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III Conferência Estadual de Saúde Mental Intersetorial

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


Caderno de resumos

Mar Hotel, Recife - PE


17 de Maio de 2010
III Conferência Estadual de Saúde Mental Intersetorial

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco

Realização
Comissão Organizadora da I Conferência Estadual de Saúde
Mental Intersetorial

Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco


Diretoria Geral de Educação em Saúde
Escola de Saúde Pública de Pernambuco
Apoio Institucional da Educação Pernambuco

Gerência de Atenção em Saúde Mental

Equipe Organizadora da Mostra


Liu Leal
Coordenadora do Apoio Institucional da Educação Permanente

Arichele Queiroz
Edna Granja
Monik Duarte
Mariana Olívia
Apoiadoras Institucionais da Educação Permanente

Organização e diagramação
Mariana Olívia
Apresentação
Bem-vindos a I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco da
III Conferência Estadual de Saúde Mental Intersetorial!

É com muita alegria e acolhimento que realizamos este evento


que tem como principal característica reunir, num mesmo espaço e
contexto, Gestores, trabalhadores, usuários, familiares de usuários,
estudantes e representações dos movimentos sociais para
conversar, discutir e trocar as diversas experiências em saúde
mental do nosso estado, dando visibilidade ao que há de singular nas
nossas regionais e compartilhando os desafios postos no caminho
da consolidação de uma rede de atenção psicossocial resolutiva.

Apresentamos este caderno com os resumos de todos os


trabalhos aprovados que estarão sendo apresentados em diversas
modalidades: pôster, roda de conversas, vídeo entre outras
sugeridas pelo próprio participante, pois a partir do olhar da
educação permanente, a Mostra tem como principal objetivo
debater e buscar formas de enfrentamento dos desafios políticos,
sociais e epidemiológicos e garantir respostas para a melhoria da
qualidade de vida da população pernambucana.

3
Resumos

4
Cordel dos Sanitaristas Encantados -
Saúde Mental

Nosso grupo está de volta O CAPS faz parte de uma rede


Pra de outro tema falar Ele é potencializador
Agora é saúde mental Dentro do território vai atuando
O assunto a destacar Mas não é o único ator
É muito maravilhoso Ele conta com parceiros
Com o codel participar Faz um trabalho inovador
Cássia Barbosa, Paulynne Cavalcanti e Renata Nascimento

Já faz muito tempo Com criança é outra história


Que a reforma foi pensada O tratamento é diferenciado
Andou muito devagar Por isso existe o Caps infantil
Vamos dar uma acelerada Aonde seu filho pode ser levado
Desde a década de 90 Pois para a família é muito difícil
Tá pra ser consolidada Não ver seu filho sendo cuidado

Tem muita coisa acontecendo Você não vai só para o AD


Na Saúde Mental Se estiver noiado
Muito tivemos que discutir Você também pode ir
Na Conferência Municipal Se estiver embriagado
Mas não pense que acabou Tá com algum desses problemas?
Estamos na estadual Pode vir, estamos do seu lado

Tratar usuário com dignidade Redução de danos


Seja lá onde for Os CAPS AD faz
Proporcionar autonomia Respeitando o indivíduo
Não entenda como favor Porque ele é capaz
O primeiro passo a ser dado: Sem sair da comunidade
Ser um profissional acolhedor É assim que se faz

Com a equipe multiprofissional Se você está em crise


Podemos fazer dar certo Podemos te oferecer
Discutir juntos é o ideal O CAPS 24 horas
Conversando bem de perto Pros usuários atender
E as questões vão resolvendo Somente um em Recife
Vem amigo, fique esperto! Eu não posso crer

Nós temos equipamentos São equipamentos de saúde


Pra Reforma continuar Nesse processo peculiar
Vamos lutar todos juntos Os Centros de Convivência
Para desospitalizar Lá você pode chegar
O CAPS é especial Também Albergues e Residências
Temos logo que implantar Pro processo continuar

Falando em desospitalizção Depois de muito tempo


Venha cá pra entender Quando não há pra onde voltar
Vamos tirar do hospital As Residências Terapêuticas, estão lá
Pra nas comunidades viver De portas abertas para ressocializar
A rede está em construção Os usuários vão chegando
O CAPS veio pra tecer Para desospitalizar

No CAPS infantil, transtorno ou AD Conheça outro equipamento


Os profissionais vamos capacitar O usuario vai adorar
Discutindo cada caso Locais de arte e cultura
De forma interdisciplinar Onde todos podem criar
Pois cada cabeça é um mundo São os Centros de Convivência
E o PTS vamos implantar Onde o talento pode aflorar

5 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


Cordel dos Sanitaristas Encantados -
Saúde Mental

Eita coisinha difícil, A nossa peça chave


Os Albergues ter que rimar Faz um trabalho primordial
Seu papel fundamental Vai lá na comunidade
É o usuário estadiar Ele é muito especial
Em um momento tão árduo É o redutor de danos
Onde as drogas devem evitar Um amigo sem igual

Cássia Barbosa, Paulynne Cavalcanti e Renata Nascimento


Eu não vou me repetir Junto com os ACS
SAMU é pra saúde mental Os redutores vão entrado
A rede tem que se preparar Dentro dos PSFs
Pro cidadão não tratar mal E nas casas vão passando
Buscar a pessoa em casa E com essa dupla unida
Não é serviço policial Um bom trabalho vão criando

O hospital geral é pra todos Vamos estimular o controle social


Não podemos separar Participar ativamente
Todo usuário tem direito É um papel fundamental
Então vamos logo criar Pra construção permante
Mais leitos são necessários E todos ficarão felizes
Pra das pessoas cuidar Com a comunidade presente

Veja só que coisa boa Falou em saúde mental


O CAPS não está sozinho Renata já mostra os dente
O PSF é seu compadre Foi relatar na Conferência
Pra acolher com carinho Porque queria estar presente
Se acontecer de precisar Não abriu a boca não
Fale aqui com seu vizinho Mas ela tava era contente

Muitos não se sentem preparados Renata tava tão feliz


Pro transtorno entender Não podia acreditar
Diz que é muito específico Chamou Paulynne e Cássia
Que só psiquiatra vai saber Para juntas atuar
Matriciar é o objetivo E fomos pra Conferência
Pra pouco a pouco aprender De relatoras trabalhar

Para o fluxo dar certo De tudo que falamos


Com os PSFs temos que trabalhar Só queremos enfatizar
E mais uma vez em conjunto O modelo hospitalocêntrico
Pro caps matriciar Vamos derrubar
No território é onde está o povo E instituir a Reforma
A saúde mental poderá avançar Esse é o jeito certo de cuidar

Dentro da comunidade A cada usuário


Os ACS fazem redução Fica o nosso obrigada
Todos lá eles conhecem Sem vocês do nosso lado
Trabalham com animação Não iria valer nada
São os primeiros redutores A lembrança é muito boa
Com esforço e dedicação Dessa nossa caminhada

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 6


JULGAMENTO DE RISCO E EXPERIÊNCIAS
Roseane Amorim da Silva, Patrícia Ivanca de Espíndola Gonçalves e Marilyn Dione de Sena Leal

DE CONSUMO NO USO DE ÁLCOOL E


OUTRAS DROGAS ENTRE ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujo objetivo foi verificar a


relação do julgamento de risco com as experiências de consumo
referentes ao uso de álcool e outras drogas dando ênfase às questões de
família e gênero. O público-alvo é formado por estudantes universitários,
das áreas de humanas, exatas e saúde, de Universidades públicas e
privadas de Garanhuns/PE. Inicialmente, foram aplicados 150
questionários objetivando identificar o perfil dessa população no que
tange ao consumo de álcool e outras drogas. Posteriormente, foram
realizadas 34 entrevistas semi-dirigidas visando aprofundar os dados
obtidos.
Os/as estudantes da área de humanas não apresentaram
diferenças quanto à experiência de consumo em relação ao uso/abuso de
fumo, álcool e das drogas ilícitas. Já na área de exatas, o sexo feminino
não fazia uso do fumo e das drogas ilícitas, embora tenham iniciado o
consumo de álcool primeiro que o sexo masculino. Na área de saúde, o
padrão de ingestão de fumo e álcool é o mesmo para ambos os sexos, as
drogas ilícitas usadas também foram às mesmas, no entanto, as
mulheres tiveram a primeira experiência de consumo mais cedo.
Neste estudo denomina-se julgamento de risco os aspectos
qualitativos que envolvem a percepção de risco do/a usuário/a,
considerando a sua relação com a droga e contexto de uso. Na área de
saúde, ambos os sexos não percebem os danos que o uso de álcool e
outras podem ocasionar à vida, ou por desconhecerem ou não refletirem
sobre os riscos que o uso de drogas causa na esfera biopsicossocial.
Na área de exatas e humanas, os estudantes a partir de situações
vivenciadas por terceiros vêem o consumo de tais substâncias como algo
nocivo as suas vidas. Um fato em comum aos/as estudantes das áreas
pesquisadas é que mesmo, quando estes/as possuem pais que fazem
uso de álcool e fumo, tal uso não é percebido como uma influência para
sua iniciação e continuidade no uso das drogas pesquisadas. Os/as
estudantes relataram ainda, não existir diferenças em morar ou não com
os pais quando se trata de facilidades e motivações para o uso das
drogas.

Palavras-chave: Saúde Mental, Álcool e outras drogas; Experiência de


Consumo; Julgamento de Risco.

7 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


CONSTRUINDO UM NOVO CUIDADO: CAPS-
DESAFIO DE CONSTRUIR

Diana Maria Oliveira André Gomes, Emilly Anne Cardoso Moreno


O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) constitui-se a principal
estratégia da Reforma Psiquiátrica para substituir o modelo
hospitalocêntrico, tendo como proposta um cuidado territorializado, ou
seja, oferecer ao portador de transtorno mental uma assistência dentro
do seu contexto comunitário, mantendo e fortalecendo assim os vínculos
sociais e familiares.
Apesar importância do serviço substitutivo, possuímos uma rede
em construção e neste processo identificamos aspectos frágeis que
dificultam o exercício do cuidado. Encontramos dificuldades em
referenciar usuários para atividades alternativas, principalmente na rede
de serviços infanto-juvenil. A grande extensão do território juntamente
com o reduzido número de profissionais, a falta de transporte são alguns
aspectos que comprometem o desenvolvimento de ações no território.
Fortalecendo a rede e capacitando os profissionais para o trabalho
de referencia e contra referencia, aumentando e capacitando as equipes
dos CAPS, treinando e sensibilizando os profissionais que integram as
unidades de saúde da família, internando em leitos de hospital
geral(quando necessário) e não de hospitais psiquiátricos, assim como
incentivando a formação/criação de atividades complementares na
sociedade são formas de fortalecer o sistema substitutivo e o mais
importante inserir o portador de transtorno mental na sociedade,
aumentando os vínculos familiares, pois a família é essencial para o
tratamento.
O trabalho na unidade do CAPS é multidisciplinar e consegue ver
o usuário de uma forma biológica, de uma forma psíquica e de uma forma
social, buscando a saúde em todas as áreas, pois conforme a
Constituição a saúde é um direito de todos, sendo assim, não deve ser
privada ao portador de transtorno mental em nenhuma área.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 8


AVANÇO NA LUTA CONTRA A INTERNAÇÃO
PSIQUIÁTRICA NO INTERIOR DE
PERNAMBUCO

A problemática de encaminhamentos de pacientes para hospitais


psiquiátricos e a resolução destes casos no próprio município tem sido de
grande discussão no novo modelo de saúde mental do Estado de
Pernambuco, visto que, estamos com a diminuição de leitos e
necessitamos de novos modelos de intervenção para acolher estes
p a c i e n t e s .

O nosso município possui um CAPS 1, que está em funcionamento


Geórgia Menezes e Marília Rosana

desde o dia 1 de fevereiro deste ano. O Caps foi implantado com a filosofia
de resolver dentro do próprio município questões psiquiátricas de seus
usuários evitando ao máximo o encaminhamento para internações
psiquiátricas, sem que seja esgotada a possibilidade de se acolher este no
município. Sendo assim, recebemos o encaminhamento de um paciente
que apresentava quadro psicótico e alucinações freqüentes, além de
muita agressividade e por fim, a tentativa de matar a esposa. Este paciente
foi acolhido no Caps, encaminhado ao hospital geral da cidade para que
fosse feita o atendimento médico, assim que este ficou em condições de
freqüentar o Caps, foi novamente reencaminhado para lá.
Acolhido pela equipe de técnicos, medicado pelo psiquiatra, o paciente a
cada dia mostrava melhora significativa, retornou ao vínculo familiar cada
dia mais lúcido, a família também foi acompanhada pelo Caps.
Hoje, este paciente encontra-se na modalidade semi-intensivo e
esta experiência nos mostra que é possível sim resolvermos no próprio
município situações de internamentos psiquiátricos, é necessário que a
equipe do município esteja empenhada em trabalhar através de parcerias
que se disponham a unir forças para que o paciente seja acolhido nos tipos
de serviços que necessita, e para isto, é necessário antes de tudo, que se
quebre o preconceito, que a doença mental seja vista também como
possível de ser tratada num hospital geral quando ainda não for possível a
permanência deste no Caps. As internações só precisam de fato ser
realizadas em último caso, isto nossa experiência no dia-a-dia do Caps em
parceria com o Hospital Geral de nosso município tem nos mostrado.

9 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


O PAPEL DO CENTRO DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL INFANTO JUVENIL ZALDO
ROCHA (CAPSI) NA POLÍTICA DESAÚDE
MENTAL NO MUNÍCIPIO DO RECIFE

Falar da atenção à saúde mental de crianças e adolescentes é uma


tarefa se não fácil, mas necessária, e porque não dizer essencial. Dados
apresentados pelo Ministério da Saúde na publicação caminhos para
uma saúde mental infantil, estimam que de 10 a 20% da população de
crianças e adolescentes sofram de transtornos mentais. Desse total de 3
a 4% necessita de tratamento intensivo. Observa-se que no Brasil há
uma lacuna histórica traduzida pela ausência de uma política de saúde
mental voltada para este público e que tem tido como conseqüência
mais grave a ausência ou o tratamento inadequado de crianças e

FARIAS, E.B.;, MARINHO, M.F.L.


adolescentes.
No entanto, a partir da Reforma Psiquiátrica, da criação do SUS e
do Estatuto da Criança e do Adolescente o panorama vem sendo
modificado. Dentre os marcos na evolução da assistência psiquiátrica,
não podemos deixar de citar a portaria 224/92 MS que cria oficialmente
os NAPS/CAPS. Estes, são atualmente regulamentados pela portaria
336/GM de 19 de fevereiro de 2002 e integram a rede do SUS. A partir
desse momento, são criados os CAPSi para o atendimento a crianças e
adolescente com sofrimento psíquico.
Em consonância com as diretrizes da política nacional de saúde
mental a Prefeitura da Cidade do Recife, adota o modelo CAPS, sendo
implantado em 2005 o CAPSi Zaldo Rocha, que tem como função
promover através do trabalho de equipe interdisciplinar uma assistência
a saúde mental de crianças e adolescentes, de 0 a 15 anos incompletos,
residentes nos Distritos Sanitários I, II e III município do Recife.
Este trabalho tem como objetivo contribuir para despertar
reflexões sobre a reforma psiquiátrica e a inserção da infância e
adolescência nesta política de cuidado ressaltando-se o papel do CAPSi
Zaldo Rocha. Propõe-se com este estudo enfatizar a necessidade de
formulação de políticas de saúde que atendam as necessidades
específicas de crianças e adolescente, observando-se os princípios do
ECA, do SUS e as mudanças da assistência a saúde mental. Portanto, o
papel do CAPSi Zaldo Rocha reitera a importância da intervenção que
deverá começar o mais cedo possível, a necessidade de parceria entre
o serviços, os demais setores, e aos trabalhadores e gestores a
importância de acreditar nas possibilidades desta criança/adolescente
em sofrimento psíquico.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 10


DE COMO UM PROCESSO DE MOBILIZAÇÃO
DE UM GRUPO PODE FAZER DISPARAR UM
EVENTO TRANSFORMADOR DE
REALIDADES LOCAIS

Na história do ocidente é possível identificar a construção de diversas


compreensões sociais acerca da loucura, bem como modos distintos de lidar com
a diferença que ela representa. Um lugar de adoecimento e desqualificação lhe é
conferido com a definição do seu estatuto de “doença mental” e a consolidação
da chamada “medicina mental”, configurando-se um lugar social para a loucura,
marcado pela marginalização e exclusão.
Muitas críticas têm sido direcionadas aos saberes, discursos e práticas
que constituem o paradigma clássico da psiquiatria, dentro de uma longa
trajetória histórica. No Brasil, inicia-se, no final da década 70, o movimento pela
reforma psiquiátrica, compreendido como um processo histórico de formulação
crítica e prática, que tem como objetivos e estratégias o questionamento e
elaboração de propostas de transformação do modelo clássico e do paradigma
da psiquiatria.
A reforma psiquiátrica precisa ocorrer nos campos técnico-assistencial,
teórico-conceitual, político-jurídico e sócio-cultural considerado o mais
Maura Lima

desafiante, pois direciona a transformação do lugar social da loucura, no sentido


de fazer cabê-la na cidade e na cultura, a partir da provocação de todos nós, cujo
imaginário social costuma reduzi-la à doença mental e relacioná-la à
periculosidade e incapacidade produtiva.
O desafio da transformação do lugar social da loucura é uma tarefa que diz
respeito à sociedade como um todo: acadêmicos, trabalhadores, gestores,
familiares e os próprios usuários. Trata-se da missão de resgate da nossa dívida
social para com a loucura no aspecto de sua cidadania, “seqüestrada” pelas
operações alienistas. As instituições de ensino têm um papel fundamental nesta
missão, já que o caminho deste resgate aponta na direção de um processo amplo
de revisão de conceitos e modos de sentir.
Este ano, o clima preparatório para a IV Conferência Nacional de Saúde
Mental, confere importante oportunidade de amadurecer, democratizar e politizar
o debate em torno desta temática. Buscando contribuir nessa perspectiva, no
cenário do Agreste pernambucano, foi montado um grupo de extensão em Saúde
Mental com estudantes de psicologia intitulado: “Loucura em movimento: pela
construção de outro lugar social”. O grupo tem como proposta, além de garantir
amplas discussões teóricas, a inter-ação com o campo da Saúde Mental, afim de
que os estudantes do projeto tenham uma aproximação crítica com o referido
campo.
No grupo, tem-se, como efeito, um terreno fértil de discussões,
problematizações, revisões, reconstruções e mobilizações, atendendo ao que
reza a Reforma Psiquiátrica no eixo da construção de outro lugar social para
loucura, a partir do engajamento no compromisso social de resgate da nossa
dívida histórica. Atualmente se estuda a possibilidade de criação de um núcleo
permanente de discussão sobre a luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica na
região.

11 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DE PESSOAS
COM LONGO PERÍODO DE INTERNAÇÃO EM

Clarissa Lacerda, Luiza Barros, Rafaela Theodosio, Roberta Soriano e Roberta Uchôa
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO: PERFIL DOS
PACIENTES DO HOSPITAL JOSÉ ALBERTO
MAIA

O Hospital José Alberto Maia (HJAM) é um dos maiores hospitais


psiquiátricos do Brasil, com cerca de 540 pacientes crônicos com longa
história de internação. Em 2004, o HJAM foi reprovado pelo Programa
Nacional de Avaliação de Assistência Hospitalar (PNASH), tendo
recebido a indicação de descredenciamento do Sistema Único de Saúde
(SUS). Para cumprir esta indicação, em janeiro/2010, uma equipe
multiprofissional em saúde mental contratada pela Prefeitura Municipal
de Camaragibe começou a revisão das indicações terapêuticas de todos
os pacientes para encaminhá-los a residências terapêuticas, de volta às
famílias de origem ou outro serviço de saúde. Como parte deste
trabalho, estagiárias de Serviço Social a partir dos prontuários dos
pacientes e do censo clínico/psicossoacial realizado pela equipe
contratada consolidaram os dados dos pacientes sobre gênero,
diagnóstico psiquiátrico, município de procedência, registro civil,
situação familiar e acesso a benefícios da seguridade social.
Este levantamento foi realizado para subsidiar as ações do Serviço
Social para providenciar a concessão/obtenção de direitos/benefícios
sociais (exp. Programa de Volta para Casa, Benefício de Prestação
Continuada, dentre outros). Este trabalho a ser apresentado na
Conferência Estadual de Saúde Mental consubstancia o levantamento
de dados de 492 dos 540 pacientes do HJAM. Os dados revelam que há
predominância de pacientes do gênero masculino, com diagnóstico de
esquizofrenia residual (F20.5), provenientes da cidade do Recife, com
algum registro civil (Certidão de Nascimento, RG ou CPF), com vínculos
familiares fragilizados e com acesso a benefícios da previdência e/ou
assistência social (aposentadoria, pensão ou benefício de prestação
continuada).
Nesta breve experiência em hospital psiquiátrico já ficou
demonstrado que a internação neste equipamento hospitalar produz um
efeito contrário ao esperado. O isolamento em que os pacientes vivem
agrava seu quadro clínico, mental e social, cronificando-os e tornando o
retorno ao convívio familiar um processo complexo e penoso. Neste
sentido, torna-se evidente a necessidade de acelerar o processo de
desinstitucionalização dos pacientes do HJAM e o seu
descredenciamento do SUS, atendendo assim aos princípios e às
diretrizes do Movimento de Reforma Psiquiátrica brasileiro.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 12


A REFORMA PSIQUIÁTRICA EM
Galba Taciana S. Vieira; Débora G. Moraes; Patrícia de Freitas; Eliane Siqueira, Jorge R Ramos,

PERNAMBUCO: A VISÃO DAS FAMÍLIAS DO


PAVILHÃO JARBAS PERNAMBUCANO

Caracterização do Problema: Em tempos recentes, ocorreram as


principais mudanças que visam alterar um quadro histórico de exclusão e
André Luís S. de Oliveira, Paulo Cavalcanti, Pahola Luz

isolamento social às pessoas com transtorno Mental. Neste cenário, o


Estado de Pernambuco-PE, possui na atualidade 48 Centros de Atenção
Psicossocial - CAPS, além de 14 Residências Terapêuticas/RT em
funcionamento.Por outro lado, entendemos que os avanços da Política de
Saúde Mental, em relevo PE, não foram acompanhados em sua luta pelo
conjunto da sociedade, no sentido de trabalhar a herança secular de
violação de direitos humanos e estigmatização das pessoas com
transtorno mental.

Descrição da experiência: Trabalhamos na equipe de apoio da Prefeitura


de Camaragibe, no processo de desinstitucionalização do Hospital José
Alberto Maia HJAM, atuando no pavilhão Jarbas Pernambucano- JP. O JP
possui 59 usuários com transtorno Mental. Através de atendimento
individual/reuniões, fizemos contato com 30 familiares destes usuários,
dos quais apenas 09 mencionaram algum tipo de conhecimento sobre RT
e/ou CAPS.

Efeitos Alcançados: Estamos esclarecendo os familiares do JP sobre os


novos dispositivos de tratamento/programas em Saúde Mental, criando
um espaço de diálogo, no âmbito da estrutura manicomial do HJAM. Além
disto, alguns familiares já solicitam conhecer os CAPS e /ou RT, mesmo
antes da alta hospitalar de seus parentes.

Recomendações: Faz-se necessário divulgar/publicizar cada vez mais os


novos paradigmas da Política de Saúde Mental, seja entre familiares/
profissionais, enfim, em toda a sociedade; de modo a favorecer a
reinserção social das pessoas com transtorno mental.

13 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


A FAMÍLIA E O PROVIMENTO DE CUIDADOS

Galba Taciana S. Vieira/ Débora G. Moraes; Patrícia de Freitas; Eliane Siqueira, Jorge R Ramos,
À PESSOA COM TRANSTORNO MENTAL NO
CONTEXTO DA DESINSTITUCIONALIZAÇÃO

Caracterização do Problema: Em tempos recentes, ocorreram as


principais mudanças que visam alterar um quadro histórico de exclusão

André Luís S. de Oliveira, Paulo Cavalcanti, Pahola Luz


e isolamento social às pessoas com transtorno Mental. Neste cenário, o
Estado de Pernambuco-PE, possui na atualidade 48 Centros de Atenção
Psicossocial - CAPS, além de 14 Residências Terapêuticas/RT em
funcionamento.Por outro lado, entendemos que os avanços da Política
de Saúde Mental, em relevo PE, não foram acompanhados em sua luta
pelo conjunto da sociedade, no sentido de trabalhar a herança secular
de violação de direitos humanos e estigmatização das pessoas com
transtorno mental.

Descrição da experiência: Trabalhamos na equipe de apoio da


Prefeitura de Camaragibe, no processo de desinstitucionalização do
Hospital José Alberto Maia HJAM, atuando no pavilhão Jarbas
Pernambucano- JP. O JP possui 59 usuários com transtorno Mental.
Através de atendimento individual/reuniões, fizemos contato com 30
familiares destes usuários, dos quais apenas 09 mencionaram algum
tipo de conhecimento sobre RT e/ou CAPS.

Efeitos Alcançados: Estamos esclarecendo os familiares do JP sobre os


novos dispositivos de tratamento/programas em Saúde Mental, criando
um espaço de diálogo, no âmbito da estrutura manicomial do HJAM.
Além disto, alguns familiares já solicitam conhecer os CAPS e /ou RT,
mesmo antes da alta hospitalar de seus parentes.

Recomendações: Faz-se necessário divulgar/publicizar cada vez mais


os novos paradigmas da Política de Saúde Mental, seja entre familiares/
profissionais, enfim, em toda a sociedade; de modo a favorecer a
reinserção social das pessoas com transtorno mental.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 14


Mércia Maria Almeida de Mélo, Lizane Paula de farias e Silva, Jackeline Rufino de Almeida e Regina

RELEVÂNCIAS DA RELAÇÃO ENTRE


PROFISSIONAIS DO CAPS INFANTIL E
FAMILIARES DOS USUÁRIOS

Observou-se, apesar de algum tempo de acompanhamento


terapêutico de alguns usuários do Centro de Atenção Psicossocial Infantil
Casa da Criança, uma maior necessidade de vinculação entre
profissionais do serviço e os responsáveis (familiares, cuidadores, etc.)
das crianças em questão. A vinculação mais estreita era observada entre o
Técnico de Referência (TR) do usuário, esse e seus responsáveis, porém
percebeu-se a necessidade de maior vínculo também com os demais
profissionais envolvidos no processo de tratamento da criança.
Célia Felipe dos Santos Caetano

A partir dessa demanda por parte dos familiares e equipe técnica,


de idéias surgidas advindas da participação da Capacitação de Saúde
Mental do Governo do Estado de Pernambuco (2009), decidiu-se
implementar uma nova forma de atendimento aos familiares. Além das
reuniões de família, que desenvolveu caráter mais informativo e dos
atendimentos individuais, os quais demandam muito tempo dos
profissionais, surge a proposta de reuniões periódicas (inicialmente
bimestral) entre os técnicos que participam do projeto terapêutico de cada
usuário em questão e seus responsáveis. As reuniões são subdivididas em
pequenos grupos dentro das modalidades de atendimento (intensiva,
semi-intensiva, não-intensiva).
A perspectiva é de se estreitar relações entre os atores envolvidos
no processo terapêutico, facilitar os vínculos, oferecer espaço maior de
fala para os familiares, observando-se deste modo a dinâmica das
famílias, dúvidas, pontuação das evoluções e regressões no tratamento,
como também de ser um momento de orientações para que se dê
continuidade ao processo terapêutico fora do serviço. O momento mostra-
se bastante produtivo também por ocorrer em pequenos grupos.
Apesar da experiência ser inicial, observa-se o início de maior parceria
entre o CAPS infantil e familiares com objetivo principal de favorecer a
melhora das crianças e também do serviço prestado à comunidade. Os
relatos vêm dos familiares que pontuam o momento como esclarecedor e
facilitador até mesmo no lidar diário das crianças, assim como por parte
dos profissionais que apuram mais detalhes das histórias de vida que
facilitam intervenções e planejamentos no tratamento.
A idéia parece interessante para ser implementada em CAPS dos
diferentes tipos como forma de efetivar uma parceria maior com as famílias
e os serviços, favorecendo desta forma respeito à singularidade do sujeito
e seu contexto de vida, atendimento mais eficaz e personalizado,
contribuindo assim na construção desse novo modelo de atendimento em
saúde mental.

15 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: MUITO ALÉM
DO BULLYING

O “Bullying”, ou mais conhecido como violência verbal e/ou física


gerada na comunidade escolar, é apenas uma das faces da violência na
escola. O nome “bullying”, que provem do Inglês, foi inserido na nossa
língua há relativamente pouco tempo, tão recente até que muitos ainda
d e s c o n h e c e m t a l p a l a v r a .
A principal causa deste grave problema está associado à divisão
dos jovens em grupos que, por vezes, ridicularizam alunos que, segundo
os seus padrões, são considerados inferiores aos outros e por isso são

Guilherme Henrique de Oliveira


sujeitos às chacotas, ao ridículo e até à violência física. Além destes
casos, também se verificam situações de violência sexual.
Como qualquer problema, também este tem as suas
consequências. Desde provocar estados de angústia e raiva até ao caso
extremo da depressão. A depressão, por sua vez, pode levar ao suicídio,
sendo possível passar por uma fase de automutilação.
O suicídio, embora pareça impensável, é ao que muitos jovens recorrem
e, sem motivação e capacidade para levantar a auto-estima de novo, é
q u a s e i m p o s s í v e l d e s e r e v i t a d o .
A violência é um fato comum na nossa sociedade, regida por leis
humanas.
A filósofa alemã Hannah Arendt nos diz sobre a violência: “Que a
violência frequentemente advenha da raiva é um lugar-comum, e a raiva
pode realmente ser irracional ou patológica, mas isso também vale para
qualquer outro sentimento humano. Não há dúvida de que é possível
criar condições sob as quais os homens são desumanizados tais como
os campos de concentração, a tortura, a fome -, mas isso não significa
que eles se tornem semelhantes a animais; e, sob tais condições,o mais
claro indício da desumanização não são a raiva e a violência, mas a sua
ausência conspícua. A raiva não é, de modo algum, uma reação
automática à miséria e ao sofrimento; ninguém reage com raiva a uma
doença incurável ou a um terremoto, ou, no que concerne ao assunto, a
condições sociais que parecem imutáveis. A raiva aparece apenas
quando há razão para supor que as condições poderiam ser mudadas
mas não são.”
Como uma alternativa no combate à violência,o governo do
estado de Pernambuco e o Ministério Público estão desenvolvendo um
projeto piloto em 20 escolas estaduais, a maioria na Zona Norte do
Recife. Eles acreditam na fórmula prevenção + informação + assistência
para vencer o problema da violência nas escolas. Garantem que têm tido
bons resultados, porém não há estatísticas que indiquem a diminuição
das ocorrências.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 16


Roseane Amorim da Silva; Marilyn Dione de Sena Leal; Charles Henrique Andrade de Oliveira; Camila
A UNIVERSIDADE NA REDE DE CUIDADOS:
RELATO DE UMA INTERVENÇÃO
PSICOSSOCIAL REALIZADA POR
ESTUDANTES DO CURSO DE PSICOLOGIA
DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO EM
Marques Beserra; Pollyana Duarte Vicente; Leidianny Lucas da Silva.

PARCERIA COM O CAPS II

Este trabalho tem por objetivo relatar uma experiência surgida


durante a disciplina Intervenção Psicossocial do curso de Psicologia da
Universidade de Pernambuco Campus Garanhuns, cuja intenção
consistiu na realização de uma intervenção psicossocial pelo/as
estudantes em algum dispositivo de saúde no Município de Garanhuns.
A relevância deste trabalho evidência a intersetorialidade,
como uma das dimensões do cuidado em Saúde Mental. Foi estabelecida
uma parceria com o CAPS II localizado no Município supracitado, com o
objetivo de proporcionar às famílias a reflexão sobre o papel que possuem
no tratamento de seus familiares, bem como favorecer o protagonismo
familiar, e consequentemente a co-responsabilidade no tratamento do/a
usuário/a do CAPS.
Inicialmente foi realizado um diagnóstico situacional que
evidenciou as dificuldades que os técnicos da unidade sentiam na
operacionalização do grupo-família. Em um 2º momento, foram
estabelecidos contatos com familiares, visando estimular a participação
destes na intervenção. Foram realizadas duas oficinas com os familaires
de usuário/as. Participaram 30 pessoas,

17 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


OFICINAS TERAPÊUTICAS: UM ENCONTRO
HISTÓRICO-POÉTICO

Ananda Kenney da Cunha Nascimento, Milena Paula Donato de Oliveira


As oficinas terapêuticas são atividades grupais que visam à
socialização, expressão e inserção social, consideradas ferramentas
essenciais para o programa de tratamento elaborado pelo Centro de
Atenção Psicossocial- CAPS, o qual se trata de um serviço de atenção
diária de cuidado em saúde mental. Diante disto, este trabalho objetiva
apresentar os relatos das experiências vividas pelas autoras durante o
estágio curricular para conclusão do curso de Psicologia, facilitando as
oficinas terapêuticas de poesia e história, sendo estas atividades
submetidas à supervisão, ocorrendo no espaço físico que atende ao
público com neuroses graves e dependência química, no CAPS Casa
Forte, instituição privada da cidade do Recife-PE.
A promoção de saúde mental se dá, neste espaço terapêutico,
pela arte. Deste modo, a Oficina de Poesia estimula, de uma maneira
singular, o potencial criativo para “traduzir” emoções sentidas, ou seja, o
poeta interno de cada usuário, suscitadas pelas produções artísticas de
diversos poetas, sequenciando a apresentação das poesias, iniciando
com a produção de textos individuais, a cerca da percepção do mundo
interior de cada um, até textos elaborados coletivamente. É, também,
estimulando o desenvolvimento de potencialidades adormecidas que a
Oficina de História atua com a proposta de permitir que, através da
história ouvida, os usuários possam entrar em contato com seu mundo
interior, re-significando suas questões, tendo como estímulo a leitura de
contos tradicionais do Brasil e literatura de cordel, recolhidos por Luís
Câmara Cascudo, seguida da confecção de fantoches que funcionam
como a materialização e personificação da experiência interna.
Conclui-se que, os caminhos trilhados pela poesia e pela história
se bifurcam na forma de suas narrativas e na distinta maneira de
estimular a criatividade, entretanto, em diversos momentos se
entrecruzam, pois são dois dispositivos literários distintos que
conseguem, através da linguagem, tocar na alma do ser humano,
possibilitando a este criar e recriar sua história poeticamente. E, por isso,
o presente estudo tem sua importância científica por contribuir no
alargamento das discussões sobre os diferentes recursos utilizados em
oficinas terapêuticas, demonstrando, com isso, sua aplicabilidade
eficaz, obtendo efeitos terapêuticos que colaboram com a construção de
um novo olhar da sociedade e da comunidade científica sobre o
sofrimento mental.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 18


A SEXUALIDADE DO IDOSO, UMA
EXPERIÊNCIA DE TRABALHO EM GRUPO
PELO NASF/CAMARAGIBE

No Brasil o Ministério da Saúde, em 2006 aprovou a Política


Nacional do Idoso (Port. 2.528/MS) apresentando dois eixos norteadores:
medidas preventivas com destaque para a promoção da saúde e o
atendimento multidisciplinar específico para os idosos. O Programa Saúde
da Família surge como lócus desta política, onde coloca a necessidade de
uma atenção especial aos idosos, efetivada através de medidas
promocionais, proteção, identificação de agravos de saúde e medidas de
reabilitação fortalecendo os vínculos familiares e convívio social. O
Núcleo de Apoio a Saúde da Família/NASF aprovado em 2008(Port.
Vânia Cunha e Isabela Neves

154/MS), caracteriza-se pela ação compartilhada entre os profissionais do


PSF e especialistas do NASF, ampliando a abrangência e o escopo das
ações da atenção básica.
Este trabalho fez parte das atividades realizadas pelo NASF na
USF Santana em Camaragibe, tendo como alvo doze idosos, homens e
mulheres, entre 60 e 80 anos.
Objetivo geral: identificar a percepção que os idosos tinham sobre a
sexualidade, e o específico, avaliar se a discussão em grupo sobre o tema
favorecia a participação dos idosos.
Metodologia: pesquisa qualitativa, sendo a coleta de dados através da
técnica do grupo focal e um questionário para identificação dos
participantes caracterizando o perfil destes. Foram cinco encontros, com
dinâmicas de grupo e estimulação dos cincos sentidos: tato, olfato,
gustação, audição e visão, através do contato com objetos, perfumes,
música e o próprio corpo.
Resultados: mostraram que os idosos no primeiro encontro tinham
a concepção que na velhice a sexualidade era algo inexistente e fora de
cogitação, sendo atributo apenas da juventude. Ao final, viu-se um novo
conceito, a sexualidade passa a ser vista como requisito de saúde, de
troca de experiências, segundo depoimento de uma das participantes: “É
saúde, é amor e também símbolo do casamento, respeito e carinho”. Foi
avaliado que o trabalho em grupo é importante pela da falta de discussão
sobre o assunto, nas famílias e serviços de saúde.
Conclusão/recomendações: investimento em grupos específicos para
idosos nas Unidades de Saúde sobre a sexualidade, em atividades dos
programas de saúde da mulher e do homem e educação permanente dos
profissionais para lidar com o tema.

19 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


SERVIÇOS DE RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA:
ENTRE A TUTELA E A AUTONOMIA A
INCANSÁVEL BUSCA PELO CUIDADO...

Introdução: O deslocamento do foco de atenção da doença para o


sujeito é eixo principal da política de Saúde Mental, do município do
Recife e se traduziu na implementação de uma rede de cuidados, tendo
como meta o resgate da cidadania de pessoas com sofrimento psíquico
nas Residências Terapêuticas. Objetivo: Identificar a efetividade do
modelo psicossocial de base comunitária nas Residências Terapêuticas,
como o equipamento onde a prática deste se concretiza. Métodos:
Procedeu-se a um estudo qualitativo, empregando os métodos
fenomenológico e etnográfico, para análise das observações de diário
de campo e das narrativas de 10 membros da equipe cuidadora de
moradores de três Residências Terapêuticas, do Distrito Sanitário II da

Brena de Aguiar Leite


cidade de Recife, no período de novembro de 2008 a janeiro de 2009.
Para análise das narrativas duas variáveis de interesse foram eleitas:
dicotomia entre o modelo hospitalocêntrico e o psicossocial de base
comunitária, assim como a apropriação da reinserção social e da
autonomia dos moradores pelos membros da equipe técnica.
Resultados: Em todas as narrativas, esteve presente a intenção de
reinserir os moradores na sociedade e de os auxiliar no desenvolvimento
da autonomia, mas também um aprisionamento ao sistema tutelar
hospitalocêntrico, assim como um contexto predominantemente do
estar mais do que do habitar. Conclusão: É necessário desconstruir os
conceitos da Psiquiatria tutelar para que a proposta da Residência
Terapêutica avance nas questões da autonomia e da reinserção social e
as residências sejam percebidas pelos moradores como habitação.

Palavras-chave: Reforma dos Serviços de Saúde. Psiquiatria


Comunitária. Saúde

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 20


ESTUDO DE CASO: EXPERIÊNCIA COM AD
Carlos Gustavo da Silva Martin de Arribas, Carla Cynyra Cândido Graciano, Karla Emanuella

EM CAPS I
Ataíde de Amorim, Riva Karla Vieira da Silva, Viviane Lucia da Silva Pinto Alves

LGS, 35 anos, solteiro, no momento da triagem desempregado,


com primeiro atendimento realizado no CAPS em setembro de 2008.
Apresentava sintomas depressivos, alucinações, alterações de conduta,
ansiedade e uso abusivo de álcool. Desde a infância foi cuidado pela avó,
considerava-se mimado por ela, pois esta atendia a todos os seus pedidos.
Refere que a avó não o deixava brincar com os primos e dizia ser a única
pessoa que o amava. Genitora é portadora de transtorno mental e o genitor
o abandonou aos 3 anos de idade. Tem o ensino médio completo, evoluiu
com idade e série compatíveis, considera que teve uma adolescência
normal. Trabalhou nos correios, e depois em uma farmácia. Neste período
por causa de uma paixão não correspondida, tentou o suicídio pela
primeira vez e começou a beber. Diante dos prejuízos decorrentes do uso
do álcool, foi demitido. Montou uma barbearia em sua casa, passando a
trabalhar como barbeiro. Fez também algumas adaptações em sua
residência, com a finalidade de alugar um espaço e obter renda. No
entanto, costumava vender seus objetos para comprar bebida e, sempre
que era necessário, sua avó o auxiliava financeiramente. Devido ao uso do
álcool, vendeu todos os objetos da barbearia, resultando no fechamento
desta. No período da triagem, a avó esteve bastante doente e veio a
falecer e assim ficou sem referência familiar. O usuário aderiu à proposta
do CAPS, freqüenta regularmente o serviço. Participou da construção da
política de saúde do município, sendo eleito delegado do orçamento
participativo e da Conferência de Saúde Mental. Por vezes faz uso de
bebida alcoólica e procura o CAPS, ainda sob efeito desta, sendo acolhido
no serviço.
Percebe-se um indicativo de um redutor de danos neste movimento
do usuário, uma vez que a freqüência em que este comportamento ocorre
vem diminuindo gradativamente. Ao mesmo tempo em que no seu PTS as
estratégias são focadas para a retomada de atividades laborais, barbearia.
Reduziu a freqüência do uso do álcool, está em processo de
restabelecimento dos vínculos familiares. Comprou materiais para
barbearia e a reabriu, mas está com dificuldades em conseguir clientes,
acredita que devido à sua imagem na comunidade, as pessoas não
procuram os seus serviços. O tempo de longa permanência no CAPS
justifica-se por que a rede do município precisa ser mais articulada para
garantir a inserção deste e de outros usuários.

21 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


GRUPOS COM USUÁRIOS DE
BENZODIAZEPÍNICOS: UMA EXPERIÊNCIA
EM CONSTRUÇÃO

Caracterização do Problema: a alta prevalência do uso de


Benzodiazepínicos, prescritos nas UBS, apontava para a necessidade
de avaliar quais fatores estavam favorecendo essa prevalência, tendo
em vista que o uso dos BZ por períodos longos acarreta conseqüências
nas funções cognitivas dos usuários, altera a ressonância afetiva,

Jandira Saraiva, Vânia Cunha, Isabela Neves


aumenta os riscos para quedas, fraturas, reduzem o desempenho
sexual, trazendo também prejuízos na capacidade de memorização de
novos aprendizados.
Descrição da Experiência: foram realizados 10 encontros, com a
participação das UBS envolvidas, ACS, enfermeiras, médicas clínicas,
psicóloga, psiquiatra, fonoaudióloga, nutricionista fisioterapeutas e os
usuários vinculados ao Território III. Os objetivos foram: oferecer
informações sobre uso, abuso e dependência dos BZ; trabalhar fatores
motivadores e /ou reforçadores do consumo, os riscos existentes, e as
alternativas que possam fortalecer a redução e supressão do uso
abusivo e dependência; oferecer espaço de acolhimento, escuta,
amparo, e troca de experiências, possibilitando mudanças e o
desenvolvimento dos manejos/habilidades em relação aos conflitos,
sintomas, sofrimentos, que favorecem o uso/abuso/dependência dos
BZ; ampliar rede de suporte com estímulo a solidariedade e o respeito às
diferenças. A média de usuários de BZ variou entre 150 a 180 pacientes.
Utilizando-se o critério de tempo de uso e proximidade da re-consulta, o
total de usuários de BZ foi dividido em grupos de no máximo 25
pacientes por encontro, após o término do grupo, eles seriam atendidos
pelos médicos (clínicos e psiquiatra), podendo ou não ser iniciado na
ocasião o processo de gradativa redução de BZ. Foram identificados
fatores motivadores para o consumo e manutenção do uso: insônia
(40%); ansiedade (29%); conflitos familiares (20%); depressão e solidão
em torno de 20% dos participantes. O tempo de uso contínuo variou de 6
meses a 25 anos, e são mantidos como o meio mais fácil e rápido de
tamponar o desconforto emocional, a falta de esperanças, levando ao
“esquecimento”, amortecimento, desligamento emocional do individuo
frente ao cotidiano difícil, a mesmice, a imutabilidade, apenas “sedando”
a dor de viver em situações tão adversas.
Resultados alcançados/recomendações: o grupo como um todo,
incluindo a ESF e NASF partilharam suas vivencias, dificuldades e
busca de superação sem necessariamente intermediar com o uso ou
aumento dos BZ. Tentar gerenciar os conflitos causa menos danos do
que se “dopar”.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 22


EXPERIÊNCIA DE REABILITAÇÃO
PSICOSSOCIAL NUMA RESIDÊNCIA
TERAPÊUTICA FEMININA NO MUNICÍPIO DE
RECIFE

Este trabalho pretende compartilhar uma experiência de reabilitação


psicossocial numa Residência Terapêutica Feminina no Município de
Recife PE. A proposta consiste em apresentar a dinâmica dessa
Residência Terapêutica, onde moram 8 mulheres ex-internas do Hospital
Dom Vital. Para isso utilizaremos um estudo de caso de uma dessas
moradoras a fim de discutir o processo de desinstitucionalização,
Carolina Seabra, Paula Eskinazi, Sílvia Cavalcanti

ressocialização e projeto terapêutico singular, no qual está em constante


construção. A relevância desse compartilhar se refere à percepção de que
esse tipo de trabalho carece de trocas nas Redes de Saúde. Portanto,
pretende-se propiciar um espaço para ampliar esse debate acerca dessa
rica experiência.

23 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


TECENDO A REDE DE SAÚDE AOS
USUÁRIOS DE ÀLCOOL E OUTRAS DROGAS

Caracterização do Problema: No trabalho desenvolvido junto às


ESF do Território III, constatamos as dificuldades que os técnicos de
nível universitário, médio e ACS apontam em abordar as pessoas com
problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas. A existência de
parte da população que faz consumo problemático de substancias

Jandira Saraiva, Vânia Cunha e Isabela Neves


psicoativas em Pernambuco, com diferentes graus de
comprometimento tem sido documentada através das pesquisas do
CEBRID/UNIFESP.

Descrição da Experiência: buscamos sensibilizar as ACS e


demais profissionais sobre as questões que envolvem álcool e outras
drogas, através de questionários, discussões em pequenos grupos,
revisões de conceitos e “pré-conceitos” ainda existentes; informar dos
desdobramentos que as drogas provocam na vida de cada um,
interferindo na qualidade da abordagem dos usuários ad e seus
familiares; trabalhar e clarificar os sentimentos de medo, impotência,
revolta, falta de esperança em mudanças, inseguranças, e como buscar
superar essas dificuldades; facilitar a participação, através de dinâmicas
com músicas e danças, estimulando o companheirismo, troca de
experiências, partilha dos sentimentos e dos saberes, com aspectos
lúdicos, fortalecendo a auto-imagem e o sentimento de competência
pessoal e coletiva; firmar o compromisso de dar continuidade ao
processo de capacitação sobre “Noções Básicas em Álcool e outras
Drogas”, com os profissionais que poderão funcionar como
multiplicadores capilarizando o conhecimento adquirido no transcorrer
dos encontros, divulgando entre si as estratégias e ações que
alcançarem resultados positivos.
Foram utilizados recursos da Terapia Comunitária, que são norteados no
sentido de engajar todos os elementos culturais e sociais ativos na
comunidade. Ênfase nos trabalhos de grupo, partilha de experiências,
buscando soluções para as dificuldades do cotidiano, agregando e
fortalecendo auto-estima individual e coletiva. Ao término de cada
Oficina foi realizada avaliação com os participantes e facilitadores,
possibilitando a constante correção de equívocos e superação das
dificuldades assinaladas.
Efeitos alcançados/recomendações: A primeira Oficina sobre
Álcool e outras Drogas ocorreu em fevereiro de 2010, será agendada a
segunda para abril de 2010. Os depoimentos dos participantes, por
escrito ou/verbalizados, mostram que os objetivos foram alcançados de
forma positiva, e assinaladas algumas dificuldades a superar. A proposta
é que as oficinas se estendam a 100% das ESF em Camaragibe.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 24


INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE
EDUCAÇÃO FÍSICA DO PROGRAMA
ACADEMIA DA CIDADE NO ALBERGUE
TERAPÊUTICO CASA DO MEIO DO
CAMINHO ANTÔNIO NERY FILHO

Podemos observar que os benefícios da prática da atividade física


regular e orientada abrangem tanto a questão física como a psicossocial.
Assim, o Albergue Terapêutico Casa do Meio do Caminho Celeste Aida
Chaves proporciona, aos hóspedes, por meio do Grupo Movimento, a
Milena Oliveira Sampaio e Egídio do Prado júnior

pratica regular destas atividades. Neste momento, é oportunizado aos


hospedes, diversas alternativas através de exercícios corporais em
parceria com a Academia da Cidade do Recife. As práticas do grupo são
mais uma atividade terapêutica no tratamento, tentando resgatar a
autonomia destes cidadãos em buscar melhora na sua qualidade de vida
conscientemente devido ao prazer e bem-estar, substituindo às
substâncias psicoativas. Alguns dos hóspedes que passaram pelo
serviço, apresentaram certa resistência em participar do grupo, levando
em consideração que muitos nunca tiveram interesse ou oportunidade de
praticar esportes ou outra atividade física. Neste caso, é levada ao grupo
uma programação bastante variada em exercícios físicos e modalidades
esportivas sendo destacados: hidroginástica, alongamento, jogos,
práticas recreativas, ginástica localizada e aeróbica, palestras sobre
atividade física e saúde, caminhadas, encaminhamento para o Academia
da Cidade e passeios; desta maneira proporcionar experimentação e uma
expectativa futura de adoção de práticas saudáveis como a manutenção
destas e do tratamento pelos usuários do serviço. Alguns benefícios são
observáveis: aumento da disposição, diminuição da vontade de fumar,
melhor humor; diminuição da fissura, controle da ansiedade e estresse.
Também benefícios crônicos: diminuição da PA, perca de peso, Equilíbrio
corporal, diminuição de tremores, e incentivo para continuação da prática
posteriormente.
O Grupo Movimento tem por finalidade acrescentar outro momento
terapêutico na grade de atividades do Albergue, fugindo das praticas
convencionais, buscando outras que gerem uma mudança no olhar da
sociedade, devido a estigmas em torno do dependente químico, causando
descriminação em ciclos de suas vidas: familiar, profissional, na saúde;
Proporcionando assim estratégias para continuidade do tratamento,
ajudando-os a manter a abstinência, prevenindo recaídas.
A importância da participação no Grupo Movimento deve ser
trabalhada, com a observância de casos especiais. A orientação das
atividades é baseada na especificidade, respeitando seus interesses e
limites, despertando o desejo pela autonomia, estimulando a aquisição de
hábitos saudáveis.

25 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA: UM RELATO
DE EXPERIÊNCIA

Este trabalho pretende compartilhar uma experiência de


reabilitação psicossocial numa Residência Terapêutica Feminina no
Município de Recife PE. A proposta consiste em apresentar a dinâmica
dessa Residência Terapêutica, onde moram 8 mulheres ex-internas do

Carolina Seabra, Paula Eskinazi, Sílvia Cavalcanti.


Hospital Dom Vital. Para isso utilizaremos um estudo de caso de uma
dessas moradoras a fim de discutir o processo de
desinstitucionalização, ressocialização e projeto terapêutico singular, no
qual está em constante construção. A relevância desse compartilhar se
refere à percepção de que esse tipo de trabalho carece de trocas nas
Redes de Saúde. Portanto, pretende-se propiciar um espaço para
ampliar esse debate acerca dessa rica experiência.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 26


RELATO DE EXPERIÊNCIA: IMPLANTAÇÃO
DA RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA DO CABO
DE SANTO AGOSTINHO

Caracterização do Problema: No atual contexto da política de Saúde


Mental do Brasil há a orientação para a desinstitucionalização e
ressocialização dos pacientes com história de longa permanência, como
reconhecimento da dívida histórica da sociedade para com as pessoas
com sofrimento psíquico. Dívida proveniente de uma época em que a
resposta concedida à loucura era a internação como sinônimo de
Juliana Vasconcelos França de Oliveira

tratamento, focada na medicalização e relação de tutela, produzindo uma


realidade de exclusão, cronificação e desabilitação dos pacientes diante
da própria condição de existência.
Descrição da experiência: Em consonância com as diretrizes da política
nacional de saúde mental, o município do Cabo de Santo Agostinho
elaborou uma proposta de desinstitucionalização para os pacientes do
hospital Alberto Maia, em Camaragibe, que eram provenientes do
município do Cabo, promovendo a abertura de sua primeira Residência
Terapêutica masculina. No ano de 2008, após um processo de criação de
vínculo com os pacientes, diálogo com as famílias, atividades de transição
no território, articulação com a rede de saúde mental, foi inaugurada a
primeira residência terapêutica masculina do município, com a
composição de cinco moradores. Buscou-se viabilizar a reinserção social
e a reabilitação psicossocial dessas pessoas, através da construção do
seu projeto terapêutico individualizado, articulando recursos da rede de
saúde mental, sócio-familiar e intersetorial, no território. Através do
estímulo à construção subjetiva da concepção de casa/lar, das atividades
cotidianas na casa, do estímulo ao cuidado pessoal, da possibilidade e
estímulo de exercer escolhas e da circulação (e redescoberta) na
comunidade, tentou-se trabalhar a reabilitação nos diversos cenários da
vida dos moradores.
Efeitos alcançados: Passado o primeiro ano da experiência de
implantação da Residência é possível visualizar uma efetiva
reaproximação das famílias dos moradores, criação de vínculos com a
comunidade, utilização da rede de saúde e sócio-assistencial territorial
pelos moradores, possibilidades de circulação na comunidade, aumento
significativo da autonomia dos moradores ( cada um de modo peculiar e
em ritmo próprio) e estímulo contínuo à reabilitação nas atividades
cotidianas movidas pelo projeto de vida de cada morador.
Recomendações: A elaboração de um projeto de desinstitucionalização
de pacientes com história de longa permanência, com implantação de
residências terapêuticas é um processo muito complexo e que exige um
comprometimento ético da equipe que o realiza, uma vez que se trata de
devolver às pessoas com sofrimento mental direitos fundamentais que
lhes foram historicamente negados como a liberdade, o cuidado integral e
à própria possibilidade da existência.

27 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


CASA DO MEIO DO CAMINHO CELESTE
AÍDA CHAVES: HOSPEDARIA QUE
RECUPERA E TRANSFORMA VIDAS

A Casa do Meio do Caminho é um serviço que colabora para a


integralidade da atenção aos usuários de álcool e outras drogas. É um
ambiente protegido para pessoas que estão querendo ser tratadas da
dependência de substancias psicoativas. É também um modelo de
comunidade terapêutica. Esse serviço foi fundado em Recife no ano de
2004, mas o Aída Chaves em 2006. A porta de entrada ao usuário para
este albergue é o CAPS Ad (Centro de Apoio Psicossocial álcool e
drogas). O usuário passa primeiro por um tratamento no CAPS Ad e
quando “não consegue se libertar das drogas”, “quando o tratamento é

Edylla Barbosa Lins Aroucha


limitado é transferido para a hospedaria, que é a casa do meio do
caminho: um albergue que o paciente se interna por um tempo que varia
de 30 a 40 dias, porém alguns se rendem devido às crises de abstinência
ou por outro motivo e voltam aos seus lares de origem. O paciente só
permanece no Aída Chaves por vontade própria.
Embora muitos, ficam desconsolados quando recebem alta
terapêutica e voltarão aos seus lares, muitas vezes, dentro de um
ambiente cercado de drogas. Os usuários moram no albergue por este
tempo e tem direito a seis refeições diárias, atividades físicas, rodas de
leitura, passeios e sessão de filmes. Há dificuldades em relação ao
espaço físico, já que a casa comporta 30 pacientes, do sexo masculino.
A outra grande dificuldade é que o Aída Chaves ainda não é regularizado
pela prefeitura do Recife. Em Recife só há três serviços de albergues
terapêuticos e dois funcionam dentro do Aída Chaves e em relação aos
ARD que trabalham sob situação de stress e o medo os acompanha
todos os dias. A equipe multiprofissional é composta por ARD (agente
redutor de danos), psicólogos e educador físico, dentre outros. Os
profissionais do albergue necessitam de um olhar terapêutico também,
já que passam por situações de risco em seu dia a dia. O albergue
restaura vidas, de acordo com um usuário (A.) que teve alta terapêutica e
afirmou que levará da casa do meio do caminho uma “experiência de
vida, as amizades, a saúde que conquistou lá, já que entrou doente na
casa”. Este ex dependente de crack e álcool afirmou que voltará à casa a
fim de ajudar os colegas para se libertarem definitivamente do vício. O
exemplo de A. 18 anos mostra que o trabalho multiprofissional da equipe
da Casa do meio do Caminho Ainda Chaves é exemplo para Recife e
precisa ser valorizado e divulgado.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 28


CAPSAD CAMPO VERDE O INÍCIO DE UM
TRABALHO DENTRO DO TERRITÓRIO PARA
A CONSTRUÇÃO DE UMA REDE DE
ATENÇÃO INTEGRAL AO USUÁRIO DE
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

O município de Camaragibe tem como meta a estruturação e


ampliação da rede de saúde mental para atender seus munícipes com
algum transtorno psíquico ou sofrimento em decorrência do uso de álcool e
outras drogas. Tem como princípio norteador a construção de uma rede
substitutiva articulada com o território e que favoreça autonomia aos
usuários atendidos.
Renata Barreto Fernandes de Almeida

Diante desse cenário, a Política de Redução de Danos - PRD


começa a ter um espaço significativo no município encarando a
problemática do consumo exacerbado de substâncias psicoativas de
forma comprometida unindo forças para tecer uma rede de cuidado
integral para esses usuários. O CAPSad Campo Verde, pontapé inicial na
construção dessa rede, está em processo de implementação e já
desenvolve uma ação de sucesso em seu território. Alguns percalços
operacionais fizeram com que esse serviço passasse por várias
dificuldades antes do seu funcionamento. Problemas diversos fizeram
com que a equipe fosse contratada sem uma sede para o funcionamento
do referido serviço de saúde. A gestão se viu diante de uma equipe ansiosa
para o início do trabalho e com muito entusiasmo para a construção da
PRD do município.
Diante dessas dificuldades, as ações precisaram começar dentro
do território. Para alguns técnicos, que percebiam a assistência apenas
dentro do CAPSad, a proposta precisou ser bem compreendida para que
todos investissem de corpo e alma para o sucesso do trabalho. Dividimos a
equipe de forma que cada técnico do CAPSad ficasse responsável por 5
ou 6 Unidades de Saúde da Família - USF. O objetivo da ação era conhecer
de forma real todo o território de Camaragibe a fim de mapear e
diagnosticar quanto aos seus equipamentos de risco e de proteção para
uma melhor atuação junto aos usuários do município. Além desse
mapeamento, os profissionais das USF terão, após a inauguração do
CAPSad, este técnico como apoiador institucional diante das dificuldades
com usuários de álcool e outras drogas em suas áreas de abrangência
numa lógica de matriciamento e educação permanente. Cada profissional
também irá desenvolver em suas USF uma capacitação, dividida em
alguns módulos teóricos e práticos para que uma vez por mês, durante no
mínimo seis meses, as ESF possam discutir junto com o técnico de
referência do CAPSad questões referentes ao consumo de álcool e outras
drogas.
Hoje, a equipe reconhece que qualquer trabalho de prevenção,
promoção ou assistência precisa ter como base o território e suas
especificidades.

29 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


CAPS AD-EULAMPIO CORDEIRO:
ACOLHIMENTO UMA PROPOSTA ANTIGA

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um serviço de saúde


do SUS que visa o tratamento de pessoas que sofrem de transtornos
mentais e necessitam de um cuidado integral. Surgiu como estratégia na
assistência em saúde mental, resultante da reforma psiquiátrica no
Brasil. Tem como alvo assistir o indivíduo para promover sua reinserção
social. O CAPS Ad recebe usuários com transtornos decorrentes do uso
de substâncias psicoativas, e seus familiares.
O CAPS Ad Eulampio Cordeiro, localizado no Distrito IV, único da
área, foi fundado em 1986 e atende cerca de 42 pacientes, sendo estes

Edylla Barbosa Lins Aroucha


divididos em grupos de convivência, intensivo, semi intensivo e
acolhimento. Os pacientes são distribuídos em turnos manha, tarde e
noite. O horário é das 8 às 21horas. No serviço, os usuários recebem
atendimento multiprofissional, realizado por Enfermeiros, Auxiliar de
Enfermagem, Psiquiatras, Psicólogos, Assistentes Social, Educadores
Físicos, Terapeuta Ocupacionais, entre outros.
O usuário entra no serviço através do Acolhimento que começa
no momento que esse é ouvido na recepção. Depois passa por uma
triagem e em seguida, se insere num grupo de terapia, de acordo com o
resultado da avaliação clínica e psiquiatra. Acolhimento significa dar
atenção, acolher, receber, considerar.
No CAPS, Eulampio Cordeiro acolhimento é o estabelecimento
de uma relação do usuário e família com os profissionais e serviço, ou
seja, um processo humanizado. O acolhimento neste serviço, é um
processo de trabalho que existe desde sua implementação, segundo
alguns profissionais que trabalham na casa há mais de uma década. Na
concepção deles, o usuário que procura o Eulampio Cordeiro, “não
voltará para casa sem ajuda e desconsolado”, “ele não volta para casa
sem ser atendido, aqui ele é sempre ouvido”; “não precisa ter uma sala
específica, até embaixo de uma árvore ouvindo aquele usuário se faz o
acolhimento”. Uma peculiaridade é que alguns usuários têm alta ou
abandonam o serviço e família continua participando do grupo de
acolhimento. Os profissionais do Eulampio só relatam vantagens em
trabalhar nesse envolvimento de usuário, família e profissionais.
A humanização na assistência, é a garantia do retorno do usuário
no serviço. É imprescindível a implantação e implementação de outros
CAPS Ad, pois o mesmo é insuficiente para atender a demanda da
população do Distrito IV.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 30


O CUIDADO À CRIANÇA E AO
ADOLESCENTE DO MUNICÍPIO DE
CAMARAGIBE: DO AMBULATÓRIO AO
CAPSI TECENDO REDE, BUSCANDO A
INTEGRALIDADE

O AMI Ambulatório Multiprofissional Infantil funciona desde 2006,


no município de Camaragibe, prestando assistência às crianças e
adolescentes com algum tipo de sofrimento psíquico. Organizado de
forma ambulatorial, as ações deste serviço de saúde sempre tiveram um
caráter multiprofissional atuando em parceria com os profissionais da
Educação, onde uma demanda crescente, advinda das escolas, com
Renata Barreto Fernandes de Almeida

queixas de dificuldades de aprendizagem e no comportamento dessas


crianças, sempre preocuparam muito os profissionais dessa equipe. A
preocupação consistia em reavaliar e dinamizar o trabalho, como atender
mais rápido a crescente lista de espera, e principalmente, como atender
essa clientela de forma mais integral e menos compartimentada. A
necessidade de pensar numa prática em que a família e o território passam
a ter relevância no tratamento fez com que essa equipe pudesse repensar
suas práticas institucionais.
Assim, outra modalidade de clínica, diferente do modelo
consultorial hegemônico, apontou para o início de um processo de
transformação onde a prática individualizada do ambulatório começou a
dar espaço ao CAPSi Camará Mirim Centro de Atenção Psicossocial para
crianças e adolescentes - com seu modelo interdisciplinar e territorial,
tendo como carro chefe o trabalho em grupo com essas crianças,
adolescentes e familiares. A rede ambulatorial, nesse processo, também
precisou de uma reorganização. Onde antes não existia espaço para a
criança e o adolescente, hoje, gradativamente, vem atendendo as
demandas mais específicas do ambulatório. Psicólogos, psiquiatras e
fonoaudiólogos estão começando um trabalho com essas crianças o que
auxilia o CAPSi a dar conta de uma fila de espera de mais de 500 pessoas.
Desde a sua inauguração como Centro de Atenção Psicossocial infantil,
em fevereiro de 2010, mais de 300 crianças e adolescentes foram
atendidas, avaliadas, admitidas ou encaminhadas para a rede
ambulatorial ou para um trabalho junto aos Núcleos de Apoio a Saúde da
Família. O que antes era uma fila de espera interminável para a população,
hoje se configura num trabalho em rede atendendo mais rápido e de
acordo com a especificidade de cada caso.
Atualmente, mais de 120 crianças estão sendo atendidas no CAPSi
e muitas outras nos outros equipamentos da rede. Todo esse processo
encontra-se em construção, porém com a certeza de um caminhar
tecendo e balançando as redes de atenção integral às crianças e
adolescentes do município de Camaragibe.

31 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: A
EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO DE
ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Vera Lúcia Dutra Facundes, Othon Bastos, Maria Gorete Lucena de Vasconcelos
No Brasil, o modelo assistencial proposto a partir da reforma
psiquiátrica foi constituído de uma rede de atenção psicossocial, com
serviços de base comunitária. Nesse contexto, os Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS) têm merecido especial atenção pelo fato de ter sido
delegado a esses serviços o papel de articulador de uma rede de
atenção à Saúde Mental. Este trabalho tem por objetivo apresentar as
percepções que foram construídas pelos sujeitos que compõem um
CAPS do município de Recife, sobre as ações de cuidado desenvolvidas
no contexto institucional. Esse trabalho é parte de uma pesquisa
qualitativa realizada através das técnicas de observação participante,
entrevistas e análise documental. Utilizou-se análise de conteúdo das
informações e foram respeitados os procedimentos éticos previstos na
resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Pesquisa (CONEP).
Os resultados apontaram que a categoria temática 'O cuidado na
Atenção Psicossocial nova chance de recompor a vida' evidenciou as
percepções mais amplas acerca do CAPS, com destaque para a sub-
categoria 'Compreensão sobre a doença mental(re)construindo
conceitos'. O cuidado no âmbito da atenção à Saúde Mental a partir do
modelo psicossocial se constrói por avanços, contradições e paradoxos
de uma clínica permeada por ideais políticos, científicos, sociais e éticos.
Esse complexo de saberes e valores, onde se inserem as práticas em
Saúde Mental, caracteriza o interior dos serviços e o contexto territorial
onde ele se localiza.
Por um lado observou-se que os sujeitos expressam uma
concepção mais ampliada do processo saúde-doença, associando a
saúde à condição de liberdade e atividades institucionais de caráter
psicossocial. No entanto, também se observaram percepções e ações
ainda centradas, predominantemente, na concepção organicista e na
perspectiva medicalizante dos sintomas, revelando contradições de
uma prática em transformação.
A sustentação da reforma da assistência em Saúde Mental passa
pelo investimento técnico, político, científico e ético. Desta maneira, para
a construção das bases do cuidado em saúde mental, tão fundamental
quanto investir na transformação relativas às características das
interações interpessoais nos atos assistenciais, é debruçar-se, cada vez
mais, sobre as raízes e significados biopsicossociais das diferentes
formas de adoecer mentalmente, acrescidos de forma articulada, das
tecnologias e serviços disponíveis para sua superação.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 32


OUVINDO VOZES: COM A PALAVRA, OS
USUÁRIOS E FAMILIARES DE SAÚDE
MENTAL

Os usuários dos Serviços de Saúde Mental, que durante anos


foram vítimas do abandono e da violência das internações psiquiátricas
em instituições asilares, exigiram que suas opiniões fossem consideradas.
Grupo de participantes do Nucleo Estadual da Luta

São eles que podem dizer o que querem. São eles, os que hoje freqüentam
os Serviços Substitutivos e que tem sua cidadania e inclusão social
potencializadas, é quem pode dizer que a Reforma Psiquiátrica Brasileira
se constitui num patrimônio técnico, ético e político, do qual não estão
dispostos a abrir mão. São eles, os usuários e familiares da Luta
Antimanicomial, a prova viva de que os loucos podem viver em sociedade
e que podem ser tratados em liberdade e com cidadania.

O Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial Libertando


Subjetividades/PE atualmente na Secretaria Executiva da Rede Nacional
Internúcleos da Luta Antimanicomial RENILA, com apoio do Conselho
Federal de Psicologia e de diversas entidades, organizou no dia 30 de
setembro de 2009, a Marcha dos Usuários à Brasília Por uma Reforma
Psiquiátrica Antimanicomial.A Marcha foi um espaço de visibilidade e
expressão política dos usuários de Saúde Mental e suas organizações
junto ao Governo Federal e a sociedade, com o objetivo de defender o
SUS, a Lei 10.216/01, reivindicar a realização da IV Conferência Nacional
de Saúde Mental, a Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, evidenciar o
protagonismo dos usuários e fortalecer a Organização Política dos
mesmos. Pernambuco teve uma representação significativa de pessoas,
dentre eles usuários, familiares e técnicos que puderam apresentar suas
reivindicações na Presidência da República e demais autoridades
legislativas e judiciárias, culminando com a realização da IV Conferência
Nacional de Saúde Mental, além do fortalecimento do exercício de
cidadania, concretizado através da construção coletiva das ''Pautas para a
R e f o r m a P s i q u i á t r i c a A n t i m a n i c o m i a l ' '

A MARCHA contou com uma especificidade importante: enquanto


outros grupos sociais marginalizados conquistaram voz e plena cidadania
no processo de redemocratização do Brasil, os usuários dos serviços de
Saúde Mental não chegaram a ser reconhecidos como atores no processo
político. Esta MARCHA certamente foi um momento histórico na conquista
de voz autônoma e de cidadania plena deste segmento da sociedade.
Geralmente nos meios de comunicação são ouvidas autoridades e
profissionais "doutores na matéria". Casos mal sucedidos são pinçados e
apresentados como regra, fragilizando o trabalho desenvolvido e
influenciando negativamente a opinião pública, contra os avanços da
Reforma Psiquiátrica. A voz do usuário nunca havia aparecido.

33 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


A PELEJA ANUNCIADA NO SERTÃO DO
VELHO CHICO:NUMANS EM DEFESA DA
VIDA NO MOVIMENTO ANTIMANICOMIAL

No Vale do São Francisco vem se fortalecendo a preocupação em


torno da consolidação da Reforma Psiquiátrica e seus desdobramentos
nas esferas da gestão, do cuidado e da formação profissional em saúde.
Como reflexo disso, aconteceu, em maio de 2009, o I Fórum de
Mobilização Antimanicomial: Loucura em Movimento, a partir de ação
integrada da UNIVASF e Secretarias Municipais de Saúde de Juazeiro-
BA e Petrolina-PE. Inaugurava-se uma articulação inédita entre os dois
municípios e a instituição formadora, gerando-se entre os participantes o
compromisso de criar um núcleo permanente de discussão sobre a Luta
Antimanicomial e Reforma Psiquiátrica na região.
Em outubro de 2009, houve a primeira roda de conversa que
possibilitou a criação do Núcleo de Mobilização Antimanicomial do
Sertão NUMANS, que vem agregando pessoas interessadas na
temática em encontros sistemáticos. Durante o planejamento do II

NUMANS
Fórum de Mobilização Antimanicomial (FMA), previsto para maio de
2010, surgiu, a partir da convocação para a IV Conferência Nacional de
Saúde Mental - Intersetorial, a proposta de conjugar a realização do II
FMA com uma conferência regional, agregando municípios
circunvizinhos dos estados da Bahia e de Pernambuco.
Os integrantes do NUMANS (estudantes, usuários, profissionais
da rede de saúde, gestores, professores) partiram para as articulações,
apenas intuindo a dimensão do desafio e encontraram receptividade das
Secretarias Estaduais de Saúde da Bahia e de Pernambuco e de outros
parceiros, como a UNEB e o CRP-02. Com muita ousadia, vontade e
tenacidade, foi realizada I Conferência Interestadual de Saúde Mental
do Submédio São Francisco/II Fórum de Mobilização Antimanicomial,
fruto de trabalho coletivo, certamente um marco histórico-político para
os municípios envolvidos e um avanço no que se refere à discussão da
regionalização e integração da rede de cuidados às pessoas que
apresentam transtornos psíquicos na região. As reverberações dessa
ousadia se multiplicam, com a ida das delegações da região às
respectivas Conferências Estaduais (BA/PE).
O trajeto do NUMANS apenas se inicia e o desafio está posto. A
identidade almejada é clara (ainda que em trânsito contínuo): ser
movimento social, escapando a determinações institucionais e
burocráticas. Essa é história (em andamento) que se pretende relatar,
acreditando-se que revela a força da mobilização social, podendo
iluminar outras iniciativas do gênero.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 34


SAÚDE MENTAL NA ESCOLA: O PAPEL DAS
ESCOLAS MUNICIPAIS NA PREVENÇÃO AO
USO INDEVIDO DE DROGAS EM
GARANHUNS

As Escolas Municipais São Camilo, Jose Ferreira Sobrinho, Ranser


Alexandre Gomes, Salomao Rodrigues Vilela e Mario Matos, sendo 2
rurais e 3 urbanas, de clientela dos anos finais do ensino fundamental,
participaram do curso de Prevencão do Uso de Drogas para Educadores
de Escolas Publicas a distancia, desenvolvido pela parceria do
Araujo, Claudia de O. e Fidelis, Fernando A. P.

SENAD/MEC/Casa Civil onde durante 6 meses num total de 120 horas


onde leram, debateram, propuseram e discutiram assuntos pertinentes ao
tema com o objetivo de estimular ações educativas e de promoção e
prevenção em saúde mental no tocante ao combate ao uso indevido de
drogas.
Ao final do curso como forma de avaliação foi apresentado um
projeto de intervenção em cada escola, no intuito de desenvolver ações
coletivas junto aos trabalhadores de educação, gestores, estudantes,
familiares, comunidade em geral alem dos parceiros institucionais. O
objetivo geral dos projetos de intervenção foi incluir no projeto político
pedagógico e no currículo através de temas transversais que promovam
ações que garantam o bom desenvolvimento físico e mental da
comunidade escolar relacionadas a prevenção do uso de drogas
contribuindo para a formação do adolescente em um cidadão critico,
cumpridor dos deveres e esclarecidos quanto aos seus direitos.
O trabalho foi desenvolvido utilizando-se da seguinte metodologia:
sensibilização dos professores, funcionários administrativos e membros
da comunidade; palestra para os pais e comunidade em geral; estabelecer
parcerias com instituições públicas e privadas; capacitação para
professores e alunos promotores; oficinas; confecção de cartazes,
panfletos entre outros; projeção de filmes com o tema drogas; promoção
de trabalhos de redação sobre o tema: Drogas; apresentação de trabalhos
realizados pelos alunos; realizar seminários; formação de grupos para
monitoria dos trabalhos; mostra de teatro, entre outros.
Nesta parceria entre Saúde Mental e Educacão, pretendemos
elevar a auto estima dos estudantes e dos trabalhadores em educacão,
bem como sensibilizar a comunidade escolar e local que o uso de drogas é
prejudicial ao desenvolvimento do ser humano no contexto sócio
econômico cultural, formando assim adolescentes multiplicadores para
disseminar a prevenção do uso de drogas na localidade, diminuindo os
fatores de risco e aumentando os fatores de proteção no espaço urbano e
rural constituindo de fato uma rede social de promoção e prevenção a
saúde mental.

35 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


SAÚDE MENTAL NA ESCOLA: O PAPEL DA

Tavares, Silvana, Silva, Maristela de A. S. da, Espinhara, Ana E. de S., Silva, Marileide G. do N. e
INTERSETORIALIDADE NA INTEGRACÃO
DAS ESCOLAS MUNICIPAIS, ESTADUAIS E
PARTICULARES NA PROMOCAO E
PREVENÇÃO A SAÚDE MENTAL EM AGUAS
BELAS
As Escolas Municipais Gerson Albuquerque Maranhão, Eliza Cabral e
Leonizio Duarte, as Escolas Estaduais João Rodrigues Cardoso e Nicolau
Siqueira e as Escolas Indigenas fulni-ô Marechal Rondon , Ambrosio Pereira
Junior e Antonio Jose Moreira além do Instituto Educacional Santa Cecilia, ,
sendo todas urbanas e 1 rural, de clientela dos anos iniciais e finais do ensino
fundamental e ensino medio, propuseram a participar do Programa Viver a
Diferenca que foi implantada desde Janeiro de 2010, desenvolvido pela
parceria das Secretarias Municipais de Assistencia Social, Educação, Saúde,
Esportes, Cultura, Turismo, Meio Ambiente, alem das Assessorias Especiais da
Mulher e da Segurança Publica com o objetivo de implantar o Programa
Municipal de Saúde Mental, estimulando a Inclusao Social dos usuários com
transtornos mentais e de álcool e outras drogas, priorizando a atenção as

Fidelis, Fernando A. P
crianças e adolescentes, gestantes, mulheres, idosos, homens, trabalhadores
urbanos e rurais além das Comunidades Indigenas, Quilombolas e do Campo,
promovendo ações educativas bilingue e de promoção e prevenção em saúde
mental no tocante ao cuidado em saúde mental aos trabalhadores em
educação e a comunidade escolar. No decorrer deste ano e dos anos seguintes
até o fim da gestão municipal, como forma de avaliação será apresentado um
projeto de intervenção em cada escola, no intuito de desenvolver ações
coletivas junto aos trabalhadores de educação, gestores, estudantes,
familiares, comunidade em geral alem dos parceiros institucionais. O objetivo
geral dos projetos de intervenção será incluir nos projetos político pedagógico e
no currículo através de temas transversais, que promovam ações que
garantam o bom desenvolvimento físico e mental da comunidade escolar
relacionadas a promoção e prevenção do cuidado em saúde mental
contribuindo para a formação de trabalhadores em educação, de adolescentes
e de familiares em cidadão criticos, cumpridor dos deveres e esclarecidos
quanto aos seus direitos. O trabalho esta sendo desenvolvido utilizando-se da
seguinte metodologia: sensibilização dos gestores, professores e funcionários
administrativos; estabelecendo parcerias com instituições públicas e privadas;
capacitação para todos os trabalhadores em educação semanalmente
alternando os turnos; formação de grupos operativos em cada escola, oficinas;
confecção de cartazes, panfletos entre outros; projeção de filmes; promoção de
trabalhos de redação sobre o tema; apresentação de trabalhos realizados
pelos trabalhadores em educação e alunos; realização de seminários; mostra
de teatro, entre outros. Nesta parceria entre Saúde Mental e Educacão,
pretendemos elevar a auto estima dos trabalhadores em educação e dos
estudantes, bem como sensibilizar a comunidade escolar e local que os
Transtornos Mentais e o uso de álcool e outras drogas é prejudicial ao
desenvolvimento do ser humano no contexto sócio econômico cultural,
formando assim trabalhadores em educação e adolescentes multiplicadores
para disseminar a promoção e prevenção da Saúde mental e o uso de drogas
na localidade, diminuindo os fatores de risco e aumentando os fatores de
proteção no espaço urbano e consequentemente rural constituindo de fato uma
rede social de promoção e prevenção a saúde mental.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 36


Oliveira, Maria do Carmo Buonafina Pinheiros, Marta Gouveia Ramos, Rosa Maria Noleto Reis, Cleide
TECENDO REDES DE CUIDADO EM SAÚDE
Maria das Graças Diniz, Célia Maria Mendonça Galvão, Sandra Borges de Lucena, Joseany Alves de

MENTAL: A EXPERIÊNCIA INTERSETORIAL


E INTERDISCIPLINAR DO CAPS JOSÉ
CARLOS SOUTO NA CONSTRUÇÃO DE
PROJETOS TERAPÊUTICOS SINGULARES

Caracterização do Problema: O CAPS José Carlos Souto, situado


no Distrito Sanitário II, atende pessoas com transtorno mental. A
perspectiva é acolher a crise, garantir o tratamento medicamentoso e
reinserir estes usuários em espaços de convivência, oportunizando o
acesso aos programas, projetos e serviços socioassistenciais, o que
requer articulação com a Rede de Saúde e de Assistência Social. Os
Maria Batista Rodrigues, Iris Maria da Silva

sujeitos envolvidos nesses projetos terapêuticos tinham as seguintes


particularidades: condição de risco e vulnerabilidade social, vínculos
familiares rompidos, alguns desses em situação de abandono e de rua,
com histórico de vários internamentos em hospital fechado e direitos
violados.

Descrição: O presente trabalho visa relatar a intervenção


intersetorial e interdisciplinar na realização de Projetos Terapêuticos que
oportunizaram ao usuário assistido pelo CAPS inserção em espaços de
garantia de segurança de acolhida quer seja na rede de Assistência Social,
quer seja pelas Residências Terapêuticas. Nesses casos o CAPS se
articulou com o território através dos seguintes dispositivos institucionais:
PSF, CRS-IASC, INSS, HUP (Pavilhão Adail Santos), Ministério Público e
Residências Terapêuticas. A intervenção terapêutica ocorreu com a escuta
clínica de cada caso e da abordagem à família pela equipe interdisciplinar,
através de visitas domiciliares, da articulação com a rede de serviços de
saúde e rede social do território, além de discussões em supervisão
clínico-institucional da equipe. Teoricamente, embasa-se no método
dialético organizado a partir do contexto das relações sociais que
envolvem a questão social no âmbito da Saúde. Utilizamos também a
observação participante e a análise de conteúdo como instrumento de
leitura da realidade.

Efeitos Alcançados: Compensação da crise psíquica, inserção do


usuário na rede de saúde e assistência social, na família, em Residência
Terapêutica, garantindo o acolhimento, rendimento, convivência e
inserção em espaços de cuidado.

Recomendações: Desta forma podemos afirmar que os casos em


que o Projeto Terapêutico possui uma abrangência do ponto de vista
psicossocial, a interlocução com a rede é fundamental. Requer ações
interdisciplinares e intersetoriais, o que possibilita o cuidado integral,
através do trabalho vivo em Saúde. Desmistifica práticas assistencialistas
e favorece a consolidação das Políticas de Saúde e Assistência como
direito do cidadão e dever do Estado.

37 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


Ana Luisa dos Santos, Andréa Brito, Alessandra Burégio, Denise Pereira, Fabiane Loureiro, Kátia
A IMPLANTAÇÃO DE EQUIPES MATRICIAIS
EM SAÚDE MENTAL NO MUNICÍPIO DO
CABO DE SANTO AGOSTINHO

Kely Santos, Kelma Teixeira, Lorena Galvão, Marília Benício, Rebeca Vidal
A rede básica de saúde do município do Cabo de Santo Agostinho
conta com 39 USF, 03 ESPACS e 01 CS E 03 UBS, que estão
distribuídas dentro de 04 Regionais.
Já a rede de saúde mental possui 03 CAPS's, sendo 01 destinado a
Transtornos Mentais Severos-nível II; 01 CAPS Infantil e 01 CAPS ad, 02
Ambulatórios de Psiquiatria e 01 de psicologia e 01 Residência
Terapêutica.
As Equipes Matriciais foram implantadas com o objetivo de atuar
nas 04 regiões politico-administrativas existentes, e devem ser
compostas por 01 psicólogo, 01 assistente social, 01 terapeuta
ocupacional, 01 arte-educador e 01 psiquiatra, como membro itinerante,
dando o suporte necessário a cada uma delas.
Tem como principal objetivo, ser suporte técnico-pedagógico em
saúde mental na atenção básica, na perspectiva de promover maior
resolutividade aos casos de saúde mental no território e uma maior
articulação com a rede de saúde mental do município. Preconiza um
modelo de atenção descentralizado e de base comunitária, que, através
da transversalização de saberes, visa oferecer melhor cobertura
assistencial dos agravos mentais e maior potencial de reabilitação
psicossocial para os usuários da atenção primária.
As ações das EM passam prioritariamente pelo conhecimento e
domínio do território, adequando-se segundo as demandas específicas
de cada Regional a que estão vinculadas, bem como atuam num melhor
direcionamento do fluxo da rede de saúde mental e na sua melhor
articulação.
Os principais resultados obtidos desde a sua implantação tem
sido: Fortalecimento das ações conjuntas entre a EM e as Equipes de
Saúde da Família; Maior articulação junto aos supervisores da Atenção
Básica no tocante às ações de Saúde Mental no território; Maior
articulação com outras Setores (Ministério Público; Guarda Municipal;
Delegacias; Hospitais Gerais etc.) na realização de intervenções junto a
usuários em sofrimento psíquico; Redução no número de internações
psiquiátricas.
Suas ações, porém, só tem maior eficiência e eficácia quando
inseridas e articuladas com uma rede de cuidados e de atenção à saúde,
assistência social e educação, no sentido de potencializá-las e ampliá-
las, bem como, inserir-se enquanto metodologia de ação, que busca
diminuir a fragmentação imposta ao processo de trabalho decorrente da
especialização crescente em quase todas as áreas de conhecimento.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 38


O APOIO MATRICIAL COMO PROCESSO DE
CUIDADO NA SAÚDE MENTAL: A
EXPERIÊNCIA DO DISTRITO SANITÁRIO VI
RECIFE
Elizangela Nunes de Santana, Maria Edilma de Lima, Edjane Gomes Sampaio

O processo da Reforma Psiquiátrica no Brasil apontou para uma


urgente articulação da Saúde Mental com a Atenção Básica na tentativa de
superar o modelo de atenção fundado no saber hospitalocêntrico, partindo
para um modelo de intervenção que privilegia a atenção integral e
territorializada.
Nesse contexto, o Distrito Sanitário (DS) VI do município do Recife
iniciou na rede a implementação da proposta do Apoio Matricial (AM), com
a finalidade de minimizar o sentimento de angústia, impotência e as várias
dificuldades dos profissionais das Unidades de Saúde da Família (USF) na
assistência aos portadores de transtorno mental, assim como, aumentar a
resolutividade de problemas de saúde pela equipe local. Entende-se o AM
como estratégia de gestão para a construção de uma rede ampla de
cuidados, criado para promover uma interlocução entre os equipamentos
de Saúde Mental, como por exemplo, os Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS) e as USF numa tentativa de organizar o serviço e o processo de
trabalho, desviando a lógica da especialização e da fragmentação do
trabalho para uma lógica da co-responsabilização.
As reuniões de Matriciamento em Saúde Mental no D.S. VI estão
constituindo-se em espaços dinâmicos, de intensas reflexões e troca de
saberes entre os profissionais dos CAPS e das USF, buscando auxiliar a
equipe a lidar com a subjetividade dos usuários ao aprofundar temas
pertinentes à Saúde Mental.
Apesar de ser uma estratégia recente no Distrito, percebe-se nesta
prática um processo interessante e exitoso de formação, permitindo aos
profissionais das equipes das USF um contato com as especificidades do
campo da Saúde Mental. Os efeitos positivos dessa prática são
percebidos à medida que os profissionais se sentem apropriados a fazer
uma escuta mais qualificada, favorecendo o vínculo, o acolhimento e
principalmente a integralidade, focando o fazer saúde no sujeito, e não na
doença.
Para produção de resultados mais efetivos, recomenda-se pensar
em assessoria com educação permanente para as equipes e profissionais
das USF, constituindo uma estratégia fundamental às transformações do
trabalho no setor para que venha a ser lugar de atuação crítica, reflexiva,
propositiva, compromissada e tecnicamente competente. Contudo,
reafirmamos a importância do debate sobre o Apoio Matricial, bem como
outras estratégias possíveis para tecer uma rede de atenção que seja
capaz de sobrepor saúde e saúde mental como instâncias interligadas e
complementares.

39 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


O TRABALHO INTERDISCIPLINAR DO
ASSISTENTE SOCIAL NA EQUIPE DE APOIO
MATRICIAL EM SAÚDE MENTAL NO
MUNICÍPIO DO CABO DE SANTO
AGOSTINHO

Andréa Brito, Denise Pereira, Kátia Kely Santos, Fabiane Loureiro


A expansão do Serviço Social no Brasil ocorreu a partir de 1945,
relacionado às exigências de aprofundamento do capitalismo no país. A
área da Saúde transformou-se no principal campo de absorção
profissional a partir de 1948 quando o novo conceito de Saúde,
elaborado pela Organização Mundial de Saúde - OMS passou a enfocar
os aspectos biopsicossociais, determinando a requisição de outros
profissionais para atuar no setor, entre eles o assistente social.
A saúde mental no Brasil foi baseada, no isolamento das pessoas
em hospitais psiquiátricos e gerou um grande número de usuários
afastados do convívio social que precisavam de apoio para sua
reinserção na sociedade. A Reforma Psiquiátrica e a Legislação
Psiquiátrica propõem transformar o modelo assistencial
hospitalocêntrico da saúde mental, buscando uma noção de
transformação estrutural e de processo social complexo.
A relação entre o Serviço Social e o campo da saúde mental é
constitutiva durante a formação histórica da profissão, em seu início
pautava-se em uma ação prioritariamente assistencialista, com um viés
disciplinador e ajustador dos comportamentos, como toda a prática do
Serviço Social, com o tempo sofreu mudanças que expressam as
profundas alterações sociais dos últimos 20 anos do século XX.
A assistência psiquiátrica foi inserida na Atenção Primária por
meio da implementação de equipes mínimas de saúde mental,
chamadas equipes matriciais, nas Unidades Básicas de Saúde UBS.
No município do Cabo de Santo Agostinho a equipe de apoio matricial é
composta por assistente social, psicólogo, terapeuta ocupacional, arte-
educador e psiquiatra. A abordagem interdisciplinar envolve esses
profissionais a atuarem sobre um mesmo objeto na construção de um
saber comum.
Este trabalho se efetiva através de intervenções conjuntas com
as Equipes das Unidades de Saúde Família, instrumentalizando-as para
realizar o cuidado de saúde mental no território. O assistente social da
Equipe Matricial tem o objetivo de dar respostas às questões sociais
envolvidas, sem perder de vista as dimensões biológicas e psíquicas.
Esse profissional detecta questões ligadas à família, ao meio social no
qual vive ou ao transtorno mental importantes no processo de
reabilitação, com a perspectiva de resgate da cidadania, dos direitos
humanos e sociais do usuário com sofrimento psíquico.
Garantir a saúde mental é assegurar o protagonismo social,
cidadania e a aceitação das diferenças.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 40


O PAPEL DO PSICÓLOGO NA ATENÇÃO
BÁSICA

A Estratégia Saúde da Família tem como objetivo a reorganização


da Atenção Básica/ABS no País, de acordo com os preceitos do SUS.
Visando fortalecer a ESF o Ministério da Saúde aprovou na portaria 154/08
a implantação dos Núcleos de Apoio ao Saúde da Família/NASF com o
objetivo de ampliar a abrangência das ações na atenção básica, bem
como sua resolubilidade no território, garantido a integralidade.
Caracteriza-se pela ação compartilhada entre os profissionais da ESF e
equipe interdisciplinar do NASF.
Norma Cassimiro e Vânia Cunha

Em Camaragibe o NASF tem duas equipes atuando em dois


territórios, compõe-se de: assistente social, fisioterapeuta, fonoaudiólogo,
nutricionista, psicólogo e psiquiatra. A recomendação do MS de haver pelo
menos um profissional de saúde mental no NASF, em Camaragibe torna-
se mais evidente uma vez que, tem na sua rede conveniada dois Hospitais
Psiquiátricos de longa permanência, como também ter iniciado as ações
de saúde mental em parceira com o PSF há 10 anos.
Neste cenário, é preciso refletir sobre o impacto das novas
demandas oriundas das mudanças sociais, epidemiológicas e das
políticas públicas que requerem um redirecionamento na atuação do
psicólogo.

Objetivo geral: contribuir na reflexão do papel do psicólogo na ABS. Este


profissional na equipe do NASF realiza o acolhimento dos sujeitos em
sofrimento com uma escuta diferenciada, buscando encontrar alternativas
de enfrentamento dos problemas no território e se necessário, promover a
articulação com a rede de referência, garantido a integralidade das ações
em saúde mental.

Metodologia: o trabalho do profissional para a escuta se dá através das


seguintes atividades: discussão de casos com a equipe NASF e PSF,
atendimento individual, visita domiciliar, grupos terapêuticos e de
educação em saúde.

Resultados: diminuição da transferência do cuidado para outros serviços


fora do território, buscando responsabilização compartilhada dos casos
que exclui a lógica do encaminhamento, troca de experiência entre os
profissionais percebendo o sujeito na sua dinâmica sócio-familiar.
Conclusão/recomendações: realização de educação permanente;
construção de novos conhecimentos e reafirmação do papel do psicólogo
na ABS, fortalecendo sua prática dentro dos princípios e fundamentos da
ABS; e desmistificação da atuação profissional junto à comunidade.

41 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


Bezerra, Alba Cristina T., Freitas, Luzineide N., Ferraz, Maria Claudia da R. e Fidelis, Fernando A. P e
SAÚDE MENTAL NA ATENCÃO MATERNO
INFANTIL: A EXPERIÊNCIA DA CASA DE
PARTO E DO MÃE CORUJA EM AGUAS
BELAS

A gestação e o puerpério são períodos da vida da mulher que precisam


ser visualizados com atenção especial, pois envolvem inúmeras alterações
físicas, hormonais, psíquicas e de inserção social, que podem refletir
diretamente na saúde mental, no momento que estão vivenciando. Um dos
pontos que gera preocupação ao município tem sido a atenção a saúde
materna visualizando a importância de um melhor atendimento as gestantes.
A Casa de Parto em conjunto com o Programa Mãe Coruja
Pernambucana vem desenvolvendo o atendimento com parto humanizado,
buscando para as gestantes uma melhoria biopsicossocial. A Casa de Parto
vem desenvolvendo trabalhos, com a realizacão de teste do pezinho, terapias
com gestantes com as seguintes abordagens: Relaxamento, musicoterapia,
orientação respiratória, além de utilização de técnicas de pré-parto como: bola,

Araujo, Elianne de O
cavalinho e banho morno e tambem orientações sobre o trabalho de parto.
Paralelo a isto é conversado com gestantes: antes da consulta de pré-natal e na
realização do exame de ultrasonografia gestacional, além de ações educativas
sobre aleitamento materno, sexualidade, planejamento familiar, gravidez,
conhecimento do trabalho de parto, visita a sala de parto e orientações sobre o
toque vaginal.
O Programa Mae coruja tem como objetivo a redução da
morbimortalidade materno infantil com visão intersetorial, onde articula sete
secretarias : Saúde, educação, assistência social, agricultura, planejamento,
mulher e juventude, dentre as ações realizadas destacamos: aumento do
numero de pré natal no primeiro trimestre, realização de exames antes do
parto, melhora no preenchimento do cartão das gestantes,identificação de
gestantes de baixo e alto peso e dos óbitos materno infantil, realização de
cursos profissionalizantes com objetivo de gerar renda, visitas institucionais e
domiciliares, palestras educativas, levantamento de gestantes e criancas com
desnutrição e desidratação, alem de aquisição de alimentos do programa
compra direta para gestantes de baixo peso, comemoração de datas festivas,
distribuição de jornal informativo, envolvimento com lideres comunitários,
formação de círculos de educação e cultura,planejamento estrutural no
combate a desnutrição e a concessão de documentos tardiamente em parceria
com o município além da adesão do selo UNICEF.
Nesta parceria entre Saúde Mental e Atencao Materno Infantil,
pretendemos elevar a auto estima das gestantes e puerperas, bem como
sensibilizar a comunidade local que os Transtornos Mentais e o uso de álcool e
outras drogas é prejudicial ao desenvolvimento do ser humano no contexto
sócio econômico cultural, formando assim gestantes e puerperas
multiplicadoras para disseminar a promoção e prevenção da Saúde mental e o
uso de drogas na localidade, diminuindo os fatores de risco e aumentando os
fatores de proteção no espaço urbano e consequentemente rural constituindo
de fato uma rede social de promoção e prevenção a saúde mental com maior
numero de partos normais humanizados e redução nas transferências para
outros municípios evitando assim o maior risco psicossocial para o
acontecimento de morbidades e mortalidade materno infantil.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 42


PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR EM
SAÚDE MENTAL: EXPERIÊNCIA DO
DISTRITO SANITÁRIO VI - RECIFE-PE
Maria Edilma de Lima, Elizangela Nunes de Santana , Rebeca de Oliveira Benevides

Os diagnósticos tradicionais tendem a igualar os sujeitos e a


minimizar as diferenças qualificando-os em “hipertensos”, “diabéticos” etc.
Porém, é preciso saber além do que o sujeito apresenta de igual, o que ele
apresenta de diferente, de singular. Nos serviços de saúde, o usuário vai
sendo encaminhado quase como uma “linha de montagem”. Ao final da
linha o usuário fica sem alguém que seja responsável por ele como um
todo. Cada profissional faz a sua parte e não há quem junte “as partes”.
O Projeto Terapêutico Singular (PTS) nos possibilita uma
abordagem diferente frente a problemática do usuário ao nos permitir ver
este como um ser integral e está sendo direcionado atualmente como
projeto terapêutico de casos delicados e difíceis de serem resolvidos.
Portanto é feita uma discussão com toda a equipe em que todas as
opiniões são importantes para ajudar a entender o sujeito com alguma
demanda de cuidado em saúde e, conseqüentemente, para definição de
propostas de ações.
A saúde mental é pioneira no desenvolvimento do PTS em espaços
de atenção à Saúde Mental como forma de propiciar uma atuação
integrada da equipe e de considerar outros aspectos, além do diagnóstico
psiquiátrico e da medicação, no tratamento dos usuários. Promove ainda a
reinserção social do portador de transtorno mental. Esse modelo de
atenção tem apresentado tantos resultados positivos que outras áreas da
saúde além da saúde mental estão procurando desenvolve-lo de acordo
com suas especificidades.
O município do Recife através da implantação do modelo: Recife
em defesa da vida vem realizando a implementação de algumas iniciativas
e dentre estas encontra-se o PTS. O Distrito Sanitário VI especificamente
vem alcançando bons resultados na implementação do PTS.
Considerando a visão ampliada que a estratégia do PTS possibilita a cerca
do usuário da rede de saúde mental e dos benefícios advindos desta
relação terapêutica diferenciada fica evidente a necessidade da
multiplicação do conhecimento sobre o tema.

43 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


SOB O OLHAR DOS TRABALHADORES EM
SAÚDE MENTAL: REFORMA PSIQUIÁTRICA
E TRABALHO EM EQUIPE NA CIDADE DO
RECIFE

A presente proposta de apresentação corresponde a um recorde de


minha dissertação de mestrado realizada entre os anos de 2008 e 2010 no
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de
Pernambuco. A referida proposta possui como objetivo analisar as produções
discursivas de trabalhadores dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da
cidade do Recife sobre o processo de atuação em equipe na saúde mental.

Juliana Barbosa e Pedro de Oliveira Filho


Adota como abordagem teórico-metodológica a Psicologia Social Discursiva
ou Psicologia Discursiva, uma abordagem construcionista, no interior da
psicologia social. Tal perspectiva possui como foco principal a forma como as
pessoas descrevem, explicam e significam o mundo a sua volta e a si mesmas.
A opção por centrar nossos estudos nos trabalhadores em saúde
mental dá-se por acreditamos que, no Brasil, esses profissionais foram os
precursores do movimento crítico que visa mudanças teóricas e práticas no
paradigma psiquiátrico, a Reforma Psiquiátrica. Compreendemos também que
tal movimento é direcionado para a construção de um novo espaço social para
a loucura, propondo com isso, que sejam repensadas as atuações de todo o
corpo de profissionais que atuam com a saúde mental. Nesse sentido, as novas
propostas de intervenção preconizam a atuação em equipe e a busca de
dissolução das hierarquias nas relações de trabalho.
Durante nosso estudo, que privilegiou uma análise qualitativa, foram
realizadas 14 entrevistas semi-estruturadas com profissionais, de distintas
especialidades, trabalhadores de dois CAPS do Município de Recife.
Realizamos a análise após a transcrição e leitura do material das entrevistas,
levando-se em consideração também as observações realizadas em
diferentes contextos de debates e produção teórico/prática sobre a reforma
psiquiátrica recifense. Os discursos produzidos mostram-se bastante
polissêmicos e, em alguns casos, contraditórios. O trabalho em equipe ora é
nomeado como multiprofissional ora é nomeado como interdisciplinar. Foram
observadas também algumas confusões conceituais no que compete à
definição desses termos. O trabalho nas equipes dos CAPS foi frequentemente
descrito a partir de seus conflitos. A interdisciplinaridade foi considerada por
alguns um fator de perda da identidade profissional, uma vez que, segundo
esses profissionais, no espaço dos CAPS, poucas funções são tidas como
privativas. A “invasão” da seara de atuação de cada profissional aparece como
um dos grandes elementos de tensão no grupo, tensões essas que repercutem
em várias esferas do trabalho das equipes. Alguns profissionais ressaltam
ainda que as atividades desenvolvidas nos CAPS são voltadas para
psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, ficando as demais atuações
profissionais em segundo plano. Ao observarmos os posicionamentos dos
trabalhadores com relação aos usuários verificamos que no espaço dos CAPS
ainda são produzidos repertórios tidos como manicomiais. Um elemento,
trazido pelos entrevistados como entrave para a consolidação do processo de
reforma no município foi à susceptibilidade das questões reformistas às
dimensões político-partidárias. Acreditamos que o presente estudo poderá
auxiliar nas reflexões e debates das equipes de trabalhadores em saúde
mental sobre suas práticas no contexto dos serviços substitutivos.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 44


IMPLANTAÇAO DO PROGRAMA DE SAÚDE
MENTAL DISTRITO ESTADUAL DE
FERNANDO DE NORONHA

O Programa de Saúde Mental foi implantado em Março de 2009, o cenário era a


Mitsy Barros e Medeiros, Natália Marinho de Albuquerque

atuação conforme prática profissional, sem ações ou fluxo pré-estabelecidos.


Iniciamos nossa atuação com alguns desafios entre eles o de consolidar e
ampliar uma rede de atenção de base comunitária e territorial, promovendo a
reintegração social e a cidadania; planejando uma política de Saúde Mental
eficaz no atendimento às pessoas com sofrimentos psíquicos, direcionado para
as especificidades decorrentes da moradia em Fernando de Noronha. O
programa segue algumas diretrizes que buscam fortalecer a Política Nacional da
Atenção Básica como eixo estruturante, centrado nas necessidades das pessoas
e com capacidade de garantir acesso, acolher, compreender, significar, intervir
sobre a realidade, gerando resolutividade e autonomia aos usuários dos
serviços; propondo-se estabelecer vínculo e responsabilização em rede; cuidado
continuado de indivíduos e grupos populacionais, e resolutividade. Os objetivos
do programa estão centrados no trabalho interdisciplinar, intersetorial e
interinstitucional através da criação de novas estratégias em saúde mental do
conceito de co-responsabilização e do estímulo à mobilização de recursos
comunitários, conforme as diretrizes Nacionais, Estaduais e com a realidade e
especificidades do Distrito Estadual de Fernando de Noronha.
Na Unidade de Saúde da Família PSF, os profissionais desenvolviam ações de
Saúde Mental de forma incipiente. Inicialmente realizamos uma pesquisa através
da aplicação de questionário para os 12 profissionais da Atenção Primária, com o
objetivo de avaliar o nível de conhecimentos e entendimentos prévios sobre a
temática relacionada ao uso e abuso de álcool e outras drogas. Realizamos o
Curso de Introdução de Conceitos em Saúde Mental USF Dois Irmãos,
capacitando os profissionais de todas as funções do PSF, com carga horária de
24 horas.Com o objetivo de traçar um diagnóstico situacional sobre as pessoas
que fazem uso abusivo de álcool realizamos uma pesquisa de levantamento nas
Ficha A1; o Programa de Saúde da Família cobre 100% da Ilha, que está
subdividida em cinco micro-áreas onde encontramos um percentual de 3,6% em
relação à população coberta, considerando um índice baixo, porem incluindo
todos os membros da família nesta análise, concluímos que o percentual se eleva
para 14,2% sobre o total da população coberta, podendo ser ainda maior se
abranger os vizinhos, familiares, amigos e o ambiente profissional. A maioria
absoluta (81,74 %) é do sexo masculino. A maior concentração de casos por área
encontra-se na área III Floresta Nova (29,57%), Em relação à faixa etária
constatamos que a maior concentração está na faixa dos 40-49 anos (28,70%),
seguido muito próximo da faixa etária dos 30-39 anos (27,83%). O programa de
Saúde Mental na Atenção Básica propõe ações através de Apoio e
Acompanhamento às equipes de Saúde da Família por meio de atendimento
compartilhado a partir de reuniões com equipe multidisciplinar, discussão de
casos clínicos, atividades grupais e visitas domiciliares, semanalmente através
da REDE NUTES, a equipe se reúne para acompanhar os seminários através da
Teleassistência, interagindo com diversos Municípios do Estado. Concluímos o
ano com o sentimento de estar cumprindo a função precípua do promotor de
saúde, proporcionar acesso, e garantir aos cidadãos oportunidade de serviços de
forma igualitária e digna.

45 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


PROJETO CENTOPÉIA

O presente trabalho “Projeto Centopéia” é realizado por dois


psicólogos com um grupo de crianças e jovens no Espaço Cultural

Pablo Fernandes do Nascimento, Paula Fernanda Fonsêca


Ariano Suassuna, uma escola da rede particular do município de Recife.
Surgiu da iniciativa dos psicólogos junto à escola, diante da demanda de
alunos com necessidades específicas relacionadas à aprendizagem.
Tem por objetivo criar condições psicoterapêuticas para o crescimento
pessoal dessas crianças e jovens, ou seja, facilitar o processo de
desdobramento de suas competências a partir da vivência em grupo, no
campo da criatividade e no campo dialógico.
Tem como metodologia de trabalho o “Grupo de Crescimento”,
uma modalidade de grupo vivencial que se caracteriza pela proposta
psicoeducativa, e se faz através da contação de histórias, uma via que
possibilita a aproximação e resgate das histórias pessoais, facilitando o
processo de desdobramentos de possibilidades existenciais. Junto à
Escola, tem-se trabalhado a sensibilização dos pais na relação com
seus filhos, dando visibilidade a um novo olhar diante das dificuldades
específicas. A contação de histórias tem se revelado um elemento de
grande importância no âmbito escolar, pois se caracteriza como uma
forma de aprendizado, visto que o acesso ao conhecimento perpassa
também pelas trocas afetivas.
Como efeito alcançado pelo projeto, os integrantes têm
expressado sua individualidade e subjetividade em grupo, buscando em
seu processo de aprendizagem a superação das dificuldades, bem
como o crescimento pessoal em suas relações sociais. Além da
compreensão pelos profissionais-psicólogos, acerca da relação
afetividade-aprendizagem como elemento presente nas evoluções de
cada um.
O trabalho apresenta como relevância a promoção e produção
de saúde mental através da arte inserida no contexto escolar, além da
possibilidade de um novo olhar e de um trabalho diferenciado
direcionado para o processo de inclusão nas escolas, visto que a
socialização é importante no processo de qualquer ser humano e,
portanto necessário.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 46


GRUPO ASSEMBLÉIA: ESTABELECENDO
CONTRATUALIDADE E RETOMANDO
PAPÉIS

A organização de serviços consoantes com os princípios da


Reforma Psiquiátrica convoca os seus usuários como elementos
protagonistas em seu cotidiano empoderando-nos a um lugar de cuidador.
Concebendo-se a dependência química como um processo de
adoecimento através da relação patológica do sujeito com a droga,
ocasionando a quebra de laços sociais, torna-se necessário, em espaços
de tratamento, se criar dispositivos que na sua rotina se propõem resgatar
os vínculos dos dependentes e de potencialização de suas capacidades
criativas.
A Reinserção Social constitui-se, desta forma, como um importante
aspecto no tratamento do usuário de drogas, na medida em que permite a
João Marcelo Costa

reconstrução da sua rede de relações interpessoais e o exercício de


cidadania, tendo como alicerce a ressignificação da história de vida do
sujeito, a partir da elaboração das perdas vivenciadas devido à
dependência e suas implicações. Neste sentido, este trabalho busca dar
um recorte nas vivências estruturadas no GRUPO ASSEMBLÉIA*,
problematizando a participação de seus usuários nesta atividade,
enquanto, importante espaço grupal de manifestação de resistências e ao
mesmo tempo de redescobertas. AAssembléia é uma atividade que ocorre
semanalmente, contando com a participação de toda a equipe e usuários
do CAPS AD Pr. Armando José da Silva. Temos como tarefa básica
possibilitar uma reflexão sobre a rotina da unidade, ocorrências e
planejamento de atividades, estabelecendo-se comissões permanentes
de cuidados com a casa. Este é um momento de reafirmação da
responsabilidade coletiva e da convicção que o dia a dia é produto das
relações entre as pessoas implicadas naquele contexto. Destaco que a
“plasticidade” dos lugares ocupados entre as pessoas que compõe a
unidade, permite um interjogo de papeis que possibilitam ao dependente
um processo de mudança de existir no mundo.
Então, entendendo a Assembléia como campo grupal que favorece
ao sujeito aprender a pensar em termos de resolução das dificuldades
manifestadas, seu modelo operativo convoca do dependente uma rotação
de papéis que permite mudanças no modo de “lidar” com as pessoas e
com seus conflitos, uma vez que favorecem tornar mais claro e evidente,
durante seu caminhar terapêutico, suas habilidades pessoais e o que
ainda há de mais “sadio” e “de bom” preservado no mesmo. Tais
descobertas, obviamente, exigem do usuário de drogas não apenas um
esforço no sentido de buscar novas possibilidades e oportunidades no
mundo externo, mas também a elaboração de conteúdos internos de
maneira criativa e profunda, a fim de redesenhar um novo projeto de vida.

47 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


Sandra Valéria Borges de Lucena, Joseany Alves de Oliveira, Cleide Maria Batista Rodrigues, Iris
Protagonistas sim! Tutelados não! "A
Contribuição do Conselho Gestor do
CAPS José Carlos Souto no Projeto
Terapêutico dos Usuários da Unidade."

Caracterização do Problema: A efetivação do Controle Social na


Saúde Mental ainda é limitada ora por falta de conhecimento dos
usuários e familiares, ora pela fragilidade dos Conselhos. A inserção
destes em espaços de fala, de construção coletiva, de conselhos, de
direitos e de mobilização social ainda é incipiente. Poucos conhecem o
processo de luta pela implantação da Reforma Psiquiátrica e da Lei
10.216/01.
Descrição: O Controle Social é trabalhado no CAPS José Carlos
Souto desde 2005 por ocasião da criação do Conselho Gestor da
Unidade. A relevância é a inserção dos usuários em espaços de
construção coletiva, de formulação de políticas públicas, de exercício do
seu protagonismo na medida em que estes estão participando
ativamente do Conselho, das Conferências, da Ouvidoria e da

Maria da Silva
divulgação no território da Lei 10.216/01. A natureza do trabalho é
romper paradigmas tradicionais de segregação e tutela da pessoa com
transtorno. Objetiva contribuir para democratização e socialização do
acesso ao conhecimento sobre o modelo de Saúde Mental tendo como
premissa a socialização dos direitos da pessoa com transtorno, inserir
os usuários desta Unidade em espaços coletivos de participação, tais
como: encontros, fóruns, associações e Conferências que articulam
saúde mental e território.
Efeitos alcançados: A participação de usuários e familiares
nestes espaços, contribui para o exercício da cidadania, aproxima o
CAPS da comunidade, institui um canal de interlocução com a
instituição, reduz crises psíquicas, estimula a autonomia, oportuniza
espaços terapêuticos de fala, de convivência e de solidariedade.
Desmistifica a relação técnico-paciente, incluindo-os numa
contratualidade capaz de favorecer sua co-responsabilidade no
tratamento.
Recomendações: Verificamos que aqueles que participam das
reuniões ampliadas de familiares, do Conselho, e vem ocupando
espaços públicos como as Conferências passam a compreender melhor
a dinâmica do CAPS, desenvolvendo um sentimento de identidade, de
pertencimento e de reconhecimento como sujeitos de desejo e de
direitos. A vivência oportuniza a melhora da auto-estima, descoberta de
potencialidades, consolida espaços de construção coletiva e de
socialização de direitos. Oportuniza aos usuários e familiares o acesso a
informações e esclarecimentos sobre a Reforma Psiquiátrica. Possibilita
formação política, na perspectiva de uma inserção qualificada nos
espaços das organizações sociais e de deliberação das Políticas
Públicas.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 48


A IMPORTÂNCIA DA TROCA DE
EXPERIENCIAS ENTRE PROFISSIONAIS DE
SAÚDE QUE ATUAM EM DIFERENTES
MUNICÍPIOS DO INTERIOR DE
PERNAMBUCO

O painel objetiva-se divulgar experiências realizadas em vários


municípios, apresentadas no curso de pós-graduação Lato-Sensu em
Saúde Mental e Intervenção Psicossocial da UPE, Campus Garanhuns.
São elas: Grupo de Acolhimento do CAPS das Flores/Garanhuns-PE
(CAPS II).
Iniciado com o objetivo de acolher a demanda de
Polyana Simões de Oliveira Vasconcelos

encaminhamentos e busca espontânea para tratamento, visa promover


escuta aprofundada aos indivíduos e seu sofrimento psíquico. Acontece
às segundas-feiras, coordenado pela terapeuta ocupacional, com duração
de uma hora, visando atender e identificar as demandas recebidas e
Ariana Rogério Pinheiro

refletir sobre os motivos que levaram usuários/as a essa procura.


Funciona também como espaço de esclarecimento acerca dos objetivos e
tipo de tratamento oferecidos, abordando as expectativas dos integrantes,
que comparecem durante três segundas-feiras como forma de criar
vínculo e identificação com a Instituição. Após esse prazo, o caso passa a
ser discutido em equipe para definição da modalidade ou do
encaminhamento devido.
Outra experiência realizada neste CAPS foi a inserção da atividade
física dentro da grade de atividades semanais pelos benefícios trazidos
para o corpo e a mente, buscando a interação entre usuários/as através de
técnicas de promoção da saúde, estimulando a mudanças de hábitos e
melhor qualidade de vida. Atividades oferecidas: ginástica localizada e a
dança, realizadas na unidade; caminhadas ao parque público da cidade
(Euclides Dourado), melhorando o contato com a natureza, e despertando
a preservação do meio ambiente; jogos de basquete inserção em eventos
relacionados à educação física e lazer da cidade, todas acompanhadas
pela educadora física.
No município de Correntes, foram realizadas oficinas de inserção
produtiva tendo como público-alvo os usuários/as cadastrados no
programa de saúde mental do município, objetivando desconstruir a
imagem do portador de transtorno psíquico como sujeito incapaz de
desenvolver alguma atividade produtiva, e facilitar sua inclusão na
sociedade através do resgate de sua auto-estima, autonomia, e inserção
no mundo do trabalho. Este trabalho apresenta a relevância das
especializações em saúde mental no interior, por propiciarem a troca de
experiências entre diferentes municípios, enriquecendo assim a formação
dos trabalhadores da área e, conseqüentemente, à prática profissional.

PALAVRAS-CHAVES: CAPS; saúde mental; atividade física; inserção


produtiva.

49 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


CAPS I: Uma experiência com AD

Carlos Gustavo da Silva Martin de Arribas, Carla Cynyra Cândido Graciano, Karla Emanuella
Ataíde de Amorim, Riva Karla Vieira da Silva, Viviane Lucia da Silva Pinto Alves
No ano 2008 a equipe do CAPS Flor da Mata acolheu a demanda
de pessoas que faziam uso abusivo do álcool, devido às comorbidades
presentes. Diante dessa “nova” demanda, outros casos foram sendo
admitidos no serviço, que até então, só atendiam pessoas portadoras de
t r a n s t o r n o m e n t a l .

Ao se estruturar essa nova práxis, a equipe começou a perceber


que era necessário, em alguns momentos, focar em atendimento
específico para AD. Isto porque, alguns usuários portadores de
transtorno não compreendiam a dinâmica que o álcool e outras drogas
causam no indivíduo. Desta forma, o grupo terapêutico e as conversas
em ambiência conduziam os usuários com transtorno mental a
elaborarem julgamentos e “conselhos” preconceituosos quanto aos
lapsos ou recaídas que os usuários AD poderiam apresentar.

Outro fator que estimulou a equipe a atender esta demanda AD foi


à busca pelo conhecimento técnico sobre álcool e outras drogas, e com
isso, o entendimento que também é função do CAPS I atender AD, e, não
apenas transtorno mental, como dispõe a portaria 336/02 que
fundamenta o funcionamento dos CAPS.

Desta forma a equipe se envolveu com a demanda a fim de


disponibilizar técnicas que proporcionassem ao usuário optar pela
abstinência ou pela redução do consumo das substâncias.
Sendo assim 2009 foi um ano de construção das técnicas no serviço
para planejar e executar atividades intra e extra CAPS.

Foi elaborado um PTS especificando a diferentes demandas e


em 2010 as ações estão sendo executadas em grupos terapêuticos
específicos sendo a demanda incluída na modalidade semi-intensiva
nos dias de segunda e sexta-feira a tarde.

Dentro desta nova dinâmica os técnicos se revezam entre si para


realização dos grupos passando por quatro grupos diferentes ao mês.
Enfim, essa nova proposta de intervenção tem possibilitado à equipe
debates e construção de uma prática inovadora que vem gerando na
equipe grande satisfação em relação às linhas de cuidados com
u s u á r i o s A D .

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 50


CAPS: Ressocializar é Possível

Inserido no modelo atual de assistência em saúde mental, o presente


Eliane Maria Ramos de Andrade Arruda, Maria José Ribeiro Tavares

trabalho tem como objetivo abordar o CAPS como instrumento de


ressocialização das pessoas em sofrimento psíquico. Partimos do pressuposto
das mudanças emergidas do processo da reforma psiquiátrica, da proposta de
desospitalização e desinstitucionalização, bem como a transformação do olhar
da loucura ao longo do tempo, e a reabilitação do doente mental. Foram
analisados dois casos de pessoas com sofrimentos psíquicos, que passaram por
um longo período de internação em hospital psiquiátrico, perdendo sua
autonomia, convívio social e noções básicas de autocuidado e que o CAPS
mediante sua proposta de serviço substitutivo conseguiu (re) habilitar através de
uma rede articulada, do trabalho junto à família e do projeto terapêutico individual
destes usuários. Este relato baseia-se na história de J.S.A, 47 anos, Solteiro
admitido no Caps em Outubro de 2005 na modalidade do Intensivo. Iniciou o
quadro da sua doença aos 22 anos de idade. Com história de várias internações
em Hospital Psiquiátrico. Foi internado aos 27 anos no Hospital Psiquiátrico
Nossa Senhora das Graças em Aldeia/Camaragibe, onde passou 17 anos. Tem 7
irmãos, sendo 4 mulheres e 3 homens Processo de Desospitalização: Visitas ao
usuário no Hospital; Chegada ao CAPS Tereza Noronha; Período de Adaptação;
Trabalho com a Família; Admissão no CAPS; Projeto Terapêutico; Reinserção
Familiar; Higienização; Hábitos Alimentares; Orientação acerca da sexualidade;
Autonomia; Autocuidado; Dificuldades Iniciais; Resistência a mudanças;
Higienização precária; Conflitos familiares; Evolução do Usuário Iniciou na
modalidade de Semi-Intensivo em Agosto 2009; Participação nos Grupos;
Participação da Família no Grupo; Melhor convívio familiar; Melhora na questão
do Auto-Cuidado, da Higienização; Projeto de Vida; Investimentos do Dinheiro do
Programa “de Volta pra casa”, onde está terminando a reforma de sua casa e
adequando um espaço individual; J.S.A tem boa convivência com a comunidade,
passando a maior parte do dia em contato com os mesmos. M B F, 4 7 a n o s ,
solteira admitido no CAPS em, novembro de 2008 na modalidade semi-intensivo.
Inicia o quadro de sua doença aos 13 anos de idade. Com vários internamentos
em hospital psiquiátricos, perfazendo um total de 15 anos de hospitalização,
contudo, o de maior duração o Sanatório Recife ltda/ Recife, o qual passou 09
anos. Caçula de uma prole de 09 irmãos, reside atualmente com genitor e irmã.
Processo de desospitalização: Encaminha pela coordenação de saúde mental do
município para acolhimento e encaminhamentos no processo
desinstitucionalização; Projeto Terapêutico:Visitas domiciliares; acolhimento no
caps Tereza Noronha; trabalho com a família; articulação com PSF e NASF;
higienização; hábitos alimentares; autonomia; regularidade ao uso da
medicação; Dificuldades iniciais; Resistência familiar quanto ao crédito ao
tratamento; Conflitos familiares; Evolução da Usuária; aceitação a injesta
medicamentosa, redução dos conflitos familiares, Encaminhamento quanto à
bolsa “De volta para casa”, Encaminhada ao PSF em 2009; mantida participação
da família no grupo de família no CAPS.O presente trabalho é finalizado na
perspectiva de uma reflexão sobre o tema proposto, que é atual e relevante,
portanto necessitamos do fortalecimento de equipamentos que alarguem
fronteiras nos debates e projetos pactuados entre gestores das políticas setoriais
e atender de forma mais eficiente possibilitando a ressignificação do sujeito e
assim vencer os desafios, desconstruindo o modelo excludente da pessoa em
sofrimento psíquico.

51 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


Ana Luisa dos Santos, Andréa Brito, Alessandra Burégio, Denise Pereira, Fabiane Loureiro, Kátia
O Apoio Matricial como estratégia de
mobilização da Rede de cuidados em Saúde
Mental do município do Cabo de Santo
Agostinho

Kely Santos, Kelma Teixeira, Lorena Galvão, Marília Benício e Rebeca Vidal.
A implantação do Apoio Matricial em Saúde Mental no município
do Cabo de Santo Agostinho iniciou no ano de 2007, com a elaboração
de um projeto piloto baseado nas necessidades identificadas por
profissionais de saúde no território.
Apresentam-se as intervenções da Equipe Matricial junto a
Equipe de Saúde da Família (ESF) para o atendimento de três usuários
em situação de adoecimento psíquico neste município, caracterizada
por altos níveis de prejuízo nos vínculos familiares e comunitários. O
estudo tem como finalidade demonstrar a relevância do matriciamento
na tessitura de uma rede de cuidados pautada na mobilização dos
recursos da Equipe de Saúde da Família (ESF), dos membros da
comunidade, além dos diversos setores que integram a rede de atenção
ao usuário em sofrimento psíquico.
As intervenções da Equipe de Apoio Matricial (EM) constituíram-
se na Educação Permanente das ESF's, realizadas com abordagens
domiciliares conjuntas entre membros da ESF e profissionais da EM,
além de grupos de estudos sistemáticos nas Unidades Básicas de
Saúde sobre a temática da Saúde Mental na Atenção Básica. Alguns
resultados encontrados foram a reorganização da dinâmica e o
fortalecimento dos vínculos na família; mobilização e fortalecimento dos
vínculos comunitários e adesão de membros da família ao tratamento no
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II).
Considera-se que a metodologia de matriciamento em Saúde
Mental é eficiente para a mobilização da Rede de cuidados em Saúde,
fomentando a intersetorialidade e a co-responsabilização dos
profissionais e comunitários, contribuindo para uma maior resolutividade
das ações de Saúde Mental no território.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 52


Caps I - espaço azul

Os usuários da saúde mental geralmente perdem o prazer em


desenvolver atividades no seu dia-a-dia, seja por questões próprias do
transtorno por não se sentirem capazes ou por pensarem que seu
adoecer os impede de realizar sua rotina diária , seja pelas dificuldades
Aldemir Cavalcante da Silva, Daniele Valgueiro

inerentes ao processo de reabilitação psicossocial. Neste sentido, pode-


se dizer que a oferta de atividades que contribuam para o aumento da
capacidade de contratualidade nos diversos cenários da vida seja o
g r a n d e d e s a f i o d o t r a b a l h o d o C A P S .

Descrição da Experiência: O Grupo da Horta, realizado por usuários do


CAPS I - Espaço Azul - Pedra/PE, é realizado 3 vezes por semana, desde o
final do ano passado e surgiu a partir da sugestão dos próprios usuários do
serviço, por se constituir numa atividade que lhes remetem a vivências
a n t e r i o r e s .
O grupo tem por objetivo proporcionar melhorias na qualidade de vida;
reinserir os usuários na sociedade; desenvolver habilidades; e gerar fonte
d e r e n d a .

Efeitos Alcançados: O grupo proporciona satisfação aos usuários, os quais


se sentem úteis em estar desenvolvendo a atividade, buscando sua
a u t o n o m i a .
No seu relato, o usuário S.G.S. refere que se sente muito feliz e útil em
realizar uma atividade prazerosa, e que sua vida mudou após o início do
grupo porque antes não se sentia estimulado para realizar suas atividades.

Recomendações: Para usuários do CAPS, para quem o trabalho com a


terra, além de ser uma atividade significativa para suas vidas, também
pode ser uma forma de geração de renda e de promoção de sua reinserção
psicossocial.

53 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


José Atayde de Alencar Duarte Junior; Aristóteles Lima da Silva; Eraldo José Campos; Emanuela
Pleitear e/ou criar um programa
permanente em Saúde Mental para auxiliar
no atendimento a Portadores de
Transtornos Mentais Severos e Persistentes
e que trabalhem também combatendo o
Suicídio e seus familiares
Objetividade:

Pleitear e/ou criar um programa permanente em Saúde Mental


para auxiliar no atendimento a Portadores de Transtornos Mentais
Severos e Persistentes e que trabalhem também combatendo o Suicídio

Guedes de Sá Torres e Mirthys Mª Felix Dantas


e seus familiares.

Resolubilidade de uma demanda do serviço ou da comunidade:

Temos em nosso município uma população 4.093 habitantes


(IBGE Censo 2007) e com um Perfil Epidemiológico Psiquiátrico de 113
(cento e treze) Portadores de Transtornos Mentais Persistentes e
Severos que fazem uso de Medicamento Contínuo num total de 3,6,% da
população (Dados do Coordenador de Saúde Mental do Município de
Itacuruba Aristóteles Lima da Silva Psicólogo CRP: 02/11.270) e 71
(setenta e um) casos de Suicídio onde 52% obtiveram êxito e 48% não,
no período de 1963 à 2009 (dados coletados da monografia para a
conclusão da Especialização em Psiquiatria realizada pelo Dr. José
Atayde de Alencar Duarte Junior Médico CRM: 12.870 apresentada a
IPEMED, Salvador-BA) apresentando assim um dos maiores indices de
Suicídio do Brasil.

Relevância:

Tendo em vista esta demanda superior a média apresentada nos


municípios brasileiros no que se trata de Transtornos Mentais e Suicídio
contamos apenas com uma Equipe de Saúde Mental que contém 1 (um)
Assistente Social, 1 (um) Auxiliar de Enfermagem, 1 (um)Enfermeiro, 1
(um) Farmacêutico, 1 (um) Médico e 1 (um) Psicólogo, e uma Unidade
Mista de Saúde (onde os pacientes em crise são encaminhados a
Clínica Psiquiátrica São Vicente no município de Serra Talhada
pertencente a XI GERES) e por não termos demanda populacional para
sermos contemplados com um CAPS ou NASF e dificuldades em
mantermos um consorcio com o CAPS de Floresta cidade mais próxima
que tem esse tipo de serviço especializado (pois sua demanda é muito
alta), sugerimos que na I Mostra de Saúde Mental de Pernambuco
obtivéssemos um espaço para apresentação destes dados em forma de
slides e a dificuldade em atendermos toda essa demanda e em seguida
um debate com todo os participantes do evento buscando assim trocar
experiências e receber sugestões para consolidar uma rede de atenção
psicossocial resolutiva.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 54


Práticas corporais e dependentes
químicos

Considerando que a prática regular de atividade física não só tem


melhoras do ponto de vista físico e sim num algo maior o qual
denominamos qualidade de vida. Sendo a primeira fácil de realizar, o
Albergue Terapêutico Casa do Meio do Caminho Antônio Nery Filho
Egídio do Prado Júnior, Milena Oliveira Sampaio

oferece, aos seus hóspedes, um momento ímpar através do Grupo


Movimento.
Além deste momento, são oportunizadas aos usuários, alternativas
extras através de práticas corporais na piscina, ginástica e com a interação
que há com a Academia da Cidade do Recife. A prática de qualquer
atividade física é vista pela instituição como mais uma atividade
terapêutica, assim como um “resgate” da busca do prazer ou de atividades
que ofertem bem-estar em substituição às substâncias psicoativas.
É percebido entre alguns dos hóspedes que passaram pelo serviço,
certa resistência na participação sendo considerado que muitos nunca
tiveram a oportunidade ou preferência pessoal à prática de esportes ou
atividades físicas. Portanto, é pactuada com o grupo uma programação
que busque uma variedade de práticas para a participação dos mesmos,
como: ginástica, hidroginástica, musculação, aulas de alongamento,
jogos, práticas recreativas, palestras educativas, caminhadas,
participação na Academia da Cidade e atividades/passeios extras;
visando uma experimentação e expectativa de futura adoção de alguma
prática saudável pelos usuários do serviço na continuação do tratamento.
Assim, benefícios agudos são percebidos, como: diminuição da
fissura, mais disposição, diminuição da vontade de fumar, melhora do
humor; além dos benefícios crônicos: diminuição da pressão arterial,
manutenção do peso e estímulo para posterior continuação da prática. O
Grupo Movimento tem como meta final ser mais um momento terapêutico,
utilizado para explorar o arcabouço de práticas que não se restringe as
convencionadas pelo esporte e pelo estético e sim a mudança de aspectos
que estão no imaginário social, que culminam no dependente químico
sofrendo com os estigmas do preconceito nas diversas nuances de suas
vidas: familiar, profissional, na saúde; além de, principalmente, ser mais
uma estratégia na continuidade do tratamento, ajudando na abstinência e
prevenindo recaídas.
É importante a participação no Grupo Movimento, ressalvando-se
os casos especiais. A orientação das atividades de acordo com a
individualidade apresentada pela pessoa, respeitando seus interesses,
desperta a autonomia e estimula hábitos saudáveis para as suas vidas.

55 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


CASOS DE COMORBIDADES
PSIQUIATRICAS: INTEGRANDO AÇÕES EM
REDE

O MUNICÍPIO DO CABO DE SANTO AGOSTINHO CONTA


ATUALMENTE COM UMA REDE DE SAÚDE MENTAL BASTANTE
DIVERSIFICADA, COM SERVIÇOS TAIS COMO: CAPS II, CAPS i,
AMBULATÓRIO DE PSIQUIATRIA E PSICOLOGIA E EQUIPE
MATRICIAL. DENTRE ESSES SERVIÇOS SE ENCONTRA O CAPS AD
PR. ARMANDO JOSÉ DA SILVA. APESAR DE UMA REDE
ESTRUTURADA COM O INTUITO DE ATENDER DA MELHOR FORMA
POSSIVEL AS DIVERSAS DEMANDAS DA PESSOA COM
SOFRIMENTO PSÍQUICO, NÃO TÍNHAMOS BOA RESOLUTIVIDADE
EM ALGUNS CASOS, PRINCIPALMENTE OS DE COMORBIDADES
PSIQUIÁTRICAS E DEPENDÊNCIA QUÍMICA. AS EQUIPES
APRESENTAVAM DIFICULDADES DE COMUNICAR, TROCAR
EXPERIÊNCIAS, FALAR DAS INTERVENÇÕES, DOS TRABALHOS E
PROJETOS DESENVOLVIDOS POR CADA SERVIÇO. SENDO

Monica Lima
ASSIM, A COORDENAÇÃO PROPÔS UM COLEGIADO AMPLIADO,
COM TODOS OS PROFISSIONAIS INTEGRANTES DA REDE DE
SAUDE MENTAL. TAL ESTRATEGIA FOI O PONTO DE PARTIDA PARA
MAIOR ARTICULAÇAO DAS EQUIPES DA REDE DE SAUDE
MENTAL. NOS CASOS DAS COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS E
DEPENDÊNCIA QUÍMICA CONSTITUIA-SE UM ENTRAVE ENTRE OS
INTEGRANTES DAS EQUIPES, NO QUE DIZ RESPEITO AO LOCAL
MAIS ADEQUADO PARA O USUÁRIO TRATAR-SE. ATUALMENTE
ESTAMOS VIVENCIANDO COMPARTILHAMENTE DOS CASOS DE
MAIORES DÚVIDAS E TEMOS OBTIDO MELHORES RESPOSTAS
MEDIANTE DISCUSSÃO DOS CASOS E VISITAS DOMICILIARES EM
CONJUNTO, COM RERESENTANTES DA EQUIPE MATRICIAL, DO
CAPS II E CAPS AD. ALÉM DE EM ALGUNS CASOS OS USUARIOS
DE COMOBIRDADES PSIQUIARICAS E DEPENDÊNCIA QUÍMICA
INTEGRAREM OS DOIS CAPS, OU INTERCALAR PERÍODOS DE
TEMPO EM CADA SERVIÇO DEPENDENDO DA DEMANDA DO
MOMENTO. TAL EXPERIÊNCIA TEM CONSTITUÍDO UM AVANÇO NA
REDE DE SAUDE MENTAL DO CABO DE SANTO AGOSTINHO
PRINCIPALMENTE DEVIDO MAIOR INTEGRAÇÃO E ARTICULAÇÃO
DOS EQUIPAMENTOS DESTA REDE.

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 56


Relato de um caso de encelopatia de
Vernick Korsacoff comprovado pelo
quadro clínico + exames complementares

Relato de um caso de alcoolismo crônico com quadro sugestivo de


Korsacoff Etilista crônico, uso com dependência há 46 anos, evoluindo
SAA associado a quadro de desorientação têmporo/espacial, prejuízo da
memória recente e remota, humor deprimido associado a queixas clínicas.
Exames laboratoriais e radiológico sugerem Sídrome de Korsacoff.
Como também LCR mais sorologias. Em anexo laudos da radiologia,
nerologia.
Ana Carolina Calado de Oliveira

Acompanhamento feito com grupo composto por psiquiatra, clínico


geral e residentes de clínica médica (R1 e R2). Referência CAPSad para
hospital geral. Contrareferência:CAPSad/albergamento.

57 I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco


Leitos de desintoxicação em hospital
geral / experiência no tratamento com
alcolismo na perspectiva de medicina
integral.

Experiência de usuários dependentes química em hospital geral,


com acompanhamento psiquiátrico, clínico e residentes de clínica
médica (R1 e R2) associado a doutorandos de várias universidades de
medicina do Brasil.
Início 2004, regime fechado em enfermaria, e em enfermarias
abertas na perspectiva de medicina integral a partir de 2006.

Ana Carolina Calado de Oliveira

I Mostra sobre Saúde Mental de Pernambuco 56

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