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Orao aos Moos [Rui Barbosa e a Dedicao]

16 de janeiro de 2011

por Rui Barbosa

Ao que devo, sim, o mais dos frutos do meu trabalho, a relativa exabundncia de sua fertilidade, a
parte produtiva e durvel da sua safra, s minhas madrugadas. Menino ainda, assim que entrei
ao colgio, alvidrei eu mesmo a convenincia desse costume, e da avante o observei, sem
cessar, toda a vida. Eduquei nele o meu crebro, a ponto de espertar exatamente hora, que
comigo mesmo assentava ao dormir. Sucedia, muito amide, encetar eu a minha solitria banca
de estudo uma ou duas da antemanh. Muitas vezes me mandava logo aps, quelas amadas
lucubraes, as e que me lembro com saudade mais deleitosa e estranhvel.
Tenho, ainda hoje, convico de que nessa observncia persistente est o segredo feliz, no s
das minhas primeiras vitrias no trabalho, mas de quantas vantagens alcancei jamais levar aos
meus concorrentes, em todo o andar dos anos, at a velhice. Muito h que j no subtraio tanto
s horas da cama, para acrescentar s do estudo. Mas o sistema ainda perdura, bem que
largamente cerceado nas antigas imoderaes. At agora, nunca o sol deu comigo deitado, e,
ainda hoje, um dos meus raros e modestos desvanecimentos o de ser grande madrugador,
madrugador impenitente.
Mas, senhores, os que madrugam no ler, convm madrugarem tambm no pensar. Vulgar o ler,
raro o refletir. O saber no est na cincia alheia, que se absorve, mas principalmente, nas ideias
prprias, que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutao, por que
passam, no esprito que os assimila. Um sabedor no armrio de sabedoria armazenada, mas
transformador reflexivo de aquisies digeridas.

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