O que é Laminite ?
É a inflamação não infecciosa do tecido sensitivo presente no interior dos cascos
(principalmente as vênulas e as arteríolas que irrigam o tecido córneo). Após o insulto da
laminite, o tecido que dá origem ao casco apresenta-se macio e predisposto a dano físico ou
a desintegração.
Embora o manejo nutricional influencie de maneira mais acentuada o
desenvolvimento da laminite, doenças infecciosas (mastite, metrite, etc.), ambiente hostil
(superfícies duras e ásperas, falta ou pouco uso da cama, falta exercício, etc.) e mesmo
características genéticas (condição corporal, estrutura de patas e pernas, etc.) podem,
separadamente ou de maneira associada, ocasionar problema no casco no animal. Portanto,
a laminite pode ser causada por diversos fatôres independentes, daí ser freqüentemente
denominada de síndrome.
O fator nutricional inicial associado ao desenvolvimento da laminite é geralmente
resultado de acidose ruminal. As causas mais comuns que desencadeiam o processo de
acidose ruminal em vacas leiteiras são:
. dietas com quantidades elevadas de carboidratos altamente fermentáveis no rúmen
. alimentos concentrados oferecidos isoladamente (dos volumosos) em quantidades
superiores a 3,0 kg/animal/refeição
. alimentos volumosos oferecidos em quantidade reduzida ou com tamanho de
partículas inadequado
Estas causas podem levar a redução significativa do pH ruminal, que perdurando
por períodos prolongados (geralmente acima de 3 meses) resultam em apetite errático,
perda de condição corporal, diarréia e finalmente laminite.
O aumento na quantidade de carboidratos fermentáveis fornecidos resulta, num
primeiro momento, no aumento na taxa de crescimento de todos os tipos de bactérias
ruminais. Como resultado deste fato, aumenta-se também a produção de ácidos graxos
voláteis (AGV), que vem acompanhado de uma leve redução do pH ruminal. Esta condição
ambiental em particular aumenta significativamente a taxa de crescimento da bactéria S.
Bovis em relação à outras bactérias. Como conseqüência temos o aumento da formação de
ácido láctico a partir de ácido acético e ácido fórmico, processo realizado por estas
bactérias em particular. Quando o acúmulo de ácido láctico excede a capacidade de
tamponamento ruminal, inicia-se a redução do pH de forma ainda mais acentuada. Se o pH
atingir valores inferiores a 4,7, a taxa de crescimento do S. Bovis diminui, criando
condições ideais para crescimento de um lactobacilo, o qual acelera a produção de ácido
láctico. Nesta condição de pH bastante ácido, há morte significativa de bactérias ruminais
gram negativas, com conseqüente liberação de endotoxinas. A vaca produz histamina em
resposta a liberação das endotoxinas e estas causam constrição e depois dilatação dos
capilares sanguíneos (vênulas e arteríolas) que irrigam o tecido queratogênico (tecido
córneo), chegando a causar o seu rompimento. Desta forma, além do comprometimento da
síntese de queratina (o que torna o tecido córneo mais macio e predisposto a dano físico)
ocorre também muita dor no local, daí a dificuldade do animal para andar.
Para que o uso de pedilúvio seja realmente eficiente, é fundamental que o produtor
não procure economizar na renovação da solução utilizada. No caso do uso de formol 5%,
recomenda-se trocar a solução a cada 300 passadas. Ou seja, num rebanho de 100 vacas
ordenhadas 3 vezes/dia, haveria a necessidade de trocar a solução de formol todos os dias.
No caso do sulfato de cobre 5% e sulfato de zinco 7%, a troca deve ser a cada 50 passadas.
Ou seja, no exemplo acima, haveria de trocar 6 vezes/dia. Uma maneira prática é notar, no
caso do uso do sulfato de cobre, se todos os animais estão com as patas azuladas,
principalmente os últimos a utilizar o pedilúvio. Economizar na solução utilizada, trocando-
a menos vezes do que a recomendação ideal, leva muitas vezes a se duvidar da eficácia do
produto e/ou pedilúvio, o que não é verdade quando se compara com o uso correto desta
importante prática de manejo.
A freqüência de utilização dos pedilúvios depende da incidência de lesões no casco,
devendo ser diária ou em até duas a trê vezes por semana. Em grandes confinamentos em
Free stall a necessidade do pedilúvio é significativamente maior.
Avalie o produto utilizado no pedilúvio da seguinte forma:
1. podridão dos cascos: 2 a 3 dias após o início do tratamento em pedilúvio não
deve permitir o aparecimento de novos casos
2. verruga de cascos: 5 a 6 dias após o início do tratamento em pedilúvio não
deve permitir o aparecimento de novos casos
O casqueamento preventivo é essencial no período de secagem e deve ser uma
rotina na fazenda. Visa melhorar os aprumos dos animais e também manter a
integridade dos cascos no pós-parto.
LITERATURA CONSULTADA:
1. Atlas Casco em Bovinos (Renata de Oliveira Souza Dias e Antônio de Pinho Marques
Jr.)
2. From nutrition to laminitis – acidosis is the missing link. James E. Nocek (Feed Mix
– Vol 9 No 1 2001)
3. How to manage your footbath. Shirley Roenfeldt (Dairy Herd Management /
September 1995)