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1) O documento é um recurso contra uma multa de trânsito aplicada por supostamente dirigir e usar o celular ao mesmo tempo.
2) O autor alega que a multa deve ser considerada inválida porque não houve abordagem do condutor no momento da infração.
3) Também argumenta que a simples alegação de uso de celular não constitui prova, e que a autoridade de trânsito precisa comprovar além de qualquer dúvida razoável que a infração ocorreu.
1) O documento é um recurso contra uma multa de trânsito aplicada por supostamente dirigir e usar o celular ao mesmo tempo.
2) O autor alega que a multa deve ser considerada inválida porque não houve abordagem do condutor no momento da infração.
3) Também argumenta que a simples alegação de uso de celular não constitui prova, e que a autoridade de trânsito precisa comprovar além de qualquer dúvida razoável que a infração ocorreu.
1) O documento é um recurso contra uma multa de trânsito aplicada por supostamente dirigir e usar o celular ao mesmo tempo.
2) O autor alega que a multa deve ser considerada inválida porque não houve abordagem do condutor no momento da infração.
3) Também argumenta que a simples alegação de uso de celular não constitui prova, e que a autoridade de trânsito precisa comprovar além de qualquer dúvida razoável que a infração ocorreu.
TRNSITO JARI DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA CRUZ DO SUL-RS. Dos dados: Notificado: Proprietrio: XXXXXXXXXXXXXXX CPF: XXXXXXXXXXX Veculo: XXXXXXXXXXXX Placa: XXXXXXXXXXXXXXX Infrao: Local da infrao: XXXXXXXXXXXXXXXX N Auto de Infrao: XXXXXXXXXXXXX Da qualificao: Eu, FULANA DE TAL, CPF n XXXXXXXXXX, residente e domiciliada na XXXXXXXXXXX, CIDADE, venho respeitosamente presena de Vossa Senhoria, com fundamento na Lei n 9.503/97, interpor o presente recurso contra a aplicao de penalidade por suposta infrao de trnsito, conforme notificao anexa, o que faz da seguinte forma. Dos Fatos: Consta no auto de infrao que o veculo QUALIFICAO VECULO, na data de 20/10/2015, na LOCAL DA MULTA, s
HORRIO DA MULTA, estava em via pblica e o condutor
estava utilizando telefone celular. A comear a motorista e dona do automvel em questo funcionria de um Escritrio Contbil, realizando SOMENTE servio interno e no horrio mencionado, estaria em meio ao expediente de trabalho. Ademais, o presente auto de infrao, insubsistente e precisa/deve ser julgado inconsistente e irregular por Vossa Senhoria, tendo em vista o que se explana: Segundo parecer do DENATRAN, existe a necessidade da abordagem do condutor para se lavrar o auto de infrao - a fim de se comprovar realmente se o "infrator" encontrava-se dirigindo utilizando-se de telefone celular, pois o simples fato de se pegar o telefone celular no configura a infrao tipificada pelo art. 252, VI - ademais se no h abordagem do infrator - no h como a autoridade verificar se o "infrator" estava ou no falando ao telefone celular, pois esta , a finalidade do telefone. Insurge-se um pseudo-sistema baseado em fico ftica - no devendo tal presuno prosperar. Para que fosse consistente e valido, tal auto de infrao deveria o condutor ter sido parado, autuado em flagrante, sob pena de ofensa aos Princpios do Devido Processo Legal e da Ampla Defesa. sabido por todos que a conduta dos fiscais de trnsito de Santa Cruz do Sul deixa a desejar, pois so infundadas pois, somente na existncia de BLITZ existe o flagrante. Porm no o que acontece, sendo que, diariamente so aplicadas supostas multas sem o motorista ao menos saber, pois quase nunca so parados.
ISSO SE DISTNCIA MUITO DO CARTER
EDUCATIVO DE APLICAO DE MULTAS. Para ser educativo o motorista precisa ser devidamente parado, advertido verbalmente E MULTADO se necessrio, mas assim como feito, se trata de carter punitivo e de abuso de poder. O subjetivismo dessa multa to grande que chega a inverter o nus da prova, sabidamente inserido no artigo 333 do Cdigo Processo Civil, sob a falaciosa ideia de que o agente da autoridade, no caso, tem f pblica. Aceitar-se que um simples agente municipal de trnsito tem em seu ato de multar a presuno da verdade absoluta, querer minimizar, fragilizar os direitos e garantias dos cidados que trafegam com seus carros pelas avenidas da cidade. O condutor fica merc dos humores, amores e desamores de um agente da autoridade, cuja caneta vai fazendo vrios refns nas armadilhas orquestradas pela administrao pblica. A multa aplicada pelo uso do telefone celular chega casa dos cidados numa total surpresa que no raro o condutor se questiona de como algum pode afirmar que estava neste dia, hora e local falando no celular? Por que o agente no fez o condutor parar e assinar a multa? Ento comea um verdadeiro processo Kafkiano[1]. Um agente que no se sabe quando e onde viu, ou parece que viu o motorista dirigindo e usando o celular. Se o carro estava parado, ento o motorista poderia usar o celular. No pode faz-lo quando em movimento. Neste caso, uma centena de fatos podem gerar o gesto de o motorista levar a mo prximo do ouvido. Ainda que parea pueril o argumento, o movimento pode ser fruto de um breve mal estar, como uma coceira no ouvido, ou um aparelho auditivo que esteja saindo do lugar ou, mesmo, o cordo dos
culos que se desprendeu. Qualquer insignificante caso
fortuito. A autuao em flagrante faz-se imprescindvel, pois trata-se de infrao de difcil constatao, cuja verificao desistncia pela autoridade de trnsito claramente poder dar margem a inmeros equvocos e injustias. Isto porque quaisquer elementos que possam ter levado a autoridade de trnsito a entender infringido o artigo 252, VI seriam vestgios como o fato do condutor estar aparentemente falando sozinho no carro ou encontrar-se com a mo prxima ao ouvido, fatos insuficientes para formarem uma convico. Ora, vedado Administrao Pblica lavrar auto de infrao ou cominar penas e multas com base em meras suposies ou "desconfianas", circunstncia agravada ainda pelo fato de ser de extrema dificuldade ou at impossvel, a produo de prova em contrrio pelo condutor. Devido a tal dificuldade o nus da prova invertido, como determina a lei processual ptria, cabendo autoridade autuadora a obrigao de provar o cometimento indubitvel da infrao antes de cominar a pena. O que, em concluso, importa que o agente, ao seu talante, multa, do cume da sua "f pblica". E o dano que esse gesto capaz de causar no se limita, apenas, esfera financeira, mas acrescenta quatro pontos na CNH. Quando se vive num Estado Democrtico, exercitar a cidadania faz parte do processo. No se pode virar as costas s injustias, aos engodos. Tem-se que se insurgir contra esses impositores. Aceitar como verdadeira uma multa aplicada ao arbtrio de um agente-fiscal de trnsito, a mais absoluta manifestao de conformismo e desrespeito inteligncia. Na esfera da legislao do trnsito, as arbitrariedades no se limitam, apenas, ao plano material, mas, especialmente, ao formal. Atente-se: multado o motorista pode exercer o direito
de recorrer. Ocorre que esse recurso ser analisado por uma
junta do Municpio, formada por trs membros. Indisfarvel que est presente a figura de o algoz travestido de seu prprio juiz. A Prefeitura indica seus agentes capazes de multar, beneficia-se com o valor da multa e, ainda, tem o poder de julgar o ato dos seus prprios prepostos. Na medida em que o rgo julgador d provimento ao recurso, est reconhecendo que mal elegeu seu representante (culpa in eligendo) e, portanto, mal administra. Por isso, como regra, os recursos so indeferidos sob inslitas argumentaes. Ainda oportuno ressaltar um fato da maior relevncia: o que diz respeito prova. A simples alegao, como j visto, no significa prova. Est sob exame, agora, a aplicao de multa sob a alegao de que o motorista usava, dirigindo, o telefone celular. De um lado, o agente afirmando; de outro, o motorista, se for o caso, negando. Sabidamente, como ensina basilar princpio de lgica material, ningum pode provar o nada. Em se tratando de prova, a analogia com o Processo Penal evidente. Para elucidar, de maneira objetiva e incontestvel, a necessidade da existncia de prova a respeito de um fato alegado contra algum, so oportunos os ensinamentos de ARANHA 1987, p.9)[2], quando disserta sobre a Diviso do nus Probatrio: A respeito da teoria do nus da prova encontramos vrias doutrinas, desde os romanos, com as mximas de Ulpiano (reus in exceptione actor est) e Paulo (ei incubit probatio qui dicet, non qui negat), at hoje, com os excelentes ensinamentos de Bentham (a prova incumbe a quem pode satisfaz-la), Weber (a prova incumbe a quem pleiteia um direito ou uma liberao, em relao a fatos ainda incertos), Fitting (quem pleiteia um direito em juzo deve alegar e provar os fatos que o produzem, isto , os pressupostos da normaregra, devendo os outros fatos, pressupostos da norma-
exceo, ser provados pelo adversrio), Gianturco (deve provar
quem auferir uma vantagem, etc.. A legislao do trnsito no atropela, apenas, os princpios processuais pertinentes, mas a prpria Constituio Federal, quando fala da presuno da inocncia: Art. 5. LVII - ningum ser considerado culpado at o trnsito da sentena penal condenatria. Ressalte-se que a aplicao de uma multa nada mais significa do que a prtica de um ato administrativo. E este, para sua concretizao plena, necessita preencher requisitos indispensveis. No entendimento de ABREU (1998, p. 124) [3] a simples meno do dispositivo legal no basta para caracteriz-la, porque a infrao um fato, com suas circunstncias ou elementos constitutivos. A autoridade de trnsito deve ter em mente que a finalidade primeira do novo CTN no a sano, a punio, mas, conforme dispe o Art. 5, Captulo II, do diploma legal referido: I- estabelecer diretrizes da poltica nacional de trnsito, com vistas segurana, fluidez, ao conforto, defesa ambiental e educao para o trnsito, e fiscalizar seu cumprimento. Nesse sentir, entende-se que a nova legislao est preocupada com a educao e a preveno. Se esse o objetivo da lei, nada mais natural que o agente - que o instrumento para que ela se concretize - aplique suas regras no intento de prevenir e educar o cidado, de forma preferencial. Caso contrrio, estar desvirtuada a prpria aplicao da Lei. No pode a Administrao Pblica fazer das multas um meio de encher as burras do errio.
Enfocando um brocardo latino, pode-se dizer que allegatio et
non probatio, quasi non allegatio. Naturalmente, que aquilo que se alega se no se pode provar, sequer pode ser considerada uma simples alegao. Logo, no h prova concreta de que o motorista estaria dirigindo e usando o celular. H s uma presuno. Para finalizar, chega-se ao entendimento de que a multa aplicada pelo uso do telefone celular, quando no preenchidas as formalidades para validade do ato, dever ser considerada insubsistente, conforme preceitua o art. 281, pargrafo nico, I do CTB. Deve ser arquivada. DO DIREITO: O Cdigo Nacional de Trnsito em seu artigo 280, 2 preceitua: Art. 280. Ocorrendo infrao prevista na legislao de trnsito, lavrar-se- auto de infrao, do qual constar: 2. A infrao dever ser comprovada por declarao da autoridade ou do agente da autoridade de trnsito, por aparelho eletrnico ou por equipamento audiovisual, reaes qumicas ou qualquer outro meio tecnologicamente disponvel, previamente regulamentado pelo CONTRAN. (grifo nosso) A interpretao do artigo 280 clara, a prova da infrao de trnsito a declarao do agente pblico, que deve estar presente nos autos, esta comprova que o fato ocorreu da forma descrita na conduta tpica. Porm, na prpria notificao da autuao est em branco o requisito de equipamento utilizado. O que torna o auto nulo. DOS PEDIDOS: Diante do exposto, e considerando que a Requerente no cometeu a mencionada infrao, requer-se: a)
seja declarado inconsistente e irregular o Auto de Infrao n
901525615666, dando-se provimento a presente DEFESA; b) seja eximido o Requerente do recolhimento do valor correspondente, bem como do acrscimo de pontuao; c) seja identificado o oficial de trnsito responsvel pela lavratura do auto de infrao. D) Requer a produo de provas em direito admitidos, especialmente a intimao pessoal dos agentes de trnsito municipais, responsveis pela autuao. Termos em que, Pede deferimento. Santa Cruz do Sul-RS, 23 de Novembro de 2015. ____________________________ nome recorrente CPF n xxxxxxxxxxxxxxxx