreensao da intuigSo) 6, por assim dizer, um abismo, no qual ela propria teme perder-se; contudo, para a idéia ‘da razo do supra-sensivel ndo 6 também excessivo, mas conforme a leis produzir um tal esforco da faculdade da imaginago: por conseguinte, 6 por sua vez alraente precisamente na medida em que era repuisivo para a simples sensbilkiade. Mas 0 proprio |ulzo Permanece no caso sempre somente estético, porque, sem ter como fundamento um conceito determinado do objeto, representa como |harmBnico apenas 0 jogo subjetivo das facuidades do &nimo (imagi- ‘ago e razéo), mesmo através de seu contraste. Pois assim como faculdade da imaginago e entendimento no ajuizamento do belo através de sua unanimidade, assim facudade da imaginacdo e raz4o produzem aqui’ através de seu conflito, conformidade a fins subjetiva, 7 ¢; adequade, 88 Kant: “do entencimento"; corrigide por Erdmann. 10 equi falta om A. 104 das facuklades do animo; ou seja, um sentimento de que nés ossulmos uma razéio pura, independent, ou'"” uma faculdade da avaliagéo da grandeza, cuja exceléncia ndo pode ser feita intuivel através de nada a ndo ser da insuficiéncia daquela faculdade que nna apresentagdo das grandezas (objetos sensiveis) 6 ela propria ilimitada. Medico de um espago (como apreensao) é a0 mesmo tempo descrigdo do mesmo, por conseguinte movimento objetivo na imagi- ago e um progresso; a compreensao da pluralidade na unidade, nao do pensamento mas da intuig4o, por conseguinte do sucessivamente apreendido em um instante, 6 contrariamente lum regresso, que de novo anula a condicao temporal no progresso da faculdade da imaginacdo ¢ torna intuivel a simultaneidade, Ela &, pois (é que a sucesso temporal é uma condigao do sentido interno @ de uma intuicdo), um movimento subjelivo da faculdade da imaginago, pelo qual ela faz violéncia ao sentido interno, a qual tanto mais perceptivel quanto maior 6 o quantum que a faculdade da imaginagao compreende em uma intuicdo. O esforgo, portanto, de acolher em uma tinica intuigao uma medida para grandezas, cuja apreensdo requer um tempo consideravel, 6 um modo de repre- sentago que, considerado subjetivamente, 6 contrério a fins, ob- jetivamente, porém, 6 necessério & avaliagdo da grandeza, por Cconseguinte conforme a fins: no que contudo a mesma violéncia que 6 feita ao sujeito através da faculdade da imaginacao é ajuizada ‘como conforme a fins com respeito a destinacdo inteira do nimo. ‘A qualidade do sentimento do sublime consiste em que ela 6, relativamente & faculdade de ajuizamento estética, um sent mento de desprazer em um objeto, contudo representado ao mesmo tempo como conforme a fins; o que é poss{vel pelo fato de que a incapacidade (Unvermégen) propria descobre a consciéncia de uma faculdade (Vermégen)ilimitada do mesmo sujeito, @ que o Animo 66 pode ajuizar esteticamente a titima através da primeira. Na avaliagdo légica da grandeza, a impossitilidade de jamais chegar a totalidade absoluta através do progresso da medigao das coisas do mundo dos sentidos notempo e no espaco foi reconheckda como objetiva, isto é, como uma impossibilidade de pensar o infinito como simplesmente dado’ e nado como meramente subjetiva, isto 19 ou* falta om A. Vorlindr propée “ea De acordo com B @ C; am A, @ também segundo Erdmann, “totalmente dado"; ‘segundo Windelband (Acad) “como dado’ 105 e 6, como incapacidade de capt-lo, porque af absolutamente no se presta atencao ao grau da compreensdo em uma intuigao como medida, mas tudo tem a ver com um concetto de numero. Todavia, ‘em uma avaliagdo estética da grandeza 0 conceito de ntimero tem que ser suprimido ou modificado e a compreensdo da taculdade da imaginagdo ¢ unicamente para ela conforme a fins com respeito & Uunidade da medida (por conseguinte evitando os conceitos de uma lei da geracao sucessiva dos conceitos de grandeza). Se, pols, uma grandeza quase atinge em uma intuigdo 0 extremo de nossa faculdade de compreensdo e a faculdade da imaginacao 6 contudo desafiada, através de grandezas numéricas (com relagdo as quals ‘somos conscientes de nossa faculdade como limitada), & com- preensdo estética em uma unidade maior, entdo nos sentimos no nimo como que esteticamente encerrados dentro de limites; € contudo o desprazer 6 representado como conforme a fins com respeito & ampliagao necesséria da faculdade da imaginagao para ‘a adequago ao que em nossa faculdade da razAo 6 llimitado, ou Sea, & idéia do todo absoluto; por conseguinte, a desconformidade a fins da faculdade da imaginagao a idéias da razdo @ a seu suscitamento 6 efetivamente representada como conforme a fins. Mas justamente por isso 0 proprio julzo estético tora-se subjeti- ‘vamente conforme a fins para a razdo como fonte das idéias, isto é, de uma tal compreensdo intelectual, para a qual toda compreens4o estética 6 pequena; e o objeto é admitido como sublime com um prazer que 86 6 possivel mediante um desprazer. B. DO DINAMICO-SUBLIME DA NATUREZA § 28, Da natureza como um poder. Poder 6 uma faculdade que se sobrepée a grandes obstaculos. Esta chama-se forga quando se sobrepoe também a resisténcia daquilo que possui ele proprio poder. A natureza, considerada no julzo estético como poder que no possui nenhuma forga sobre nés, é dinamicamente-sublime. Se a natureza deve ser julgada por nés dinamicamente como ‘sublime, entao ela tem que ser representada como suscitando medo {embora inversamente nem todo objeto que suscita medo soja considerado sublime em nosso juizo estético). Pois no ajuizamento stético (sem conceito) a superioridade sobre obstaculos pode ser ajuizada somente segundo a grandeza da resisténcia, Ora bem, 106 aquilo a0 qual nos esforcamos por resistir 6 um mal e, se ndo ‘consideramos nossa faculdade a altura dele, 6 um objeto de medo. Portanto, para a faculdade de juizo estética a natureza somente pode valer como poder, por conseguinte como dinamicamente-sublime, na medida em que ela é considerada como objeto de medo. Pode-se, porém, considerar um objeto como temivel sem se temer diante dele, a saber: quando 0 ajuizamos imaginando sim- plesmente o caso em que porventura quiséssemos opor-the re- sisténcia e que em tal caso toda resisténcia seria de longe va. Assim © Virtuoso teme a Deus som temer a si diante dele, porque querer resistir a Deus e a seus mandamentos ndo 6 um caso que ele imagine preocupa-io, mas em cada um desses casos, que ele nao imagina como em si impossivel, ele reconhece-0 como temivel. Quem teme a si ndo pode absolutamente julgar sobre o sublime da natureza, tampouco sobre 0 belo quem 6 tomado de inclinagao e apetite, Aquele foge da contemplagao de um objeto que the incute medo; e 6 impossivel encontrar complacéncia em um terror que fosse tomado a sério. Por isso 0 agrado resultante da ‘cessagao de uma situagao penosa é 0 contentamento. Este, porém, devido a libertagao de um perigo, é um contentamento com 0 propésito de jamais expor-se de novo a ele; antes, nao se gosta de Tecordar-se uma vez sequer daquela sensacao, quanto mais de procurar a ocasiao para tanto. Rochedos audazes sobressaindo-se por assim dizer ameagadores, nuvens carregadas acumulando-se no céu, avangando com relampagos e estampidos, vulodes em sua inteira forga destruidora, furacdes com a devastagao deixada para tras, 0 ilimitado oceano revolto, uma alta queda-<'agua de um rio poderoso etc. tornam a nossa capacidade de resisténcia de uma pequenez insignificante em comparacao com o seu poder. Mas 0 seu espeticulo sé se toma tanto mais atraente quanto mais terrivel ele 6, contanto que, somente, nos encontremos em seguranga; € de bom grado denominamos estes objetos sublimes, porque eles ele- vam a fortaleza da alma acima de seu nivel médio e permitem descobrir em nés uma faculdade de resisténcia de espécie total- mente diversa, a qual nos encoraja a medir-ncs com a aparente onipoténcia da natureza. Pois, assim como na verdade encontramos a nossa propria limitagao na incomensurabilidade da natureza na insuficiéncia da nossa faculdade para tomar um padrao de medida proporcionado a avaliacdo estética da grandeza de seu dominio, e contudo também ‘ao mesmo tempo encontramos em nossa faculdade da razdo um outro padrao de medida nao sensivel, que tem sob si como unidade 107 ‘aquela propria infinitude @ em confronto como qual tudo na natureza 6 pequeno, por conseguinte encontramos em nosso Animo uma superioridade sobre a prdpria natureza em sua incomensurabil- dade; assim também o carder irresistivel de seu poder dé-nos a conhecer, a nés considerados como entes da natureza, a nossa impoténcia fisica,""* mas descobre ao mesmo tempo uma faculdade de ajuizar-nos como independentes dela e uma superioridade sobre a natureza, sobre a qual se funda uma autoconservagao de espécie totalmente diversa daquela que pode ser atacada e posta em perigo pela natureza fora de nés, com 0 que a humanidade em nossa pessoa ndo fica rebalxada, mesmo que o homem tivesse que sucumbir 2quela forga. Dessa manera a natureza nao 4 ajuizada como sublime em nosso juizo estético enquanto provocadora de medo, porque ela convoca a nossa forga (que nao 6 natureza) para considerar como pequeno aquilo pelo qual estamos (bens, satide e vida) @ por isso, contudo, néo considerar seu poder (a0 qual sem divida estamos submetides com respeito a essas coisas) absolutamente como uma tal’”* forga para nés @ nossa personalidade, @ sob a qual tivéssemos que nos curvar, quando $6 tratasse dos nossos mais altos principios e da sua afirmagao ou seu abandono. Portanto, a natureza aqui chama-se sublime simples- mente porque ela eleva a facukdade da imaginagdo a apresentagéo daqueles casos nos quais 0 animo pode tornar capaz de ser sentida a sublimidade propria de sua destinagdo, mesmo acima da natureza. Esta auto-estima ndo perde nada pelo fato de que temos de ‘sentir-nos saguros para poder sentir esta complacéncia entusias- ante; por conseguinte, o fato de o perigo nao ser tomado a sério nao implica que (como poderia parecer) tampouco se tomaria a sério a sublimidade de nossa faculdade espiritual. Pois a complacéncia con- ceme aqui somente a destinagdo de nossa facukdade que se descobre ‘em tal caso, do modo como a disposiggo a esta encontra-se em nossa natureza, enquanto o desenvolvimento @ 0 exercicio dessa facukdade ‘s0 confiados a nés e permanecem'® obrigago nossa. E isto 6 vverdadeiro por mais que 0 homem, estende sua reflexdo até al, possa ser consciente de uma efetiva impoténcia atual. Esse principio na verdade parece ser demasiadamente pouco convincente @ demasiadamente racionalizado, por consaguinte ‘19 fica faa om A. $4 tar fata om A. 886 108 ‘exagerado para um julzo estético; todavia, a observagao do homem prova o contrério, @ que ole pode jazer como fundamento dos {ajuizamentos mais comuns, embora nao se seja sempre consciente do mesmo. Pois, que é isto que, mesmo para o selvagem, 6 um objeto da maxima admiracdo? Um homem que néo se apavora, que ‘néo teme a si, portanto, que nao cade ao perigo, mas ao mesmo tempo procede energicamente com inteira reflexdo. Alé no estado ‘maximamente civilizado prevalece este apreo superior pelo guer- reiro; 86 que ainda se exige, além disso, que ele ao mesmo tempo ‘comprove possuit todas as virtues da paz, mansidao, compaixao @ mesmo 0 devido cuidado por sua propria passoa; justamente porque nisso 6 conhacida a invencibilidade de seu nimo pelo perigo. Por isso se pode ainda polemizar tanto quanto se queira na ‘comparaggo do estadista com 0 general sobre a superioridade do respetto que um merece sobre 0 outro; o juizo estético decide em favor do titimo. Mesmo a guerra, se é conduzida com ordem @ com sagrado raspeito pelos direitos civis, tem em si algo de sublime @ 20 mesmo tempo torna a maneira de pensar do povo que a conduz assim tanto mais sublime quanto mais numerosos eram os perigos ‘a que ele estava exposto @ sob os quais tenha podide afirmar-se valentemente; j4 que contrariamente uma paz longa encarrega-se de fazer prevalecer 0 mero espirito de comércio,'"* com ele, porém, © baixo interesse pessoal, a covardia e moleza, ¢ de humilhar a maneira de pensar do povo. arece confltar com essa andlise do conceito de sublime, na medida em que este 6 alribuldo ao poder, 0 fato de que nas intempéries, na tempestade, no terremoto etc., costumamos repre- ssentar Deus em estado de célera, mas também como se apresen- ‘tando em sua sublimidade, no que contudo a imaginagao de uma superioridade de nosso &nimo sobre os efeitos e, como parece, até sobre as intengdes de um tal poder, seria tolicee ultraje ao mesmo tempo. Aqui parece que nenhum ‘sentimento da sublimidade de nossa propria nalureza, mas muito mais submisséo, anulagao sentimento de total impoténcia constitua a disposigo de animo que convém ao fenémeno de um tal objeto e também costumeiramente trata de estar ligada & idéia do mesmo em semelhante evento da natureza. Na religiao em geral parece que o prostrar-se, a adoracao ‘com a cabega inclinada, com gestos e vozes contritos, cheios de ‘sejam o Unico comportamento conveniente em presenga da 6 Comigdo em C de Handlungsgsist para Handelsgeist, adotado também pala od. Acad, 109 divindade, que por isso também a maioria dos povos adotou e ainda observa. Todavia, tampouco esta disposigao de animo nemde longe std om sie necessariamente ligada a idéia da sublimidade de uma religio @ de sou objeto. © homem que efetivamente teme a si, Porque ele encontra em sirazAo para tal enquanto 6 autoconsciente de com sua condendvel atitude faltar a um poder cuja vontade & itresietivel e a0 mesmo tempo justa, nao se encontra absolutamente nna postura de &nimo para admirar a grandeza divina, para a qual so requeridos uma disposiggo & calma contemplagio e um julzo totalmente livre."”” Somente quando ele 6 autoconsciente de sua atitude sincera e agradavel a Deus, aqueles efeitos do poder server para despertar nele a idéia da sublimidade deste ente, na medida ‘em que ele reconhece em si préprio uma sublimidade de atitude conforme aquela vontade e deste modo 6 elevado acima do medo face a tals efeitos da natureza, que ele néo considera como ex- pressdes de sua célera. Mesmo a humildade, como ajuizamento no conveniente de suas falhas, que, do contrério, na consciéncia de atitudes boas facilmente poderiam ser encobertas com a fragilidade da natureza humana, 6 uma disposigao-de-Animo sublime de sub- miso espontdnea & dor da auto-repreensdo para eliminar pouco ‘a pouco sua causa. Unicamente deste modo a religido distingue-se internamente da superstic4o, a qual ndo funda no animo a vene- Tago pelo sublime, mas o medo e a angistia diante do ente todo-poderoso, a cuja vontade o homem aterrorizado vé-se sub- metido, sem contudo a apreciar muito; do que pois certamente no pode surgir nada sendo granjeamento de favor e de simpatia a0 invés de uma religiao da vida reta. Portanto, a sublimidade ndo estd contida em nenhuma coisa da natureza, mas 86 em nosso animo, na medida em que podemos ‘ser conscientes de ser superiores a natureza em nése através disso tambem a natureza fora de nés (na medida em que ela Influl sobre 16s). Tudo o que suscita este sentimento em nés, a que pertence o poder da natureza que desafia nossas forgas, chama-se entéo (conquanto impropriamente) sublime; @ somente sob a pressu- Posi¢do desta idéia em nés e em referéncia a ela somos capazes de chegar a idéia da sublimidade daquele ente, que provoca respeito interno em nds nao simplesmente através de seu poder, que ele demonstra na natureza, mas ainda mais através da faculdade, que se situa om nés, de aluizar sem medo esse poder e pensar nossa destinagao como sublime para além dele. 17 4: sJulzo livre de coarse’ 110 § 29. Da modalidade do jutzo sobre o sublime da natureza. Hé intimeras coisas da bela natureza sobreas quais podemos imputar unanimidade de julzo com o nosso, e também sem errar muito podemos esperd-la diretamente de qualquer um; mas com rnossos julzos sobre o sublime na natureza nao podemos iludir-nos tao facilmente sobre a adesao de outros. Pols parece exigivel uma cultura de longe mais vasta, no 36 da faculdade de julzo estética, mas também da faculdade do conhecimento, que se encontram & ‘sua base, para poder proferir um ju'zo sobre esta exceléncia dos objetos da natureza. ‘A disposicéo de Animo para o sentimento do sublime exige ‘uma receptividade do mesmo para idéias; pois precisamente na inadequagao da natureza as ttimas, por conseguinte s6 sob @ pressuposiggo das mesmas e do esforgo da faculdade da imagi- agao em tratar a natureza como um ‘esquema para as idéias, consiste 0 terrificante para a sensibilidade, o qual, contudo, @ 20 ‘mesmo tempo atraente; porque ele 6 uma violéncia que a razao exerce sobre a faculdade da imaginagéo somente para amplid-la ‘convenientemente para o seu dominio proprio (opratico) e propiciar- Ihe uma perspectiva para 0 infinito, que para ela é um abismo. Na verdade aquilo que nés, preparados pela cultura, chamamos subli- me, sem desenvolvimento de idéias morais apresentar-se-4 a0 homem incutto simplesmente de um modo terrificante. Ele verd, nas demonstragées de violéncia da natureza em sua destruigao © na {grande medida de seu poder, contra o qual o seu é anulado, puro ‘sofrimento, perigo e privagao, que envolveria o homem que fosse banido para ld. Assim, o bom camponés savoiano, alids, dotado de bom senso (como narra o Sr. de Saussure),""* sem hesitar chamava de loucos todos os amantes das geleiras. Quem sabe também se ‘ele desse modo absolutamente nao teria tido razo, se aquele ‘observador tivesse assumido 0s perigos, aos quais se expunha, simplesmente, como o costuma a maioria dos viajantes, por ca- pricho ou para algum dia poder fornecer descrig6es patéticas a respeito. Sua intengao com isso era, porém, instruir os homens; € esse homem excelente tinha as sensagdes que transportam a alma @ além disto as oferecia aos leitores de suas viagens. ( julzo sobre o sublime da natureza, embora necessite cultura (mais do que 0 julzo sobre 0 belo), nem por isso foi primeiro 8p@ Saussure, H.8. (1709-60), de Gonebra, aos 78 anos um dos primeiros ‘escaladores do Montblanc e autor de Voyages dans les Alpes (4 vols.) ecttados em 1779.0 anos sequins, mW produzido precisamente pela cuttura @ como que introduzido sim- plesmente por convencao na sociedade, mas ele tem seu funda- mento na natureza humana e, na verdade, naquela que com 0 's0-entendimento se pode ao mesmo tempo imputar a qualquer um @ exigir-Ihe, a saber na disposicao ao sentimento para idéias (prt cas), isto 6, a0 sentimento moral." ‘Sobre isso funda-se entdo a necessidade de assentimento do julzo de outros com 0 nosso acerca do sublime, a qual ao mesmo tempo inclulmos neste julzo. Pois assim como censuramos de ‘carénoia de gosto aquele que ¢ indiferente ao ajuizamento de um ‘objeto da natureza que achamos belo, assim dizemos que no tem enhum sentimento aquele que permanece inerte junto a0 que julgamos ser sublime. Exigimos, porém, ambas as qualidades de cada homem @ também as pressupomos nele se ele tom alguma cultura; com a diferenga apenas de que exigimos a primeira termi- nantemente de quakquer um, porque a faculdade do julzo af refere ‘a imaginaco apenas ao entendimento como faculdade dos concei- tos; a segunda, porém, porque ola af refere a facuidade da imag nagéo & razo como faculdade das kiéias, exigimos somente sob uma pressuposigdo subjetiva (que porém nos cremos autorizados ‘a poder imputar a qualquer um), ou seja, a do sentimento moral no homem,” @ com isso também atribuimos necassidade a este julzo estético. Nesta modalidade dos jutzos estéticos, a saber, da necessi- dade a eles atribuida, situa-se um momento capital da critica da faculdade do julzo. Pois aquela toma precisamente conhacido neles um princ{pio a priori @ eleva-os da psicologia empirica, onde do conttério ficariam seputtados sob os sentimentos do delaite @ da dor'®' (somente com epiteto, que nada diz, de um sentimento mais fino), para colocar esses julzos, e mediante eles a facuidade do julzo, na classe daquelas que possuem como fundamento principios 2 priori e como tals porém fazé-los passar para a filosofia transcen- dental 18 pmoralst, ometa aka, 120m homem fata om A. noposigho Vergngen und Schmerz (delet @ dor) 6 uma espécie de gBnaro Lust und Uniust (prazar © desprazer). Essa diforenca é explctada também na ‘Aniropolgia(\ parte do vol A, od. Acad. p. 280 @ s998.). Alo Geschmack (gosto) « considerado um prazer, mediante afacudace daImaginago, em pare serisivel @ ‘9m pariaintloctul na iniuigdo refed. 112 OBSERVAGAO GERAL SOBRE A EXPOSICAO DOS JUIZOS REFLEXIVOS ESTETICOS. Em referéncia ao sentimento de prazer um objeto deve con- tar-se como pertencente ao agraddvel, ou ao belo, ou ao sublime, ‘ou ao bom (absolutamente) (iucundum, pulchrum, sublime, hones- tur). O agradével 6, como mola propulsora dos apetites, universal- mente da mesma espécle, seja de onde ele possa vir @ quao ‘especificamente diversa possa também ser a representacao (do sentido @ da sensagdo, objetivamente considerada). Por isso no ajuizamento da influéncia do mesmo sobre 0 Animo importa somente 0 ntimero dos estimulos (simultaneos e sucessivos) @ por assim dizer somente a massa da sensacdo agradavel; @ esta nao pode tornar-se compreensivel senéo pela quantidade. Ele tam- ouco cultiva, mas pertence ao simples gozo. O belo contrariamente feclama a representacao de uma certa qualidade do objeto, que também, pode torar-se compreensivel @ conduzit a conceitos (Conquanto no julzo estético nao seja conduzide a eles), e cultiva ‘enquanto ao mesmo tempo ensina a prestar atengo & conform dade a fins no sentimento de prazer. © sublime consiste simples- ‘mente na relagdo em que o sensivel na represeniacao da natureza 6 ajuizado como apto a um possivel uso supra-sensivel do mesmo. © absolutamente-bom, ajuizado subjetivamente segundo o senti- mento que ele inspira (0 objeto do sentimento moral) enquanto determinabllidade das torgas do sujeito pela representacao de uma lei que obriga absolutamente, distingue-se principalmente pela mo- dalidade de uma necessidade que assenta sobre conceitos a priori © que contém em si ndo simplesmente pretenséo, mas também ‘mandamento-de-aprovacéo pata qualquer um, e em sina verdade Indo pertence a faculdade de julzo estética, mas a faculdade de julzo intelectual pura; ele tampouco & atribufdo a um juizo meramente reflexivo , mas determinante, nao a natureza mas & liberdade. Porém a determinabilidade do sujeito por esta idéia, e na verdade de um sujeito que em si pode ter na sensbilidade sensagao de obstdculos, mas ao mesmo tempo de superioridade sobre a sensibilidade pela superagdo dos mesmos como modificagao do ‘seu estado, isto 6, 0 sentimento moral, é contudo aparentada & faculdade de julzo estética e suas condigdes formais, na medida em que pode servir para representar a contormidade a leis da ago por dever ao mesmo tempo como estética, isto é, como sublime, ou 113 também comobela, sem prejulzo de sua pureza, 0 que nao ocorreria, se se quisesse pé-la em ligagéo natural com o sentimento do agradavel. . sree se extral 0 resultado da exposi¢ao precedente dos dois modos de julzos estéticos, decorrerdo deles™ as seguintes breves finigbes: _ see que apraz no simples ajuizamento (logo nao mediante 11s @ sengago sensorial segundo um conceito do entendimento). Disso resulta espontaneamente que ole tem de comprazer sem nenhum jeresse. ‘Sublime 6 0 que apraz imediatamente por sua resisténcia it jos sentidos. cor oa, como expicagbes do ajuizamento estético universal- mente valido, referem-sea fundamentos subjetivos, a saber, por um lado da sensibilidade, do modo como eles em favor do entendimento contempiativo, por oulto lado como eles, contra a sensibilidade para 108 fins da razo pratica, e ndo obstante unidos no mesmo sujeito, so conformes a fins em referéncia ao sentimento moral. O belo prepara-nos para amar sem interesse algo, mesmo a natureza; 0 ‘sublime, para estimd-lo, mesmo contra nosso interesse (sensivel). Pode-se descrever o sublime da seguinte maneira: ele é um objeto (da natureza), cuja representacao determina o Animo a imaginar a inacessibilidade da natureza como apresentagao de (2easmadas Iteralmente e consideradas logicamente, ies no podem ser apresentadas. Mas se ampliamos matematica ou dinami- ‘camente nossa faculdade empirica de representagao para a intuigo da natureza, entéo inev’ avelmente se juntaré a ela a razao como faculdade de independéncia da totalidade absoluta, @ produz 0 esforgo do animo, conquanto vdo, de tomar adequada a elas‘ a representagao dos sentidos. Este esforgo eo sentimento da inaces- idade da idéia & faculdade da imaginagdo sao eles mesmos uma apresentagao da conformidade a fins subjetiva de nosso Animo no Uso da faculdade da imaginagdo para sua destinagao supra-sen- 11s sivel e obrigam-nos a pensar subjetivamente a propria natureza em 122 Esta frase, como a antaror, olerece problemas de concordancia gramatcal Vi ‘arespeiio, na ed. da Acad, 5p. 517, a observagso do Eitor sobre a inguagem de Kant 123 yindelband prope dieser (a essa), que entio remeteria @ razBo, ao invés do plural dieson (a assas), quo romoto a dé. 114 ‘sua totalidade como apresentagéo de algo supra-sensivel, sem poder realizar objetivamente essa apresentacdo. Com efelto, em seguida nos damos conta de que 0 incondi- cionado ~ por conseguinte também a grandeza absoluta, que no entanto 6 reivindicada pela razdo mais comum — afasta-se total- mente da natureza no espago @ no tempo. Precisamente deste modo somos também lembrados de que somente temos a ver com uma natureza enquanto fendmeno, que esta mesma ainda tem que ser considerada como simples apresentagao de uma natureza ‘em si (que a razo tem na idéia). Mas esta idéia do supra-sensivel, que na verdade nao determinamos ulteriormente — por conseguinte ‘no conhecemos mas 86 podemos pensar a nalureza como apre- sentagdo da mesma — 6 despertada em nds por um objeto, cujo ajuizamento estético aplica até seus limites a faculdade da imagi- rnagdo, seja A ampliagdo (matematicamente) ou ao seu poder sobre © 4nimo (dinamicamente), enquanto ele se funda sobre o sentimento de uma destinagao do mesmo, a qual ultrapassa totalmente o dominio da faculdade da imaginacao (quanto ao sentimento moral), ‘com respeito ao qual a representagao do objeto é ajuizada como Subjetivamente conforme a fins. De fato no se pode muito bem pensar um sentimento para ‘como sublime da natureza semligar isso uma disposigao de animo que 6 semelhante a disposieao para o sentimento moral; e embora © prazer imediato no belo da natureza igualmente pressuponha € cultive uma certa liberalidade da maneira de pensar, isto é inde- Pendéncia da complacéncia do simples gozo dos sentidos, ainda assim a liberdade 6 representada antes no jogo do que sob uma ‘cupagao legal, a qual constitui o auténtico caréter da moralidade ‘do homem, onde a razao tem de fazer violéncia a sensibilidade, 86 ‘que no julzo estético sobre o sublime esta violéncia 6 reprosentada ‘como exercida pela propria faculdade da imaginago, ao invés de or um instrumento da razo. ‘A complacéncia no sublime da natureza é por isso também ‘somente negativa (ao invés disso, a no belo é positiva), ou seja, um sentimento da faculdade da imaginagao de privar-se por si prépria da liberdade, na medida em que ela é determinada conformemente a fins segundo uma lei diversa da do uso empitico. Dasse modo, a faculdade da imaginacao obtém uma ampliagSo e um poder maior do que aquele que ela sacrifica e cujo fundamento, porém, est oculto a ela propria; ao invés disso, ela sente 0 sactificio ou a Privag&io e ao mesmo tempo a causa A qual ela & submetida. A ‘estupefagdo—que confina como pavor, ohorroreo estremecimento 115 sagrado nha 0 observador a vista de corditheiras que 86 Silom ads céus, de garganlas profundas @ aguas que irompem elas, de solidées cobertas por sombras profundas que convidam & meditagdio melancélica etc. - ndo 6, na seguranga em que o ‘observador se sente, um medo efetivo, mas somente uma tentativa de abandonar-nos a’ ela com a imaginagéo, para sentir o poder da mesma faculdade, ligar 0 assim suscitado movimento do animo com 0 seu estado de repouso e deste modo ser superior & natureza em rnés prOprios, por conseguinte também a natureza fora de nés, na medida em que ela pode ter influéncia sobre o sentimento de nosso bem-estar, Pols a facukdade da imaginagao, quando opera segundo a lei da associagdo, torna 0 nosso estado de contentamento fisl- camente dependente; mas a mesma, quando opera segundo principios do esquematismo da faculdade do julzo (conseqdente- Tnente enquanto subordinada a liberdade), 6 instrumento da razBo @ de suas idéias, como tal, porém, é um poder de afirmar nossa independéncia contra as influéncias da natureza, de rebaixar como pequeno o que de acordo com a primeira é grande @, deste modo, por o absolutamente grande somente em sua propria destinaao {isto 6, do sufeito). Esta rflexao da taculdade de julzo estética para elevar-se” a adequagao a razdo (embora sem um conceito deter- minado da mesma) representa contudo 0 objeto como subjeti- Yamente conforme a fins, mesmo através da inadequagéo objetiva da faculdade da imaginacao em sua maxima ampliagao em relagao & razdo (enquanto faculdade das idéias). — ‘Aqui em geral se tem de prestar atengdo ao falo, ja recor acima, de que na estética transcendental da facukdade do julzo se tem de falar unicamente de julzos estéticos puros, conseqiente- mente os exemplos nao podem ser extraldos de tals objetos belos fu sublimes da naturaza que pressupde o conceito de um fim; pols fentao se tralaria ou de conformidade a fins teleolégica ou de conformidade a fins fundando-se sobre simples sensagdes de um ‘objeto (deleite ou dor); por conseguinte, no primairo caso nao se trataria de conformidade a fins stética @ no segundo nao se trataria de simples conformidade a fins formal. Se, pois, se chama de ‘sublime a visdo do c6u estrelado, entao no se tem que por como fundamento do seu ajuizamento conceitos de mundos habitados por entes racionais e a seguir os pontos luminosos, dos quais vernos “24 Erdmann prope alo plural ‘as primoiras’; em C consta ‘es utmas". 125 acompanhamos a od, da Acad. onde Windelband, sequido por Vorténdr, tone ‘orhaben (elovar roxio, Erdmann propée, ao invés, “levar a natureza" 116 repleto o espaco sobre nés, como seus sdis movidos em érbitas dispostas para eles bem conformemente a fins, mas se tem que consideré-1o simplesmente do modo como o vemos, como uma vasta abdbada que tudo engloba; e simplesmente a esta repre- ‘sentagdo temos que submeter a sublimidade que um jufzo estético Puro atribui a este objeto. Do mesmo modo nao temos que consid- erar a vista do oceano como 0 pensamas, entiquecido com toda espécie de conhecimentos (que porém no estao contidos na in- 119 tuigdo imediata), por assim dizer como um vasio reino de criaturas ‘aquticas, como 0 grande reservatério de agua para os vapores que impregnam oar com nuvens em beneficio daterra, ou também como um elemento que na verdade separa entre si partes do mundo, conquanto, porém tome possivel a maxima comunidade entre eles: ois isto fornece puros julzos teleolégicos; mas se tem que poder considerar 0 oceano simplesmente, como o fazem os poetas, segundo o que a vista mostra, por assim dizer se ele é contemplado ‘em repouso, como um claro espelho de gua que é limitado apenas pelo céu, mas se ele estd agitado, como um abismo que ameaca tragar tudo, e apesar disso como sublime. O mesmo precisa ser dito do sublime @ do belo na figura humana, onde nao temos de recorrer a conceitos de fins, enquanto fundamentos determinantes do julzo @ em vista dos quais todos os seus membros existem, nem deixar a concordancia com eles influirsobre o nosso (entao nao mais puro) julzo estético, embora o fato de que nao os contradigam certamente Sela ima condigéo necessaria também da complacéncia estética A conformidade a fins estética & a conformidade a leis da faculdade do julzo em sua liberdade. A complacéncia no objeto depende da relacdo na qual queremos colocar a faculdade da imaginacao, desde que ela entretenha por si propria 0 animo em livre ocupagao. Se contrariamente alguma outra coisa, seja ela sensacdo sensorial ‘ou concoito do entondimonto, determina o julzo, entéo ola na verdade 6 conforme a leis, mas nao o juizo de uma livre faculdade do juizo. Portanto, se se fala da beleza ou sublimidade intelectual, entao, em primeiro lugar, essas expressées ndo sao totalmente corretas, porque sao maneiras de representagao estéticas que, se fOssemos simplesmente inteligéncias puras (ou também nos trans- mutassemos em pensamento nessa qualidade), ndo se encon- trariam absolutamente em nés; em segundo lugar, embora ambas, 2: como objetos de uma complacéncia intelectual (moral), na verdade sejam concilidveis com a complacéncia estéticana medida em que 1ndo repousam sobre nenhum interesse, sua unificagao com ela & porém dificil, porque devem produzir um interesse que, se a apre- 7 sentagdo deve concordar com a complacéncia no ajuizamento estético, jamais ocorreria neste sendo por um interesse sensivel onjunto na apresentagao, a0 prego, porém, de uma ruptura com & ‘conformidade a fins intelectual e de uma perda de pureza. ‘© objeto de uma complacéncia intelectual pura @ incondi- cionada 6 a lei moral em seu poder, que ela exerce em nés sobre todos e cada um dos motives do 4nimo que a antecedem, @ visto {que este poder propriamente 86 se dé a conhecer esteticamente por cactificios (0 que & uma privacdo, embora em favor da liberdade intema e que, em compensacdo, descobre em nés uma profundl- dade imperscrutavel desta faculdade supra-sensivel com suas con- Sequéncias que se estendem até o improvisivel): assim a ‘complacéncia do lado estético (em referéncia a sensiblidade) é negativa, isto 6, contréria a esse interesse, porém do lado intelectual % considerada positiva e ligada a um interesse, Disso segue-se que ‘0 (moralmente) bom intelectual e em si mesmo conforme a fins, se aluizado esteticamente, tem que ser representado nao tanto como belo quanto, antes, como sublime, de modo que ele desperta mais © sentimento de respeito (0 qual despreza o atrativo) do que o de ‘amor @ da inclinagao intima; porque a natureza humana n&o ‘concorda com aquele bom tao espontaneamente, mas somente mediante violéncia que a razo exerce sobre a sensibilidade. tnver- samente também aquilo que denominamos sublime na natureza fora de nés ou também em nés (por exemplo certos afetos) & representado © assim pode tomar-se interessante somente como um poder de &nimo de elevar-se sobre certos ‘obstdculos’* da sensibilidade através de prinofpios morais.'”” ‘Quero deter-me um pouco sobre o tiltimo aspecto. A idéia do bom com afeto chama-se entusiasmo, Este estado de animo parece ‘ser a tal ponto sublime, qua comumente se afirma que sem ele nada de grande pode ser feito, Ora bem, todo afeto™ é cego, quer na escolha de um fim, quer na sua execugo, mesmo que este tenha 128 1, sobre os obstéculos 177 Kant: princlpios humanos; crrgido por Hartenstoin. 128 aYetog sbo especitcaments distintes de palsées. Aquelesreferom-s6 meramonte ‘20 sontmaento; estas pertencem & faculdade de apetigso © sto incinagdes que Gincuttam ou tornam Impossivel toda determinabildade do arbitio por pincipios. ‘Aqueles 820 impetios0s e impremeditadoe; estas, uradouras @ refieias; assim & ‘Mignagao como oolera & um afelo; porém como dco (sede de vinganga) ¢ ume pabeto A ulima no pode jamais @ em renhuma relag8o sor donomined ublime, Porque no afeto em verdade a ibordade do anim 6 inibida, na palxBo porém 6 supressa.(K) 118 ‘sido dado pela razo; pols ele 6 aquele movimento do animo que toma incapaz de promover uma reflexéo livre sobre principios para determinar-se segundo ela. Portanto, ele nao pode de maneira alguma merecer uma complacéncia da razéo. Estelicamente, con- tudo, 0 entusiasmo 6 sublime, porque ele 6 uma tensdo das forcas mediante idéias, que dao ao animo um elé que atua bem mais poderosa @ duradouramente que o impulso por representagoes dos ‘sentidos. Mas (0 que parece estranho) mesmo a auséncia de afeto (apathela, phlegma in significatu bono) de um Animo que segue 122 enfaticamente sous principios imutdveis é sublime, ena verdade de um modo muito mais primoroso, porque ela ao mesmo tempo tem do seulado a complacéncia da razéo pura. Unicamente umtal modo de ser do &nimo chama-se nobre, cuja expresséo 6 posteriormente aplicada também a coisas, por exemplo, edifcios, um vestido, um estilo de escrever, postura corporal etc., quando ela provoca nao tanto estupefagéo , afeto na representagao da novidade que ultrapassa a expectativa, quanto admiracdo , uma estupefacao que ndo cessa coma perda da novidade, ‘© que ocorre quando idéias em sua apresentagao concordam sem intengio @ sem artficio com a complacéncia esiética. Cada afeto do género vigoroso (animi strenui ~ ou seja, que desperta a consciéncia de nossas forcas a vencer toda resisténcia) 6 estaticamente sublime, por exemplo, a célera e mesmo 0 deses- ero (ou seja, 0 indignado, no 0 desencorajado). Mas 0 afeto do . Mas também emogdes turbulentas, quer sejam ligadas, sob o nome de edificago, a idéias da religido ou a idéias pertencentes simplesmente a cuitura, possuidoras de uminteresse em sociedade, por mais que elas também ponham em tensdo a faculdade da Imaginago, de modo nenhum podem reclamar a honra de uma apresentagao sublime se ndo abandonam uma disposigao de &nimo que, conquanto, 86 indiretamente, tenha influéncia sobre a cons- ciéncia de sua forga e decisdo em relago ao que uma conformidade a fins pura @ intelectual comporta (a0 supra-sensivel). Pols, afora isso, todas estas comogées pertencem somente ao movimento que 1a de bom grado se exercita em vista da satide, A agradavel fadiga, que se segue a uma tal agitacdo pelo jogo dos afetos, 6 um gozo do bem-estar proveniente do restabelecido equillbrio das diversas forgas vitais em nés e que no fim culmina em algo idéntico ao gozo que os libertinas do Oriente consideram tao deleitoso, quando eles, por assim dizer, massagelam 0s seus Corpos @ suaverente pres~ sionam e deixam vergar todos os seus masculos @ artérias; s6 que 140 principio motor encontra-se em grande parte em nés; aqui, 20 contratio, totalmente fora de nés. LA alguém cré-se edificado por um ‘sermo, no qual’ contudo nada construido (nenhum sistema de maxirrias boas), ou ter-se tormado melhor por uma tragédia, en- ‘quanto simplesmente estd contente por um tédio felizmente eli nado. Portanto, 0 sublime sempre tem que referir-se & maneira de pensar, isto 6, a maximas para conseguir o dominio do intelectual e das idéias da razo sobre a sensibilidade. “© kant: indom (enquanto), corigido por Erdmann para in dem (no qual) 120 Nao se deve recear que o sentimento do sublime venha a perder-se por um tal modo de apresentacdo abstrato, que em confronto com a sensibilidade 6 inteiramente negativo; pois a faculdade da imaginago, embora ola acima do sensivel nao encon- ‘re nada sobre o que possa apoiar-se, precisamente por esta eliminagdo das barreiras da mesma sente-se também ilimitada; e aquela abstracao 6, pois, uma apresenta¢do do infinito, a qual na verdade, precisamente por isso, jamais pode ser outra coisa que uma apresentacdo meramente negativa, que, entretanto, alarga a alma. Talvez no haja no Cédigo Civil dos judeus nenhuma pas- ‘sagem mais sublime que o mandamento: "Tu nao deves fazer-te nenhuma efigie nem qualquer prefiguracdo, quer do que estd no céu ‘ou na terra ou sob a terra’ etc. Este mandamento por si sé pode ‘explicar 0 entusiasmo que o povo judeu em seuperfodo™ civilizado sentia por sua religido quando se comparava com outros povos, ou aquele orgulho que o maometismo inspirava. Precisamente o mesmo vale também acerca da resentagao da lei moral e da disposicao & moralidade em nés. E uma preocupacdo totalmente ‘erronea supor que, se a gente se priva de tudo 0 que ela pode recomendar aos sentidos, ela entéo néo comporte senéo uma aprovagdo fria e sem vida @ nenhuma forca motriz ou comogéo. Trata-se exatamente do contrario; pois ld onde agora os sentidos nada mais véem diante de si e a inconfundivel e inextingulvel idéia da moralidade contudo permanece, seria antes preciso moderar 0 ela de uma facukdade da imaginagdo ilimitada para ndo o deixar elevar-se até o entusiasmo, como, por medo de debilidade dessas idéias, Procurar ajuda para elas em imagens e em um aparato infantil. Por isso também governos de bom grado permitiram que se provesse ieamoria a religiio com o titimo apetrecho, e assim rocuraram tirar do stidito 0 esforgo, mas ao mesmo tem £ raculdade do estender as suas forgas Ga ama pag alarm dae barreiras que se podem por arbitrariamentea ele e através das quais se pode mais facilmente manejé-fo como meramente passivo. Esta apresentagdo pura, elevadora da alma e meramente Nnegativa da moralidade, néo oferece ao contrério nenhum perigo de ‘exaltago , a qual 6 uma ilusdo de ver algo para além de todos os limites da sensibilidade,' isto 6, de querer sonhar segundo principios (delirar com a raz&o), precisamente porque a apresentago 6 naquela meramente negativa, Pois a imperscruta- 98: époce, *% : moralidade, 121 bilidade da idéia da liberdade impede completamente toda a apre- ‘sentagao positiva; a lei moral, porém, 6, em si mesma, suficionte e originariamente determinante em nés, de modo que ela néo permite tos Unga vez sequer procurar umfundamento de determinagao fora dela. Seo entusiasmo pode comparar-se & deméncia, a exaltacao pode comparar-se ao desvario, entre os quais 0 timo 6 o que menos que todas se concilia com o sublime, porque ele 6 profundamente *h> ridiculo, No entusiasmo como afeto a facukdade da iraginagao 6 desenfreada; na exaltagdo, como palxBo arraigada e ‘dsmadora, 6 desragrada. O primeiro é um acidente passagelro, que Ss vozes pode alingir o entendimento mais sadio; a segunda 6 uma doenga que 0 destroca. ‘Simplicidade (conformidade a fins sem artificio ) & como que 0 estilo da natureza no sublime, @ assim também da fmoralidade, que é uma segunda natureza (supra-sensive)), da qual Conhecemos somente as leis sem a faculdade supra-sensivel em inés proprios de poder alcangar por intuigao aquilo que contém © fundamento dessa legislacdo. Deve-se observar ainda que, embora a complacéncia no belo como a no sublime seja nitidamente distinta dos demais ajuizamon- fos estéticos nao somente pela comunicabilidade universal, mas ‘que também por esta propriedade ela adquire um interesse om Telagao A sociedade (na qual ela se deixa comunical), todavia tambem o isolamento de toda a socledade considerado algo sublime se ele repousa sobre idéias que nao fazem caso de nenhum interesse sensivel. Ser auto-suficiente, por conseguinte ndo pre- Eisai de sociedade, sem ser com isso insoctvel, isto é fugir dela, 6 algo que se aproxima do sublime, assim como toda liberardo de Aasessidades. Contrariamente, fugir dos homens por misantropia, porque se 0s hostliza, ou por antropofobia (imide2), porque s° oS Tome como inimigos, 6 em parte odioso, @ em parte desprezivel. i Todavia, existe uma (muito impropriamente chamada) misantropia, cuja disposigao costuma aparecer com a idade no nimo de muttos homens bern-pensantes, a qual, na verdade, no que conceme & benevoléncia, 6 suficientemente filantrépica, mas por uma experién- cia longa e triste desviou-se muito da complacéncia nos homens; do que dé testemunho a tendéncia, o retraimento, 0 desejo fan- tdstico de uma casa de campo retirada, ou também (om pessoas jovens) a felcidade imagindria de poder passar com uma pequena familia o tempo de sua vida em uma ilha desconhecida do resto do mundo, @ qual os escritores de romances ou os poetas do robit ‘Sonadas saber usar téo bem, Falsidade, ingratidao, injustica, a infantiidade nos fins por nds préprios considerados importantes & 122 grandes, em cuja persecugo os homens cometem mesmo e {Saoe oe mice maginavle exo a tal porto em contalgao Com a idéia daquilo que eles poderiam ser se quisessem @ 880 t40 contrarios ao desejo vivo de vé-los melhor, que, para nao os odiar, JA que ndo se pode amé-os, a reniincia a todas as alegrias em sociedade parece ser somente um sacrificio pequeno. Esta tristeza, 1ndo pelos males que o destino inflige a outros homens (da qual a simpatia 6 a causa), mas pelos que eles cometem contra si proprios (a qual repousa sobre a anata em quests de princes) § Sublime porque repousa sobre idéias, enquanto a primeira somente pode valer, quando muito, como bela. O to engenhoso quanto profundo Saussure diz, na descricao de suas viagens aos Alpes de Bonhomme, uma das cordiiheiras da Savéia: “Reina af uma certa tristeza insipida." Por isso ele conhecia também uma tristeza inte- ressante, qua vista de um deserto inspira e para o qual os homens . Como observagbes psicolégicas, fessas andlises dos fenémenos de nosso animo so extremamente elas e fornecem rico material para as pesquisas mais populares da antropologia empltica. Tampouco se pode negar que todas as representagdes em nds, quer sejam objetivamente apenas sen- ssiveis ou totalmente intelectuais, possam contudo estar ligadas subjetivamente a deleite ou dor, por imperceptiveis que ambas sejam (porque elas em suma afetam o sentimento da vida © nenhuma, enquanto modificagao do sujeito, pode ser-lhes indifer- ente); ndo se pode sequer negar, como Epicuro afirmava, que delete e dor sejam sempre“ em ultima andlise corporais, quer ‘comecem da imaginagio ou até de representagoes do entendi- mento, porque a vida sem 0 sentimento do organismo corporal & simplesmente consciéncia de sua existéncia, mas nenhum senti- mento de bern-estar ou mal-estar, isto 6, da promogao ou inibigao das forgas vilais, porque o &nimo & por si sé inteiramente vida, @ obstaculos ou promogdes tem que ser procurados fora dela @ ontudo no préprio homem, por conseguinte na ligagao com seu corpo. ‘Se porém se puser a complacéncid no objeto total @ abso- lutamente no fato que este deleita por atrativo ou comogao, entdo indo se tem que pretender também de nenhum outro que ele d& ‘Seu assentimento.20 julzo estético que nés proferimos; pois sobre isso interroga cada um com direito somente a seu sentido par- ticular. Em tal caso, porém, cessa também completamente toda censura do gosto; pois se teria que tomar o exemplo, que outros 185 4: todos. 124 dao pela concordancia acidental de seus jutzos, um mandamento de aprovagao para nés, contra cujo principio nés contudo presu- mivelmente nos oporiamos e recorrerlamos ao direlto natural de submeter 0 julz0, que repousa sobre o sentimento imediato do propriobem-estar, ao seupréprio sentido endo ojulzode outros ao sentidodeles. ‘Se, portanto, 0 Jutzo de gosto néo tiver que valer egoisti- camente, mas, de acordo com sua natureza interna, isto 6, por ele proprio endo em virtude dos exemplos que outros déo de seu ‘gosto, tiver que valer necessariamente como’ plural, se a gente Teconhace-o como algo que ao mesmo tempo pode reclamar que qualquer um deva dar-ihe sua adesdo, entéo 6 necessario que tenha como fundamento algum principio a priori (seja ele objetivo ‘ou subjetivo) ao qual jamais se pode chegar por reconhecimento de lols empfricas das mudaneas de 4nimo; porque estas somente dao a conhecer como se julga, mas ndo ordenam como se deve julgar, @ na verdade de tal modo que o mandamento seja inconal- ‘cionado, 08 julzos de gosto pressupdem isso enquanto querem ver a complacéncia conectada imediatamente com uma repre- sentaco. Portanto, a exposicao emplrica dos julzos estéticos pode ‘sempre constitu 0 iniclo, com o fim de arranjar a matéria para uma investigagao superior; uma exposicao transcendental desta faculdade contudo possivel e pettencente essencialmente & critica do gosto." Pols, sem que o mesmo tivesse principios a priori, ser-the-ia impossivel dirigit 0s jufzos de outros e, com pelo menos alguma aparéncia de direito, apresentar pretensées" or ovo perorcertos ania 7 te anailtica da faculdads de jul ‘contém antes de mais nada a™* aan 98; assim, pole, uma exposigo transcendental dost . os ta faculdade pertence ‘esvencialmente & cifica do gosto; pois sam que este. nee * &:utzos, ‘Esta frase fatou na 1* edo. A dedupio que 2e segue ol af assinalada como treo io, Segundo cresponainca de Kan Kisser, de 20 it de 9. @ também segundo Vorlénder (p. 127), tatbu-se de uma insergo de Klesewetter, a0 invés da equivocadamente escrita por Kant “tercera’ seplo da ‘analfica da taculdade de juizo estétca’. Kant considerou adequada a alloragBo, © ‘mesmo assim proferiu a aua eliminagio pura @ simples, como pediu que consiasse ‘ari. Cure conto renner gu et dedgto independents da Anaion 125 DEDUGAO DOS JUIZOS ESTETICOS PUROS § 30. A dedugo dos ju(zos estéticos sobre os objetos da natureza néo pode ser dirigida Aquilo que nesta chamamos de sublime, mas somente ao belo. ‘Apretenséio de um julzo estético a validade universal para todo sujal carece, come tm jl20 que tem de apoiar-se sobre algum principio a prion, de uma dedugdo (isto 6, de uma legitimagao de sua presungao) que tem de ser acrescida ainda & sua exposigao sempre Que uma complacéncia ou descomplacéncia conceme & forma do ‘Gbjeto. Tal 60 caso dos julzos de gosto sobre o belo da natureza. Pols ‘2 conformidade a fins tem ento 0 seu fundamento no objeto ¢ em sua figura, conquanto ela ndo indique a relagio do mesmo com outros da apresentagio dos mesmos (que 6 idéntica a faculdade de apreen- '880), Por isso também a respelto do belo da natureza pode-se levantar diversas questdes, que concemem a causa desta conformidade a fins de sua forma: por exemplo, como se pode explicar por que a natureza disseminoua beleza to prodigamente por toda parte, mesmo no fundo do oceano, onde s6 raramenta chega o olho humano (para © qual ‘contudo aquela é uamente conforma) atc. oun TTodavia, o sublime da natureza ~ se proferimos a respel julzo esiético puro, que ndo é mesciado com conceltos de perfelcao fenquanto conformidade a fins objetiva, em cujo caso ele seria um julzo teleolégico — pode ser considerado totalmente como sem forma ousem figure, contudo como objeto de uma complacincia pura. @ mostrar conformidade a fins subjetiva da representagao dada; entao $e pergunta se para o julzo estético desta espécie, além da exposicao Gaquilo que 6 pensado nele também pode ser reclamada ainda ura ‘dedugdo de sua pretensao a algum principio a priori (subjetivo). ‘A isso responde-se que 0 sublime da natureza s6 impropria- mente 6 chamado assim e propriamente s6 tem que ser atribuldo & maneira de pensar, ou muito antes ao fundamento da mesma na vs natureza humana. A apreenséo de um objeto, alids, sem forma nao conforme a fins, d4 meramente motivo para tomar-se cons- lente deste fundamento, @ 0 objeto é deste modo usado subjeti- 188 -puros" tatu om A. 126 vamente conforme a fins, mas no 6 ajuizade como tal por sie em virtude de sua forma (por assim dizer, species fnalis accepta, non data). Por isso a nossa exposigéo dos julzos sobre o sublime da natureza era ao mesmo tempo sua dedurdo. Pois quando decom- pusemios nos mesmos a reflexio da facuikdade do jutz0, encontramos eles uma relago conforme a fins das faculdades do conhecimento, ‘que tem de ser posta a priori como fundamento da faculdade dos fins {@ vontade) @ por isso é ela mesma a priori conforme a fins: o que pois, contém" imediatamente a deducao, isto 6, a justificacao da pretensao_ do um semethante julzo a validade universalmente necesséira. Portanto, tomios que investigar somente a dedudo dos julzos de _g0sIo, isto 6, dos julzos sobre a beleza das ooisas da natureza e assim Tesolver em seu todo o problema da inteira faculdace de jutzo estética § 31. Do método da dedugo dos julzos de gosto. ‘A incumbéncia de uma dedugao, isto 6, da garantia da legiti- »« midade de uma espécie de julzos, somente se apresenta quando o julzo reivindica necessidade; 0 que é também o caso quando ele ‘exige universalidade subjetiva, isto 6, o assentimento de qualquer um, Apesar disso ele nao 6 nenhum julzo de conhecimento, mas somente do prazer ou desprazer em um objeto dado, isto 6, a presune3o de uma conformidade a fins subjetiva valida para qualquer um sem excepdo @ que néo deve fundar-se sobre nenhum conceito da coisa, porque ele 6 um julzo de gosto. -J& que no titimo caso néo temos que efetuar nenhum jutz0 de ‘conhecimento, nem tesrioo, que poe como fundamento pelo entend- mento 0 conceito de uma naturaza em geral, nem prético (puro), que poe ‘como fundamento a idéia da libercade como dada a prior! pela raz20;e, Portanto, ndo temos que justiicar segundo sua validade a priorinem um Julzo que representa o que uma coisa 6, nem que eutenha de fazer algo para produzia; assim, deve ser demonstrada para a facuidade-do-julz0 ‘em geral simplesmente a valdade universal de um julzo singular, que ‘expressa a conformidade a fins subjetiva de uma representacgo empirica dda forma de um objeto, para expicar como é possivel que algo possa ‘aprazer simplesmente no ajuizamento (sem sensaco ou concatto) @ — assim como 0 ajuizamento de um objeto em vista de um conhecimento 3s ‘em geral tem regras universais - também a complacéncia de cada ur possa ser proclamada como regra para todo outro, Se, pois, esta validade universal nao deve fundamentar-se ‘sobre uma reuniao de votos @ uma coleta de informagées junto a Ke 127 outros acerca de seu mado de ter sensagdes a priori), que nao incidiria em falsas tentativas se cada sujelto sempre devesse comecar totalmente da disposigao bruta de sua indole, se ‘outros ndo o tivessem precedido com as suas tentativas, nao para fazer dos seus sucassores simples imitadores, mas para por outros ‘a caminho pelo seu procedimento, a fim de procurarem em si "2 Erdmann propos ‘Juiz de conhecimento’, com base nas paginas originals 134, 147 @ 152, onde essa expresso ocorre, 8 simplosmente" falta om A. 129 08 principios @ assim tomarem 0 seu caminho proprio & Foctortomonte melhor, Mesmo na reiigiSo, onde certamente cada um 1» tem que tomar de si mesmo a regra de seu comportamento, porque ‘ele proprio também permanece responsdvel por ele @ no pode atribuir ‘a oltros, enquanto mestras ou predecessores, a culpa de suas faltas, jamais se conseguiré tanto mediante preceltos gerais, que se podem ‘obter de padres ou filésofos ou que também podem ser toriados de si préprio, quanto mediante um exemplo de virlude ou santidade, o qual, @stabelacido na historia, nao toma dispensdvel a autonomia da virtude 2 partirda idéia propria e origindria da moralidade (a prior) ou transforma ‘esta em um mecanismo de imitago. Sucassdo, que se refere a um: precedente, @ ndo imitagdo, é a expresso correta para toda influéncia ue produtos de um autor original podem ter sobre outros; © que somente significa: haurir das mesmas fontes das quais aquele proprio hhauriu e apreender imitativamente de seu predecessor somente @ ‘maneira de proceder no caso, Mas entre todas as faculdades etalentos ‘0 gosto 6 aquele que, porque seu julzo no é determinével mediante ‘conceitos e preceitos, maximamente precisa de exerplos daquilo que tna evolugdo da cultura durante maior tempo recebeu aprovagéo, para 1no se tomar logo de novo grosseiro e recair na rudeza das primeiras tentativas, 1 {§ 93, Segunda peculiaridade do jutzo de gosto. 0 jutzo de gosto néo 6 absolutamente determinavel por argu- mentos como se ele fosse simplesmente subjetivo. ‘Se alguém néo considera belo um edificio ou uma vista ou uma poesia, entéo, em primeiro lugar, ele néo se deixa constranger interiormente @ aprovagdo nem mesmo por cem vozes, que O exaltem todas em alto grau. Ele, na verdade, pode apresentar-se como 30 ogoas coieas também Ihe aprouvassem, para ndo ser considerado sem gosto; ele pode até comecar a duvidar se ele também formou suficientemente o seu gosto pelo conhecimento de lum nimero satistatorio de objetos de uma certa espécie (como ‘alguém, que a distancia cré reconhecer como uma florasta algo que todos os outros consideram uma cidade, duvida do juizo de sua prépria vista). Ele, no entanto, tem a perspiciéncia clara de que @ aprovagdo de outros nao fomece absolutamente nenhuma prova Valida para 0 ajuizamento da beleza; que outros quando muito podem ver @ observar por ele, @ 0 que varios viram da mesma Tmaneira pode servir para o julzo tedrico, por conseguinte légico, "4 -por conseguinteKégico” falta om A 130 como um argumento suficiente para ele que creu t8-l0 visto diferen- temente, jamais porém 0 que aprouve a outros pode servir como fundamento de um julzo estético. O julzo de outros desfavordvel a ‘nds na verdade pode com razo tomar-nos hesitantes com respeito ‘20 nosso julzo, jamais porém pode convencer-nos da sua incor- rego. Portanto, no existe nenhum argumento empirico capaz de impor um jutzo de gosto a alguém. ‘Em segundo lugar, uma prova a priori segundo regras deter- minadas pode menos ainda determinar o julzo sobre a beleza. Se alguém me 1é sua poesia ou leva-me a um espelaculo que ao final nao satisfaré meu gosto, entéo ele pode invocar Batteux"* ou Lessing ou criticos do gosto ainda mais antigos e mais famosos e todas as regras estabelecidas por eles como prova de que sua poesia 6 bela; também certas passagens que precisamente nao me aprazem podem perfeitamente concordar com regras da beleza {assim como lé séo dadas e reconhecidas universalmente): 0s meus ouvidos, ndo quero ouvir nenhum principio e nenhum raclocinio, @ antes admitirei que aquelas regras dos criticos S40 falsas ou que pelo menos aqui ndo 6 o caso de sua aplicagdo, do que devesse eu deixar determinar meu jutzo por argumentos a priori, 4 que ele deve ser um julzo de gosto @ nao do entendimento ou da azo. Parece que esta 6 uma das raz6es principais pelas quais se reservou a esta faculdade de julzo estética precisamente o nome de gosto. Pois alguém pode enumerar-me todos os ingredientes de uma comida @ observar sobre cada um que ele aliés me 6 agradavel, além disso pode, com razéo, elogiar o cardter saudével dessa comida; todavia sou surdo a todos esses argumentos, eu provo 0 rato em minha lingua @ meu paladar e, de acordo com isso, no ‘segundo princpios universais, profiro meu julzo, De fato 0 julzo de gosto @ sempre proferido como um julzo singular sobre o objeto. O entendimento pode, pela comparagao do objeto sob 0 aspeto da complacéncia com 0 julzo de outros, formar um julzo universal: por exemplo, "todas as tulipas sao belas", mas este entdo ndo 6 nenhum julzo de gosto e sim um julzo K6gico, que faz da relaco de um objeto ao gosto o predicado das coisas de uma certa espécie em geral. Unicamente aquilo, porém, pelo qual con- sidero uma dada tulipa singular bela, isto 6, considero minha com- placéncia nela valida universalmente, 6 um julzo de gosto. Sua peculiaridade, porém, consiste em que, embora ele tenha validade 5 pattoux, Charles (1718-80), esttcotrancts. 131

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