Região do Pantanal"
UNIDERP
HIDRÁULICA
Campo Grande - MS
2005
2
peso
Peso específico “” (gama): ................................................................................. (2)
volume
Sistemas de unidades: SI: N/m3; ST: kgf/m3; CGS: dyn/cm3
líquido líquido
Densidade “” (delta): ou ................................................ (3)
água a 4 graus C água a 4 graus C
Sistema de unidades
2
CGS cm /dyn dyn/cm2
SI m2/N N/m2
ST m2/kgf kgf/m2
Sistema de unidades
2 2
CGS dyn.s/cm (poise - P) cm /s (stoke - St)
SI Pa.s (pouseuille – Pl) m2/s
ST kgf.s/m2 m2/s
Celeridade (c): c .................................................................................................. (8)
Figura 1. Ângulo de contato na depressão capilar com o mercúrio e na ascensão capilar com a
água.
O valor da altura (h) que um líquido, com tensão superficial () e peso específico (),
sobe ou desce em um capilar de raio (r), formando um ângulo de contato ():
2.. cos
h ........................................................... (9)
.r
7
3. HIDROSTÁTICA
Se a pressão for a mesma em toda a área, situação que ocorre quando superfícies
horizontais são imersas nos líquidos, então o empuxo é dado por:
E p.A ..............................................................(12)
Para qualquer líquido (i) e para qualquer altitude da superfície terrestre, é válida a
equação:
Hg .h Hg água .h água i .h i p atm (local ) ....................................(13)
Portanto, se a pressão no interior de uma massa líquida for medida com referência ao
vácuo, se tem, então, a pressão absoluta (pabs); se medida com referência à pressão
atmosférica local, se tem, então, a pressão relativa (p). Portanto, a relação entre tais tipos de
medições é dada por:
p p abs p atm .........................................................(14)
F1 F A
Prensa hidráulica: 2 F2 F1 . 1 .....................................................................(16)
A1 A 2 A2
Figura 3. Pincípio da prensa hidráulica (a); prensa hidráulica elétrica para 30 t (b); e prensa
hidráulica para 500 t (c).
I 0 A.y CG
2 I0
Finalmente: y CP y CP y CG ................................................(18)
A.y CG A.y CG
Tabela 12. Momentos de inércia (I0), áreas (A) e centros de gravidade (CG) das principais
figuras regulares.
Figura I0 A CG
11
2a PARTE - HIDRODINÂMICA
1. CLASSIFICAÇÃO E REGIMES DE ESCOAMENTO
DOS FLUIDOS
REGIMES DE ESCOAMENTO
Osborne Reynolds (1883):
v.D
NR (para tubulações de seções circulares) ..............................(19)
4.v.R h
NR (para tubulações de seções não circulares) ........................(20)
sendo: v – velocidade de escoamento (m/s);
D – diâmetro do conduto (m);
– viscosidade cinemática (m2/s);
área molhada
Rh – raio hidráulico, obtido pela relação: .
perímetro molhado
A classificação dos regimes de escoamento em função do NR é a seguinte:
2. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE
Considerando-se o princípio da conservação da massa no fluxo de um conduto, tem-
se:
A – área da seção;
A2 v – velocidade média na seção;
(v2) m – massa de fluido escoado por unidade de
tempo;
– massa específica do fluido escoado.
A1 (v1)
3. TEOREMA DE BERNOULLI
Teorema de Bernoulli (Daniel Bernoulli, 1700-1782) é: “Em uma linha de fluxo, a
soma das cargas cinética, piezométrica e de posição se mantém constante”.
v12 p1 v 22 p 2 v 2n p n
z1 z2 z n constante ......................(25)
2.g 2.g 2.g
Figura 10. Classificação dos orifícios quanto à natureza das paredes e bocal.
Como pode ser visto na Figura 10, após os orifícios vem os bocais. E, finalmente, após
os bocais, vêm os tubos que podem ser classificados da seguinte maneira:
Se: 3.d < e < 100.d tubos muito curtos;
100.d < e < 1000.d tubos curtos;
e > 1000.d tubos longos.
nível constante
2 h 23 2 h 13 2
Q .C d .A. 2.g . ..............(32)
3 h h
2 1
14
AÇO GALVANIZADO/ZINCADO
As principais características são: boa resistência à pressão; boa resistência à choques;
boa resistência à oxidação se o processo de galvanização for adequado e se no escoamento
não for com materiais abrasivos em suspensão; baixa elasticidade; custo de aquisição médio.
PRFV
São tubos produzidos com resinas Poliester ou Epoxi reforçados com fibra de vidro
(PRFV – Plástico Reforçado com Fibra de Vidro). As principais características são: boa
resistência à pressão (até 2,0 MPa); baixa rugosidade (dependendo da fabricação); boa
resistência térmica (temperatura até 100 C); boa resistência mecânica; leveza (densidade do
PRFV = 1,8); grande resistência química; grande durabilidade.
ALUMÍNIO
Os tubos de alumínio são utilizados quase que exclusivamente nas linhas laterais de
sistemas semifixos de irrigação por aspersão, devido a sua grande leveza e grande resistência
à corrosão, porém, possuem baixa resistência à pressão, baixa resistência à choques e custo de
aquisição elevado. Normalmente são comercializados em diâmetros que vão de 50 a 200 mm
com comprimento de 6 m cada tubo.
CONCRETO ARMADO
São tubos utilizados principalmente em bueiros, galerias de águas pluviais, esgotos
sanitários e menos freqüentemente em linhas adutoras. Possuem média resistência à pressão e
grande resistência química. Os diâmetros mais comuns vão de 300 a 1500 mm.
15
FIBROCIMENTO
São utilizados em redes coletoras de esgoto, redes de distribuição e, menos
freqüentemente, em linhas adutoras. Possuem grande resistência química e sua resistência à
pressão depende da classe de pressão de fabricação, que resiste de cerca de 0,5 a 1,5 MPa. Os
diâmetros comerciais mais freqüentes vão de 50 a 500 mm.
Além destes materiais, existem outros como o cobre e latão que são de uso muito
comum em instalações prediais de água quente; chumbo, que atualmente está em desuso; aço
inoxidável, que é utilizado para líquidos muito agressivos; e as manilhas cerâmicas que são
bastante utilizadas em instalações de esgotos de edificações rurais.
p1 v2
Linha piezométrica 2.g
1
p2
2
z1 Tubulação de
diâmetro constante z2
Plano de referência
Figura 16. Representação esquemática das linhas de cargas e perda de carga num escoamento
permanente uniforme.
Perda ao longo da tubulação ocasionada pelo movimento da água nos tubos que compõem a
tubulação. Admite-se que essa perda seja uniforme em qualquer trecho de uma tubulação
de dimensões constantes, independentemente da posição da mesma. Por isso, também
podem ser denominadas de perdas contínuas;
Perdas em peças especiais ou localizadas que são as perdas provocadas pelos acessórios e
demais singularidades da tubulação. Essas perdas somente assumem valores consideráveis
quando a tubulação for muito curta e/ou existirem muitas peças na tubulação. Nas
tubulações longas com número reduzido de acessórios, o seu valor é desprezível.
16
L v2
hf f . . ..........................................................(34)
D 2.g
sendo f denominado fator de atrito (adimensional). Esse fator (f) depende do número de
Reynolds (NR) e da rugosidade relativa (Rr), ou seja:
e
Rr ...............................................................(35)
D
sendo: e – rugosidade absoluta (m) da parede interna da tubulação (Tabela 15).
Cálculo do fator de atrito (f) – Swamee (1993): permite o cálculo tanto para o
escoamento laminar como para o escoamento turbulento (liso, de transição e rugoso):
0 ,125
e 6 16
5,74 2500
8
64
f 9,5.ln ......................(36)
NR 3,7.D NR NR
0,9
Por sua vez, também é possível a obtenção do fator “f” através do diagrama de Moody,
que pode ser visto na Figura 17.
Os valores da velocidade, vazão e diâmetro devem ser fornecidos no Sistema
Internacional, ou seja, m/s, m3/s e m, respectivamente.
Nas soluções dos problemas práticos de escoamento utilizando a fórmula Universal, se
distinguem, basicamente, três tipos de problemas:
1o Tipo: São dadas a vazão (Q), o diâmetro da tubulação (D), a rugosidade absoluta (e) das
paredes internas da tubulação (que varia com tipo de material da tubulação) e a
viscosidade cinemática () do líquido escoado (que varia com a sua temperatura). A
incógnita para ser calculada é a perda de carga unitária (J = hf/L) ou a perda de carga
(hf), se for dado o comprimento (L) da tubulação.
2o Tipo: São dados o diâmetro da tubulação (D), a rugosidade absoluta (e) das paredes
internas da tubulação (que varia com tipo de material da tubulação), a viscosidade
cinemática () do líquido escoado (que varia com a sua temperatura) e a perda de
carga unitária (J = hf/L). A incógnita para ser calculada é a vazão (Q) e/ou velocidade
de escoamento (v).
3o Tipo: São dadas a vazão (Q), a rugosidade absoluta (e) das paredes internas da tubulação
(que varia com tipo de material da tubulação), a viscosidade cinemática () do
líquido escoado (que varia com a sua temperatura) e a perda de carga unitária (J). A
incógnita para ser calculada é o diâmetro da tubulação (D).
Quando se utiliza calculadora programável ou computador a resolução dos três tipos
de problemas é bastante facilitado, inserindo-se a equação:
17
0,125
6 16
e 5,74..D. 2500..D.
8
g. .D .hf 16..D.
2 5 0,9
9,5.ln
4.Q0,9 4.Q
....(37)
8.Q 2 .L Q 3,7.D
Rugosidade absoluta
Material – Especificação
(x 10-3 m)
galvanizado 0,1 a 0,2
rebitado 1,0 a 3,0
Aço revestido 0,1
soldado novo 0,1
soldado moderadamente oxidado 0,4
fundido sem revestimento 0,2 a 0,5
fundido com revestimento de cimento centrifugado 0,1
Ferro fundido com revestimento de asfalto 0,1 a 0,2
fundido levemente oxidado 0,3
fundido oxidado 1,0 a 1,5
acabamento liso 0,3
Concreto acabamento médio 0,8
acabamento rugoso 1,5 a 2,0
Plástico (PVC e polietileno) 0,01
Fibrocimento 0,1
Cobre, latão e chumbo 0,02
Cerâmicos 1,5
18
Material – Especificação C
novos 10anos 20anos
corrugado (chapa ondulada) 60 - -
galvanizado 125 100 -
Aço rebitado 110 90 80
revestido 130 110 90
soldado 125 - -
fundido 125 110 95
Ferro fundido revestido com cimento centrifugado 130 120 105
fundido revestido com epóxi 140 130 120
acabamento liso 130 - -
Concreto acabamento normal 120 - -
acabamento rugoso 100 - -
Plástico (PVC e polietileno) 150 135 130
Alumínio 135 - -
Vidro 150 - -
Fibrocimento 130 - -
Cobre, latão e chumbo 140 135 130
Manilhas cerâmicas 110 - -
20
MATERIAL b
Ferro fundido ou aço – novo 0,000185
Ferro fundido ou aço – usado 0,000230
Concreto 0,000185
PVC 0,000135
Chumbo 0,000140
Tabela 18. Valores do fator de Christiansen (F) para cálculo da perda de carga em tubulação
de múltiplas saídas eqüidistantes nas fórmulas Universal, Hazen-Williams e
Flamant.
Número Fator “F” de Christiansen Número Fator “F” de Christiansen
de Universa
Hazen-
Flamant de Universal
Hazen-
Flamant
Saídas Williams Saídas Williams
l
1 1,000 1,000 1,000 16 0,365 0,381 0,395
2 0,625 0,639 0,650 17 0,363 0,380 0,394
3 0,518 0,535 0,546 18 0,361 0,379 0,392
4 0,469 0,486 0,498 19 0,360 0,377 0,390
5 0,440 0,457 0,469 20 0,359 0,376 0,389
6 0,421 0,435 0,451 22 0,357 0,374 0,387
7 0,408 0,425 0,438 24 0,355 0,372 0,385
8 0,398 0,415 0,428 26 0,353 0,370 0,383
9 0,391 0,409 0,421 28 0,351 0,369 0,382
10 0,385 0,402 0,415 30 0,350 0,368 0,380
11 0,380 0,397 0,410 35 0,347 0,365 0,378
12 0,376 0,394 0,406 40 0,345 0,364 0,376
13 0,373 0,391 0,403 50 0,343 0,361 0,374
14 0,370 0,387 0,400 100 0,338 0,356 0,369
15 0,367 0,384 0,398 + de 100 0,333 0,351 0,365
Caso a distância entre o início da linha da tubulação de múltiplas saídas eqüidistantes
o primeiro emissor seja inferior ao espaçamento entre os demais emissores, o fator de
Christiansen deve ser ajustado (Fa) pela equação de SCALOPPI (1985):
N.F x 1
Fa ...................................................(42)
N x -1
sendo: x – razão entre a distância da primeira derivação ao início da tubulação e o
espaçamento regular entre derivações (0 x 1).
Acessório K Acessório K
Ampliação gradual 0,30* Medidor Venturi 2,50**
Redução gradual 0,15* Tê, passagem direta 0,90
Bocais 2,75 Tê, saída lateral 2,00
Comporta aberta 1,00 Válvula de gaveta aberta 0,15
Cotovelo de 90 raio curto 0,90 Válvula de ângulo aberta 5,00
Cotovelo de 90 raio longo 0,60 Válvula de globo aberta 10,00
Cotovelo de 45 0,40 Válvula de borboleta aberta 0,30
Curva 90 0,40 Válvula de pé com crivo 10,00
Curva de 45 0,20 Válvula de retenção 3,00
Curva de 22,5 0,10 Válvula de bóia 6,00
Curva de retorno, = 180 2,20 Saída de tubulação 1,00
* Com base na velocidade maior (seção menor);
** Com base na velocidade da tubulação.
Tabela 20. Valores do coeficiente K para alguns níveis de fechamento do registro de gaveta.
Figura 21. Tipos de entrada na tubulação: (a) reentrante ou de Borda, K=1,00; (b) normal,
K=0,50; (c) forma de sino, K=0,05; (d) concordância com uma redução, K=0,10.
h
D2;L2
D1;L1
5
f D
Fórmula Universal: L 2 L1 . 1 . 2 ......................................................(44)
f 2 D1
1,852 4 ,87
C D
Fórmula de Hazen-Williams: L 2 L1 . 2 . 2 .....................................................(45)
C1 D1
D; L; hf
h
D2; L2; Q2
D1; L1; Q1
D; L; Q
Fórmula Universal:
2, 5 2,5 2, 5
D 2,5 D D D
0,5 0,5
0,5 1 0,5 0,5 2 0,5 .... 0,5 n 0,5 .............................(48)
f .L f1 .L1 f 2 .L 2 f n .L n
Fórmula de Hazen-Williams:
2, 63 2, 63 2, 63
C.D 2,63 C1 .D1 C 2 .D 2 C n .D n
.... ..............................(49)
L0,54 L1
0, 54
L2
0,54
Ln
0, 54
7. SISTEMAS RAMIFICADOS
Um sistema hidráulico é dito ramificado quando em uma ou mais seções de um
conduto ocorre variação da vazão por derivação de água. A derivação pode ser para um
M
nível 1
O1
R1
A h
O2
N
L1, D1 nível 2
O3
R2
O4 B
O L2, D2
QO
reservatório ou para consumo direto em uma rede de distribuição.
Figura 27. Esquema de um sistema hidráulico ramificado.
Este problema tem aplicação em sistemas de distribuição de água, que pela própria
natureza se caracteriza por uma razoável flutuação da demanda ao longo do dia. Durante a
noite, quando o consumo cai, o reservatório R2 armazena água para ser usada durante o dia
como reforço no abastecimento nas horas de maior consumo.
26
nível 1
LCD
nível 2
LPD
coincidente com a Linha Piezométrica Dinâmica (LPD) pela razão exposta no parágrafo
anterior.
Com isso, são verificadas quatro posições relativas das tubulações, correspondentes às
LCAE
D
Figuras 29, 30, 31 e 32.
C patm/
B LCEE
nível 1
R1 A
patm/ LCAD
LCED
nível 2
P
R2
Ventosa
Registro de gaveta Tubulação
para drenagem
Figura 29. 1a Posição: Tubulação assentada abaixo da linha de carga efetiva dinâmica em
toda a sua extensão.
dinâmicas PA, e/ou nos efeitos originados do fenômeno do golpe de aríete, que será abordado
no Capítulo 9.
LCAE
patm/
C LCEE
nível 1
T B
R1 M P LCAD h
L N
A
LCED
O
nível 2
V
S R2
Figura 30. 2a Posição: A tubulação passa acima da linha de carga efetiva dinâmica, porém
abaixo da linha de carga absoluta dinâmica.
Nessa posição (Figura 30), um trecho da tubulação (MN) passa acima da LCED,
porém abaixo da LCAD e da LCEE. Sempre que a tubulação cortar a LCED as condições de
funcionamento não serão satisfatórias. Em qualquer ponto P situado nesse segmento a carga
de pressão absoluta, medida por PB, é inferior à atmosférica local (patm/) em uma quantidade
medida por PA. Devido a essa depressão, o ar dissolvido no líquido se desprende e acumula
em P, bem como há uma tendência de entrada de ar externo pelas juntas, tornando o
escoamento irregular. Nessa situação, a colocação de uma ventosa de duplo efeito em P
causaria mais problema, pois entraria ar por ela. Somente a extração contínua do ar por
aspiração é que tornaria o escoamento normal para uma vazão de projeto Q.
Caso a entrada de ar seja tal que a pressão em P se iguale à atmosférica local, a linha
de carga efetiva dinâmica no segmento LP deixará de ser TA e passará a ser TP. Além de P, a
água não encherá por completo a seção da tubulação até o ponto O, sendo o escoamento como
em conduto livre, assunto que será abordado no Capítulo 11. Após o ponto O, a seção
novamente estará cheia e a pressão será novamente positiva, sendo OV paralelo a TP, porque
para o valor da vazão no segmento LP a linha de carga efetiva dinâmica, interrompida no
trecho PO, readquire sua declividade.
Quando a linha de carga efetiva dinâmica em LP deixa de ser TA e passa a ser TP,
devido à entrada de ar, a vazão fornecida ao reservatório R2 será menor do que a de projeto Q,
uma vez que TP passa acima de TA (menor variação topográfica). Com isso, o segmento PO
fica mal aproveitado economicamente, pois do ponto P para frente há uma boa
disponibilidade de carga topográfica, dada por h – PC, e como a vazão é menor o segmento
PS se torna ocioso, com o escoamento ocupando somente parte da seção da tubulação, ficando
a parte restante ocupada por vapor que se desprende do líquido. Dessa forma, o escoamento
não terá caráter regular, e sim pulsante.
Para garantir a vazão de projeto Q sem contornar o trecho MPN, a solução é dividir a
tubulação em dois segmentos de diâmetros diferentes, instalando-se em P um pequeno
reservatório aberto denominado caixa de passagem. Calcula-se, então, o diâmetro D1 do
trecho LP sob carga PC e o diâmetro D2 < D1 do trecho PS sob carga restante h – PC. A caixa
de passagem deve ser provida de válvula automática controladora de vazão em sua entrada
para compatibilizar a vazão nos dois trechos, pois uma redução da demanda no reservatório
R2 implicaria num transbordamento desta.
29
LCAE
patm/
C LCEE
nível 1
T
P
R1 L M Y
X B
A LCAD h
N
LCED
V
O nível 2
S R2
Figura 31. 3a Posição: A tubulação passa acima da linha de carga absoluta dinâmica, porém
abaixo da linha de carga efetiva estática.
Nessa posição (Figura 31), as condições de escoamento são ainda piores que a anterior
(Figura 30), pois no trecho XY a pressão absoluta na tubulação assume, teoricamente, o valor
zero, sendo impossível a obtenção da vazão de projeto Q sob perda de carga h. Todavia,
ocorre escoamento, sendo que a linha de carga efetiva dinâmica torna-se TP, no trecho LP, e
OV, no trecho OS, sendo TP e OV paralelos. No trecho PO o escoamento é como em conduto
livre, só adquirindo pressão no ponto O. Para se ter a vazão de projeto Q a solução é
semelhante ao caso anterior, ou seja, instalação de uma caixa de passagem no ponto alto e
cálculo dos diâmetros D1 e D2 dos trechos LP e PS.
LCAE
P patm/
M N LCEE
nível 1
T
R1
LCAD h
L
LCED
nível 2
V
S R2
Figura 32. 4a Posição: A tubulação corta as linhas de cargas efetivas, mas fica abaixo das
linhas de cargas absolutas.
Nessa posição (Figura 32), a tubulação passa acima da LCED e da LCEE, porém
abaixo da LCAD. Naturalmente, a água vai somente até o ponto M, mas com o escorvamento
do trecho MN, ou seja, retirada do ar por um dispositivo mecânico (uso de uma bomba, por
exemplo), a tubulação funcionará como um sifão. As condições são piores que no segundo
caso (Figura 30), pois toda vez que entrar ar nesse trecho o escoamento cessa, sendo
necessário, novamente, seu escorvamento para retomar o fluxo.
Caso a tubulação passasse acima da LCAD e/ou do LCAE o escoamento por
gravidade seria impossível, havendo necessidade de recalque no trecho LP.
30
9. GOLPE DE ARÍETE
Golpe de aríete é o fenômeno resultante da brusca variação de velocidade de
escoamento nos condutos forçados, produzindo ondas de sobrepressão alternadas às de
subpressão (ou vice versa). Ocorre sempre que se fecha rapidamente um registro ou quando
há interrupção no fornecimento de energia num sistema de bombeamento.
Tubulação de suprimento - TS
E Tubulação de recalque - TR
H
1,12 0,22. .....................................................(58)
h
Como o escoamento não é permanente, na seleção das tubulações de suprimento (TS)
e recalque (TR), o mais prático é seguir a recomendação do fabricante. As Tabelas 24 e 25
apresentam informações gerais sobre carneiro hidráulicos de dois fabricantes. A Tabela 26
apresenta estimativas de consumo de água no meio rural para auxílio na seleção do carneiro.
33
Especific Homem Aves Caprinos Suínos Suín. + higiene Bovino Eqüinos Hortas e
ação (1 un.) (10 un.) (1 un.) (1 un.) (1 un.) s (1 un.) Jardins
(1 un.) (m2)
Consumo 100 a 200 2 a 3 4a5 5a8 12 a 15 30 a 35 35 a 50 3a6
(L/dia)
34
movimento
oscilatório
diafragma
Figura 39. Bombas volumétricas rotativas: (a) de engrenagens; (b) de palhetas; (c) de
parafusos.
As bombas especiais são aquelas que não se enquadram nos outros dois casos que são
os mais freqüentes. Um bom exemplo de bomba especial é o carneiro hidráulico, já discutido
anteriormente.
Figura 41. Tipos de rotores das bombas dinâmicas: (a) fechado; (b) semi-aberto; (c) aberto.
Difusor: que corresponde a uma parte da carcaça da bomba, é o componente que tem a
finalidade de abrigar o rotor e direcionar o escoamento para a saída da bomba ou para outro
rotor. Têm-se, então, os seguintes
(a) tipos de difusores
(b) (Figura 42): (c)
Figura 42. Tipos de difusores das bombas dinâmicas: (a) voluta simples; (b) dupla voluta; (c)
palhetas diretrizes.
rolamento porca
interior da do
caixa de óleo chaveta rotor
Figura 43. Eixo de uma bomba dinâmica indicando as posições de inserção dos demais
componentes (a) e eixo de uma bomba dinâmica bipartida mostrando o rotor (b).
36
(a) carcaça
(b)
carcaça mola
anel de desgaste
prisioneiro/porca
gaxeta eixo
aperta gaxeta
interior
da bomba exterior da bomba
Figura 44. Sistema de vedação de uma bomba dinâmica: (a) gaxetas; (b) selo mecânico.
mancal
Carcaça da bomba: é a parte estacionária que envolve o rotor (voluta); sustenta o sistema
rotativo (via mancais de rolamentos); possui aberturas para receber a tubulação de sucção e a
tubulação de recalque; e possui pés para fixação, juntamente com o motor, à estrutura de vigas
de ferro que forma a base do conjunto.
(a) (b)
carcaça
crivo da
sucção
Figura 46. Carcaça de uma bomba dinâmica (a) horizontal e (b) vertical (poço profundo).
37
luva de acoplamento
base do conjunto
Figura 48. Tipo de trajetória do fluido nas bombas dinâmicas: (a) radial ou centrífuga; (b)
diagonal ou mista; (c) axial.
38
tubulação
de sucção
reservatório
superior
tubulação
de recalque
reservatório
inferior
recipiente
cilíndrico
motor
hf = hfs + hfr
casa de bombas
H hgr
H – altura manométrica total
Rotação específica: corresponde à rotação do rotor de uma bomba de uma série homóloga de
bombas geometricamente semelhantes, que proporciona a vazão de 1 m3/s a uma altura
manométrica de 1 m:
n.Q 0,5
Ns 3,65. .......................................................(60)
H 0,75
sendo: Ns – rotação específica (rpm) da bomba;
n – rotação (rpm) da bomba;
Q – vazão da bomba (m3/s) na rotação n;
H – altura manométrica da bomba (m) na rotação n.
Figura 55. Curva característica da bomba IMBIL, série INI, modelos 125-400 e 80-200 nas
rotações 1750 e 3500 rpm, respectivamente.
42
Pm’ = Pb
Pt’
Figura 57. Fracionamento da potência no sistema de bombeamento com motor elétrico.
Ph – potência hidráulica (útil), ou seja, a que realmente é transmitida ao líquido, obtida por:
A potência do motor comercial (Pm) deve ser igual ou imediatamente superior à Pm’.
(a) (b)
(c)
Figura 60. Módulos e unidades capacitivas (a), banco de capacitores em caixa metálica (b) e
bancos de capacitores em um grande sistema de bombeamento.
Os motores elétricos mais utilizados para acionamento das bombas hidráulicas são os
de indução do tipo gaiola de esquilo, produzidos com 2, 4, 6 e 8 pólos (respectivamente 3600,
1800, 1200 e 900 rpm a 60 Hz – sem considerar o escorregamento), monofásicos ou trifásicos
nas linhas Standard e Alto Rendimento, cujas potências dos modelos comerciais são:
44
Monofásicos (2 e 4 pólos – tensões 220/440 volts): 0,25 - 0,33 - 0,50 - 0,75 - 1,00 -
1,50 - 2,00 e 3,00 cv;
Trifásicos (2, 4, 6 e 8 pólos – tensões 220/380, 380/660 e 440 volts): 0,16 - 0,25 -
0,33 - 0,50 - 0,75 - 1,00 - 1,50 - 2,00 - 3,00 - 4,00 - 5,00 - 6,00 - 7,50 -
10,0 - 12,5 - 15,0 - 20,0 - 25,0 - 30,0 - 40,0 - 50,0 - 60,0 - 75,0 - 100 -
125 - 150 - 175 - 200 - 250 - 300 - 350 - 400 - 450 e 500 cv.
Para instalações de grande demanda de potência são utilizados outras linhas e tipos de
motores que possuem melhor rendimento e operam freqüentemente em tensões maiores.
As chaves de partida dos motores elétricos de indução são recomendadas conforme a
potência do motor, números de manobras por hora, tempo de aceleração do motor (até atingir
a velocidade de rotação nominal) e tensão, tendo, basicamente, três tipos: i) partida direta; ii)
estrêla-triângulo e iii) compensadora (possui autotransformador – Figura 59).
Tais relações somente são válidas para os pontos em que a bomba opera com o mesmo
rendimento. Assim, aplicando-se essas relações pode-se traçar a curva característica da bomba
em outras rotações, ampliando-se o campo de aplicação da mesma.
A variação do diâmetro () do rotor de uma bomba hidráulica, dentro de certos
limites, apresenta a mesma influência que a variação da rotação sobre a vazão (Q), altura
manométrica (H) e potência absorvida pela bomba (Pb), ou seja:
2 3
Q1 1 H1 1 Pb1 1
...................................(68)
Q2 2 H 2 2 Pb 2 2
H
2 bombas
em série
Tubulação S
Tubulação P
1 bomba
2 bombas
em paralelo
Q
46
AMA
Vi Vf .r
....................................................(72)
1 r PA 1
sendo: AMA – amortização anual, ou seja, valor que deve ser depositado em cada ano no
fundo para igualar a depreciação do bem de capital ($);
47
sendo: fmri – fração do valor inicial do i-ésimo componente gasto anualmente com sua
manutenção e reparos (Tabela 28).
48
sendo: CBn – custo de bombeamento do n-ésimo período de operação do sistema no ano, que
pode ter variado, em relação aos outros períodos, a vazão, a altura manométrica,
o rendimento da bomba e o tempo de funcionamento.
1
Demanda – é a potência média medida por aparelho integrador durante qualquer intervalo de 15 (quinze)
minutos.
51
Polígono da Seca, no Estado de Minas Gerais; 80% para o Norte e Centro-Oeste e demais
regiões de Minas Gerais; e 70% para as demais regiões do país.
As fórmulas apresentadas a seguir para cálculo do custo anual de bombeamento são
aplicadas aos consumidores do Grupo A classificados como sasonais ou rurais.
TARIFA CONVENCIONAL
É aplicada às unidades consumidoras do Grupo A, atendidas em tensão inferior a 69
kV e com demanda menor do que 500 kW. A estrutura tarifária é a seguinte:
Demanda (kW): um preço único;
Consumo (kWh): um preço único.
Faturamento anual da demanda (FAD):
12
FAD DM m .TDc 0,10.d.DM máx .TDc .................................(80)
m1
sendo: d – número de meses completos por ano que o sistema elevatório fica desligado e, com
isso, ocorre faturamento de demanda correspondente a 10% da maior demanda
medida nos últimos 11 meses, ou seja, a DMmáx (OBS: 0 d 11);
DMm – demanda de potência elétrica medida no m-ésimo mês (kW);
TDc – tarifa de demanda convencional ($/kW).
sendo: fdtc – fração de desconto sobre a tarifa de consumo (0,70, 0,80 ou 0,90, conforme a
região do país);
CMhem – consumo de energia elétrica medida no horário especial para irrigantes (23
as 5h) do m-ésimo mês (kWh);
CMhcm – consumo de energia elétrica medida no horário complementar ao especial
para irrigantes do m-ésimo mês (kWh).
TARIFA VERDE
É aplicada sempre em caráter opcional às unidades consumidoras do Grupo A
atendidas em tensão inferior a 69 kV e com demanda de potência igual ou superior a 50 kW.
A estrutura tarifária é a seguinte:
Demanda (kW): – um preço único;
Consumo (kWh): – um preço para o horário de ponta em período úmido;
– um preço para o horário fora de ponta em período úmido;
– um preço para o horário de ponta em período seco;
– um preço para o horário fora de ponta em período seco.
Faturamento anual da demanda:
12
FAD DM m .TDv (DM m DC).TUv 0,10.d.DM máx .TDv ................(89)
m1
sendo: DMm e d já definidos na Eq.(80);
DC – demanda contratada com a concessionária de energia elétrica (kW);
TDv – tarifa de demanda verde ($/kW);
TUv – tarifa de ultrapassagem de demanda verde ($/kW), que somente é aplicada se:
(i) a demanda medida for superior a 10% da demanda contratada, quando a
demanda contratada for superior a 100kW, (ii) a demanda medida for superior a
20% da demanda contratada, quando a demanda contratada for de 50 kW a 100
kW. Portanto, o termo (DMm – DC).TUv da Eq.(89) não é aplicado se isso não
ocorrer.
Faturamento anual do consumo:
a) sem o benefício da Portaria 105 do DNAEE:
5 7
FAC CMp mu .TCvup CMfp mu .TCvufp
mu1
CMp
ms1
ms .TCvsp CMfp ms .TCvsfp ..........(90)
sendo: CMpmu – consumo medido (kWh) no horário de ponta (17 as 21h ou definido pela
concessionária) do mu-ésimo mês do período úmido;
CMufp – consumo medido (kWh) no horário fora de ponta (horas complementares à
de ponta) do mu-ésimo mês do período úmido;
CMp –consumo medido (kWh) no horário de ponta do ms-ésimo mês do período seco;
CMsfp – consumo medido (kWh) no horário fora de ponta do ms-ésimo mês do
período seco;
TCvup – tarifa de consumo verde no período úmido, no horário de ponta ($/kWh);
TCvufp – tarifa de consumo verde no período úmido, no horário fora de ponta
($/kWh);
TCvsp – tarifa de consumo verde no período seco no horário de ponta ($/kWh);
TCvsfp – tarifa de consumo verde no período seco no horário fora de ponta ($/kWh).
53
sendo: CMhemu – consumo medido (kWh) no horário especial para irrigantes do mu-ésimo
mês do período úmido;
CMfpcmu – consumo medido (kWh) no horário fora de ponta complementar ao horário
especial para irrigantes do mu-ésimo mês do período úmido;
CMhems – consumo medido (kWh) no horário especial para irrigantes do ms-ésimo
mês do período seco;
CMfpcms – consumo medido (kWh) no horário fora de ponta complementar ao horário
especial para irrigantes do ms-ésimo mês do período seco;
TARIFA AZUL
É aplicada compulsoriamente às unidades consumidoras do Grupo A atendidas em: i)
tensão igual ou superior a 69 kV; ii) tensão inferior a 69 kV, com demanda de potência igual
ou superior a 500 kW, desde que não façam opção pela tarifa verde. Também é aplicada em
caráter opcional às unidades consumidoras do Grupo A atendidas em tensão inferior a 69 kV
com demanda de potência entre 50 kW e 500 kW. A estrutura tarifária é a seguinte:
dsfp - número de meses completos que o sistema elevatório fica desligado no período
seco do ano no horário fora de ponta e, com isso, ocorre faturamento de
demanda correspondente a 10% da maior demanda medida nos últimos 11
meses neste segmento (horário fora de ponta), ou seja DMfpmáx (OBS: 0 dsfp
7);
A tarifa de ultrapassagem de demanda azul tanto no horário de ponta quanto no
horário fora de ponta será aplicada somente se: i) a demanda medida em um ou ambos os
casos for superior a 10% da demanda contratada para o segmento fora de ponta, quando a
demanda contratada no respectivo segmento for superior a 100kW; ii) a demanda medida em
um ou ambos os casos for superior a 20% da demanda contratada para o segmento fora de
ponta, quando a demanda contratada no respectivo segmento for de 50 kW a 100 kW.
Portanto, na Eq.(102) os termos (DMpmu – DCup).TUap, (DMfpmu – DCufp).TUafp, (DMpms
– DCsp).TUap e (DMfpms – DCsfp).TUafp não são aplicados se isso não ocorrer.
Como procedimento geral, é recomendada a contratação de demanda somente no(s)
segmento(s) horo-sazonal(is) que o sistema tenha sido projetado para operar, embora esta
contratação deva satisfazer as restrições já descritas que: DCup < DCufp > DCsfp > DCsp.
Caso o mesmo venha a ser operado em segmento horo-sazonal não contratado, mesmo que
esporadicamente, o faturamento da demanda será calculado pela ultrapassagem de demanda,
que apresenta tarifa muito superior (cerca do triplo).
Faturamento anual do consumo:
a) sem o benefício da Portaria 105 do DNAEE:
5 7
FAC CMp
mu1
mu .TCaup CMfp mu .TCaufp CMp
ms1
ms .TCasp CMfp ms .TCasfp ......... (107)
sendo: TCaup - tarifa de consumo azul no período úmido, no horário de ponta ($/kWh);
TCaufp - tarifa de consumo azul no período úmido, no horário fora de ponta ($/kWh);
TCasp - tarifa de consumo azul no período seco, no horário de ponta ($/kWh);
TCasfp - tarifa de consumo azul no período seco, no horário fora de ponta ($/kWh).
b) com o benefício da Portaria 105 do DNAEE:
5
FAC CMp mu .TCaup CMfpc mu CMhe mu .(1 fdtc ).TCaufp
mu1
7
......... (108)
CMp ms .TCasp CMfpc ms CMhe ms .(1 fdtc ).TCasfp
ms1
FAD 0,10.dup.TDap dufp .TDafp dsp.TDap dsfp .TDafp
5 0,92
AJA CMp mu .TCaup CMfpc mu CMhe mu .(1 fdtc ).TCaufp . 1 .... (110)
mu1 cos
7
CMp ms .TCasp CMfpc ms CMhe ms .(1 fdtc ).TCasfp
ms1
A Eq.(110) é aplicada somente quando cos 0,92, valendo também a restrição de
aplicação da tarifa de ultrapassagem de demanda azul da Eq.(102).
57
isotáquica
v2
H z h . ..................................................... (111)
2.g
O coeficiente considera a variação de velocidade existente na seção, sendo seu valor
compreendido entre 1,0 e 1,1. (na prática adota-se o valor unitário).
Tomando-se o fundo do canal como referência e = 1, a carga na seção recebe o
nome de carga específica, sendo obtida por:
v2
He h ......................................................... (112)
2.g
Figura 69. Carga hidráulica total e específica em um canal com escoamento uniforme.
2,00
1,40
1,20
C
1,00
v2/2g
0,80
0,60
h
0,40
0,20
0,00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80
Profundidade h (m)
h v v2/2g He
(m) (m/s) (m) (m)
0,30 5,00 1,27 1,57
0,40 3,75 0,71 1,11
0,50 3,00 0,46 0,96
0,60 2,50 0,32 0,92
0,80 1,87 0,18 0,98
1,00 1,50 0,11 1,11
1,20 1,25 0,08 1,28
1,40 1,07 0,06 1,46
1,60 0,94 0,04 1,64
1,80 0,83 0,03 1,83
em que: hh – altura hidráulica ou altura média, que corresponde à relação: a área molhada
largura da seção na superfície livre. No caso de um canal retangular,
corresponde à própria altura da água no canal.
Portanto, o escoamento será: fluvial se NF < 1; torrencial se NF >1; e crítico se NF =
1.
As equações de resistência utilizadas na prática para canais são válidas somente para o
movimento uniforme, ou seja, o nível da água (h) no canal é constante e paralelo ao fundo.
Nessas condições, a força aceleradora provocada pela componente tangencial do peso do
líquido iguala-se às forças retardadoras, opostas ao escoamento, provocadas pelo atrito interno
(viscosidade) e externo (rugosidade das paredes do canal).
Em 1775, Antoine de Chézy (1718-1798), engenheiro e matemático francês propôs a
seguinte equação, para calcular a velocidade de escoamento (m/s) no canal:
v C. R h .I ......................................................... (114)
sendo: C – coeficiente de resistência ou de rugosidade de Chézy, dependente do número de
Reynolds e da rugosidade relativa da parede;
Rh – raio hidráulico, que é a relação entre a área molhada (A), ou seja, a área da
seção reta do escoamento, normal à direção do fluxo, e o perímetro molhado
(Pm), que corresponde ao comprimento da parte da fronteira sólida da seção do
canal em contato com o líquido (a superfície livre não faz parte do perímetro
molhado);
I – declividade longitudinal do canal, que na prática, é relativamente pequena ( <<
5), permitindo que se considere sen tan I (inclinação).
Diferentes fórmulas de origem empírica são propostas para o cálculo do coeficiente de
Chézy, associando-o ao raio hidráulico da seção. Uma relação simples foi proposta, em 1889,
por Robert Manning (1816-1897), engenheiro normando, através da análise de resultados
experimentais obtidos por ele e outros pesquisadores em canais de pequenas até grandes
dimensões, com resultados coerentes entre o projeto e a obra construída. A relação empírica é:
R 1h/ 6
C ......(a)
n
Substituindo (a) na Eq.(114) tem-se:
1 2 / 3 1/ 2
v .R h .I ....................................................... (115)
n
A Eq.(115) é denominada fórmula de Manning, atualmente a mais utilizada, que é
válida para escoamento uniforme turbulento rugoso (NR > 105), que é o mais comum nos
canais com escoamento uniforme (fluvial ou torrencial). Nestas condições, o coeficiente de
Manning permanece constante para uma determinada rugosidade. Os valores do coeficiente
de Manning podem ser vistos na Tabela 33, para canais artificiais, e Tabela 34, para canais
naturais. Tais valores são apenas indicativos, devendo o projetista ficar atento às
particularidades de cada situação, que pode resultar em sensíveis alterações no coeficiente.
62
Tabela 33. Valores do coeficiente “n” da fórmula de Manning para canais artificiais.
Condição
Natureza das paredes
Boa Má
Alvenaria de pedra aparelhada 0,013 0,017
Alvenaria de pedra argamassada 0,017 0,030
Alvenaria de tijolos com argamassa de cimento 0,012 0,017
Argamassa de cimento 0,011 0,015
Argamassa de cimento alisado 0,010 0,013
Barro vitrificado (manilhas) 0,011 0,017
Calhas de madeira aplainada 0,010 0,014
Calhas de madeira não aplainada 0,011 0,015
Calhas metálicas corrugadas 0,023 0,030
Calhas metálicas lisas semicirculares 0,011 0,015
Concreto 0,012 0,018
Fundo de terra e taludes empedrados 0,028 0,035
Fundo pedregoso e com vegetação nos taludes 0,025 0,040
Revestimento de concreto bruto 0,017 0,018
Revestimento de concreto liso 0,011 0,013
Rocha irregular ou paredes de pedras irregulares ou mal-arrumadas 0,035 -
Rocha lisa e uniforme 0,025 0,035
Terra, curvilíneo e lamoso 0,023 0,030
Terra, dragado 0,025 0,033
Terra, retilíneo e uniforme 0,017 0,025
Tubo de bronze ou de vidro 0,009 0,013
Tubo de concreto 0,012 0,016
Tubo de ferro fundido sem revestimento 0,012 0,015
Tubo de ferro galvanizado 0,013 0,017
Tabela 34. Valores do coeficiente “n” da fórmula de Manning para canais naturais (arroios e
rios).
Condição
Natureza das paredes
Boa Má
1. Limpos, retilíneos e uniformes, leito cheio, sem desvio 0,025 0,033
2. Idem a 1, porém com pedras e vegetação 0,030 0,040
3. Limpo, tortuoso, com empoçamentos e bancos de areia 0,033 0,045
4. Idem a 3, porém com declive e seções irregulares 0,040 0,055
5. Idem a 3, porém com algumas pedras e vegetação 0,035 0,050
6. Margens espraiadas e muita vegetação 0,075 0,150
a
h
t
Conforme a Figura 72, os elementos geométricos do canal podem assim ser definidos:
t – comprimento do talude; b – comprimento da base do canal; a – avanço lateral do canal; h –
altura da água no canal; - ângulo de inclinação do talude; cotg – inclinação do talude.
Com isso, podem ser estabelecidas as seguintes relações:
Pm (perímetro molhado) = 2.t + b .......(a)
t = a 2 h 2 ............(b)
a = h . cotg ...........(c)
2.a b b
A= .h .......(d)
2
Substituindo (c) em (d) e desenvolvendo, tem-se: A h 2 .cotg b.h ......(e)
Substituindo (c) em (b), tem-se: t h. (cot g ) 2 1 .......(f)
Substituindo (f) em (a), tem-se: Pm 2.h. (cot g) 2 1 b .......(g)
A
Isolando a variável b da equação (e), tem-se: b h.cotg .......(h)
h
A
Substituindo (h) em (g), tem-se: Pm 2.h. (cot g) 2 1 cot g .......(i)
h
Como já fora mencionado, para uma área A constante e inclinação dos taludes cotg
constante o canal terá máxima eficiência quando o perímetro molhado for mínimo, ou seja:
dPm A
2. (cot g) 2 1 2 cot g 0
dh h
Com isso, a área de máxima eficiência é:
h/D
D
h
Q
1
.D 8 / 3 .
sen 5/3
.I1 / 2 ( em radianos) ......................... (119)
20,2.n 2 / 3
65
13. HIDROMETRIA
Hidrometria refere-se a qualquer medição relativa à água, porém o termo é mais
utilizado para a medição de vazão. A vazão pode ser medida diretamente ou indiretamente por
diversas maneiras, cujas descrições são apresentadas a seguir.
13.2. HIDRÔMETROS
São aparelhos destinados à medição da quantidade de líquido escoado num período
relativamente grande, sendo dois os tipos principais: hidrômetro de velocidade (tipo
turbina) e o hidrômetro de volume.
13.3.1. Flutuadores
São objetos flutuantes (garrafas parcialmente cheias, lâmpadas, bastões e outros mais)
que estando parcialmente imersos na massa líquida adquirem a velocidade da mesma. Devido
a muitas causas de erros, tais como ondas, ventos e irregularidades no leito do curso de água,
tal método apresenta pouca precisão, sendo recomendado apenas para levantamentos
expeditos ou na falta de outros recursos.
13.3.2. Molinetes
São aparelhos constituídos de conchas, hélices ou palhetas giratórias que,
impulsionadas pelo líquido, dão o número de rotações proporcional à velocidade da corrente
líquida (rios, canais e tubulações).
W
ponto de
medição
(h)
rampa ascendente
rampa descendente
(estrangulamento)
seção em nível
metros), obtendo a seguinte fórmula aproximada para calcular a vazão (m3/s) nesse tipo de
medidor:
Q 2,2.W.h 2 / 3 ....................................................... (124)
O medidor WSC foi desenvolvido no Washington State College, sendo semelhante ao
medidor Parshall, porém, suas seções não possuem rampas. São mais utilizadas para medição
de vazão de sulcos de irrigação, embora possam, também, ser utilizadas em canais.
ponto de
medição –
régua (h)
13.6. VERTEDORES
Os vertedores podem ser interpretados como grandes orifícios sem borda superior. O
termo também é aplicado aos obstáculos à passagem da corrente e aos extravasores das
represas. São utilizados largamente em hidrometria, tanto em laboratórios como em condições
naturais, como medição da vazão de pequenos cursos de água. Podem ser feitos de chapas
metálicas, madeira, alvenaria, concreto e outros materiais. A terminologia para o caso de um
vertedor retangular com contração lateral é mostrada na Figura 81. A carga do vertedor hv é a
altura atingida pela água acima da soleira. Devido ao rebaixamento da veia no vertedor (carga
cinética), a carga h deve ser medida à montante a uma distância igual ou superior a 5h.
p
p’
5h
B
Figura 81. Terminologia para um vertedor retangular com contração lateral (a) e perfil da
veia ou lâmina vertente (b).
69
No caso do vertedor possuir uma ou duas contrações laterais (Figura 81a), deve-se
considerar na Eq.(126) uma correção, conforme se segue:
dA
D
h
h hv
13.7. ROTÂMETRO
É um aparelho constituído por um tubo cônico transparente posicionado verticalmente
com a seção maior voltada para cima. Dentro do tubo existe um “flutuador” calibrado com a
escala de vazão impressa nele que se desloca com o fluxo, estabilizando-se a uma certa altura
cuja seção de passagem seja suficiente para a vazão em questão. Neste ponto é feita a leitura
da vazão na escala do tubo.
72
D y
FIM
74
Esta apostila foi confeccionada pelo Professor Doutor João Luis Zocoler, para ministrar
aulas na Universidade Estadual Paulista “Júlio De Mesquita Filho” Faculdade De Engenharia
De Ilha Solteira Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos Área de
Hidráulica e Irrigação.