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http://dx.doi.org/10.5007/2175-7917.

2012v17n1p108

A PALAVRA DE IMPOSSVEL REPOUSO:


PASOLINI E O OLHO-CMARA DE MURILO
MENDES
Brbara Pieiro Pessa
Universidade Federal Fluminense
Resumo: Mais que uma teoria sobre o cinema, o cineasta Pier Paolo Pasolini nos deixou uma
teoria sobre a linguagem e sua relao com o real. O cinema aparece como o disparador de
uma pesquisa filosfica sobre as possibilidades da linguagem verbal em sua encruzilhada
entre o conceitual e o material, entre sua historicidade e a utpica nsia potica do alvorecer
de um novo sentido ou, mais alm, o trabalho com a impossibilidade do sentido. Ao
estabelecer laos de dilogo entre a teoria do cinema de Pasolini e a potica de Murilo
Mendes, pretendemos pensar aqui sobre a exigncia potica do despojamento dos sentidos e o
tratamento de corte e subtrao conceitual dirigidos palavra. A proposta de Pasolini teoriza
sobre o cinema, mas , sobretudo, uma teoria da linguagem, um confronto entre as
possibilidades da literatura e do cinema. Nesta perspectiva, sua teoria nos ajuda a lanar um
outro olhar ao trabalho potico de Murilo Mendes, interessado na palavra ativada por um
olho-cmera, um olho capaz de descamar o real e a materialidade da palavra, num processo de
subtrao que ambiciona o permanente deslocamento de sentido, a palavra de impossvel
repouso.
Palavras-chave: Murilo Mendes. Pier Paolo Pasolini. Cinema. Colagem.
O olho dispara a cmera lenta, a cmera veloz
Murilo Mendes, The Responsive eye

Subtrair da linguagem verbal o que faz dela ela mesma, num ato de viso e som. As
imagens de Murilo acumulam-se e no cansam de proliferar-se. Outras vezes, as palavras se
contaminam, num puxa-puxa fontico, que as autonomiza do sentido. O que faz de um olho
um olho cmera? O que faz de uma escritura pura revelia musical?
Para Pasolini o prprio da linguagem do cinema lanar mo de imagens, que ao
contrrio da linguagem verbal, no figurariam em um dicionrio, ainda que sejam patrimnio
comum. Tal a-gramaticalidade lhe daria ao cinema seu tipo irracionalista: eis o que explica a
qualidade onrica profunda do cinema e tambm a sua absoluta e imprescindvel concreo,

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Anurio de Literatura, ISSNe: 2175-7917, vol. 17, n. 1, p. 108-121, 2012

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