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Marcio Baptista Marcia Lara Fundamentos de Engenharia Hidraulica 3? edicdo revista e ampliada 2? reimpresséo BELO HORIZONTE | EDITORA UFMG | 2014 B222t © 2002, Marcia Maria Lara Pinto Coelho; Marcio Benecito Baptista © 2002, Editora UFMG © 2003, 2. ed. revista © 2006, 2. ed. revista — © 2010, 3. ed, rev. e amp. © 2012, 3. ed, rev. e ampl. — 1" reimpr. reimpr. Este livro ou parte dele nao pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorizacao escrita do Editor Baptista, Marcio Benedito Fundamentos de Engenharia Hidraulica / Marcio Benedito Baptista, Marcia Maria Lara Pinto Coelho. ~ 3. ed. rev. e ampl. ~ Belo Horizonte Editora UFMG, 2010, 473 p.— (Ingenium) Inclui bibliograt ISBN: 978-85-7041-828-9, 1. Engenharia hidraulica |. Coelho, Marcia Maria Lara Pinto I Titulo Mi, Série DD: 627, COU: 627.01 Flaborada pela CCQC — Central de Controle de Qualidade da Catalogacao Biblioteca Universitaria da UFMG COORDENACAO EDITORIAL: Danivia Wolt ASSISTENCIA EDITORIAL: Eliane Sousa e Eucicia Macedo COORDENACAO DE TEXTOS: Maria do Carmo Leite Ribeiro REVISAO E NORMALIZACAO: Isadora Rodrigues REVISAO DE PROVAS: Angel de Castro, Arquiolinda Machado, Claudia Campos Renata Passos COORDENACAO GRAFICA: Cassio Ribeiro PROJETO GRAFICO E CAPA: Paulo Schmict FORMATACAO: Thiago Campos FOTOGRAFIAS: dos autores, exceto quando indicado PRODUGAO GRAFICA: Diégo Diveira EDITORA UFMG ‘Ay, Antonio Carlos, 6.627 ~ CAD I 8loco Campus Pampulha 31270-901 ~ Belo Horizonte/MG Te: 455 31 2409-4650 Fax: +55 31 3409-4768 we.editra.ufing,br -editore@utmg be Escola de Engenharia da UFMG ‘Av. Ant6nio Carls, 6.627 Campus Pampulha - 31270-901 ~ Belo Hor Tel: #55 31 3403-1890 ~ Fax +55 31 ‘ween ufing br ~ dir@adm.eng.uimg.br (..) impelir mangas de chuva que inundavam tudo e desciam do Curral, do Cruzeiro, escachando Afonso Pena abaixo, improvisando araguaias, pratas, amazonas, inventando niégaras, iguacus, urubupungés @ os trombolhées, e baques das setequedas.(..) Quando 2 chuva parou e pararam as lufadas, as faiscas e os «estronds, continuou aquele gemido de dguas correndo dentro da noite e descendo para encher o Arrudas, ‘0110 das Velhas, 0 Sao Francisco eo Mar Oceana com cascalhos de diamante, ouro e ferro arrancado do flanco das Gerais.) Pedro Nava 7 23 25 a 30 a 35 35 35 37 38 43 47 | 47 48 49 54 56 61 64 SUMARIO Lista de simbolos Apresentagao Capitulo 1 A Engenharia Hidraulica 1.1 Evolucao histérica da Engenharia Hidraulica 1.2.0 panorama e escopo atual da Engenharia Hidréulica 1.3 Desafios e perspectives Capitulo 2 A mecAnica dos fluidos na Hidraulica 2.1 Introducao 2.1.1 Sistemas de unidades 2.1.2 Principio da homogeneidade dimensional 2.2 Propriedades fisicas dos fluidos 2.3 Classificagéo dos escoamentos 2.4 Equacées fundamentais do escoamento 2.4.1 Equacéo da continuidade 2.4.2 Equacdo da quantidade de movimento 2.4.3 Equacdo de energia - Bernoulli 2.5 Equacdo fundamental da Hidrostatica 2.5.1 Medidas de presséo 2.5.2 Forgas exercidas sobre superficies planas submersas Problemas 67 67 68 ae 78 85 85 87 | hh 94 96 99 99 99 101 104 104 106 112 a ee 122 Escoamento em condutos forcados simples 3.1 Perda de carga 3.1.1 Perda de carga continua 3.1.2 Perda de carga com distribuicao de gua ao longo do percurso 3.1.3 Perda de carga localizada 3.2 Velocidades recomendadas 3.3 Pré-dimensionamento de canalizagées 3.4 Tracado dos condutos 3.5 Separacao da coluna Ifquida e cavitacao 3.6 Introducao aos transientes hidrdulicos Problemas Capitulo 4 Escoamento em sistemas de condutos forcados 4.1 Condutos equivalentes | 4.1.1 Condutos em série 4.1.2 Condutos em paralelo | 4.2 Condutos interligando reservatérios 4.2.1 Problema dos trés reservatorios 4.2.2 Método do balanco das vazées 4.3 Rede de distribuicao de agua 4.3.1 Calculo das redes ramificadas 4.3.2 Calculo das redes malhadas Problemas 125 125 125 128 130 131 133 135 138 143 144 148 151 151 153 156 158 169 170 170 Capitulo 5 Maquinas hidraulicas 5.1 Introducao 5.2 Descricéo e condigoes gerais de instalacao das turbinas 5.2.1 Arranjo das instalagdes hidrelétricas 5.2.2 Potencial hidraulico 5.3 Descricéo e condicées gerais de instalacdo das bombas 5.3.1 Instalaco elevatoria tipica 5.3.2 Parametros hidraulicos de uma instalacao de recalque 5,3.3 Dimensionamento econdmico da tubulacao 5.4 Semelhanca mecanica 5.5 Velocidade especifica Problemas Capitulo 6 Andlise dos sistemas de recalque 6.1 Curvas caracteristicas das bombas 6.1.1 Influéncia da rotacéo na curva caracteristica da bomba 6.1.2 Influéncia do diémetro do rotor na curva caracteristica da bomba 6.2 Curva da bomba versus curva do sistema de tubulagao 6.3 Operacao de multiples bombas centrifugas 6.3.1 Bornbas em paralelo 6.3.2 Bombas em série 171 172 | 175, 176 | 182 187 187 189 193 198 202 205 205 208 211 213 216 216 218 222 222 | 6.4 Cavitacéo 6.4.1 Avaliacdo das condicées de cavitagao 6.4.2 Margem de seguranca 6.4.3 Inconvenientes da cavitacdo Problemas Capitulo 7 Caracteristicas basicas dos escoamentos livres 7.1 Escoamentos livres e forcados 7.2 Parametros geométricos e hidraulicos caracteristicos 7.3 Variacdo da pressdo 7.4 Variacao da velocidade Problemas. Capitulo 8 Energia e controle hidraulico 8.1 Regimes de escoamento 8.2 O ntimero de Froude 8.3 Caracterizacao do escoamento critico 8.4 Ocorréncia do regime critico — controle hidraulico 8.5 Transicdes 8.5.1 Transigées verticais 8.5.2 Transicées horizontais 8.5.3 Combinacdo de transicoes horizontais e verticais Problemas Capitulo 9 225 | Escoamento uniforme 225 9.1 Caracterizagao do escoamento uniforme 226 | 9.2 Resisténcia ao escoamento - formula de Manning 229 9.3 CAlculo do escoamento uniforme 230 9.3.1 Verificacao do funcionamento hidréulico 232 9.3.2 Dimensionamento hidraulico 236 9.3.3 Seces circulares 238 | 9.40 coeficiente de rugosidade de Manning 238 9.4.1 Determinacao direta do coeficiente de rugosidade 238 9.4.2 Estimativa do coeficiente de rugosidade 242 9.4.3 Coeficientes de rugosidade para secées simples com rugosidade variavel 244 9.4.4 Coeficiente de rugosidade para secdes compostas 246 Problemas Capitulo 10 249 | Escoamento gradualmente variado 249 10.1 Introdugao 250 10.2 Caracterizacéo do escoarnento | gradualmente variado Piers | 10.3 Andlise das linhas d’égua 255 10.3.1 Canais com declividade fraca 256 10.3.2 Canais com declividade forte 257 | 10.3.3 Canais com declividade critica 258 10.3.4 Canais com declividade nula 258 259 261 267 270 273 273 274 275 281 283 285 289 289 290 292 292 on 296 297 300 10.3.5 Canais em aclive 10.3.6 Conclusées 10.4 Célculo da linha d’égua no escoamento gradualmente vatiado 10.5 Calculo em condicées de vaz&o nao definida Problemas Capitulo 11 Escoamento bruscamente variado 11.1 Caracterizacao do escoamento bruscamente variado 11.2 O ressalto hidraulico 11.2.1 Ressalto em canais retangulares horizontals 11.2.2 Ressalto em canais com geometria nao retangular 11.2.3 Ressalto em canais inclinados 11.3 Forca especifica Problemas Capitulo 12 Principios de hidraulica fluvial 12.1 Introducdo 12.2 Escalas e dinamica da configuracaéo dos sistemas fluviais 12.3 Processos de formacao do canal fluvial 12.3.1 Transporte de sedimentos ~ Ciclo hidrosse- dimentolégico 12.3.2 Caracteristicas do leito fluvial 12.3.3 Resisténcia ao escoamento 12.3.4. Tensao de arraste 12.3.5 Principio do movimento ~ Abaco de Shields 303 304 306 309 309 310 310 311 314 318 318 319 323 326 327 327 328 329 332 ae 345 351 aan 353 12.4 Quantificacao do transporte de sedimentos 12.4.1 Transporte de sedimentos por arraste 12.4.2 Transporte de sedimentos em suspensdo 12.4.3 Carga total de sedimentos 12.4.4 Quantificacdo por meio de dados monitorados e regionalizados 12.5 Morfologia do leito e do canal fluvial em escala local 125.1 Secdo transversal 12.5.2 Leito fluvial 12.5.3 Conformagées topogréficas localizadas 12.6 Morfologia dos sistemas fluviais 12.6.1 Classificagéo dos canais 12.6.2 Rios com canais anicos 12.6.3 Rios com canais multiplos Problemas Capitulo 13 | Estruturas hidraulicas de conducao 13.1 Objetivos e tipos de estruturas hidrdulicas 13.2 Canais 13.2.1 Dimensionamento de canais revestidos — secdes de maxima eficiéncia hidraulica 13.2.2 Dimensionamento de canais em materiais erodiveis 13.2.3 Verificagdes hidraulicas e indicagdes para projeto de canais 13.2.4 Definicao das secées e revestimentos 13.3 Pontes 13.3.1 Estudos prévios 13.3.2 Determinacao da cota da cheia de projeto € concepcao geométrica da ponte 355 357 358 359 361 366 368 371 371 ae 373 374 375 377 381 384 385 386 387 391 395 396 400 402 13.3.3 Estudo do efeito de obstrucées devido aos pilares e aterros de encontro 13.3.4 Verificacoes complementares 13.4 Bueiros 13.4.1 Classificacao e notacado dos bueiros 13.4.2 Dimensionamento hidraulico 13.4.3 Consideracées relativas ao projeto de bueiros Problemas Capitulo 14 Estruturas hidraulicas de reservacao e controle 14.1 Introdugéo 14.2 Barragens 14.2.1 Concepcdo, tipos e drgaos integrates 14.2.2 Niveis e volumes operativos das barragens 14.2.3 Forcas atuantes nas barragens 14.2.4 Barragens de concreto 14.2.5 Barragens de terra e enrocarnento 14.2.6 Barragens mistas 14.2.7 Desvio dos rios para a construcao de barragens 14.3 Vertedores 14.3.1 Tipos de vertedores 14.3.2 Dimensionamento hidraulico de vertedores simples 14.4 Dissipadores de energia 14.4.1 Bacias de dissipagao 14.4.2 Dissipadores de jato 14.4.3 Dissipadores de impacto 403 406 407 409 409 410 411 415 4i7 418 419 424 424 | 425 426 431 432 440 441 444 446 447 449 449 14.4.4 Dissipadores continuos 14.4.5 Escoamento em degraus Problemas Capitulo 15 Instalagées hidraulicas prediais 15.1 Introducao 15,2 Instalages de égua fria 15.2.1 Critérios de dimensionamento 15,2.2 Dimensionamento das tubulacoes 15.2.3 Dimensionamento da capacidade dos reservatorios 15.2.4 Verificacao das condicdes de funcionamento 15.2.5 Retrossifonagem 15.3 InstalacOes de agua quente 15.3.1 Critérios de dimensionamento 15.3.2 Dimensionamento das tubulacoes 15.3.3 Dimensionamento dos aquecedores 15.4 Instalacées de esgoto sanitario 15.4.1 Critérios de dimensionamento das tubulacées, 15.5 Instalagées de éguas pluviais 15.5.1 Critérios de dimensionamento 15.5.2 Dimensionamento das calhas 5.5.3 Dimensionamento dos condutores verticais 15.5.4 Dimensionamento dos condutores horizontais 15.6 Instalacdes de combate a incéndios 15.6.1 Caracteristicas gerais 451 451 453 456 459 463 15.6.2 Critério de dimensionamento dos hidrantes 15.6.3 Critérios de dimensionamento das tubulacdes 15.6.4 Critério de dimensionamento dos reservatorios Problemas Bibliogratia Respostas dos problemas propostos o> > db & qaannaaan a mm Lista de simbolos rea; seco ou érea molhada (m?) rea de contribuicao (m?) amplitude meandrica aceleracao (m/s?) largura superficial (m) coeficiente de deflivio. coeficiente de perda de carga de Hazen-Williams coeficiente de perda de carga fator de resisténda coeficiente de descarga coeficiente de perda de carga na entrada coeficiente de velocidade centro de gravidade celeridade (rn/s) diametro (m ou mm) diametro médio das particulas do leito diametro de recalque (m ou mm) dimenséo geométrica caracteristica (m ou mm) nimero de queda diametro nominal (mm) diametro do sedimento (rm) para o qual 90 % da mistura (em peso) é mais fina energia espectfica (m) energia critica (rm) rugosidade (rm) eficiéncia do fluxo de sedirentos eficiéncia do transporte de sedimentos " Fundamentos de Engenharia dren Fr Set ee 7 x =x = = ae > RARARA forca ou empuxo (N ou kgf) forca de atrito numero de Froude coeficiente de perda de carga Gradiente hidraulico aceleracao da gravidade (m/s?) queda util (m) altura energia (m) queda bruta (m) altura geométrica (rm) energia aplicada ou retirada por alguma maquina (m) altura manométrica (m) altura manométrica de recalque (m) altura manométrica de succao (m) altura (m) profundidade (m) distancia vertical da superficie livre a0 C.G. da area A (m) altura geométrica de recalque (m) altura geométrica de succao (rm) intensidade pluviométrica (rnrr/h) declividade (rn/m ou %) declividade critica declividade limite (rm/m) momento de inércia de superficie plana em relacao ao eixo que passa pelo C.G indice de sinuosidade perda de carga unitaria, gradiente energético (rn/m) coeficiente de perda de carga localizada coeficiente de contracio fator da formula de Bresse fator de conducao médulo de elasticidade volunétrico (Pa ou kgf! m*) fator de correcdo para determinacdo da tensao permissivel nos taludes B Ar Oo . = m sta de Sinbotoe rugosidade equivalente coeficiente de perda de carga de Scobey comprimento (m) comprimento ao longo do talvegue (rm) comprimento ao longo do vale (m) comprimento da queda (rm) largura efetiva (m) comprimento do ressalto hidraulico (rm) linha de carga linha piezométrica forca especifica (N) expoente de D na expresséo geral de perda de carga massa (kg ou kgf. sm) nivel d’&gua (rm) carga de succao requerida pela bomba (m) carga de succo disponivel na instalagao de bombeamento (m) ndimero de pilares coeficiente de rugosidade de Manning rotacao (rpm) expoente de Q na expresso geral de perda de carga velocidade especifica (rpm) coeficiente de rugosidade de Manning devido aos sedimentos coeficiente de rugosidade de Manning devido as formas do leito fluvial perimetro molhado (mn) pressao (Pa ou kgf/m?) poténcia absorvida pelo conjunto motabomba (W ou cv) poténcia absorvida pela bomba (W ou cv) poténcia hidrdulica (W ou cv) plano de carga estatico poténcia hidréulica bruta (W) poténcia hidraulica disponivel (W) poténcia hidraulica efetiva (W) pressao de vapor absoluta (Pa ou kgf/ m:) presséo resultante, pressdo pseudo-hidrostatica (Pa ou kaf/m?) 19 Funduietos de Engents vazao (m/s ou /s) vazaio dominante (m*/s) vvaz8o ficticia (m*/s ou Vs) vazao de jusante (m°/s ou V5) vazao de montante (m/s ou Vs) vaz8o a seco plena (mils ou Vis) de tempo descarga do material s6lido, em volume por unidade vvazio especifica (m*/s.m) vazao de distribuicdo em marcha (m*/s.m ou s.r) descarga solida em suspensao por unidade de largura (em peso: kgfi/s.m; em massa: kg/s.m) forca resultante (N) raio de curvatura raio hidraulico (rm) ntimero de Reynolds numero de Reynolds de arraste raio de curvatura (m) secao de controle ‘temperatura (C) ‘tempo (5) velacidade média do escoamento (m/s) velocidade a seco plena (m/s ou Ws) velocidade de escoamento (rv/5) velocidade média da carga em suspensio (rn/s) velocidade de arraste (rr/s) peso (N ou kgf) largura da faixa de meandros profundidade (m) profundidade critica (rm) profundidade hidréulica (m) profundidade normal (m) profundidade inicial (rm) distancia do C.G. da superficie plana a superficie livre, 20 wock Una de simbolos segundo o plano da superficie (rm) profundidade na parte anterior da queda (rm) distancia da linha de aco da forca resultante & superficie livre, segundo o plano da superficie (m) profundidade conjugada montante (m) profundidade conjugada jusante (m) energia ou carga de posicao (rn) inclinacao do talude cota do fundo (m) perda de carga (m) perda de carga continua (m) perda de carga localizada (m) perda de carga em curva (rm) perda de carga na succao (rm) perda de carga no recalque, perda de carga no ressaito (rn) perda de carga na transi¢ao (m) distancia entre duas sec6es, passo de célculo (m) perda de carga (rm) coeficiente da energia cinética ou de Coriolis coeficiente da quantidade de movimento ou de Boussinesq Coeficiente da expressao geral de perda de carga densidade relativa relacdo entre velocidade maxima e média peso especttico da agua (kgf/m’) peso especitico dos sedimentos (kgf/m*) diametro do rotor Angulo de repouso do material peso espectfico (Nm? ou kgf/m*) comprimento do meandro rendimento da turbina rendimento do conjunto motobornba rendimento da boriba rendimento do motor viscosidade dindmica (kg/m.s ou kaf.s/m?) viscosidade cinemética (m/s) Angulo do talude com a horizontal massa espectfica (kg/m? ou kgf.s*/m*) nu Fundamantos do Engenharia Hiden massa especifica do solido (ka/m*) dispersao granulométrica tensdo de arraste (kgf/m?) tensdo de arraste critica (kgf/m*) tensao de arraste_no leito (kgf/m’) tensdo de arraste no talude (kgf/m?) tensdo de arraste no talude (kgf/m?) tensao de arraste adimensional velocidade média de queda do sedimento (m/s) volume do fluido (m?) a Apresentacgao livro Fundamentos de Engenharia Hidrdulica teve sua origem na constataco da auséncia de um texto abrangente e atual em Hidrdulica, que atendesse as necessidades do aluno de graduacao em Engenharia Civil da UFMG. Quando da sua primeira edico, em 2002, vislumbrou-se a possibilidade de atingir um objetivo mais ambicioso: um livro de Hidraulica, que possibilitasse ao estudante de graduaco em engenharia, aos estudantes de pés-graducao lato sensu e aos profissionais atuantes nas 4reas de recursos hidricos ¢ saneamento um texto basico de Engenharia Hidraulica, com uma abordagem simples, pratica e moderna. Na presente edicao procurou-se uma ampliacdo desse escopo, de forma a atender também os estudantes de Engenharia Ambiental. Assim, foi introduzido um novo capitulo com tépicos relativos a Hidraulica Fluvial e Transporte de Sedimentos. Na presente edicao, portanto, o livro esta estruturado em 15 capitulos, agrupados, informalmente, em trés partes. Os dois primeiros capitulos tém um carater introdutério, sendo apresentados, no Capitulo 1, de forma bastante sucinta, alguns aspectos historicos da evolucdo da Engenharia Hidraulica, buscando-se também situar 0 contexto atual, as perspectivas e as tendéncias de desenvolvimento. No Capitulo 2 sao revistos topicos gerais de Mecanica de Fluidos essenciais aos estudos que serao desenvolvidos ulteriormente. A segunda parte do livro, capitulos 3 a 6, corresponde ao estudo do escoamento perma- nente em condutos forcados, enfocando os sistemas de condutos, maquinas hidraulicas e instalac6es de recalque. Na terceira parte, capftulos 7 a 12, efetua-se o estudo dos escoamentos livres em regime permanente, contemplando-se aspectos de fundamentaco tedrica e conceitual, permitindo 0 tratamento de algumas aplicacées praticas, objeto da quarta parte do livro, capitulos 13 a 15. Em um contexto bastante pragmatico, nos capitulos 13 e 14 sdo estudadas algumas estruturas hidrdulicas de uso frequente em Engenharia e, no décimo quinto capitulo, sao tratadas as instalacdes hidraulicas prediais. Cabe ressaltar que parte do material aqui apresentado, com as alteracées pertinen- tes, integrou um livro editado pela Associacdo Brasileira de Recursos Hidricos, Hidréulica Aplicada, publicado em novembro de 2001. Da mesma forma, o Capitulo 12, introduzido na presente edicao, foi embasado em um capitulo, redigido pelos autores, integrante do livro Estudos e modelagem da qualidade da agua de rios (von Sperling, 2007). Na 1° reimpressao da 3* edic3o foram efetuadas algumas pequenas correcées e adequacées de forma ao longo do texto. Os capitulos sao estruturados de modo a ilustrar a apresentacéo de cada novo tépico ‘ou conceito introduzido com um exemplo de aplicacao, resolvido no texto. Procurou-se, sempre que possivel, colocar os problemas de forma encadeada, possibilitando uma viso construtivista, mais abrangente e realista da forma de abordagem dos problemas de Engenharia Hidraulica. Ao final de cada capitulo é proposta uma série de problemas, sendo suas respostas apresentadas ao final do livro. Fundements de Engenhois Hidrblicn Em funcao das diferentes ementas e programas de disciplina, bem como de disponibilidade de tempo alocada ao estudo da hidraulica, em diversos capitulos so apresentados alguns itens assinalados como “tépicos complementares”. Estes topicos, correspondentes a pontos consideradas ndo essenciais a uma primeira visao da hidraulica, podem ser estudados ou ndo, de acordo com as especificidades de cada programa de curso ou necessidade particular, Os problemas envolvendo esses tapicos séo também assinalados como “problemas complementares” Com vistas a garantir um carater dinamico a esse livro, encontra-se disponibilizado no site do Departamento de Engenharia Hidrdulica e Recursos Hidricos da UFMG (www. ehr.ufmg,br) um programa computacional destinado a calculos hidraulicos diversos. 0 programa é continuamente atualizado por meio do trabalho de estudantes em Iniciacéo Cientifica; sua Ultima versdo foi desenvolvida com 0 apoio da empresa Pimenta de Avila Consultoria Ltda. Dentro dessa mesma légica, esperamos que apreciac6es, abservacoes, @ sugestées dos leitores sejam encaminhadas aos autores, como jé vern sendo feito, possibilitando methorias no texto e correcdes em geral, justificadas, a priori, pelo ditado “errar é humano" Gostariamos aqui de agradecer as inumeras contribuigées a este livro pelos nossos colegas do Departamento de Engenharia Hidrdulica e Recursos Hidricos da UFMG, especificamente os professores Nilo Nascimento, Carlos Martinez, Luiz Palmier e Marcelo Libanio, sendo que a este Ultimo agradecemos também 0 incentivo cons- tante ao nosso trabalho. Agradecemos ainda o esmero e cuidado com que Cynthia Maciel Pinto preparou grande parte das ilustracdes do livro. Salientamos o intenso trabalho de diversos bolsistas e monitores, hoje ja engenheiros e, em sua maioria, mestres e doutores, que nos ajudaram, ao longo dos anos, no desenvolvimento dos diversos estagios do software disponibilizado, na preparacao de fotos, na elaboracdo e resolugao de problemas e em diversas outras atividades. Destacamos aqui os no- mes de Gladstone Rodrigues Alexandre, Marcelo Jorge Medeiros, Marcio de Oliveira Candido, Francisco Eustaquio de Oliveira, Marco Aurélio Rachid de Araujo, Alisson Pinto Chaves e Juliano Martins Ribeiro. Em termos institucionais, gostariamos de agra- decer 0 apoio logistico e material do Programa de Pés-Graduacao em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hidricos e do Departamento de Engenharia Hidraulica e Recursos Hidricos da UFMG, bem como a Copasa e & Cemig_, pela cessao de fotos. Finalmente, gostariamos de agradecer pelas diversas contribuigées, na forma de sugestdes e correcdes, recebidas de nossos alunos que, ao longo de anos, nos ensinaram a ajudar a aprender. Os autores ma Capitulo 1 A Engenharia Hidraulica O objetivo deste capitulo ¢ descrever, de forma sucinta, a evolucao historica da Engenharia Hidraulica, buscando situa-la no mundo atual, ressaltando seU eScopo e as suas perspectivas no contexto cada vez mais importante da Engenharia de Recursos Hidricos 1.1 Evolucao histérica da Engenharia Hidraulica O termo “Hidraulica”, originario das palavras gregas “hydros” e “aulos”, respec- tivamente “gua” e “conducéo”, € utilizado atualmente para designar 0 conjunto de técnicas ligadas ao transporte de liquidos, em geral, e da dgua, em particular. Constata- -se, portanto, que o sentido atual é bastante préximo do sentido original da palavra, evidenciando a continuidade do seu escopo basico ao longo do tempo ‘AHidrdulica esteve presente ao longo de praticamente toda a historia da humani- dade, em funcéo da necessidade essencial da agua para a vida humana. De fato, tendo em vista que a 4gua distribui-se de forma irregular, no tempo e no espaco, torna-se necessario © seu transporte dos locais onde est disponivel (ou superabundante, no caso de uma inundacdo, por exemplo) até os locals onde € necessaria (ou ndo mais nociva, prossequindo com o exemplo da inundaco). Assim, tendo em vista a necessidade absoluta da agua, a historia da Hidréulica remonta ao inicio das primeiras sociedades urbanas organizadas, quando tornou-se necessérro efetuar-se a compatibilizacao da sua oferta e demanda Com efeito, até 4,000 anos a.C., as atividades humanas produtivas estavam ligadas apenas 4 obtencSo de alimentos diretamente a partir da natureza, através da caca, pesca e extrativismo vegetal, Nao havia, portanto, atividades agricolas, plantacdes e pecuarias organizadas e a populacdo, extremamente esparsa, vivia de forma némade. Neste tipo de sociedade, a engenharia, em geral, e a Hidraulica, em particular, nao desempenhavam nenhum papel significativo (Kirby et al., 1990), sendo que os homens se deslocavam até pontos onde suas demandas em relacdo a dgua fossem atendidas Fundementos de Engenharia Hives Desde a formacao das primeiras aglomeracées humanas, procurou-se sempre efetuar sua implantagao em sitios préximos de cursos d’égua, que pudessem proporcionar 0 suprimento de Agua para o consumo e higiene humanos, bem como para as primitivas atividades agricolas e artesanais. Entretanto, nem sempre a agua estava disponivel em dado local, na quantidade demandada. Em um certo momento, portanto, tornou-se essencial a implantacdo dos primeiros artefatos e obras de conducao de agua, que esto na base do que conhecemos hoje como a “Engenharia Hidraulica”. Assim, encontram-se vestigios de obras hidrdulicas datados de 4.000 a 3.000 a.C. no Egito, lraque, india, Paquistao, Turquia e China (Roberson, Cassidy e Chaudhry, 1995). Um dos vestigios conhecidos mais antigos de obras hidrdulicas consiste de complexos sistemas de canais de irrigacao e de navegacdo, construidos pelos Sumérios, na Mesopotamia. Estes canais constituiram o marco fundamental da civilizagao Suméria e, pode-se dizer, também da Engenharia Hidrdulica uso das aguas subterréneas remonta também a antiguidade, encontrando-se mesmo referéncias no Antigo Testamento. Dever ser aqui citados os notaveis ghanats dos Persas, que eram extensos tUneis, quase horizontais, com comprimentos superiores a 40 km, que interligavam grandes pocos verticais, com profundidades eventualmente superiores a 100 m. A funcao essencial destas estruturas seria o transporte da agua, em condicées mais favoraveis, evitando a elevada evaporacao presente na area durante 0 verdo. Havia ainda uma funcdo complementar do sistema que seria 0 favorecimento da infiltracdo e da recarga dos aquiferos. No Egito antigo, no periodo de 2.950 a 2.750 a.C. presume-se que tenha sido construida a barragem de "Sadd El-Kafara”, no rio Nilo ao sul do Cairo. Os vestigios encontrados evidenciam que a barragem transbordou, tendo sido destruda poucos anos apés sua construco. Se a construcao de uma barragem é um ponto controvertido da Historia, existem indicios sequros de que os egipcios implementaram uma rede de medidas de nivel d’agua no rio Nilo, possibilitando a criagdo de um primeiro sistema de previsSo de cheias. O que se apresenta de forma bastante clara em todo este periodo da Historia é que néo havia uma grande preocupacao cognitiva relativa as obras executadas; conheciam- -se e desenvolveram-se algumas técnicas que permitiam apenas a execucdo das obras necessarias. Nao havia um processo institucionalizado de formalizaco, transmnissio € desenvolvimento técnico e cientifico. Em suma, havia “técnica” e nao “engenharia”, n sentido atual do termo. Os primeiros pensamentos efetivamente cientificos relativos & Hidrdulica so devidos 0s gregos. De fato, chegaram até a época atual escritos de Arquimedes, no século Ill a.C., referentes aos principios de hidrostatica e equilibrio de corpos imersos e flutuantes. Sao conhecidos também escritos de Hero da Alexandria, no século Il a.C., que expressou principios de medidas de vazio e do papel da velocidade no escoamento, entre outros. Hero foi ainda um precursor da engenharia de maquinas hidraulicas, descrevendo a construco de bombas e a utilizaco de forcas hidrostaticas para acionamento de mecanismos. Deve-se citar aqui ainda Ctesibius, a quem se atribui a criacdo da primeira bomba (Rouse; Ince, 1957). Assim, verifica-se que, de forma similar a tantos outros ramos do conhecimento, ‘também na Hidrdulica, os gregos foram grandes pensadores e inovadores. Entretanto, as realizac6es gregas ficaram, principalmente, no plano intelectual: as atividades manuais 26 ‘Angenhara Hera |Coptulo 1 eram, na Grécia Antiga, atribuigoes principalmente dos escravos e as obras de engenharia, excetuando-se as realizacées arquitetdnicas, ficaram relegadas, portanto, ao estritamente necessario, Uma acentuada diferenca de postura pode ser notada quanto aos romanos, que aproximaram-se mais do enfoque de construgso do que da criagdo intelectual. De fato, © papel representado pelos romanos foi mais ligado aos empreendimentos de enge- nharia, sendo que estas atividades eram consideradas importantes; seus profissionais eram respeitados e conceituados, destacando-se mesmo um “Imperador Engenheiro”, cognome dado a Adriano (Prashun, 1987). Além das obras militares e vidrias, bastante conhecidas, os romanos foram, também, grandes construtores de obras hidréulicas, desde complexos sistemas prediais de dguas, como as termas romanas, até grandes obras de abastecimento de agua e esgotamento sanitario e pluvial. Encontram-se, atualmente, vestigios de diversas destas obras, destacando-se cerca de 200 aquedutos, atendendo 40 cidades, sendo que apenas para abastecimento da cidade de Roma foram construidos 11 aquedutos, transportando uma vazo de cerca de 4.000 litros por segundo. Devem ser também aqui destacados o famoso aqueduto Pont du Gard (Figura 1.1), situado no sul da Franca, como grande obra de abastecimento de agua, e a "Cloaca Maxima”, em Roma, como obra de esgotamento sanitatio, sendo que esta ultima ainda permanece em operacao, integrada no sistema de esgotos atual Figura 1.1 ~ Aqueduto Pont du Gard — Vista e secoes Fonte - Adaptado de AIO, 1994. © conhecimento técnico e cientifico romano foi extensamente exposto por Marcus Vitruvius Pollio, em seu tratado De Architetura Libri Decem, e Sextus Julius Frontinus, em seu livro Aguis Urbis Romae, no qual descreve-se a técnica romana na construcao de aquedutos, sisternas de abastecimento de agua, sistemas de esgotos etc. Segundo Prashun (1987), a eitura dos documentos deixa perceber uma compreenséo relativamente pequena dos fendmenos hidraulicos envolvidos com as obras, permitindo efetuar-se a a Fandamentos de Engenharia Mdrulea constatagao de uma relativa contraposicéo e uma certa complementaridade, entre as contribuig6es gregas e romanas para a Hidraulica Vista da Pont du Gard (Franca) Na Idade Média nao foram constatadas contribuicées significativas para a Engenharia Hidraulica, sendo que até as realizacoes romanas cairam em desuso face a auséncia de manutencéo. Entretanto, alguns progressos discretos, porém continuos, foram obser vados, na medida em que diversas pontes foram construidas e o emprego dos moinhos teve seu uso bastante disseminado. No Renascimento, no inicio do século XVI, Leonardo da Vinci (Richter, 1970) inicia uma nova fase de desenvolvimento da Hidraulica, com a publicacao de suas observaces e despertando novas ideias sobre o principio de conservacéo da massa, efeito do atrito no escoamento e a velocidade de propagacao de ondas, lancando as bases da denominada “Escola Italiana” da Hidrdulica. Constatam-se, em seguida, importantes contribuicées, como Torriceli propondo a teoria dos orificios e Guglielmini, desenvolvendo estudos sobre 0 escoamento em rios. Os estudos efetuados pelos italianos eram essencialmente experimentais; a mate- mética nao desempenhava, até entao, um papel significativo (Chadwick; Morfett, 1993) Apenas no século XVI, com as contribuic6es de diversos matematicos e fisicos, tais como Newton, Descartes, Pascal, Boyle, e Leibnitz, ocorreu 0 surgimento da Hidrodinamica, que efetuava uma descricao matematica fina dos fenémenos fisicos envolvidos com o escoamento. Destacam-se também neste momento historico os grandes pioneiros Bernoulli, Euler, Clairaut_e D’Alembert. No século XVIll os progressos da Hidraulica foram baseados tanto na experimentacao como na andlise matemética, com diversas contribuicées na Italia e, principalmente, na 28 An Engenhati idle Caputo 1 Franca, configurando 0 advento do que se pode denominar “Hidraulica Moderna”, com a fundacao da primeira escola de Engenharia do mundo nos moldes atuais, a "Ecole Nationale des Ponts et Chaussées”, em 1744 (Linsley; Franzini, 1978). Destacam-se, nesse periodo, as contribuicées de Pitot, Chézy, Borda, Bossut, du Buat e Venturi, entre outros. ‘Avanos significativos foram alcangados no século XIX, de uma forma relativamente estanque entre os “Hidraulicos Praticos”, com uma abordagem experimental, e os "Hidro- dinamicos Clasicos”, com uma abordagem puramente matematica dos fendmenos. As discrepancias frequentemente observadas entre os resultados experimentals e aqueles Obtidos através do tratamento matematico explicam essa estanqueidade. Em termos experimentais destacam-se os estudos e a introducdo de conceitos sobre viscosidade e turbuléncia por Hagen e Poiseuille e Reynolds, em épocas distintas, bem como os tra- balhos de Weisbach, Bresse e Darcy relativos 8 resisténcia aos escoamentos e perda de carga, ainda hoje em uso. Do ponto de vista da Hidrodinémica devem ser destacados 05 trabalhos de Navier, Stokes, Saint Venant e outros, que contribuiram enormemente para uma descricdo dos escoamentos através do estabelecimento de equacées bastante gerais e abrangentes. Em funcao do intenso desenvolvimento industrial no final do século XIX e inicio do século XX, tornou-se essencial um estudo mais refinado do escoamento dos fluidos. ‘Assim, em 1904 Prandtl (Bastos, 1983) vem conciliar os dois ramos da Hidraulica, intro- duzindo a teoria da camada limite, explicando assim 0 comportamento distinto do fluxo de acordo com as condigées de contorno e as divergéncias entre a Hidraulica tedrica € experimental. Origina-se, deste modo, a Mecanica dos Fluidos”, que conhece avangos extraordinarios com os trabalhos de von Karman, Nikuradse, Moody, Colebrook e outros. O advento da informatica possibilitou uma verdadeira revolucéo na Hidraulica, permitindo a modelagem dos escoamentos permanentes e transitérios, j& conhecidos, do ponto de vista tedrico desde o século XIX, mas que necessitavam de ferramentas de célculo até entao nao disponiveis. A constante evolucao da informatica, com a introducso de métodos numéricos e computacionais cada vez mais potentes, permite descortinar uma perspectiva de intenso desenvolvimento na Engenharia Hidraulica. Assim, a Hidréulica recebeu contribuigdes de inimeros estudiosos a0 longo de sua historia, conforme pode ser visto no Quadro 1.1, no qual so relacionados alguns hidrdulicos notaveis e listadas algumas da suas contribuic6es mais importantes Quadro 1.1 - Alguns hidréulicos notaveis e suas contribuicdes Nome Origem e periodo __Contribuicées principais Arquimedes Siracusa primeiro texto conhecido sobre a Hidraulica; 287 aC. - 212 a. introduziu 0 conceito de empuxo Leonardo da Vinci italia elaborou estudos € projetos dentro dos 1452-1519 conceitos atuais de Engenharia Hidréulica Evangelista Torricelli tala pioneiro de estudos experimentais; estudos 1608 - 1647 de orificios e jatos Daniel Bernouli Holanda precursor de abordagem tedrica da 1700 - 1782 Hidraulica Leonhard Euler Sufga equacdes gerais do movimento dos fluidos 1707 - 1783 perfeitos 9 ne Fundamentos de Engenhari Mr | Antoine Chézy Franca estudos experimentais relativos & resistén- 1718-1798 cia ao escoamento: Jean Charles de Borda Franca estudo do escoamento junto a embarca- 1733 - 1799 gdes, bombas e orificios; express6es para cAlculo de perdas de carga locelizadas Louis Marie Henri Franca contribuicao teérica a Hidrodinamica Navier 1735 - 1836 Gaspard Gustave Franca aceleragao em sistemas em rotacao; introdu- de Coriolis 1792 - 1843 cdo de coeficientes para velocidade Jean-Claude Bamé de Franca escoamento nao permanente ‘Saint Venant 1797 - 1886 Henri-Philbert-Gaspard Franca escoamento em meios porosos e em Darcy 1803 - 1858 tubulagées | Ludwig-Julius Alemanha contribuicées experimentais concernen- | Weisbach 1806 - 1871 tes 4 resisténcia ao escoamento | William Froude Inglaterra modelagem fisica em Hidréulica 1810 - 1879 Robert Manning INanda proposicéo e divulgacao de expressées 1816 - 1897 de resisténcia ao escoamento em canais abertos George Gabriel Stokes _Irlanda equacoes gerais do escoamento 1819 - 1903 Orborne Reynolds Irlanda conciliacdo de resultados experimentais 1842 - 1912 e tedricos Joseph Boussinesq Franca contribuicgo te6rica ao estudo de coefi- 1842 - 1929 Gentes de velocidade e turbuléncia Boris Bakhmettef Russia ressalto hidrulico energia nos escoa- 1880 - 1951 mentos livres Ven Te Chow China consolidacéo e divulgacdo da Hidrdulica 1919 - 1981 ¢ Hidrologia 1.2 _O panorama e escopo atual da Engenharia Hidraulica No contexto atual, pode-se definir a Engenharia Hidraulica como sendo a érea da engenharia correspondent & aplicacdo dos conceitos da Mecénica dos Fluids na resolugso de problemas ligados & captacéo, atmazenamento, controle, transporte e uso da agua. Desta forma, percebe-se que a Engenharia Hidrdulica desempenha um papel significativo em diversas modalidades de engenharia, integrando-se também em diversos outros campos profissionais. No campo de trabalho especifico da Engenharia de Recursos Hidricos, a Engenharia Hidraulica encontra-se presente em praticamente todos os tipos de empreendimentos, 30 ‘Akngerhaa Heke | Capitulo 1 como sistemas hidrdulicos de geracao de energia, obras de infraestrutura, tais como canais, portos, hidrovias, eclusas etc., como pode ser visto na Figura 1.2. Figura 1.2 — Alguns usos atuais da agua Usina Hidrelétrica de Séo Simo (MG) - Foto: Cemig Fundomentos de Engenharia Mdrsulea Apenas para citar um exemplo brasileiro de grande empreendimento de geracao de energia elétrica, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, no rio Parana, com vazdo média didria de cerca de 2.000 ms e altura maxima de queda de 128 m, € equipada com 18 turbinas com capacidade nominal de 12.870 MW, gerou 93.428 GWh no ano 2000. Aaanalise dos problemas ligados ao projeto e gestao de reservatorios, a propagacao de cheias e a delimitacao de areas inundaveis, entre outros, utilizam a Hidraulica como importante ferramenta de trabalho. Em Saneamento Basico, a Engenharia Hidrdulica desempenha também um papel importante em grande parte dos empreendimentos. Com efeito, a Hidrdulica encontra-se presente desde a captacao, aducao e distribuicao de aguas de abastecimento urbano e industrial, até os sistemas de coleta e esgotamento sanitério e de drenagem pluvial, passando pelas estacdes de tratamento de agua e esgoto, Diversas so também as inter-relac6es da Hidrdulica com a Engenharia Ambiental, cada vez mais importante no contexto atual, De fato, as questdes ligadas a preservacéo dos habitats em meios aquéticos, a dispersao e difusdo de poluentes, os problemas de erosdo e assoreamento, entre outros, fazem intervir a Hidraulica. Na Engenharia de Transportes a Hidrdulica também faz-se presente, sobretudo no tocante a obras de infraestrutura de transporte, tais como bueiros e pontes, além dos portos, hidrovias, eclusas, jé citados anteriormente. A Engenharia Hidraulica encontra ainda importantes aplicagdes em dominios tais como aiirigacdo e drenagem de dreas agricolas, processos industriais diversos, sistemas e maquinas hidrdulicas etc. Pode-se citar 0 exemplo do Projeto Jaiba, localizado as margens do rio So Francisco, no norte do Estado de Minas Gerais que, com vazo nominal de 80 mis, foi projetado para a irrigacao de cerca de 100.000 ha, através de uma rede de mais de 247 km de canais. 1.3 Desafios e perspectivas Conforme visto ao longo deste capitulo, a Engenharia Hidrdulica apresenta um am- plo espectro de atuacao na sociedade atual, experimentando hoje uma fase de intenso desenvolvimento cientifico e tecnolégico, em resposta ao uso cada vez mais intenso dos recursos naturais, com projetos cada vez mais complexos e de maior envergadura. crescimento da populacdo mundial e o desenvolvimento econémico, com as demandas correspondentes em agua, tanto para consumo direto, como também para insumo industrial e agricola, ensejam uma utlizaco e valorizacao crescente dos recursos hidricos. Por outro lado, as questoes ambientals concernentes a Agua implicam na neces- sidade de que a utlizacSo do recurso seja feita mais racionalmente, de forma compativel com os conceitos de desenvolvimento sustentavel. Pode-se discernir, portanto, uma ten- déncia de crescimento do papel da Engenharia Hidraulica, no contexto socioecondmico € ambiental em que se insere a Engenharia de Recursos Hidricos. 32 1 Engenharis Herts I Capo Modelo reduzido de vertedor Os aspectos de pressdo de demanda, em quantidade e qualidade, vérn certamente condicionar o desenvolvimento tecnoldgico da Engenharia Hidrdulica. Este desenvolvi- mento implica, necessariamente, continuos avangos cientificos, centrados no melhor conhecimento do comportamento dos sistemas e dos processos hidrdulicos envolvidos. Do ponto de vista experimental, importantes avancos em equipamentos de medicao em laboratorio e em escala real, com avancados sistemas de aquisicao e tratamento de dados, tornam possivel uma abordagem mais fina dos fendmenos hidraulicos, incremen- tando as possibilidades e reduzindo prazos e custos da modelagem fisica. Os recursos computacionais atuais, com a reducdo de tempos de processamento ¢ incremento das possibilidades de calculo, tornam possivel a simulacao matemética de sis- temas hidrdulicos complexos, fazendo intervir possantes e refinados modelos numéricos Por outro lado, tornou-se possivel a abordagem de alguns processos hidraulicos através de novos conceitos ¢ teorias. Como exemplo, pode-se citar a utilizaco dos conceitos de turbuléncia, anteriormente com 0 uso limitado ao campo de fenémenos de transporte mais refinado e que vém sendo adotados na area de Engenharia Hidraulica. Uma tendéncia que 6 possivel discernir corresponde ao incremento da comple- mentaridade entre a modelagem fisica e a modelagem matematica. Técnicas cada vez mais avancadas e sofisticadas para medicao e aquisic3o de dados suprem as necessidades crescentes de informagdes dos modelos de simulacéo matematica, capazes de representar 95 fendmenos fisicos envolvidos em complexidade crescente e com condicées de contorno mais diversificadas e realistas. Assim, face ao significativo papel da Hidraulica na sociedade atual e face & crescente complexidade no tratamento das questées envolvidas, visualizam-se importantes desafios cientificos e tecnologicos para Engenharia Hidraulica no futuro. B Capitulo 2 A mecanica dos fluidos na Hidraulica Neste capitulo séo apresentados, resumidamente, alguns tépicos basics da Mecanica dos Fluidos necessdrios ao estudo da Hidrdulica, tais corno sistemas de unidades, propriedades fisicas dos fluidos e conceitos de hidrodinamica e hidrostatica 2.1 Introducdo_ ‘A fundamentacao tedrica da Hidraulica esta contida na Mecdinica dos Fluidos e con- sequentemente na Fisica. Assim, enquanto esta estuda o comportamento da matéria nos irés estados (sélido, liquido e gasoso), a Mecénica dos Fluidos trata dos fluidos (liquidos € gases) e a Hidraulica apenas dos liquidos, mais especificamente da agua. Entretanto, os elementos tedricos originarios da Fisica nao sao suficientes per si para resolver todos os problemas praticos da Hidrdulica, requerendo esta, quase sempre, de dados experimentais. Desta maneira, os fundamentos dos itens apresentados neste livro esto alicercados na Fisica classica € no empirismo. Para anélise destas quest6es, principalmente as relacionadas com equas6es e proprie- dades fisicas dos fluidos, apresentam-se a seguir as unidades das grandezas normalmente utilizadas neste livro e o principio da homogeneidade dimensional. 2.1.1 Sistemas de unidades Para efetuar-se a medida de determinada grandeza, tal como comprimento, forca, ou mesmo, alguma propriedade do fluido, é necessario comparé-la com outra grandeza de mesma espécie. O padrao de medida que serve para comparagao é denominado de unidade. Conforme a natureza da grandeza considerada, as unidades podem ser fundamentals ou derivadas. © conjunto formado pelas unidades das grandezas fundamentais e pelas unidades das grandezas derivadas é denominado Sistema de Unidades. No Brasil, desde 1962, adota-se Fundamentos de ngenria Hirota oficialmente o Sistema Internacional (SI), baseado em 7 grandezas fundamentais, basicas. As abreviaturas das unidades sao escritas em letras minusculas, com excecao das unida- des derivadas de nomes proprios, que devem iniciar-se com letras mailisculas, conforme mostra 0 Quadro 2.1 Quadro 2.1 - Grandezas fundamentais ~ simbolos e unidades Grandezas fundamentais _Simbolo_Unidade Abreviatura da unidade Comprimento L Metro, m Massa M Quilograma kg Tempo: T Segundo s Intensidade corrente elétrica I Ampere A Temperatura 6 Kelvin K Quantidade de matéria q Mole mol I Intensidade luminosa Candeia cd. Na Fisica, em geral, e na Hidraulica, em particular, adotam-se como grandezas fun- damentais a Massa M, 0 Comprimento L e 0 Tempo T, dai a denominacao de Sistema MILT, em substituicdo ao nome de Sistema Internacional. As unidades correspondentes & massa, a0 comprimento € a0 tempo s4o 0 quilograma (kg), 0 metro (rm) e 0 segundo (8), respectivamente Outro sistema muito utilizado no Brasil ¢ o Técnico ST, também denominado FLT, bem semelhante ao SI, Contudo, utiliza-se a forca F como grandeza fundamental, cuja unidade é 0 kgf, no lugar da massa, além do comprimento e do tempo, Por outro lado, a massa passa a ser uma grandeza derivada, cuja unidade é denominada unidade técnica de massa (utm). A passagem de um sistema ao outro ¢ feita pela aplicacao da segunda lel de Newton (F = m.a), estabelecendo dessa maneira que’ tutm=tkgt.s?//m lutm = 9,8Ikg IN=1kg-m/s? Ikgf = 9,81N O Quadro 2.2 contém as unidades das grandezas normalmente utilizadas na Hidraulica, nos sistemas internacional € técnico. Quadro 2.2 - Unidades utilizadas nos sistemas usuais Grandezas Simbolo Abreviatura das unidades Sistema Internacional istema Técnico Massa M kg kgf.st/m (utm) Comprimento L m m Tempo T s s Forca F N kof 36 ‘A Mecinica dos Fides na Hila | Capt 2 2.1.2 Principio da homogeneidade dimensional O principio da hornogeneidade dimensional é utilizado para facilitar o desenvolvi- mento de equacées e a converséo de sistemas de unidades. Através deste, é possivel representar, por exemplo, as leis da Fisica pelas grandezas fundamentais dos sistemas internacional ou técnico. Este principio estabelece que uma equacao ¢ dita homogénea dimensionalmente, quando os seus diferentes termos apresentam o mesmo grau com relacao as grandezas fundamentais, E importante ressaltar, entretanto, que o principio da homogeneidade dimensional, embora seja uma condigao geral para a validade de uma equacéo, nao é suficiente. Por outro lado, & possivel terse equacdes ndo homogéneas, ou seja, equacdes cujos diferentes termos nao apresentam as mesmas dimensées, sendo validas em um determinado sistema de unidades, para uma determinada gama de valores das grande- zas intervenientes. Em geral, estas equagbes sao oriundas de experiéncias conduzidas empiricamente. Exemplo 2.1 Determinar a equacdo da distancia percorrida por um corpo em queda livre, considerando-se que a distancia percorrida d depende do peso do corpo P, da aceleracao da gravidade g e do tempo t, ou seja: d=kPgt (2.1) sendo k um coeficiente adimensional, geralmente determinado experimen- talmente efou por analise fisica. Solugéo Pelo principio da homogeneidade dimensional, para que esta equacdo seja homogénea os expoentes das grandezas fundamentais envolvidas devern ter 0 mesmo grau, em ambos os membros da equacao. Expressando, en- ‘tao, as grandezas envolvidas em termos das grandezas fundamentais MLT e substituindo-as em (2.1) tem-se: L MLT iP T MPLIT. = (MPL? T) (OT) (F) +e va ¥Uyy 37 eee nee en eee Fundementos de Engenharia Wdrulce Relacionando os expoentes de M, L, e T na equacao anterior, tem-se, respectivamente: O=a > Tsa+b > 0=-2a-2b+¢C > Substituindo-se os valores de a, be c na equacdo (2.1), obtém-se as dimensées da distancia em relacdo 8s grandezas fundamentais MLT, de onde pode-se concluir que a distancia independe de "P” d=kPgt =» d=kgt A aplicacao desse principio permite obter o mesmo resultado, utilizando-se tanto as grandezas fundamentais MLT quanto FLT. 2.2 Propriedades fisicas dos fluidos Fluidos so substancias no estado liquido ou gasoso que se deformam continua- mente sob a acdo de alguma forca cisalhante. Este texto trata especialmente dos liquidos newtonianos, isto 6, dos liquidos em que a taxa de deformacao varia linearmente com a forca de cisalhamento aplicada. Algumas propriedades fisicas dos iquidos e em especial da Agua sdo apresentadas a seguir. Massa especifica ou densidade absoluta Massa especifica ou densidade absoluta é a relagao entre a massa do fluido e o seu volume. p =v (2.2) sendo: p = Massa especifica ou densidade absoluta do fluido m = massa do fluido ‘v =volume do fluido ‘A massa especifica depende da presséo e da temperatura (ver Quadros 2.3 € 2.4). Entretanto, em condic6es normais, a variagéo dessa grandeza é pequena e, comumente, considerada constante, Na maioria dos problemas, adotam-se para a 4gua os valores da massa especfica a 4°C, ou seja, p =1000 ko/im? no sistema internacional ou p =102 kgts*/m* no 8 A Mecca dos Fidos na Hirauiea | Cape 2 sistema técnico. Excecéo se faz aos escoamentos transitérios, nos quais essa propriedade deve ser considerada como uma funcao da pressdo que é muito varidvel, ou em escoa- mentos com elevadas temperaturas. Para todas as aplicacOes praticas deste livro, salvo indicacao em contrario, sero adotados: p = 1000 kg/m? = 102kgf.s*/m*. Densidade relativa Densidade relativa (6) é a relacdo entre a massa especifica de uma substancia para ‘outra tomada como referéncia. Normalmente, para liquidos, a agua a 4°C é tomada como padrao, 0 que corresponde a p,=1000 kg/m? ou p,=102 kaf mrs®, Assim, a densidade relativa da Agua, independe do sistema de unidade, podendo ser considerada igual a unidade (8 =1) em grande parte dos problemas. Para todas as aplicaces praticas deste livro, salvo indicado em contrério, ser adotado 6 = 1. 5 =p/p, (2.3) Quadro 2.3 - Propriedades fisicas da 4gua - sistema internacional Temperatura Massa Peso Pressiode Médulode Viscosidade Viscosidade Especifica Especifico Vapor ——_Elasticidade Dindmica —_Cinematica Volumétrico T P 7 Bae K e Vv °C kg/m? __N/m? Pa 107Pa__107kg/ms__ 10% m/s 0 999.9 9805 611 204 1,79 179 5 1000,0 9806 873 206 1,52 1,52 10 99,7 9803 1266 21 1,31 131 15 999,1 9798 1707 214 114 114 20 998.2 9789 2335 220 1,01 4,01 25, 997.1 9779 3169 222 0,89 0,90 30 995,7 9767 4238 223 0,80 0,80 35 9941 9752 5621 224 0,72 0,73 40 992.2 9737 7377 227 0.66 0.66 45 990.2 9720 9584 229 0,60 0,61 50 988,1 9697 12331 230 0,55 0,56 55 985,7 9679 15745 231 051 0,51 60 983.2 9658 19924 228 0,47 0.48 65 980,6 9635 25015 226 0,44 0,44 70 977.8 9600 31166 225 041 0,42 5 9749 9589 38563 223 0,38 0,39 80 9718 9557 47372 221 036 037 85 968,6 9529 57820 217 034 035 90 9653 9499 70132 216 0,32 033 95 961,9 9469-84552 2u 0,30 031 100 9584 9438101357 207 _0,28 0,30 39 Fundamentos de Engenhri Herslca Quadro 2.4 ~ Propriedades fisicas da Agua - sistema técnico Temperatura Massa Peso Presséo de Médulo de Viscosidade Viscosidade Especifica Especifico Vapor —_Elasticidade pingmica _ Cinemética Volumétrico a ? ¥ a K it v °C ___Kgfis¥m* kgf/m? _Kgffm? 10°Kgf/m? 10° kg/ms 10° m/s 0 101,9 999.9 62 2,08 1,83 1,79 5 101,9 1000, 89 2,10 1,55 1,52 10 101,9 © 9997129 2,15 1,33 131 15 101,8 99,1 174 2,18 1,16 114 20 1018 98,2238 2,24 1,03 101 25, 101.6 © 997.1323 2,26 0.91 0.90 30 1015 995,7432 2.27 0,82 0,80 35, 101.3 9941573 2,28 0,74 073 40 101,192,272 231 0.67 0,66 45 100.9 990.297 2,33 0.61 0,61 50 100.7 98811257 2,34 0,56 0,56 55 1005 9857. 1605 2,35 0,52 051 60 1002 98322031 2,32 0,48 0,48 65 1000 9806 2550 2,30 0,44 0,44 70 99,7 977.8 3177 2.29 0,42 0,42 75 99,4 © 974,9 (3931 2.27 039 0,39 80 99,1 9718 4829 2,27 0,36 0,37 85, 987 9686 ©5894 221 034 0,35 90 984 965,37149 2,20 0,32 0,33 95 98,1 9619-8619 215 0,31 0,31 100 97,7___958,4__ 10332 211 0,29 0,30 Peso especifico Peso especifico é a relacdo entre 0 peso do fluido e o seu volume. yew (2.4) sendo ‘Y= peso especifico do fluido W = peso do fluido = volume do fluido Pela segunda lei de Newton W = m.g, sendo ma massa eg a aceleracao da gravi- dade, Substituindo este valor de W na equacdo (2.4), juntamente com a equacao (2.2), tem-se y = pg. Conclui-se, portanto, que o peso especifico depende da pressao e da ‘temperatura, j4 que p também depende destas caracteristicas. Para todas as aplicacées praticas deste livro, salvo indicacéo em contrario, serao adotados: y = 9810 N/m? = 1000 kgf/m? eg = 9,81 m/s, Os Quadros 2.3 e 2.4 relacionam os valores do peso especifico da agua em diferentes temperaturas, entretanto, como a variagao dos valores do peso especifico € pequena, 40 A Mecca des lids na Herauliea |Captul 2 em grande parte dos problemas utiiza-se 0 valor padréo: y =9,81x10* Nin? ou'y =1000katim?, nos sistemas de unidades internacional e técnico, respectivamente. Pressao A relacao entre a forca normal que age contra uma superficie plana e sua area é definida como presséo média (P = F/A). Quando esta area se aproxima de zero, em torno de urn ponto, tem-se, por definicao, a presséo no ponto, sendo a direcao da pressdo sempre normal a superficie. A medida dessa grandeza no sistema técnico ¢ denominada Pascal (Pa), sendo 1 Pa = 1 N/m? s_, F Ba time tina (2.5) em que: P : pressao num ponto F : esforco normal a superficie A: area da superficie Também leva 0 nome de Pascal a lei que estabelece que num fluido em equillbrio a presso num ponto é a mesma em todas as direcGes, independentemente da orientacdo da superficie em torno do ponto, ou seja: (2.6) Pressdo de vapor Pressdo de vapor corresponde ao valor da pressdo na qual o liquide passa da fase liquida para a gasosa. Na superficie de um liquido ha uma troca constante de moléculas que escapam para a atmosfera (evaporacao) e outras que penetram no liquido (con- densacao). Visto que este proceso depende da atividade molecular e que esta depende da temperatura e da pressao, a pressio de vapor do Iiquido também depende destes, crescendo 0 seu valor com 0 aumento da presséo e da temperatura. Quando a pressdo externa, na superficie do liquido, se iguala 8 pressdo de vapor, este se evapora. Se 0 proceso no qual isto ocorre é devido ao aumento da temperatura do liquido, permanecendo a pressao externa constante, 0 proceso ¢ denominado de evaporacao. Caso isto se dé pela mudanca da pressdo local enquanto a temperatura permanece constante, 0 fendmeno é conhecido.por cavitacso. Este fenémeno ocorre, normalmente, em escoamentos sujeitos as baixas press6es, proximos 8 mudanca de fase do estado liquido para 0 gasoso e constitui um grande problema em vertedores, valvulas e succéo de bombas. Valores da presséo de vapor, para a agua, séo mostrados nos Quadros 2.3 e 2.4. a" Fundomentos de Engenharia Wedrbulca Moédulo de elasticidade volumétrico O médulo de elasticidade volumétrico é a relagdo entre o incremento de pressao (AP) aplicado ao fluido e a variacao relativa de volume (AV/ v), dando, portanto, a medida da compressibilidade do fluido através da relacéo: = - ARV JAW (27) | em que: K = médulo de elasticidade volumétrico do liquide | AP = incremento de pressao | AW= variagdo do volume devido a AP Y= volume do liquido Em grande parte dos problemas que envolvem escoamento de liquidos, a compressi- | bilidade pode ser desprezada, uma vez que as mudancas de volume para as variacbes de t pressdes normalmente existentes sdo irrelevantes. Entretanto, no estudo de transientes >» } hidrdulicos © médulo de elasticidade volumétrico passa a ser importante, pois as oscilacoes, | das press6es s4o de maior monta, afetando a velocidade de propagacao das perturbacdes no meio liquido. Para a Agua, os valores do médulo de elasticidade sao mostrados nos Quadros 2.3 e 2.4. Viscosidade Viscosidade ¢ a resistencia do fluido 8 deformacéo, devida principalmente as forcas de coesdo intermolecular. Consequentemente, essa propriedade s6 é evidenciada com 0 escoamento do fluido, apresentando menor fluidez os fluidos de alta viscosidade e vice-versa, | Newton estabeleceu que num escoamento unidirecional, como o representado na | Figura 2.1, a tensdo tangencial t 6 proporcional ao gradiente de velocidade dv/dy, sendo | 0 Coeficiente de proporcionalidade a viscosidade dinamica do fluido 1. Os fluidos que t seguem esta lei so chamados de newtonianos. t=ydvidy (Lei da Viscosidade de Newton) (2.8) PLACA MOVEL PLACA FIXA Figura 2.1- Diagrama de velocidade de um fluido escoando entre duas placas planas a2 nn LL LED ETE ER RT RO Fo ETE OE A Mecinca dos Fides na Were Capo 2 A razao entre a viscosidade dinamica do fluido y e sua massa especifica p édenomi- nada viscosidade cinematica v e é frequentemente utilizada, pois 0s efeitos da viscosidade tornam-se mais evidentes com menor inércia do fluido. v=nhp (2.9) 0 Quadro 2.3 mostra no sistema internacional de unidades 0 valores da viscosidade dinamica e cinematica da agua, a diferentes temperaturas, o mesmo acontecendo no Quadro 2.4 para o sistema técnico. 2.3 Classificagéo dos escoamentos Uma classificacao geral basica, que norteia o estudo da Hidraulica, diz respeito a pressao reinante no conduto, podendo o escoamento ser forcado ou livre. No primeiro caso a presséo € sempre diferente da atmosférica e portanto 0 conduto tem que ser fechado, como nas tubulacées de recalque e succao das bombas ou nas redes de abas- tecimento de agua. No escoamento livre a presséo na superficie do liquido é igual 8 atmosférica, podendo o conduto ser aberto, como nos canais fluviais, ou fechado, como nas redes de coleta de esgoto sanitario Plezémetro — ee Tube bea Segdo AA Conduit foreado zs Sesto BB Condut livre Figura 2.2 - Escoamento forcada e live 4B Fandamenos de Engenharia Hiren ‘Adutora ~ conduto forgado — e canalizacéo do ribeirdo Arrudas — escoamento livre (Belo Horizonte, MG) Quanto a direcéio na trajetoria das particulas, 0 escoamento pode ser Jaminar ou turbulento. A experiéncia de Osborne Reynolds, que consiste na injecao continua de | um corante em um ponto do escoamento, permite visualizar estes dois tipos de fluxo | (ver Figura 2.3). No fluxo laminar 0 corante forma um filete bem definido, sem misturar 1 com 0 liquido, uma vez que as varias camadas do Iiquido se movern sem perturbacao. i | JA no escoamento turbulento, as particulas do liquido tém trajetérias irregulares, cau- sando uma transferéncia da quantidade de movimento de uma parte a outra do fluido. Neste caso, ocorre a mistura do corante na massa liquida. Na Engenharia Hidraulica, em i geral, os escoamentos se enquadram na categoria de turbulento. O escoamento laminar pode ocorrer quando 0 fluido é muito viscoso ou a velocidade do escoamento € muito pequena, como nos decantadores das estacdes de tratamento de agua Filamento de tnt ees | Sa Oe ° \ ube Fluxo laminar Fluxo turbutento Figura 2.3 - Escoamento laminar e turbulento Com efeito, considerando as indicacées de Reynolds, tem-se: Re=pUD/u ou Re = UDjv (2.10) em que Re : Numero de Reynolds; U_ : Velocidade média do escoamento; D, : Dimensao geometrica caracteristica; p_ : Massa especifica; pt: Viscosidade dinamica; v_ : Viscosidade cinematica | Mecca dos Fidos na Haut Capt 2 Para os escoamentos livres, adota-se o raio hidraulico R,, como dimensao geométrica caracteristica, e para os escoamentos em condutos forcados 0 diametro D, como sera visto oportunamente, © Quadro 2.5 apresenta os niimeros de Reynolds correspondentes 05 regimes de escoamento verificados na experiéncia citada, conforme os escoamentos se deem em escoamentos livres ou forcados Quadro 2.5 - Regime de escoamento e o ntimero de Reynolds Regime Condutos Livres ‘Condutos Forcados Re=UR/v Re=UD/v Laminar Re < 500 Re < 2000 Transigaio 500 < Re < 1000 2000 < Re < 4000 Turbulento Re > 1000 Re > 4000 Quanto a variacdo no tempo os escoamentos se classificam em permanentes ¢ tran- sit6rias. No regime permanente nao ha variacdo das caracteristicas de escoamento com © tempo; assim, a velocidade v e também outras propriedades como massa especifica P, pressao p etc. serdo expressas matematicamente como sendo avfat = 0, Ap/at = 0, ap/at = 0 De maneira similar, tem-se nos escoamentos transitorios: av/At # 0, Ap/at # 0, Ip/at + O Os escoamentos transit6rios podem ainda ser subdivididos de acordo com a taxa de variacao da velocidade e da pressao. Se estas variam lentamente, como no escoamento em uma tubulacéo abastecida por um reservatério de nivel variavel, a rudanca é lenta @ @ compressibilidade do liquido nao & importante. Entretanto, quando a mudanca é brusca, como nos casos de fechamento répido de valvulas em condutos forcados, on- das de pressdo s8o geradas € transmitidas com a velocidade de propagacao do som e causam uma variagao acentuada de presséo, sendo a compressibilidade, nestes casos, fator importante no fenémeno, chamado de transiente hidrdulico ou golpe de arlete Caracteristicas hidraulicas Caracteristicas hidraulicas constantes no tempo varidveis no tempo 5 4 Fluxo permanente Fiuxo transient Figura 2.4 - Escoamento p Com relacao a trajetéria os escoamentos podem também ser classificados em unifor- ‘mee variado. No escoamento uniforme o vetor velocidade € constante em médulo, direcao 45 Fundarentas de ngenhoa Hdratea e sentido, em todos os pontos, para qualquer instante, isto quer dizer, matematicamente, que av/as = 0, sendo vo vetor velocidade e s 0 deslocarnento. Exemplos de escoamento uniforme s4o encontrados nos condutos de secao constante de grande extensao, como adutoras e canais prismaticos em que a altura da lamina d’agua é invariavel. No escoamento variado év/as # 0. Condutos com varios didmetros ou canais com declividades variaveis, como o mostrado na figura a seguir, s80 exemplos de escoamento variado, = Bruscamente Variado Gradualmente Variado Uniforme. Fluxo permanente variado Figura 2.5 - Escoamento variado Tem-se ainda os escoamentos unidimensionais, bidimensionais e tridimensionais, conforme o niimero de dimensoes envolvidas no fendmeno. No primeiro tipo sao des- preziveis as variacées das grandezas na direcéo transversal a0 escoamento, tendo em vista as variacdes dessas mesmas grandezas ao longo do escoamento. Os escoamentos em condutos forcados sao considerados unidimensionais, uma vez que as grandezas, do tipo velocidade, pressao e propriedades fisicas, sd0 expressas em termos de valores médios constantes para a seco transversal. No escoamento bidimensional admite-se que as variacdes das grandezas podem ser expressas em funcao de duas coordenadas, ou seja, as variacbes da velocidade, da presséo e demais grandezas podem ser descritas num plano paralelo a0 do escoamento. 0 tridimensional ¢ o mais geral, sendo que suas caracteristicas variam nas trés dimens6es € por isso mesmo sua andlise exige métodos matematicos mais complexos.

y,, Jp = Yor IVA (2.27) 6 fundaments de Engenharia Hiri yp, = distancia da linha de acéo da forca resultante & superficie livre, segundo o plano da superficie |, =momento de inércia da superficie plana em relagao ao eixo que passa pelo seu centro de gravidade (ver Quadro 2.6) y, =distancia do centro de gravidade da superficie plana a superficie | livre, segundo o plano da superficie. Quadro 2.6 - Momentos de inércia de algumas figuras importantes | Forma Figura Ip tang , x Retangular cede He i o Triangular ba 36 Circular not Comportas retangulares (Canal de la Durance, Franca) 62 |AWMectrica dos Fides na Hibs | Capo 2 Exemplo 2.5 Uma barragem de terra e enrocamento é projetada para uma lamina d’égua maxima de 9,0 m. Considerando a seco transversal mostrada na figura a seguir, pede-se determinar: a) O esforco exercido pela agua armazenada por unidade de largura da barragem, b) A localizacao do esforco calculado no item anterior. Solucao a) Utilizando a equacao (2.26) para se determinar o esforco em 1,0 m da barrage, tem-se: FE =yhA y =1000kgf/m? A=AB-1,0=14,0m? F =1000-4,5-14,0 = 63000kgf ou F =618030V b) Pela equacao (2.27) =7,0m 63 Fundemantos de Engentri Hdeulica O retangulo, de base igual a 1,0 me altura de 14,0 m, tem para o momento de inércia (/,) a expresso seguinte, mostrada no Quadro 2.6: 1 - ba _ 10-140" = = 228,7m* a2, 12 : __Problemas___ | 2.1 Estabelecer a expressdo matemidtica da relacdo entre o tempo percortido (t) em queda livre de um corpo no vacuo, sujeito a gravidade (9), a uma altura (h), utilizando o principio da homogeneidade dimensional. 2.2 Utilizando © principio da homogeneidade dimensional, estabelecer a relacéio matematica que existe entre a energia fornecida por uma bomba (P), 0 peso espe- Gifico do fluido (9), a vazio (Q) € a altura de carga fornecida pela bomba (Hm), 2.3Um bocal convergente de 100 mm x 50 mm é colocado num sistema para assegurar uma velocidade de 5,0 m/s na extremidade menor do bocal, Calcular a velocidade, a montante do bocal e a vazéo escoada 2.4 Calcular a forca requerida para segurar um esquicho de mangueira de incéndio que ten 63 mm de diametro na entrada e 19 mm na saida, quando este esta des- : pejando 4,0 Vs de égua para atmosfera. Considerar desprezivel a perda de carga no bocal a0 longo de 1 km de extensao. O canal tem inicio na cota 903,0 onde a famina : d’agua é de 1,0 m. Supondo que na seco final do canal a cota seja 890,0 mea velocidade média 3,0 m/s, pede-se calcular a perda de carga total entre o inicio e © término do canal | 2.5Um canal retangular com 5,0 m de largura transporta uma vazéo de 10 m*/s [A Mecirica dos Fidos na Hida | Cepto 2 2.6 Por um canal retangular de 2,0 m de largura, posicionado a 20 m do nivel de referéncia escoam 3,0 m/s de agua a uma profundidade de 1,8 m. Calcular a energia hidraulica total na superficie da agua em relacao ao nivel de referéncia 2.7 Uma tubulacao de 500 mm de diametro, assentada com uma inclinagao de 1%. ao longo de 1 km do seu comprimento, transporta 250 Us. Sabendo-se que a pressao a0 longo da tubulacao é constante, determinar a perda de carga neste trecho. 2.8Um tanque contém 0,50 m de agua e 1,20 m de éleo cua densidade relativa 6 0,80. Calcular a pressao no fundo do tanque e num ponto do liquido situado 1a interface entre os dois liquidos. Expressar os resultados nos sistemas técnico e internacional 2.9Uma vazao de 75 V/s esta escoando numa curva de 90°, diametro de 300 mm, posicionada num plano horizontal, onde a carga de pressdo 6 40 m. Determine o valor e a direcao da forca que atua neste ponto da instalacéo. 2.10. Uma reducdo com 1,5 m de diémetro a montante e 1,0 m a jusante, assen- tada no plano horizontal, apresentou 400 kPa de pressio na seco de montante quando transportava 1,8 m/s de agua. Desprezando-se a perda de carga, calcule a forca horizontal que esta peca deve provocar no bloco para a sua ancoragem 65 Capitulo 3 Escoamento em condutos forcados simples Este capitulo trata, essencialmente, de problemas relacionados aos condutos forcados simples em regime permanente. Para tanto, so apresentados os métodos usuais para o célculo da perda de carga e suas aplicacoes. Analisa- -se, também, a influéncia do perfil das tubulacdes em relacao as linhas de carga do escoamento, Finalmente, os problemas ligados a cavitacéo e aos escoamentos nao permanentes so discutidos. 3.1 Perda de carga liquido ao escoar transforma parte de sua energia em calor. Essa energia ndo é mais recuperada na forma de energia cinética e/ou potencial e, por isso, denomina-se perda de carga. Para efeito de estudo, a perda de carga, denotada por Ah, é classificada ern perda de carga continua Ah’ e perda de carga localizada 4h”, sendo a primeira conside- rada ao longo da tubulacdo e a outra, devido a presenca de conexdes, aparelhos etc., em pontos particulares do conduto, conforme pode ser visto na Figura 3.1 PCE. =Plano de Carga Estitco - LC.=Lithade Carga - LP. =Linha Piezomética Figura 3.1 - Representacdo da perda de carga num tubo de secao constante Fundamentos de Engen Haroun 3.1.1 Perda de carga continua A perda de carga continua se deve, principaimente, ao atrito interno entre particu- las gerando transversalmente ao escoamento diferentes velocidades. As causas dessas variacdes de velocidades so a viscosidade do liquido v e a rugosidade da tubulacao e. No escoamento uniforme, a razao entre a perda de carga continua Ah’ e o comprimento do conduto L representa o gradiente ou a inclinaco da linha de carga e € denominado por perda de carga unitaria J: @.1) Na Figura 3.1, entre os pontos 2 e 3 do conduto, onde nao hd nenhuma perda de carga localizada, a linha piezométrica é paralela a linha de carga, j4 que a secao do tubo 6 constante e consequentemente a carga de velocidade também 0 €. Assim, 0 abaixa- mento da linha piezomeétrica representa também a perda de carga continua, como pode ser demonstrado, aplicando a equacao de Bernoulli entre as secdes 2 e 3 consideradas: Zt Py + UZl2g = yt Pj ly + UzZl2g +Ah',, visto que UU, > Ah’, = Zr Psp- Zt PLD A andlise dimensional pode ser utilizada para se obter uma relacao entre a perda de carga continua, pardmetros geométricos do escoamento no conduto e propriedades relevantes do fluido, resultando na equacao Universal de perda de carga, que para con- dutos de seco circular apresenta-se como a (3.2) 2g 3 Considerando as equacées (3.1), (3.2) e a equacao da continuidade, obtém-se a seguinte equacdo para a perda de carga unitéria sendo: J= perda de carga unitaria em m/m; U = velocidade média do escoamento em m/s; D = diametro do conduto em m; Escoamanto em conduit faced simples | Capo 3 L = comprimento do conduto em m; Q = vazdo em m/s; celeracao da gravidade em m/s*; f = coeficiente de perda de carga. O coeficiente de perda de carga f é um adimensional que depende basicamente do regime de escoamento. No escoamento laminar (Re < 2000), este coeficiente pode ser obtido através da equacéo racional de Hagen-Poiseuille (mostrada a seguir), em comparacao com a formulago Universal para perda de carga (3.2). 0 resultado disso a expresso (3.4), onde pode-se notar que f depende do numero de Reynolds (Re = UD/v) € portanto da viscosidade cinematica do fluido v, da velocidade média U e do diametro da tubulacdo D. 32vU (Equacao de Hagen-Poiseuille) (3.4) No escoamento turbulento (Re > 4000) o coeficiente de perda de carga f, quando avaliado experimentalmente, tem demonstrado também depender da viscosidade cine- matica do fluido v, da velocidade média U, do diémetro da tubulacdo D e para a maioria das situac6es da rugosidade interna da parede do tubo e. Blasius, em 1913, propés a formula empirica (3.5) para avaliar este coeficiente em ‘tubos lisos: 0,316 (3.5) Nikuradse, em 1932, por meio de varias experiéncias realizadas em tubos, com rugosidade obtida artificialmente através de grdos de areia, obteve para tubos lisos: = 2Iog Rev v oy G6) € para tubos rugosos na zona de completa turbuléncia: 1 a (3.7) Mais tarde, em 1939, Colebrook e White, com base em consideraces tedricas e emplricas, desenvolveram uma expresséo para a faixa de transicao (tubos hidraulicamente lisos e rugosos) em tubos comerciais: e/D 2,51 57 Rel 88) A expressao anterior, combinada com a equacao (3.2) permite 0 calculo da veloci- dade no escoamento: ee, 251v U=-22gD-F. lo oe e 355 Dy SeDT (3.9) = 2log 3,72 e 69 aaa | : undumentos de Engenharia Médula Aexpressao de Colebrook-White, embora, inicialmente, estabelecida somente para a faixa de transicao, apresenta bons resultados nas outras faixas, pois a expressao (3.8) @ a composicao das equacées (3.6) e (3.7) para tubes lisos e rugosos, respectivamente, por isso é a expressdo mais recomendada para a determinacao de f em escoamentos turbulentos, Contudo, devido a dificuldade do calculo de f que se encontra na forma implicita na expressdo (3.8), 0 engenheiro americano Moody, em 1944, criou um diagrama fundamentado nas express6es (3.4) e (3.8), para os regimes laminar e turbulento, res pectivamente, que durante muitos anos fol de grande utilidade. Atualmente, entretanto, devido aos recursos disponiveis em termos de calculadora, ficou muito mais facil 0 uso das expresses matematicas em que o valor de f aparece explicito. As equacdes (3 10) @ (3.11), mostradas a seguir, s80 exemplos de expressoes desse tipo, sendo a primeira delas desenvolvida por Swamee e Jain e a outra por Barr. As equacées (3.10) e (3.11), quando resguardadas as limitacoes de validade, diferem em menos de 1% dos valores de f dados pela equacao (3.8) . 1,325 [in(el3,7D+ 5,74/ Re°? )]? (3.10) valida para 5x10° < Re < 108 e 10% < e/D < 10” 1 e/D 513 (3.1 F ~2boal 35+ Ree (3.11) valida para Re > 10° © Quadro 3.1 contém valores extremnos e usual para as alturas médias das asperezas ‘ou rugosidades internas de tubos comerciais. Quadro 3.1 - Valores das rugosidades internas de tubos (Continua) Caracteristicas da tubulagao Rugosidade e (mm) Minima _Usual TTubos de aco, juntas soldadas, interior continuo Grandes incrustagdes ou tuberculizagées 24 0 12,2 Tuberculizacdo geral de 1.23 mm 09 15 24 Pintura 4 brocha, com asfalto, esmalte ou betume 0,3 06 09 Leve enferrujamento O15 0,2 0,3 Revestimento obtido por imersdo em asfalto quente 0,06 01 0,15 Revestimento com argamassa de cimento obtida por centrifugacao 0,05 01 0,15 Tubo revestido de esmalte 0,01 0,06 0,3 2, Tubos de concreto Superficie obtida por centrifugacao 0,15 03 05 superficie interna bastante lisa, executada com for- mas metalicas 0,06 O41 018 3.Tubos de cimento amianto - 0,015 0,025, 10 Esccamento em condos forces simples | Captule 3 (Conelusao) Caracteristicas da tubulagao Rugosidade e (mm) Minima Usual Maxima 2. Ferro galvanizado, fundido revestido 0,06 0.15 03 Ferro fundido, nao revestido, novo 0,25 0s 1,0 Ferro fundido com corroséo 10 15 3,0 Ferro fundido com deposito 1,0 2.0 4,0 5.Latéo, cobre, chumbo 0,04 0,007 0,010 6.Tubos de plastico - PVC 0,0015 0,06 5 Fonte - Adaptado de Lencastre, 1996 Até aqui, a énfase foi dada ao método racional, utilizando a formula Universal, com coeficiente de perda de carga f obtido por meio da equacéo de Colebrook-White. Entre- tanto, para sistemas mais complexos, do tipo rede de condutos, torna-se praticamente invidvel 0 seu célculo através deste método, sem o uso de computador. Por essa razé0, as formulas praticas estabelecidas por pesquisadores em laborat6rios ainda séo muito utilizadas, embora sejam mais restritas do que o método anterior, pois s6 podem ser empregadas dentro das condigées limites estabelecidas nas suas experiéncias. Algumas destas formulas apresentam coeficientes de perda de carga empiricos que devem ser escolhidos com muito critério para nao gerar grandes erros. As formulas empiricas para a perda de carga continua unitéria mais utilizadas entre os projetistas de tubulacdo sao apresentadas a seguir. O significado dos termos e as unidades aqui empregados sao os mesmos jé apresentados para equacao (3.3). Férmula de Hazen-Williams 10,64 Q.* Ce DY 8.12) Essa formula tem sido largamente empregada, sendo aplicavel a condutos de secao circular com didmetro superior a 50 mm, conduzindo égua somente. C é um coeficiente de perda de carga que depende da natureza e das condicbes do material empregado nas paredes dos tubos, bem como da agua transportada, O Quadro 3.2 mostra os valores de C normalmente encontrados na pratica Quadro 3.2 - Coeficiente de perda de carga C da formula de Hazen-Williams (Continua) Material c ‘Aco corrugado (chapa ondulada) 60 ‘Aco galvanizado 125 Aco rebitado novo 110 Aco rebitado em uso 85 Aco soldado novo 130 ‘Ago soldado em uso 90 Aco soldado com revestimento especial 130 Chumbo 130 Cimento amianto 140 Cobre 130 n Fundamentos de Engenharia Hralca (Conclusao) Material c Concreto com acabamento comum 120 Ferro fundido novo 130 Ferro fundido de 15 a 20 anos de uso. 100 Ferro fundido usado 90 Ferro fundido revestido de cimento 130 Latao 130 Manilha ceramica vidrada 110 Plastico 140 Tijolos bern executados 100 Vidro 140 Fonte - Adaptado de Azevedo Netto; AWerez, 1988. Formula de Flamant A formula de Flamant foi originalmente testada para tubos de parede lisa de uma maneira geral; posteriormente mostrou ajustar-se bem aos tubos de plastico de pequenos diametros, como os empregados em instalacées hidraulicas prediais de agua fria. 78 J=0,0008245 7, one) Formula de Scobey 19 2 Kk 3.14) 2450" Essa formula é indicada para o calculo de perda de carga em redes de irrigacdo por aspersao e gotejamento que utilizam tubos leves. Os valores do coeficiente de perda de carga K, da formula de Scobey estao indicados no Quadro 3.3 Quadro 3.3 - Coeficiente de perda de carga K, da formula de Scobey Material K, Plastico e cimento amianto 0,32 Aluminio com engates rapidos a cada 6m 0,43 ‘Aco galvanizado com engates rapidos a cada 6m 0,45 Fonte - Adaptado de Gomes, 1994. n scoamento em condos faradcs simples |Captulo 3 Férmulas de Fair-Whipple-Hsiao As formulas apresentadas a seguir so recomendadas pela norma brasileira, para projetos de instalagoes hidraulicas prediais, nos seguintes casos: * tubos de aco galvanizado e ferro fundido, conduzindo agua fria: ge d= 9,00202 trae (3.15) ‘© tubos de cobre ou pléstico, conduzindo Agua fria: 7s J=0,000859 2 G16) D * tubos de cobre ou latéo, conduzindo agua quente: gus J = 0,000692 @.17) D Nao hé formula espectfica para tubos de aco galvanizado, conduzindo agua quente; entretanto, a formula (3.15) tem sido empregada nesses casos, pois apresenta resultados a favor da seguranca As equacées de perda de carga unitaria vistas anteriormente demonstram certa similaridade, diferindo, basicamente, no fator que multiplica a relaco entre a vazao 0 diametro e os expoentes destes. Desta maneira, para representar genericamente uma equacao de perda de carga unitaria, sera utilizada neste livro a expressdo pe (3.18) em que B, ne m sao parametros proprios da equacao utilizada, isto é, no caso da for mulaco Universal (equacao 3.3) estes pardmetros assumem os seguintes valores: para a equacao (3.12) de Hazen-Williams , B = 10,64C-'* por diante 1,85 e m = 4,87, assim B Fundamentos de Engen Helis Exemplo 3.1 Uma adutora fornece a vazao de 150 is, através de uma tubulacao de aco soldado, revestida com esmalte, diametro de 400 mm e 2 km de exten- so. Determinar a perda de carga na tubulacdo, por meio da equacéo de Hazen-Williams, e comparar com a formula universal de perda de carga Solugao Pela equacao de Hazen-Williams com C =130 (ver Quadro 3.2, para tubos de aco com revestimento especial), tem-se: 10,64 0,15". y 130" 0,407 Para a utilizagao da formula universal é necessério conhecer, inicialmente, 0 regime de escoamento, dado pelo numero de Reynolds (Re = UD), tendo sido adotada a temperatura de 20°C para a determinacao da viscosidade cinematica da agua ( v = 1,01x10* m?s) e 1.0034 mim => Ah’ =JL = 0,0034 x 2000 =6,8m v2 Rea tO - MOx0 _ Vv 101x10-® L7 x10 Como 0 nuimero de Reynolds é superior a 4000, 0 escoamento é turbu- lento. Neste caso, 0 coeficiente de perda de carga f depende também da rugosidade das paredes do tubo. Este valor pode ser obtido no Quadro 3.1, para tubos de aco revestido de esmalte, ou seja: pp, = 9,01 mm © pao = 0,06 mm poe = 0.3 mM ID yyy = 205X105 CD yygg = 1,5. X10 eID 4, = 7,5 X10% Utilizando as equacées (3.10) ou (3.11), com Re = 4,7x10* e os valores de e/D anteriormente mencionados, obtém-se f,,, = 0,074, fag. = 0,015 € fons, = 9,019. BexiaeOion 79,81 040 =018155¢ 4 scosmento em condutos forados simples Coto 3 = Inn, = 0,00254 Ippacto = 0,00272 Jax. = 0,003.45 Af'=JL= Abin, =5,08M — MPlnayy=5,44M — Abie = 6,90M Nota-se, neste caso, que a perda de carga calculada pela formula de Hazen- -Williams (Ah’ = 6,8 m) apresentou um resultado dentro da faixa verificada pela formula universal (5,08 m < Ah’ < 6,90 m). 3.1.2 Perda de carga com distribuigdo de 4gua ao longo do percurso As tubulacées destinadas a distribuicao de 4gua séo dotadas de varias derivacdes e, Por iss0, € possivel, na maioria dos casos, considerar a vazo distribufda uniformemente ao longo do conduto, também chamada vazao de distribuicao em marcha q. Para 0 calculo da perda de carga continua neste tipo de escoamento, considere a tubulacdo mostrada na figura a seguir, onde: Q, /azio de montante Q, — =vazao de jusante q = vazao de distribuicéio em marcha (q = (Q,-Q)/L) Linha Piezométrica Figura 3.2 - Perda de carga em conduto com distribuigao em marcha Assim, Q,= 2+ qb Num trecho elementar dx, distante x da extremidade, a vazdo pode ser considerada constante. Sendo Q essa vazo tem-se, consequentemente: Q=Q+qx (3.19) Levando (3.19) em (3.18) e (3.1), obtém-se a perda de carga no trecho dx e por integracdo, em todo o percurso L, como demostrado a seguir 5 Fundamentos de Engenharia Heraca t= Blow na Bf 2 Ah= Fe JQ, +) dx 1 op An=—BL_{ Qu’ = Qi" (3.20) ima B" | 0, -0,” Quando toda a vazéo & consumida no percurso, a vazio de jusante é nula (Q, y BLOF dk = d= —— 7 A= — (ne7)D” ai (3.21) Tendo em vista a equacao (3.21) e os valores usuais de n (n = 2) nas formulas de perda de carga para condutos forcados em regime turbulento, conclui-se que a perda de carga € 1/(n-+1) (aproximadamente 1/3) da perda de carga que se obtém com a vazao constante, sem distribuicéo. Nas tedes de distribuicao dos sistemas puiblicos de abastecimento de agua, entretanto, por uma questo de facilidade somente, calcula-se essa perda de carga de manera aproximada, utilizando-se as formulas de perda de carga vistas no subitem 3.1.1, com uma vazéo ficticia (Q,), dada pela expressao: 3 Q= Se58 (3.22) ‘ p& = Ah'= Bow L (3.23) Quando as derivacées s40 espacadas de maneira regular como nos sistemas de irrigacdo por asperséo, a perda de carga pode ser calculada, considerando a tubulacao formada por varios trechos interligados, onde as vaz6es sdo diferentes em cada trecho, porém constantes ao longo de um dado trecho Assim, supondo 0 sistema dotado de N derivacées, espacadas de uma distancia s, conforme mostrado na Figura 3.3, obtém-se para a perda de carga em cada trecho o seguinte: Figura 3.3 - Perda de carga em conduto com N derivacoes 6 {scoamento em condos forged smples Capila 3 Trecho 1: B (NQIN)" DF Trecho 2: Pentiltimo trecho: Ahiy.,= p2OLM” = BO Ultimo trecho pQinn D w : Ali= AR AAR t+ Ahly AAR > Begin’ sd ,.(BO)_s fn on (88 i > Utilizando a expresso (3.18) e substituindo s por L/N na expressao anterior, tem-se: Fl Tin Af'= JI wh") (3.24) Fazendo (ord => Aft= LR (3.25) quadro a seguir apresenta os valores do termo R na expressao anterior, em funcao do numero de derivacées Quadro 3.4 - Fator de reducao R da expressdo (3.25) (Continua) Numero de Hazen-Williams Scobey Universal derivacdes V n= 185 1 1,00 1,00 = 0,64 0,63 0,63 4 0,49 048 047 6 0,44 0,43 0,42 8 0,42 0,41 0,40 10 0,40 0,40 0,39 n ee rT rundementes de Engentars auc: (Conclusao) Numero de Hazen-Williams Scobey Universal derivagoes NV 85 9 n=2,0 20 0,38 0,37, 0,36 30 0,37 0,36 0,35 40 0,36 0,36 0,35 50-99 0,36 0,36 0,34 >100 0,35, 0,35 0,34 Fonte ~Adoptado de Gomes, 1994 3.1.3 Perda de carga localizada Adicionalmente as perdas de carga continuas que ocorrem ao longo das tubulagoes, tem-se perturbacées localizadas, denominadas perdas de carga localizadas, causadas por singularidades do tipo curva, jun¢éo, valvula, medidor etc. que também provocam dissipacio de energia. Algumas vezes, como acontece nas instalagdes hidraulicas pre- diais, a perda de carga localizada é mais importante do que a perda de carga continua, devido ao grande ntimero de conexdes e aparelhos, relativamente a0 comprimento de tubulado. Entretanto, no caso de tubulacdes muito longas, com varios qullémetros de extensdo, como nas adutoras, a perda de carga localizada pode ser desprezada Experigncias mostram que a perda de carga localizada Ah” para uma determinada peca pode ser calculada pela expresso geral Ah"= KU*/2g (3.26) Sendo Ua velocidace media de uma seco tomada como referéncia e K um coeficiente que depende da geometria da singularidade e do numero de Reynolds. Os valores de K normalmente sao obtidos experimentalmente, mostrando-se praticamente constantes (citado por Miller, 1984) para uma mesma peca e nimero de Reynolds acima de 500000. Borda (1733-1799) determinou teoricamente 0 coeficiente K para 0 caso de um alargamento brusco de tubulacdo, conforme mostrado na Figura 3.4. Figura 3.4 - Alargamento brusco de tubulacso Para tanto, Borda utilizou as equacdes de Bernoulli, quantidade de movimento e continuidade, aplicadas ao volume de controle compreendido ente as secdes 1 e 2, valendo-se também da observacdo experimental de que a pressdo imediatamente a montante e a jusante da secao 1 sdo iguais. Assim demonstra-se que: B Soames em condts forados simples | Capo 3 AU BU ay y 29 y 29 Equacao da quantidade de movimento: P,A,+ P,(A,- A, PA,=pQUU,-U,) Equacao de Bernoulli: Equacao da continuidade: Q=A,U,= A,U, cate By Ve ele ee ir (3.27) 29+ 29° «A, Fazendo Ay rege es a4 (3.28) Tem-se: 2 = ahaan Se oe A expressao (3.29) mostra que a perda de carga localizada no alargamento brusco de uma tubulacao é proporcional a U2/2g, tal como proposto na expressao geral (3.26), para perda de carga localizada. Vé-se ainda pela expressdo (3.27) que quando a drea da secao transversal Aé muito menor que a area A, (A,<} Corpo >| Flutuador | Figura 3.6 - Ventosa 7 Fundarentos de Engenharia Widen Cuidados especiais também devem ser dados nos pontos baixos das tubulag6es, onde devem ser instaladas descargas, com registtos para seu controle, destinadas ao esva- ziamento da tubulagéo na época de manutencéo. Os diémetros dessas descargas ficam condicionados ao tempo requerido para esvaziamento do trecho da linha. Entretanto, utiliza-se como regra pratica diémetro superior a 1/6 do diametro da tubulacao (d,> D/6). Por uma questao de seguranca, nos projetos de adutoras normalmente adota-se um tragado de tubulacao totalmente abaixo da linha piezométrica, ou coincidente com esta. Neste ultimo caso, 0 conduto tern escoamento livre e 6 denominado de conduto livre ou canal (tracado 2). © dimensionamento deste sera visto no Capitulo 7 deste livro. Quando 0 conduto corta a linha piezométrica (tracado 3), 0 trecho da tubulacso, situado acima da linha piezométrica, fica sujeito a press6es inferiores a atmosférica, 0 que pode ocasionar a contaminacéo da gua, caso haja um rompimento neste local Nesta situacdo, a melhor solucdo é a construcao de uma caixa de transicao no ponto mais alto da tubulacéo, de maneira a alterar a posicao da linha piezométrica, ficando a tubulacao totalmente abaixo desta e, portanto, sujeita a press6es positivas somente, como no tracado 1 No tracado 4, 0 conduto, além de cortar a linha piezométrica, corta também o plano de carga estatico. Neste caso, a 4gua nao atinge naturalmente o trecho situado acima do nivel de Agua no reservatério R1 e 0 escoamento s6 € posstvel apds 0 enchimento da tubulagdo. Este é 0 caso de funcionamento de siféo, estrutura hidrdulica a ser estudada em capitulo posterior. No tracado 5, 0 condluto corta a linha piezomnétrica absoluta, sendo, portanto, impossivel © escoamento por gravidade. Nesta situacdo, 0 fluxo s6 é possivel se no inicio da tubulagéo for instalada uma bomba para impulsionar o liquide até o ponto mais alto da tubulagao. Tubulacso com ventosa dupla 88 scoamento em conduts forgadce sits Capitulo 3 Exemplo 3.4 Dois reservat6rios deverao ser interligados por uma tubulacao de ferro fundido (C=130), com um ponto alto em C. Desprezando as perdas de carga localizadas, pede-se determinar: a) O menor diémetro comercial para a tubulagéo BD capaz de conduzir vazé0 de 70 l/s, sob a condicao de carga de pressao na tubulacao superior ‘ou igual a 2,0 m. b) A perda de carga adicional dada por uma valvula de controle de va- 240, a ser instalada préximo ao ponto D, para regular a vazdo em 70,0 V/s, exatamente. 80.0 Lt = 2500m Solugao A situago, que conduz 20 menor didmetro, é aquela em que toda a energia disponivel ¢ utilizada para vencer as resisténcias, ou seja, fazer o desnivel entre os reservatérios igual & perda de carga continua: Ah =20,0 m: J = AhiL = 20,0/4000 = 0,005 mim. Assim, a perda de carga no trecho BC é: Ah,= 1,005 x 2500 = 12,5m Aplicando a equacéo de Bernoulli entre A e C (desprezando o termo U_7/26), para verificar a menor pressdo, obtém-se: aie pat 2,22, +Py +ah, (3.30) 80,0=70,0+PH+125 > Phy=-2,5m Como 0 valor calculado para a carga de presséo em C ¢ inferior ao estabe- lecido no problema, a solucao para isso ¢ elevar a linha piezométrica, dando uma inclinacao menor nesta linha entre A e Ce a partir daf uma inclinagao a tundementos de Engenharia Hides maior, até chegar no ponto E. Este objetivo é alcancado, reduzindo a perda de carga, através da mudanca do diametro, como demonstrado a seguir: ‘Anova perda de carga Ah, entre A e C, calculada pela equacéo (3.30), deve proporcionar 0 valor P-/y = 2,0 m. 80,0 = 70,0 + 2,0 +Ah, = Ah=8,0m Utilizando a equacao (3.12), tem-se: 10,64 0,070'% = 730 par 700 = D,=0,303m D,(adotado) = 350 mm = Phy=6,0m A determinacao do diametro do trecho CD é realizado através da aplicagao ( da equacao de Bernoulli entre A e E. Portanto: 80,0 = 60,0 + Ah, ,Ah, A perda de carga Ah, deve ser recalculada, j4 que o diametro adotado (D, = 0,35m) é diferente do calculado {D, = 0,30 m). 2500 = 3,96m = Ah, = 16.04m 10,64 0,070 B00, 16,04 = 1500 > D,=0,24m 0 diametro comercial mais proximo do calculado é D, = 0,25 m. b) J& que o diametro indicado (D, = 0,25 m) é superior ao calculado (0,=0,24m), a perda de carga continua ¢ inferior a 16,04 m e portanto a capacidade da tubulacéo & superior a 70,0 Vs. Para controlar essa vazéo deve ser instalada no ponto D uma valvula parcialmente fechada para provocar uma perda de carga complementar, como apresentada na figura e calculada a seguir: 90 Escoamento em conduits foradce simples Capitulo 3 L1= 250m D1 350mm Ahy=Ahy +h" em que Ah, = perda de carga ao longo do trecho 2, AW’ = perda de carga locelizada na valvula parcialmente fechada 10,64 0,070'% . gh te = Ah =3; a0 9.3577 15004 Ah 3.80 3.5 Separacao da coluna liquida e cavitagao A separacao da coluna liquida € a obstrucéio do escoamento causado por bolhas. Essas bolhas séo formadas pelos gases dissolvidos na gua, que se desprendem do liquido quando a pressao é reduzida a pressao de vapor. As bolhas tendem a aumentar de tamanho com a liberacéo dos gases, tornando a vazo intermitente, podendo, até mesmo, interrompé-la, se a bolha ocupar toda a secao do tubo. A Figura 3.7 mostra um tubo ascendente de mesmo didmetro onde é possivel ocorrer a separacéo da coluna liquida. Com a ajuda da equacao de Bernoulli é possivel calcular a pressio na secdo 2 e comparé-la com a presséo de vapor e assim prever se havera ou n&o a separacdo da coluna. 1 i e. . Fursamantos de Engentats Hide RU Bu Zetec lt p47 tan Considerando que para uma dada vazdo a velocidade é a mesma (U,=U,) ao longo deste tubo, tem-se: | P= R-(Z,~Z))—Ah 631) YY Aequacao (3.31) permite concluir que a pressdo na secdo 2 é inferior a pressao em 1, 8 que (Z,>Z,) € (Ah>0). Se a pressao (P,) € igual ou inferior a pressao de vapor, deve haver separacao da coluna liquida. {A Figura 3.8 mostra um tubo Venturi com uma regido de baixa pressao (Seca0 2 onde as bolhas sao formadas como no mecanismo de separacao da coluna liquida e | carreadas pelo escoamento para uma regido de alta pressao (secéo 3). Neste local as | bolhas podem implodir pela acdo da pressao externa. O colapso das bolhas produz choque entre particulas fluidas que provoca flutuacao na pressao e danifica a parede do conduto, reduzindo, assim, a capacidade de escoamento. ar yah Regiao de ‘baixa pressio Regiso de alta presséo Figura 3.8 - Fenémeno da cavitacao num tubo Venturi Este fendmeno é conhecido por cavitacao, pois no processo ha formacao de cavas ou \ bolhas no liquido. A cavitagao pode também acorrer em regides sujeitas a redemoinhos € | ‘turbuléncias que geram alta velocidade de rotacio e, consequentemente, provocam a queda i de pressao, como nos vertedores de barragens. As valvulas estao tambérn muito sujertas : a este tipo de problema, pois normalmente sao usadas para provocar queda de presso | Outros exemplos de pecas e aparelhos sujeitos a cavitacBo sao 0s orificios, redugées bruscas, | ‘curvas e bombas. O Capitulo 6 tratard do problema especifico de cavitacao nas bombas i Os efeitos da cavitacéio podem ser percebidos através do barulho provocado pelas 1 implosées das bolhas. Dependendo do aparelho considerado e particularmente do seu tamanho, pode parecer desde um leve som estalado, ou um barulho superior a 100db, como acontece em vaivulas de pequeno e grande porte, respectivamente, Outro efeito perceptivel & a vibracio causada pelas implosoes das cavidades e pelo choque das ondas geradas, Ainda devido a este fendmeno, podem ocorrer problemas nos acoplamentos e nas ancoragens, além de fadiga e falha estrutural. 2 ‘scoamento em conduts erates snp Capitulo 3 Uma das maneiras de se combater a cavitacao consiste em dividir a queda de pressao em estgios. Nos casos das valvulas e placas de orificios estas podem ser colocadas em série. Quando a cavitagao ¢ inevitavel, deve-se especificar um material para o aparelho mais resistente a erosdo provocada pela cavitacdo. Outra maneira de se combater a cavitacéo ¢ injetando ar dentro da regiao das bolhas para reduzir 0 médulo de elastici- dade volumétrico do liquido e amortecer 0 colapso da cavidade Exemplo 3.5 Verificar na adutora que interliga o reservatério R, 20 R,, cujo perfil é mostrado na figura a seguir, se existe a possibilidade de separacdo da coluna Iiquida, quando esta transporte 280 V/s, conhecendo-se as seguintes caracteristicas da adutora: Comprimentos: L,- = 2000 m, Ley = 200 m, bye = 200 m, by, = 2500 m; diametro: 600 mm; coeficiente de perda de carga da formula Universal: 0,015. Solugéo A separacao da coluna liquida ocorre quando a presséo reinante no interior da tubulacao ¢ igual ou inferior & pressdo de vapor da Sgua. Por esta razao, sera verificada a pressdo em D, pois, neste ponto, a adutora esta sujeita 8 menor pressao. As equacées da continuidade e de Bernoulli permite calcular 0 valor da pressao em D, como demonstrado a seguir: y=Qn 40 4028 _ 4 09m) A nD? 7-06 Py U2 BU Zp th nz, +B Dean Oy ag Py Bg? 2 £y 02,40, , FU y 29 D2g B Nw] Fundomentos de Engenhatia Hides P, 0,99 0,015 0=3,0+2+— 1+———= 2200) oe og O60 580m 7 Nota-se que o valor da energia cinética é insignificante (U*/2g=0,05m) e poderia ter sido desprezada, sem afetar a anélise do problema. Considerando a temperatura da 4gua no interior do conduto em 20° C, pode-se obter, por meio dos Quadros 2.3 e 2.4, as seguintes caracteristicas da quai -y = 998kgt m? ats pet, = 2335Pa Considerando, ainda, as condicées do nivel do mar para a pressao atmosférica, tem-se: Pe =101000Pa Finalmente, a pressdo absoluta em D pode ser obtida: P, = -5,80- 998 = -5788kgf | m? Pet = P, + PR = -56784+101000= 44216Pa am 56784Pa Como a presséo em D (P3** = 44276Pa) 6 superior & presséo de vapor (P25, = 2335Pa), conclui-se que nao deve haver separacao da coluna liguida. 3.6 Introducao aos transientes hidraulicos O termo transiente refere-se a alguma situacao em que o escoamento varia com © tempo, devendo ser analisado segundo a taxa de mudanca de velocidade. Se esta mudanca é lenta, a compressibilidade nao afeta significativamente 0 escoamento e 0 movimento do fluido pode ser considerado como um corpo sdlido, neste caso seu estudo € conhecido como oscilacéo de massa. Um simples exemplo é 0 estabelecimento do escoamento apés a abertura de uma valvula em um tubo em “U". coamento wm condo forados simples | Capitulo 3 Entretanto, quando ocorre urna mudanga répida na velocidade de escoamento, uma onda de pressao € criada e percorre a tubulacéo a velocidade do som. O choque violento das ondas de presséo sobre as paredes do conduto com o som deste, semelhante ao vaivérn de um arlete, fez com que o transiente hidraulico em condutos forgados, con- duzindo agua, fosse também conhecido por golpe de arfete. A magnitude do golpe de ariete depende, principalmente, do tempo em que € realizada a alteracao da velocidade, da compressibilidade do Iiquido e da elasticidade do tubo. Para se ter uma ideia da escala do problema, suponha o caso do fechamento instan- taneo de uma valvula que controla 0 escoamento em um tubo de aco, cuja velocidade da onda de pressao é, aproximadamente, 1300 m/s; neste caso, uma variacdo na velocidade de 1 m/s causa uma sobrecarga de pressio da ordem de 130 m. Existe uma série de situacdes, em instalacoes hidraulicas, sujeitas a este fendmeno, como por exemplo: * fechamento ou abertura de valvulas; ° partida ou parada de bombas; * operacéo de valvulas (retencéo, redutoras de pressao e de alivio); * ruptura de tubulacéo; * admisséo ou expulsao de ar; * mudanca na demanda de poténcia de turbinas hidrdulicas ‘As solucées possiveis dentro da Engenharia para esse problema incluem o aumento do tempo de abertura e/ou fechamento das valvulas de controle, aumento da espessura da tubulacdo, reducao da velocidade de escoamento, maior controle na operacao das tubulacées, reducao da velocidade da onda pela mudanca do tipo de tubo ou pela in- jecao de ar, uso de dispositivos de protecdo contra o golpe de ariete (valvulas de alivio, ‘tanques de amortecimento, camaras de ar etc.). O estudo dos escoamentos transitorios é bem mais complexo que o do escoamento permanente, uma vez que 0 envolvimento da variével “tempo” requer a utilizacdo de equacées diferenciais, cuja solucdo s6 pode ser realizada através de métodos numéricos ‘ou graficos. E inten¢o, neste capitulo, apenas apresentar a problematica dos escoamen- tos transitérios, uma vez que a sua andlise completa é muito extensa, necessitando um estudo avancado, merecedor de alguns capitulos para traté-lo adequadamente. 5 Ie etn Fundements de Engenharia ren Problemas 3.1 Uma tubulacéo de 400 mm de diametro e 2000 m de comprimento parte de um reservatorio de agua cujoN.A. esté na cota 90. A velocidacle média no tubo € de 1,0 mis; a carga de pressao ¢ a cota no final da tubulacéo sao 30 m e 50 m, respectivamente a) Calcular a perda de carga provocada pelo escoamento nessa tubulacao; b). Determinar a altura da linha piezométrica a 800 m da extremidade da tubulacéo. 3.2 Uma tubulacao de PVC, de 1100 m de comprimento e 100 mm de diametro interliga os reservatorios R, € R,. Os niveis de agua dos reservatérios R, € R, est4o nas cotas 620,0 e 600,0, respectivamente. Considerando desprezivel as perdas de carga localizadas e a temperatura da agua 20° C, calcular a vaz8o escoada. Obs.: Resolver o problema através da férmula universal para perda de carga. 3.3 Uma tubulacéo horizontal com 200 mm de didmetro, 100 m de extensdo, est ligada de um lado ao reservatério R com 15,0 m de lamina d’agua, e do outro a | um bocal de 50 mm de diametro na extremidade, conforme mostrado na figura a seguir, Este bocal foi testado em laboratério e apresentou um coeficiente de perda de carga de 0,10, quando referenciado a se¢ao de maior velocidade. Calcular as velocidades na tubulacao e na saida do bocal. os fea * eo ise tom ‘ 002 ‘Bees | } oboe ! 3.4 Determinar a altura “h” no reservatério, para que este abasteca simultanea- mente aos trés chuveiros mostrados na figura a seguir utilizando tubos de PVC nas seguintes condicées: = vazao de cada chuveiro: 0,20 Vs | = dimetro dos trechos 6-5 ¢ 5-4: 21,6 mm = diametro dos trechos 5-3, 4-2 e 4-1: 17 mm = pressdo dinamica minima no chuveiro: 0,2 kgf/cn*; | = Registrodegaveta — | ® Registode globo LC Cotovelo de 90° 0 om 20 20m foo Eafe BO ee af 4 Obs. utilizar a equacao de Fair-Whipple-Hsiao para célculo de perda de carga; - considerar 0 coeficiente de perda de carga do registro de presséo igual ao do registro de globo. 96 scoamento am condos forgads spies | Castilo 3 3.5 Uma linha lateral de um sistema de irrigacéo possui 10 aspersores, separados de 121m um do outro, sendo o primeiro localizado a 12 m da linha principal. Os aspersores deverdo trabalhar, cada um, com uma vazao de 1,22 m’/h e press6es compreendidas entre os valores de 2,0 kgf/cm? e 2,4 kgf/cm?. Sabendo-se que a linha lateral é em PVC e tem declividade ascendente de 1%, determinar o didmetro desta tubulacao. 3.6 O reservatério R, alimenta dois pontos distintos B e C. Determinar a vazao do trecho AB, sendo o coeficiente de perda de carga da for- mula de Universal igual 2 0,016 e a vazéo na derivacao B igual a 50 is. Obs.: Desprezar as perdas de carga localizadas. 910,00 a 02 = 200 mm, Prossao q=50Us ‘Atmosférica 3.7 Para um conduto de ferro fundido novo (C=120) de comprimento igual a 1000 m, diametro de 250 mm, com distribuicao uniforme ao longo do percurso, pede-se calcular a perda de carga continua a) Caso a vazao afluente seja 50 V/s e a efluente nula; b) Caso a vazao afluente seja 50 V/s e a efluente 10 IVs. (C7 3.8 A tubulacdo AD, de 300 mm de diametro e coeficiente de perda de carga da formula de Hazen-Williams igual a 110, é destinada a conduzir 4gua do reservatério R, para o reservatorio R,, bem como atender aos moradores localizados ao longo do trecho BC que consomem 0,05 I/s.m. Sabendo-se que no ponto B a cota do terreno € 108,0 ea pressdo 1,3 kgf/cm’, pede-se calcular a vazdo nos trechos ABe CDe a cota piezométrica em D, considerando as perdas de carga localizadas despreziveis. 12-600 5 D L3=700m {EP 3.9 Uma linha de PVC, destinada a distribuicao em marcha de agua ao longo do percurso de 1500 m de extensao, possui 200 mm de diametro e esta ligada aos reser vatorios R, e R,, Cujos niveis de agua estao nas cotas 90,0 e 86,0, respectivamente ponto mais baixo dessa linha esta na cota 70,0. a) Determinar a vazao de distribuicéo em marcha quando o reservatorio R, nao recebe e nem cede agua. 7 er undementor de Engenharia Warsuics b) Quando © consumo no percurso é de 80 V/s, pede-se determinar o valor e a posicao da cota piezométrica minima. 3.10 Uma tubulacao de comprimento L e didmetro D é alimentada nas suas extre- midades por dois reservatérios R, e R, de N.A. situados nas cotas Z, @ Z,, respec tivamente. Ha uma derivacao no ponto C, distante L, de R, ¢ L, de R,. Calcular a vaz3o maxima que pode sair no ponto, de tal maneira que a presséo na tubulacao seja igual ou superior a zero. NAB aq Poe L.P.(q#0) 3.11 A tubulacéo ABC, em PVC, de 200 mm de didmetro e 1600 m de extensao, 6 alimentada por um reservatério que tem o nivel de égua na cota 80,0. No meio da tubulacdo esté localizado 0 ponto mais alto, ponto B, de cota 75,0 onde esta instalado um piezometro. A extremidade C descarrega livremente na atmosfera na cota 40, onde existe um controlador de vazo. Determinar a vazdo escoada, € a seco de abertura do controlador de vazo, quando a pressao em B é nula. 3.12 Uma tubulacéo, composta por dois trechos, interliga dois reservatérios, cuja diferenca de nivel & 2,8 m. O primeiro trecho, que liga 0 reservatério R, ao ponto “A tem 258 m de comprimento € 200 mm de diémetro. O outro trecho tem 150 m de extenséo e 150 mm de diametro e faz a ligacdo do ponto “A" ao reservatorio R, de cota mais baixa. Amos os trechos sao formados por tubos de ferro fundido usado (C=100). Uma derivagao devera ser instalada no ponto “A”, situado 2,0 m abaixo da cota do nivel de Agua do reservatorio R,, Determinar a vazao escoada nesta derivacao para que a pressdo no ponto A seja igual 8 pressao atmosférica 98 Capitulo 4 Escoamento em sistemas de condutos forcados Este capitulo trata de problemas hidraulicos em sistemas de condutos forcados, com escoamentos em regime permanente. S40 analisados, ini- cialmente, os casos em que a vazao é constante ao longo das tubulacdes, englobando os casos de condutos em série, em paralelo e dos condutos interligando varios reservat6rios. Finalmente, so estudados alguns casos de variaco continua de vazo ao longo dos condutos, enfatizando 0 caso das redes de distribuicao de agua 4.1 Condutos equivalentes _ Um conduto € equivalente a outro(s) quando transporta a mesma vazéo sob a mesma perda de carga. Este conceito € utilizado para simplificar os calculos hidrdulicos de tubulacées interligadas, cujas caracteristicas dos condutos sao diferentes, quer pelo coeficiente de perda de carga B, quer pelo seu didmetro D, tal como sao os condutos em série e em paralelo, que, devido a esse conceito, podem ser transformados, para efeito de calculo, em condutos simples, cuja maneira de calcular ja é conhecida: 4.1.1 Condutos em série Quando uma tubulacdo é formada por trechos de caracteristicas distintas, colocados na mesma linha ¢ ligados pelas extremidades, de tal maneira a conduzir a mesma vazao, 6 considerada constituida por condutos em série. A Figura 4.1 ilustra 0 caso de uma Fundementos de Engenharia Hroulca tubulacdo formada pelos trechos 1, 2 e 3 colocados em série e a substituigao destes, para efeito de calculo, por outro equivalente. pee Linha piezométrica a Ane Ane a Ds Paty eat “Trecho 3 Dole a f =a ‘Conduto equivalents Figure 4.1 - Condutos em série Sejam Ah, Ah, e Ah, as perdas de carga nos trechos 1, 2 ¢ 3, assim: oe ah = Boel @.) o Boor (4.2) | Ah, = Bore 43) Para a substituicdo desses trés condutos por outro equivalente, com diametro D,, coeficiente de perda de carga Be comprimento L, é necessdrio que a perda de carga no conduto equivalente Ah, seja Ah, = Ah, + Ah, + Ah, (4.4) | Sendo (4.5) (4.6) Como sao trés as variavels envolvidas (B, , D,eL,) em (4.6), normalmente, adotam- ) -se valores convenientes de B, e D, ¢ calcula-se L, de tal forma a atender a expressdo. 100 scoamento em sstemas de conduits frgads | Capt 4 4.1.2 Condutos em paralelo Os condutos em paralelo sao aqueles cujas extremidades de montante esto reunidas num mesmo ponto, © mesmo acontecendo com as extremidades de jusante em outro Ponto, conforme mostra a Figura 4.2. Assim, a vazo ¢ dividida entre as tubulacées em paralelo e depois reunida novamente a jusante. Condutos em: paralel Q Conduto equivalente Figura 4.2 - Condutos em paralelo Entretanto, nota-se na Figura 4.2 que os condutos em paralelo estao sujeitos 4 mesma perda de carga, uma vez que as diferencas entre as cotas piezométricas de montante (ponto A) e jusante (ponto B) dos trés condutos em paralelo sao as mesmas. Portanto, para substituir esses condutos por outro equivalente é necessario que: Ah, = Ah, = Ah, = Ah, (4.7) Q.=Q+0,+2 (4.8) Sendo Ah, € Q,a perda de carga e a vazdo no conduto equivalente e Ah, Ah, , Ah, e Q,, Q, ry as perdas de carga e as vazes nos condutos em paralelo 1, 2 e 3 respectivamente. As equacées de perda de carga (An = B xy obtidas em cada conduto, permitem explicitar 0s valores das vazoes o-( ny" que levados na equacao (4.8) resulta: sin (a) Bob. +( oy y (4) Bal Bry 101 IE Fundomentos de Engenhari dela Embora ndo tenhamos mencionado nas demonstragbes anteriores, as perdas de carga localizadas podem ser consideradas tanto nas tubulacbes em série quanto em paralelo, desde que os comprimentos apresentados (L,, LL.) representem a soma dos comprimentos dos tubos mais os comprimentos equivalentes das pecas, conexoes etc Exemplo 4.1 Uma adutora interliga dois reservatorios cuja diferenca de nivel é 15,0 m. Esta adutora é composta por dois trechos ligados em série, sendo o primeiro de 1000 m de extensao e diametro 400 mm eo outro 800 m de comprimento @ 300 mm de didmetro, ambos os trechos com o coeficiente de perda de carga da formula Universal igual a 0,020. Desconsiderando as perdas de carga localizadas, pede-se: a) determinar a vazéo escoada; b) calcular a nova vazao se for instalada, paralelamente ao trecho 2, uma tubulacdo com 900 m de comprimento, 250 mm de diametro e com 0 mesmo coeficiente de perda de carga (f = 0,020) PCE Solugdio a) A aplicacao da equacao de Bernoulli, entre as superficies dos reservato- fios, permite concluir que a perda de carga total corresponde ao desnivel de 15,0 m, que, por sua vez, é a soma das perdas de carga nos trechos 1 © 2, id que esses estdo em série Ah = Ah, + 4h, em que 102 Escoamento em stems de conde forador | Captlo 4 ( 1000 , 800 » 15,0 = 0,00165Q7(. eee 040° 0,30" © Q=0,146 mils b) Estando 0 novo trecho (trecho 3) paralelo ao trecho 2, pode-se aplicar a equacéo (4.9) para determinar um trecho equivalente a estes, assim: (ory (or "4 op Y” Bebe (Bale (Bob J (08)? (0306? (0.258)" (BL) ~(p.800) *(B.900 Adotando-se, por facilidade de calculo D,= 0,40 me B, = B, tem-se: o40?)"* _(0,30°)"? (0,257)? 1,=1321m BL, p.800) *\p.900 Este artificio de célculo conduz & simplificacao mostrada na figura a seguir: ae * Ie, 15,0m 2; 7 yn £132 2. © S00 Z,>Z,, assim pode-se concluir que os sentidos de escoamento nos irechos 1 e 3 so de B para E e de E para G, respectivamente. J4 no trecho 2, 0 sentido de escoamento tanto pode ser de E para D como de D para E, dependendo somente da cota piezométrica em E, como demonstrado a seguir: seZ,,PyZ, 0 reservatorio R, alimenta os outros dois reservatérios :0,=Q, +0, seZ,+PJy=Z, 0 reservatério R, nao recebe e nem cede agua Q, e Q=0 A forma mais simples de se determinar 0 sentido de fluxo no trecho DE é fazendo a hipotese de que Z, ,P/y ¢ igual a Z,, ou seja, Q,= 0 e calculando Q, e Q, através de uma equacéo de perda de carga: - tm ot Mo [F2-2)] a-[2v2,-2)] Q Se os valores encontrados para Q, e Q, forem iguais, a hipotese esta correta e 0 problema esta resolvido. Do contrario, se Q, > Q, & porque Q, = Q, + Q, € 0 sentido de fluxo € de E para D. A solugéo do problema esta condicionada a determinaco das variaveis Q,, Q,, Q,eP,/ do sistema de equacées a seguir: B,Qre Trecho BE: Z,-(Z, +P, /y)= Et (4.10) Trecho DE: (Z,+P-/y)~Z bee (4.11) Trecho EG: (Z, +P /y)-Z; (4.12) Q,= 0,40, (4.13) Se Q, Mige =10M 8-0,020 Q, 17.981 .0,50° COMO Quy < Qpc existe uma vazao adicional contribuindo para o trecho DC que é proveniente de BD, levando a concluir que neste trecho, o escoamento se faz de B para D. Conhecidos os sentidos de escoamento nas tubulacées, um sistema de equacées formado pelas equacdes de perda de carga em cada trecho, juntamente com a da continuidade no né D, permite encontrar a solucao do problema, como apresentado a seguir: 900 = 47,59Q5¢? = Qoe = 0,46m? /s 100,00 - Piez. D = 72,62 Quy? 90,00 - Pez. D = 72,62 Qu? Piez, D - 80,00 = 47,59 Qn2 Quo + Qos = oe A solucdo desse sistema de 4 equacées e 4 incdgnitas é a seguinte Piez. D = 89,63 m, Q,, = 0,38 m/s, Qyy= 0,07 mis € Qu. = 0,45 mis. A outra maneira de se resolver este problema é pelo método iterativo de Cornish, cuja piezométrica do entroncamento é estimada inicialmente e corrigida sucessivamente. Assim, partindo da piezométrica igual a 95,00 para 0 né D, tem-se: PiezD Ah, AR, AR, «= yy, Qe Qe az m m m m m/s m/s mis om 95,00 5,00 5,00 15,00 0,26 0,26 -0,56 7,92 87,08 12,92 2,92 -7,08 0,42 0,20 -0,39 2,95 90,03 9,97 0,03 10,03 0,37 0,02 0,46 ee 89,74 10,26 0,26 -9,74 0,38 0,06 -0,45 -0,06 89,68, 10,32 0,32 -9,68 0,38 0,07 0,45 0,00 109 Fandamantos de Engenhas Mra Calculo dos valores de AZ Pela equacao (4.26) tem-se: 0,42+0,20-0,39 1292 2,92” 7,08 0,38+0,06-0,45 002, 06-929 M42 G55 G06 G45 = 08 0,03 10,03 10,26 0,26 9,74 Pelo método de Cornish obtém-se resultado bem préximo ao anterior, ou seja Piez. D = 89,68 m, Q,,= 0,38 Ms, Qpg= 0,07 mis € Que = 0,45 mis Exemplo 4.3 ~ Determinar as vazbes do sisterna mostrado na figura, desprezando as perdas de carga localzadas Trecho Um) _Dimm) _< ©) 8 4000 500 12 ce 4000 300100 so 1000 a0 20 S © 000 200 100 DF 4000300100 3 Ti cecaere de per de age Se termols de acer Wione Soluggo Para a solucdo deste problema é necessario fazer uma estimativa para as piezométricas nos nds B e D e por aproximacées sucessivas corrigi-las pelo método de Cornish. As piezométricas estimadas, inicialmente, foram 85,00 ¢ 75,00, respectivamente para os nés B e D e em seguida so corrigidas alternadamente. Vale lembrar que a perda de carga e a vazdo tm o mesmo sinal, que por convencao é positive para as vazdes que entram no né e negativo para as vazes que saem. 110 scoamento en sistenas de condutns orcades | Capt & ‘Trecho AB Trecho BC Trecho BD PiexB 4h = QS Q/Ah th SQ Qh he QS QHZ m mms msm om ms msm om mls m/s om 85,00 5,00 0,146 0,03 5,00 0032 001 10,00 0249 002 414 80,86 9,14 0,202 0,02 0,86 0,012 0,01 0,57 0,053 0,09 1,95 82,81 7,19 0,177 0,02 -2,81 0,023 0,01 1,62 0,093 0,06 = 1,24 84,06 5,94 0,160 0,03 -4,06 0028 001 -1,73 -0,097 0,06 0,72 84,78 5,22 0,149 0,03 -4,78 0,031 0,01 -1,87 0,101 0,05 0,36 85,14 486 0,143 0,085.14 0,032 0,01 +193 0,102 0,05 0,18 85,33 467 0,140 0,03 5,33 0,033 0,01 -1,96 0.05 0,09 85,42 4,58 0,139 0,03 420,033 0,01 -1,97 -0,103 0,05 0,05 85,47 4,53 0,138 “5,47 0,033 0,01 -1,97 -0,104 0,05 0,03 85,50 4,50 0,138 “5,50 0,033 0,01 -1,98 0,104 0,05 0,01 8551 4,49 0,137 551-0033 0,01 -1,98_-0,104 0.05 0,01 ‘Trecho BD Trecho DE Trecho DF. PiezB h* = =Q Q/sh th QS Q/AH Ah Qs QHZ m mm/s m/s om miss om m/s_mi/ssm om 75,00 5,86 0,19 0,03 5,00 -0023 0,00 -10,00 -0046 000 529 80,29 252 0,12 0,05 10,29 -0,034 0,00 -15,29 -0,058 0,00 0,90 81,19 013° 0,04 11,19 -0,036 0,00 -16,19 -0,080 000 1,13 82,33 012 005 -12,33 000 -17,33. 0,062 000 0,58 82,91 0,11 0,05 -12,91 0,038 0,00 -17,91 -0,063 0,00 0,30 83.21 01 005-1321 0.00 -18,21 -0064 0,00 0,16 83,37 2,05 0,11 0,05 -13,37 -0,039 0,00 -18,37 -0,064 0,00 0,08 83,45 2,02 0,10 005-1345 -0,039 0,00 -1845 0,064 0,00 0,04 83,50 2,00 0,10 0,05 -13,50 0,00 -18,50 -0,064 0,00 0,02 83,52 1,99 0,10 0,05 -13,52 -0,039 0,00 -18,52 -0,064 0,00 0,01 8353 1,98 0,10 0,05 _—-13,53_-0,039 000-1853 -0,064 0,00 0,01 “O calcula da perda de carga neste trecho ¢ felto com base na diferenca de plezométicas dos nds @ e D, que no caso da primeira iteracBo ¢ igual a: 80,86 - 75,00 = 5,86 m. 1 andamantos do Enger Mra __4.3 Rede de distribuicao de agua ‘As redes de distribuicao de agua se caracterizam pela distribuicao da agua ao longo dos condutos, como nos sistemas de abastecimento de agua e de irrigagao. Para efeito de calculo, as redes de distribuicao sao classificadas, conforme a disposico dos condutos, em ramificadas e malhadas A rede ramificada mostrada na Figura 4.5 é tipica de sistemas de abastecimento de Agua pequenos e caracteriza-se pela ligaco de varios tubos com um principal. Um dos inconvenientes deste tracado é a dependéncia dos outros condutos em relacdo a0 principal, pois qualquer interrupcao acidental neste paralisa todo o abastecimento de gua a jusante do local onde ocorreu o acidente. Além disso, nas extremidades das redes, como nao ha escoamento, a tendéncia ao depésito de sedimentos é muito grande. Nas redes malhadas, do tipo apresentado no esquema da Figura 4.6, estes inconvenientes so reduzidos, pois um acidente na rede nao causa prejuizos relevantes na rea afetada, ja que a gua pode encontrar outros caminhos e a sua circulacao no sistema ocorre sempre que houver consumo de agua na rede. CONDUTO PRINCIPAL Figura 4.5 - Esquemia em planta de uma rede ramificada Figura 4.6 - Esquema em planta de uma rede malhada 112 scoamanto em sstemas de condos fords Coto 4 4,3.1 Calculo das redes ramificadas Para o calculo das redes ramificadas admite-se que as vazGes sejam uniformemente distribuidas ao longo das canalizag6es, também denominadas vazao de distribuicéo em marcha, assim tem-se: Gp = QML em que 4, = vaz80 de distribuicao em marcha L comprimento total da rede em metros Q =vazao total que abastece a rede A fim de organizar a sequéncia dos cdlculos das redes ramificadas € comum © emprego de planilhas do tipo apresentado a seguir. Trecho Vazaio Cota Cotado —Pressao Piezométrica_Terreno_Disponivel LA2OoeQqoUmwm 3 Mos M 3 M 10203 4 5 67 8 9 0 MN 2 13 +14 15 Onde as colunas numeradas de 1 a 15 correspondern: 1- Numeragao do trecho, que se faz de jusante para montante; 2- Comprimento do trecho L, medido na planta, em m; 3- Vazdo de jusante Q,, em Us; 4- Vazio distribuida no trecho: Q, = qm . Lem Vs; 5- Vazdo de montante Q,,, em Vs; 6- Vazdo ficticia: Q, = (Qy+Q,V/2, em Vs; 7- Diametro escolhido com base no critério de velocidacle maxima no trecho (ver Quadro 3.13), em mm; 8- Velocidade média de escoamento calculada pela equacao U = 4Q/nD* onde Q a vazao de montante em m’/s e D o diametro escolhido em m; 9- Perda de carga total Ah, em m, considerando os valores (de L em m, Q, em més e D em m) do trecho; 10- Cota piezométrica de jusante, em m; 11- Cota piezométrica de montante [11] = [10] + [ 9], em m; 12- Cota do terreno de jusante, obtida na planta topogratica, em m; 13+ Cota do terreno de montante, em m; 14- Pressao dispontvel de jusante [14] = [10}{12], em mea; 15. Pressao dispontvel de montante [15] = [11] - [13], em mca 113 Fundomentos de Engenharia Mrs Exemplo 4.4 Dimensionar a rede de distribuigéo cujo esquema € mostrado a seguir e calcular as press6es disponiveis nos nés, considerando: a vezao de distribuicéo em marcha igual a 0,025 Vs.m; © trecho R-5 virgem; um consume concentrado no né 1 de 4,0 V5; © diametro minimo para essa rede igual a 50 mi © Coeficiente de perda de carga da férmula de Hazen-Williams C=100; cota do nivel de agua do reservatorio igual a 500 m, 490 480 470 480 450 4 430 420 410 q=40Us 2 Solugdo Trecho L Vazio Us D u an m a Q Qa mm m/s om 13 200~«400~=«050 «45042501007? 1,28 23 100 0,000.25 0,25 0,13, 500,180,038 35-300 4,75 O75 550513 100,70 2,74 45 160 0,00 0,40 «0,400,200 020011 SR 300 5,90 0,00 5,90 5,90 100,753,585, Trecho Cota Piezométrica Cota do Terreno Presséo Disponivel J M J M 1 M 3 492,42 «493,71 ~—«410,00 «430,00 82,42 63,71 23 493,68 © 493,71 420,00 430,00 73,68 63,71 35 «493,71 496,45 «430,00 450,00 63,71 46,45 45 496,34 496,45 460,00 450,00 36,34 46,45 5-R 496,45 ——500,00_—450,00 500,00 46,45 0,00 14 Escoomento em stems de condo orcas | Caputo 4 4.3.2 Calculo das redes malhadas Nas redes malhadas admite-se que as vaz6es que saem da tubulacao estejam con- centradas nos nés, considerados centros de consumo das areas atendidas pela rede de distribuigéo de agua. Logo, a vazo entre dois nés consecutivos da rede é uniforme, 0 que faciita sua andlise. Antes de proceder a determinacao das press6es na rede malhada, € necessario determinar a vaz40 em cada trecho da rede, fase essa denominada de equi- \fbrio do anel, cujo célculo se fundamenta em dois principios: 1) No principio da continuidade, ou seja, a soma das vaz6es que afluem ao nd & igual a soma das vaz6es que dele saem. Para exemplificar, considere 0nd A, juncao dos trechos 1, 2 e 5, mostrado na Figura 4.7. Considere, também, as vaz6es que entram no 16 positivas e as que saem negativas; assim a aplicacao desse principio estabelece que: a ai -> Q2 EQ=0 (4.27) Orca ciaceme, 2) No principio da conservacao da energia, ou seja, a soma das perdas de carga nos condutos que formam o anel é zero. Para tanto, atribui-se a perda de carga o mesmo sentido da vazdo e convenciona-se 0 sentido horario como positivo e 0 outro sentido negativo, como exemplificado na rede malhada ABCD, mostrada a seguir, cujo anel é formado pelos trechos 2, 3, 4e 5. qb f a ae Qe A sam as] ahs ™N ‘ hg|Qo 0 —> ohy Cc e ad Q4 4 Figura 4.7 - Rede malhada EAh=0 (4.28) Ah, + h,- Sh, - Ah, = 0 5 Fundamentos de Engenharis Heelies A determinagao das vazoes em cada trecho do anel é obtida pelas equacoes (4.27) € (4.28) e mais as equacées de perda de carga, que formam um sistema de equacdes nao lineares, cuja solugéo s6 possivel através de processos iterativos. O método de célculo manual mais utilizado para resolver este problema denomina-se balanco de energia, também conhecido por método de Hardy-Cross. A metodologia utilizada no método de Hardy-Cross, apresentada no fluxograma da Figura 4.8, parte de uma estimativa para as vaz6es nos trechos do anel, de tal modo a atender a equacéo (4.27) e com base nesses valores é calculada a perda de carga corres- pondente para verificar a equacdo (4.28). Se esta é atendida, a estimativa esta correta @ as vaz6es nos trechos determinadas. Caso isso nao ocorra, a vazo estimada deve ser corrigida de AQ , cujo fundamento matematico € apresentado a seguir: aera ESTIMAM-SE FIXAM-SE_ ‘Compr. dos trechos-L_ |] Vazdes nos trechos | ——a} Didmetros nos trechos Coet. perda de Carga -B 30-0 > 4 caLcULanase Perdas de ara nos trechorh Yah #0 CALCULA-SE pean azah\@ ¥ CORRIGEM SE: | As vazdes nos trechos Figura 4.8 - Fluxograma pare equilbrio do anel Seja Ah a perda de carga num trecho genérico, representada pela expressao an=p Su 116 éscoamento em seas de condos lorados|Captulo & em que f, De L sao conhecidos. Assim, pode-se escrever: Ah=rQ sendo Seja Q, as vaz6es estimadas nos trechos, na iteracdo -o:, e que atenda ao primeiro principio: em cada n6, Se 0 anel estiver equilibrado, pelo segundo principio, tem-se Yh, = DQ =0 Caso isso nao se verifique, ao valor Q, deve-se adicionar um valor AQ, para a devida correcéo, assim: a= + AQ, Para que a nova vazao Q, atenda ao segundo principio ¢ necessario que: Yah=F1(Q, +AQ)” =0 Desenvolvendo o termo entre parénteses da equacao anterior, por meio do binémio de Newton ¢ desprezando os termos onde AQ, é elevado a expoentes superiores a unidade tem-se’ TH +nQF7AQ, +...)=0 YQ} = =n rQpAQ, s0,- Lar, (4.29) 0 TS" Ah, /Q, Exemplo 4.5 Na rede de distribuicéo, cujo esquema ¢ apresentado a seguir, equilibrar as vazbes nos trechos do anel e calcular as press6es disponiveis nos nés da rede, sabendo-se que o nivel de dgua no reservatorio esta na cota 100,00. As tubulac6es a serem utilizadas sao de ferro fundido, com coeficientes de perda de carga da formula de Hazen-Williams iguais a 100. 17 Fundamentos de engenaria Hii: Solugao A solucao deste problema compde-se de duas partes. A primeira, denomi nada equilibrio do anel, na qual sao determinadas as vaz6es nos trechos da malha pelo método de Hardy-Cross. Na outra parte, as pressdes sao calculadas seguindo a mesma metodologia utilizada para as redes ramifi- cadas, ja que 0s valores das vaz6es e os seus sentidos so conhecidos apés a primeira parte, como mostrado a seguir * Equilforio do anel O quadro a seguir apresenta os resultados do equilibrio do anel pelo método de Hardy-Cross. As vaz6es iniciais Q, atribuidas aos trechos das tubulages estao mostradas na figura seguinte e atendem ao principio da continuidade em cada né (equacao 4.27). Q=70us Q= 40 Us Trecho LD Q, dh, Ah/Q, Q, dh, Ah/Q, Q, Ah, Ah /Q, m_omm Vs om vs om Vs om 12 100 100 40 058 015 452 0,72 0,16 465 0,76 0,16 23° 70 50 -1,0 091 0,91 -048 -0,23 0,48 -0,35 0,13 0,37 m4 75 0,34 248-072 0,29 2,35 065 0,28 E435 140 0,23 0,93 002 0,81 AQ, = 0,52 AQ, = 0,01 118 count em sbiemas de condos fread | Capulo 4 Observacoes: 1- Quando os diémetros nao sao conhecidos, estes podem ser escolhidos com base nas capacidades maximas apresentadas nos Quadros 3.12 e 3.13 2- Anorma brasileira para redes de distribuicdo de agua (NBR 12218/94), no caso de equillbrio de anéis, tolera um residuo de vazdo e carga piezo- métrica de 0,11/s e 0,5kPa, respectivamente. * Determinacao das press6es disponiveis: Trecho =D Ah, _CotaPiezométrica Cota do Terreno _Pressdo Disponivel mm m M 4 M 4 M J RI 150 0,23 100,00 99,77 95,00 80,00 5,00 19,77 1-2 100 0,76 = 99,77. 99,01 80,00 65,00 19,77 34,01* 13 75 0,65 99,77 99,12 80,00 70,00 19,77 29,12 32 50 0,13 _-99,12_—-98,99 70,00 -65,00_—29,12_—_—33,99* “A aiferenca entre esses dois valores se deve ao residuo deixado no equilorio do anel (ZAh = 0,02 m) Exemplo 4.6 Determinar a vazéo que passa em cada trecho do anel da rede de distribui- ao esquematizada a seguir, considerando 0 coeficiente de perda de carga da formula universal f = 0,025. q=30us q= 1200s q=40ls 19 Fundamentor de Engenhori Widen Solucio ‘Anei Techo LDQ, ah, Ah/Q, @, ah, Ah/Q, Q, ah, AhJQ, momm Ws om ifeveteaim| Vs__m 72 100 100 40 033 008 404 034 008 407 0,34 0,08 23 90 50 10 060 0,60 1,04 064 0.62 1,07 0,68 0,64 3-1 130 75 3,00 -1,02 0,34 -3,03* 1,04 0,34 3,01 -1,03 0,34 Ee 009 1,02 0,06 1,04 001 1,06 AQ, = 0,04 4Q, = 0,03 4Q, = 0,00 31130 75 300 102 O34 303" 104 O34 301 1,03 034 W_ 34 100 50 -1,00 066 066 0,93 0.57 0,61 056 061 41 100 100 5,00 -052 0,10 -4,93 -0,50 0,10 0,50 0,10 B= -016 1.10 0,30 1,05 0,03 1,05 AQ, = 0,07 AQ, = 0.01 AQ, =0,01 *No trecho comum aos dois anéis, a correcao do valor da vazao fica afetada do valor de AQ dos dois anéis, assim: trecho 3-1: AQ = AQ p- AQuer trecho 1-3: AQ = AQnvai p - AQanerp Portanto, as vazbes que escoam no anel da rede de distribuicdo sao: Q, , 4,07 U5, Q,5 = 1,07 V5, Q,, = 3,01 U5, Q,5= O método de Cornish visto no item 4.2 também pode ser utilizado no caso de rede de condutos, onde as vaz6es podem ser consideradas concentradas nos nés, principalmente para andlise das condicées de escoamento em sistemas de tubulaces com algumas piezomeétricas fixas, tal como os nds que representam os reservatérios. O exemplo a seguir ilustra o emprego deste método. 192 U5 €Q,4 = 4,92 Vs. Exemplo 4.7 A rede de condutos mostrada no esquema e na tabela da figura a seguir esta ligada a trés reservat6rios localizados nos nés A, C e F, cujos niveis de gua esto nas cotas 70,00, 40,00 e 30,00, respectivamente. Analisar as condicées de escoamento dessa rede, tendo em vista as caracteristicas dos condutos apresentadas na figura 120 scoament em sstemas de condos frgados | Capitulo & eer Compas Diametro eric mel Trecho am mm A 8 c. 7B 200) 120 r—J Bc 200 120 AD 250 120 BE 150 120 OE 200 120 lb E EC 150 120 OF 150 120 FE 200 120 ——__—@ F Solucéo A solucdo deste problema pelo método de Comish requer uma estimativa preliminar das piezométricas nos nés B, D e E, jé que nos outros nés estas sao conhecidas (Piez.A=70,0m, Piez.C=40,0m, Piez.F=30,0m). Os valores assumidos neste caso (Piez. B=55,0m, Piez.0=50,0m, Piez.E=45,0m) sao escolhidos entre 05 valores maximos e minimos das piezométricas conhecidas. As vaz6es que escoam nos trechos sao calculadas a partir da equacéo de Hazen-Williams, sendo a perda de carga igual a diferenca entre as piezométricas de montante e jusante e as demais variaveis da equacao séo dadas no problema, Posterior- mente & determinacao das vaz6es, as piezométricas so corrigidas através da equacao (4.26). Piez. B ‘Trecho BA. ‘Trecho BC ‘Trecho BE mo ah QQ Ofth Ah QS ah QA mm/s mi/sm om mss om m/s m/s.m_ 55,00 15,00 0,050 0,003 15,00 -0,073 0,005 10,00 -0,027 0,003 -8,49 46,51 23,49 0,064 0,003 6,51 -0,046 0,007 3,69 -0,016 0,004 0,18 46,69 23,31 0,064 0,003 6,69 -0,047 0,007 40,3 -0,017 0,004 -0,05 46,64 Piez. D ‘Trecho DA ‘Trecho DE ‘Trecho DF m ~ oh Q@ Qh dh Q Qiah dh Q Qh az mm/s m/s.m om __om’s_m/sm om __m/s_m/s.m_m. 50,00 20,00 0,153 0,008 5,00 -0,028 0,006 20,00 -0,022 0,001 13,37 63,37 6,63 0,084 0,013 20,54 -0,059 0,003 33,37 -0,029 0,001 -0,47 62,90 7,10 0,087 0,012 20,24 -0,059 0,003 32,90 -0,029 0,001 -0,04 6287 Piez.E Trecho EB Trecho EC Trecho ED Trecho EF m 4 Q Q/ah Sh Q Qlah dh Q Qiah Ah Q Q/dn AZ m_m/s mi/sm_m_m’s m/sm_m__mi/s m/s.m_m_ m/s m/sm_m 45,00 1,51 0,010 0,007 5,00 -0,013 0,003 18,37 0,056 0,003 15,00 -0,073 0,005 -2,18 42,82 3,87 0,016 0,004 2,82 -0,010 0,003 20,08 0,059 0,003 12,82 -0,067 0,005 -0,16 42,66 3,98 0,017 0,004 2,66 -0,009 0,003 20,20 0,059 0,003 12,66 -0,066 0,005 -0,02 42,64 12 Fundamantos de Engetasia Hdrlice Problemas 4.1 Dois reservatorios R, e R, possuem seus niveis de 4gua constantes e nas cotas 75 © 60 respectivamente. Uma adutora, composta por dois trechos em série, interliga esses dois reservatérios. Tendo em vista as caracteristicas da adutora, apresentadas a seguir, pede-se determinar a vazao escoada. Trecho 1: D,= 400 mm, L,=1000 m, coeficiente de perda de carga C,=110 Trecho 2: D,= 300 mm, L, = 500 m, coeficiente de perda de carga C,= 90 4.2 0s condutos mostrados na figura seguinte so destinados a conduzir 4gua do reservatério R, para o R, que tem seus niveis de 4gua mantidos constantes nas cotas 82,0 e 70,0, respectivamente. Desprezando as perdas de carga localizadas, pede- -se calcular a vazdo nos condutos e a presséo no ponto C, que esté localizado na cota 68,00. Trecho Um) Dim) f AC 1500 200 0016 Bc 1000 100 0022, d_ 900 300 0,020 Coeficiente de perda de carga da ‘formula Universal 4.3 Uma tubulacao de 200 mm de diametro, 4000 m de comprimento e coeficiente de perda de carga da formula Universal (f) igual a 0,020 conduz gua entre dois reservatorios cuja diferenca de nivel é 40 m. a) Considerando somente a perda de carga continua e desprezando a parcela da energia cinética, determinar a vazao entre os dois reservatérios. b)_Desejando-se aumentar em 20 Us a vazo transportada, optou-se pela colocacso de um trecho de tubulacéo, com as mesmas caracteristicas da anterior, inclusive 0 comprimento, em paralelo com a existente. Determinar a extensao desse trecho. 4.4 Uma medigo de vazdo no trecho BC, na rede de condutos apresentada a se- Quir, mostrou que o sentido de fluxo neste trecho é de B para C e que vale 40 I. Determinar as vaz6es dos trechos AC, AB, CD e BE e os comprimentos dos trechos BE e CD, sabendo-se que a cota piezométrica medida em B vale 78,00. Trecho Lm) _Dimm)_¢ AB 1000 300130 AC 1200 300 100 co BC 200 250100 tx Be = 250130 © (CD arse 100] 100) (ei Coeficiente de perda de carga dda formula de Hazen-Wiliams 12 Escoamento em sistemas de conduit orgade|Captlo 4 4.5 A tubulacdo ABCD, mostrada na figura a seguir, é destinada a atender aos con- sumidores localizados entre BC, bem como a abastecer o reservatorio de jusante. Supondo que dois tercos da vazéo seja distribuda nas duas tubulacdes em paralelo de BC e 0 outro terco abasteca o reservatério de jusante, pede-se calcular as vazGes de distribuicao em marcha, supondo toda a tubulacao composta por tubos de 100 mm de diametro, com coeficiente de perda de carga “f"da formula de Universal igual a 0,02 100,09 a ey ls s = 129 “ay oo 59.00 ” 3 A @° c 13 = 1500 m a ae 4.6 Determinar as vaz6es nas tubulacées do sistema de distribuigao na figura a seguir. Trecho Um) _Dimm)__f_ ‘iB 5000300 0,020 Ave 5000 300 0,020 BC 3000 200 0,020 Bo __4000_300__0,020 Coeficiente de perda de carga da 40's formula Universal 4.7 Fazer o pré-dimensionamento da rede do trecho RABCD, com base em critérios econémicos, supondo a utilizacéo de tubos de PVC com diametros de 100, 150, 200 e 250 mm. Determinar o valor da pressao no ponto D. 420 40470480 ° 440 g=3ls NA=520 123 Fundmentos de Engenharia Hiren 4.84 rede de distribuicao, apresentada a seguir, deve abastecer um condominio, assentado num mesmo nivel, cujo consumo maximo ¢ de 8,33 M/s. a) Fazer 0 pré-dimensionamento da rede, supondo o aproveitamento dos tubos de PVC disponiveis (D = 50, 75, 100 e 150 mm). b) Calcular 0 nivel minimo de agua no reservatorio, para que a pressdo minima nesta rede seja de 15,0 mea, utilizando a formula de Hazen-Williams para perda de carga. L= 500m = 1000m TRECHO VIRGEM L= 520m L= 100m, L= 630m 4.9 Equilibrar as vaz6es do anel mostrado na figura a seguir e determinar as pressbes disponiveis nos nds, utilizando tubos de diametro de 50, 75, 100 e 150 mm, com coeficiente de perda de carga da formula Universal igual a 0,020 cT=4760 -- O=40Us > A L= 800m B L= 400m L= 400m o=30us T= 4700 T= 4660 CT : cota do terreno 4.10 Determinar as press6es na rede de distribuigéo de agua mostrada na figura a seguir, supondo-a formada por tubos de PVC. 40 490470 480450 440 480 Dados: L,,= 500m ly = 600m L,.= 300m Lb. = 600 m L,.=300 m L,,= 500m 4 Capitulo 5 Maquinas hidraulicas © objetivo deste capitulo ¢ dar uma visdo geral a respeito das maquinas hidrdulicas, principalmente das turbinas e das bombas, mostrando suas semelhancas e suas diferencas, visando proporcionar 0 entendimento do ‘emprego destas maquinas em hidrelétricas e estagdes de bombeamento, 5.1 Introdugao ae ‘As m&quinas hidraulicas promovem as trocas entre as energias mecanica e hidraulica e se dividem em duas grandes categorias, de acordo com 0 sentido da troca de energia, em turbinas e bombas. As turbinas recebem energia hidréulica, proveniente normalmente de quedas d’aqua, transformam-na em energia mecénica. Posteriormente, esta energia 6 transformada em energia elétrica pelos geradores nas centrais hidrelétricas. J4 as bombas transformam a energia mecanica que recebem dos motores em energia hidraulica, possibilitando transportar e elevar fluidos a grandes distancias e elevadas alturas, que atendem desde as pequenas instalacdes hidraulicas prediais aos grandes sistemas de irrigacdo, abastecimento de agua etc. 5.2 Descricgdo e condicées gerais de instalagao das tur AAs primeiras turbinas surgiram na forma de toscas rodas d’agua, utilizando somente a energia cinética dos cursos d’égua. Posteriormente, passou-se também a utilizar a energia do peso "Agua, dando inicio aos aproveitamentos das quedas d’agua em 1827. = - Fundamentoe de Engenbari Mes Melhoramentos substanciais foram realizados nas rodas d'agua, dando origem as turbinas atualmente empregadas nas centrais hidrelétricas As turbinas sao constituidas, basicamente, de um rotor e um distribuidor. O rotor & uma pea dotada de um eixo sobre a qual estdo dispostas pas. A agua proveniente do distribuidor atua sobre essas pas, originando uma rotacdo, que proporciona o movimento. do eixo e a poténcia do gerador. J4 0 distribuidor tem a funcao de orientar a agua até 0 rotor e regular a vazdo turbinada. Dependendo da forma que a dgua atua nas pas do rotor, as turbinas sao classifi- cadas em turbinas de agao e reacao. No primeiro tipo 0 jato incide livremente nas pas, através de um distribuidor em forma de bocal, sob a aco Unica da energia cinética, enquadrando-se neste tipo as turbinas Pelton. Nas turbinas de reacdo, 0 escoamento junto ao rotor € realizado sob pressdo, sendo parte da energia do liquide transformada em energia cinética ainda no distribuidor, como nas turbinas Francis e Kaplan. Na Figura 5.1 s80 mostrados os rotores das turbinas tipo Pelton, Francis e Kaplan, e as Figuras 5.2 € 5.3 ilustram as disposicées das turbinas de aco e de reacéo, respectivamente, nas instalacoes hidrelétricas. & (a) (b) © Figura 5.1 - Rotor das turbinas (a) Pelton, (b) Francis e (c) Kaplan ecervetsie CChaminé de moniarte : ‘Rg ah Conduite forgado i 5 canal ote Figura 5.2 - Esquema de instalagdo hidrelétrice com turbina de acao (Pelton) Os nomes Pelton, Francis e Kaplan sao origindrios dos nomes dos engenheiros que desenvolveram as primeiras turbinas desses tipos, tendo sido a primeira delas construida por Francis, em 1849; em 1880 Pelton desenvolveu a primeira turbina de aco e em 1912 Kaplan fez a primeira experiéncia na turbina que posteriormente levou o seu nome. 126 Maquina hile | Canto S Outra classificacao das turbinas diz respeito a trajetoria da agua no rotor, podendo ser: * radial, quando a 4gua entra no rotor segundo o raio e sai na direcdo do eixo, como nas turbinas tipo Francis; © tangencial, quando a incidéncia do jato no rotor € tangencial, como nas turbinas Pelton; © axial, quando a Agua que circula sobre o rotor tem, aproximadamente, a direc3o do eixo, como nas turbinas Kaplan. camara de carga Piezométioa?® Figura 5.3 - Esquema de instalacao hidrelétrica com turbina de reacdo Turbina Pelton (Laborat6rio de Hidraulica - UFMG) Fundamentos de Engenharia Wrulca 5.2.1 Arranjo das instalacdes hidrelétricas © arranjo das instalacoes hidrelétricas depende, basicamente, das caracteristicas, topogréficas e geolégicas locais, da vazao maxima turbinada e da queda d’agua dispo- nivel. Entre os principais componentes do circuito hidraulico, destacam-se: * a barragem que permite a regularizacio das vaz6es afluentes do curso d’agua, a formacéo do desnivel necesséirio ao funcionamento das turbinas € 0 desvio das aguas do rio; * a tomada d’agus destinada a captacao da vazao a ser turbinada, po- dendo estar integrada a uma barragem ou estar vinculada a um canal de derivacao, simplesmente; * conduto ou tunel forcado 6 uma tubulacao que funciona sob pressao, destinado a conducao da agua desde a tomada d'agua até as turbinas, no interior da casa de forca; * casa de forca destinada ao abrigo das turbinas, geradores e acess6rios hidraulicos e elétricos; © canal ou tanel de fuga que visa a restituicao da vaz40 que passa pela turbina ao leito natural do rio. A Figura 5.4 apresenta trés arranjos tipicos de hidreletricas, onde se destacam as estruturas de tomada d’dgua dotadas de barragem (a) e (b) e canal de derivacao (©), além dos condutos forcados (b) e (c) que alimentam as turbinas e das casas de forcas (a), (b) e (©) Conjunto de condutos forcados para alimentagéo de turbinas (UHE Gafanhoto, MG) 28 Méauinas iis Capo 5 cass de forge @ » condutoforgade Casa de ‘era He srt Canal do tug | \ “Turbine Francis © Figura 5.4 - Secoes lonaitudinais de instalacOes hidreétricas Fonte = Adaptado do Manual de ventaio da Eletrbrés 29 Fundaments d Engenharia Widrslice 5.2.2 Potencial hidraulico A avaliagio do potencial hidraulico bruto de um aproveitamento hidrelétrico é calcu- lada pela seguinte formula: P,=7-O-H, G.1a) em que’ ,: poténcia hidrdulica bruta, em W ‘ys peso especifico da égua (y ~9806 N/m? ) Q:: vaz8o que passa pela turbina, em m/s H,; queda bruta ou diferenca entre of niveis d’égua no reservatério de montante e imediatamente a jusante da turbina, em m Utilizando para 0 peso espectfico da agua o sistema técnico (y =1000kgf/m") € mantendo as outras unidades das variveis, a equacao (5.12) transforma-se na equacao (5.1b) mostrada a seguir: P,=9,81-7-Q-H, (5.1) As Figuras 5.2 e 5.3 mostram que a queda bruta H, nao é aproveitada integralmente devido as perdas de carga existentes na conducao da gua até a turbina Ah. Portanto, a queda efetivamente aproveitada, ou queda Util H é a diferenca entre a queda bruta ea perda de carga. oH Ah Consequentemente, a poténcia hidréulica disponivel P,, originada da equacao (5.1b), dada em Watt (W), é P,=981-y-Q-H (5.2) ‘Além das perdas de carga que ocorrem até a turbina, tem-se que se considerar também as perdas existentes dentro desta, nao s6 devido as perdas de carga ao longo da trajetoria percorrida pela Agua, mas também devido as perdas volumeétricas entre as vaz6es afluentes e efluentes na turbina, bem como as perdas por atrito. Essa perda é expressa em termos de rendimento da turbina n. Assim, a poténcia efetivamente transmitida ao gerador é dada por: P=981-y-Q-H (5.3) em que: poténcia efetiva, em W peso especifico da agua, em kgf/m? vazao turbinada, em m/s queda util sobre a turbina, em m rendimento da turbina Ss rozr 130 Maquina hides | Captlo S __5.3 Descrigao e condigées gerais de instalacao das bombas A classificagéo, segundo o processo de transformacao de energia no interior das bombas, engloba os tipos mais significativos dos sistemas de bombeamento, quais sejam: © Bombas volumétricas * Turbobombas ‘As bombas volumétricas so assim denominadas por utiizarem a variacao de volu- me do liquido no interior de uma camara fechada para provocar a variagao de pressao. ‘A variacao de volume € realizada pela acao de movimentos rotativos ou alternativos, e por causa disso recebem as denominacdes de bombas rotativas e bomba pistdo que so, mostradas na Figura 5.5 Bomba pistdo Bomba de engrenagens Bomba de palhetas Bombas rotatvas Figura 5.5 - Bombas volumétricas As bombas do tipo turbobombas sao as mais utilizadas atualmente. Dotadas de uma parte mével denominada rotor, que se movimenta dentro de uma carcaca, pela acao do motor, produzem o movimento do liquido. Essa energia cinética parcialmente conver- tida em pressao no interior da Bomba, permitindo que o liquido alcance posicbes mais elevadas, ou mais distantes, através da tubulacao de recalque. As bombas podem ter um Linico ou varios rotores dentro da carcaca, assentados sobre o mesmo eixo. No primeiro caso so denominadas de simples estagio, no outro de muitiplos estagios. As bombas de mtiltiplos estagios s4o proprias para sistemas que precisam recalcar grandes alturas manométricas, sendo 0 efeito da quantidade de rotores sernelhante ao da colocacéo de bombas em série, assunto a ser tratado no Capitulo 6. A Figura 5.6 mostra alguns dos tipos de bombas citados neste item. ‘As turbobombas, quando admitem o liquide por um lado do rotor somente, s80 denominadas de succéo simples e de succdo dupla quando admitem liquido dos dois lados, conseguindo, desta maneira, maior equillbrio do rotor. Por isso, as bombas de succao dupla sao mais indicadas para as grandes vaz6es, ja que esto sujeitas a esforcos mais elevados. Oeixo entre a bomba e o motor pode estar na posicao horizontal ou vertical. O tipo horizontal € mais utilizado por ter um custo, normalmente, mais baixo; entretanto, 0 eixo vertical permite reduzir a altura geométrica de sucao, reduzindo com isso os riscos de cavitacao, conforme relata 0 item 6.4 do capitulo seguinte Bt Fundomentos de Engenharia Mdrsulca Quanto a trajetéria da dgua no rotor, de maneira semelhante as turbinas, as turbo- bombas sao radiais, mistas e axiais. ‘As bombas radiais, mais conhecidas por centrifugas, tém essa denominacéo devido a trajetoria do fluxo, dentro do rotor, que se faz segundo um plano radial (normal a0 eixo) e, entdo, é impelida pela forca centrifuga do centro para fora ‘As bombas axiais tam trajet6ria do fluxo segundo a direcéo do eixo da bomba, sen do empregadas para grandes vaz6es e baixas alturas manométricas . As bombas axiais nao utilizam a forca centrifuga, mas a forca de sustentacao. Para aumentar esta forca, © rotor possui perfil aerodinamico, com aspecto de hélice As bombas mistas, também conhecidas por diagonais, possuem um tipo de rotor cujo flux0 é diagonal ao eixo, sendo, portanto, um tipo intermedidrio entre as centrifu- gas e as axiais on cenrig de ao veri e iris scsto ‘Seis iowan =p entangle sees onde etogoe Somos cera es hora com sa echo Sstoloptoana! mda ea Figura 5.6 — Turbobombas, 132 Maguinas haus | Capa S Bomba centrifuga (Laboratério de Hidréulica — UFMG) 5.3.1 Instalacao elevatéria As elevatorias, embora possam ter formas variadas, devido as exigéncias das insta- lacées, costumam apresentar-se, em varias situacdes, segundo o esquema da Figura 5.7. Na Figura 5.7 destacam-se alguns aparelhos, com as seguintes funcoes: * A.vélvula de pé com crivo & uma valvula de retengio que se instala na extremidade inferior da tubulacao de succéo, quando a bomba esté locali- zada acima do nivel de agua do paco de suc¢éo, com 0 objetivo de impedir © retorno do liquido quando a bomba para de funcionar. Desta maneira a bomba e a tubulacao de succéo poderdo estar sempre chelas de agua (escorvadas). Caso contrério, a depressao criada na entrada da bomba pode no ser suficiente para recalcar 0 liquide e a bomba trabalha vazia, sem fazer o recalque. O ctivo que vem acoplado a valvula tem a finalidade de impedir a entrada de particulas sélidas no interior da bomba * A reducao excéntrica & a peca que se adapta a tubulacao de succéo, geralmente de maior diametro, a entrada da bomba, de menor diametro. A excentricidade exigida nesta peca tem a finalidade de evitar 0 acémulo de bolhas de ar na secéo de entrada da bomba. Quando estas bolhas ocupam toda a seco, provocam a separacéo da coluna liquida. * O motor de acionamento tem a finalidade de fornecer energia mecani- ca as bombas. A fonte de energia dos motores, normalmente, é elétrica, podendo-se utilizar também motores de combustdo. A unido entre a bomba e 0 motor ¢ realizada por luva elastica, ou por meio de eixo rigido, 1no tipo monobloco 133 Fundamentor do Engenharia Hiden * A.bomba é 0 dispositivo utilizado para adicionar energia ao escoamento da agua, conforme jé visto nos itens anteriores. Uma andlise a respeito desse assunto ¢ realizada no Capitulo 6. © Avélvula de retencao destina-se a protec3o da bomba contra o retorno da Agua e a manutencéo da coluna liquida por ocasi8o da parada do motor. © Avélvula ou registro um aparelho que deve ser instalado logo a seguir a valvula de retenco, visando a manutenco desta, bem como 0 controle da vazéo. O tipo mais utilizado nas instalagdes elevatorias ¢ o de gaveta, ‘Tubo de recalque Registro de gaveta Valvula de retengao Redugao concénitica Redugao curade _, ®xc8ritica_“H Bomba Motor iolongo “Tubo de sucedo NA minima Valvula de pé crivo Figura 5.7 Esquema de uma instalagao elevatoria tipica ‘SuegHo positiva (hs > 0) ‘Sucgio negative (hs <0) Figura 5.8 - Posicgo da bomba em relacéo a0 poco de succ3o 134 Miguinas hidrducas | Capo S Quando 0 eixo da bomba esta acima do nivel de agua do poco de succao, a instala- <0 da bomba é dita de succo positiva. No caso contrarro, a sucgao € negativa e diz-se que a bomba esta afogada (ver Figura 5.8). Nas instalac6es elevatorias de succéo negativa, os aparelhos usados na succao di- ferem um pouco daqueles apresentados na Figura 5.7. Um desses aparelhos é a valvula de pé que se torna desnecesséria, uma vez que a tubulacao se mantém cheia, ja que ela se encontra abaixo do nivel de agua no poco de succéo. Estando esta tubulacao cheia, para se fazer a manutencSo da bomba, é necessario um registro na tubulacao de succéo, préxiro & bomba, que deve ser fechado somente para tal manutencao. 5.3.2 Parametros hidraulicos de uma instalag&o de recalque Altura manométrica A altura manométrica H,, representa a energia absorvida por unidade de peso de \iquido ao atravessar a bomba, ou seja, € a energia na saida da bomba menos a energia da entrada. A equacao de Bernoulli, quando aplicada entre dois pontos que contém uma bomba, deve levar em conta essa energia H,,, como mostrado a seguir, estando 0 ponto 1 localizado a montante da bomba e o ponto 2 a jusante da mesma. +H, =Z, +2422 4Ah,, Y 29 Se os pontos 1 € 2 estiverem sujeitos a pressdo atmosférica, tal como nas superficies de agua dos reservatorios, e se a diferenca de energia cinética for desprezivel, tem-se: e a 0 Ff u,z0 e U,z0 Portanto, H,, -Z, Ah, Onde Z, - Z, € 0 desnivel geométrico, ou a altura geométrica entre os dois pontos considerados, daqui para frente representado por H,. Portanto, neste caso, a altura manomeétrica H,, é a altura geométrica H, mais as perdas de carga Ah, , ocorridas na tubulacao que interliga os dois reservatorios, conforme mostrado na equacao (5.4): (5.4) 135 Fundoments de Engenharia dren Os termos da equaco anterior podem ser divididos em duas parcelas, sendo uma rela- tiva a succdo e a outra ao recalque, conforme mostra a Figura 5.9 e demonstra-se a seguir: 1, +H, hth, em que: H, — =altura manométrica de succdo h, — =altura geométrica de succéo Ah, = perda de carga na succdo H,— =altura manométrica de recalque fh, — =altura geométrica de recalque Ah, = perda de carga no recalque Linha Piezomélricanf “Ws. (2) hh inna Piezométrca Figura 5.9 - Parémetros hidréulicos de uma instalagio de recalque Poténcia e rendimento do conjunto elevatério A poténcia hidréulica, numa instalacéo de recalque, € o trabalho realizado sobre © liquido ao passar pela bomba em um segundo, podendo ser expressa pela equacao: Puy Q-H,, (5.5a) 136 Maguins idles Capitulo S poténcia hidrdulica em W peso especifico da agua em N/m? (y ~9806 N/m* ) vazao bombeada em m/s altura manométrica em m. TORS No caso de escolha de bomba, é mais frequente o uso de cavalo vapor (cv) para a unidade de poténcia. Neste caso, a expressao anterior, no sisterna tecnico, é a seguinte: = YA (6.5b) "75 poténcia hidraulica em cv peso especifico da agua em kgf/m? (y ~1000 kgf/m’) vazao bombeada em m/s altura manométrica em m. 2 ro Para que o liquido receba a poténcia requerida P,,, a bomba deve receber uma po- tencia superior & poténcia hidraulica, pois normalmente ha perdas no seu interior. Essas perdas se devern, geralmente, aos seguintes fatores: * aspereza da superficie interna das paredes da bomba ® recirculacéo do liquido no interior da bornba * vazamentos através das juncées * energia dissipada no atrito entre partes da bomba * energia dissipada no atrito entre 0 fluido e a bomba A razio entre a poténcia hidréulica P, e a poténcia absorvida pela bomba P, ¢ denominada rendimento ou eficiéncia da bomba n,. Os rendimentos das bombas variam bastante, conforme a vazao Q, a altura manométrica H,, € 0 tipo da bomba, estando, normalmente, entre 30% e 90%. Portanto, a poténcia da bomba, ou poténcia trans- mitida ao motor é dada por: QH, 75ng Para efeito de avaliacao da poténcia do conjunto elevatério (motor e bomba), ¢ ne- cessario conhecer, além do rendimento da bomba n,,, 0 rendimento do motor n,,, que & a relacdo entre a poténcia que o motor transmite e a que ele recebe da fonte de energia (n,, = P,/P). Desta maneira, a poténcia recebida pelo motor, também denominada de poténcia do conjunto motobomba, é dada por: af Nw 75neMy = 1QH, 5.7) Pe 75m oa Fundomentor de Engen Md sendo: 11: rendimento do conjunto motobomba (n = 1,.7,) P: poténcia absorvida pelo conjunto motobomba em cv 5.3.3 Dimensionamento econémico da tubulacao Normalmente, a determinacao da tubulacao de recalque ¢ realizada segundo um critério econdmico, considerando nao somente a tubulacao propriamente dita, mas todo © conjunto elevatério, devido as implicacbes explicadas a seguir: * um diametro pequeno para a tubulacdo ocasiona uma perda de carga maior e, portanto, uma altura manométrica e poténcias do conjunto motobomba mais elevadas (ver equacées 5.4 e 5.5); consequentemente, 0 conjunto elevatério tem custo maior, e as despesas com energia também 80 mais elevadas, embora o custo da tubulagdo seja menor; © um diametro maior para a tubulac3o implica despesa mais elevada para aimplantacao da tubulacao; entretanto, proporciona menor perda de carga e, consequentemente, a poténcia fica reduzida, resultando em custo menor pata a aquisicao e operacao dos conjuntos elevatorios. diémetro da tubulacao mais conveniente, economicamente, € aquele que resulta ‘em menor custo total das instalacées. Este didmetro é chamado de diametro econémico Estes aspectos podem ser ilustrados através do grafico da Figura 5.10, em que a curva “I" Tepresenta a variacdo dos custos de tubulacao (material mais assentamento) em relacao ao diametro da tubulagdo; a curva “II” representa a variacao dos custos de implantacdo dos conjuntos motobomba mais equipamentos e despesas com energia. A curva "Ill" corresponde a soma dos custos da curva "|" e “II” (AB + AC = AD), fornecendo, portanto, © custo total da instalacao elevatoria. O diametro econdmico é aquele correspondente a0 ponto de menor custo da curva “III” custo um °. 1 Minimo _ a | oe | sb u | Digfretvo Econdnico x Oman DIAMETRO Figura 5.10 - Despesa versus diametro numa instalacao elevatéria 138 Maguinasheraulcas | CapuloS Funcionamento continuo A instalagdo elevatoria ¢ considerada de funcionamento continuo quando trabalha 24 horas por dia (apenas com répidas interrup¢bes para a manutencao). A determinac3o analitica do didmetro econdmico neste caso, utiizando o método citado anteriormente, fornece a formula de Bresse para a determinacao do didmetro de recalque: D,=KJQ (5.8) em que: D,= diametro de recalque, em m Q = vazio recalcada, em mi/s K = fator da formula, de Bresse Ovalor do fator K depende de alguns fatores econdmicos envolvidos na implantagso @ na manutencao da elevatéria, tais como a tarifa da energia elétrica ou do combustivel e dos precos de tubulacao e equipamentos adotados. O valor de K oscila conforme a época € a regido, variando de 0,6 a 1,6, sendo o valor mais frequente em torno de 1,0; entretanto, por medida de seguranca, adota-se K=1,2 quando as informac6es econémicas so insuficientes para uma andlise mais detalhada: Como 0 valor do diametro calculado raramente coincide com o valor padronizado comercialmente, € comum adotar 0 didmetro comercial mais préximo ao calculado. Para o diémetro da tubulacao de succéo adota-se o diametro comercial imediatamente superior ao diarnetro adotado para o recalque. Funcionamento descontinuo Muitas vezes 0 funcionamento do conjunto motobomba nao é continuo. Tal situagao ocorre, por exemplo, no bombeamento de agua para os reservatérios de residéncias ou edificios. Para estes casos, a Associagio Brasileira de Normas Técnicas recomenda a seguinte expressao: D, =0,586X"* JQ (6.9) sendo D, 0 diémetro da tubulagao de recalque em m, X o ntimero de horas de funcionamento por dia e Q a vazéo em mis. Exemplo 5.1 Num prédio de 10 pavimentos, com 6 apartamentos por andar, seré mon- tada uma estacéo de bombeamento de agua que deverd funcionar 8 horas por dia. Admite-se uma quota de 200 litros por habitante por dia e uma média de 5 habitantes por apartamento. Supondo que as tubulacoes sejam de aco galvanizado, pede-se determinar os didmetros das tubulagbes de recalque e succao. 139 Fundamantor do Engonhatie Hdrduics Solugao Pelo enunciado tem-se: 10 x 6 = 60 apartamentos 60 x 5 = 300 habitantes ~.consumo = 300 hab. x 200 lab. dia = 60 000 V/dia Como 0 conjunto elevatério deve funcionar somente 8 horas/dia, a vazéo de bombeamento deve ser: = 00000 = 208s ou —Q=0,0021 mils 8x 3600s/d Em funcionamento intermitente, o diametro econdmico € dado por: D, = 0,586x8"* x 0,0021"? = 0,045 m Tratando-se de tubos de aco, o diametro comercial mais préximo corres- ponde a 2". Assim, adotam-se para as tubulacGes de recalque e succao os diametros de 2” e 2 1/2“, respectivamente. Adutora (Sistema Rio das Velhas, MG) Foto: Copasa 140 28,0 20 Msquines dss Capo S Exemplo 5.2 Determinar os diametros das tubulagées de recalque e succao da instalacao elevatéria, esquematizada a seguir, bem como a altura manométrica e a poténcia transmitida ao liquido pelo conjunto motobomba, para recalcar 45 l/s de agua, durante 24 horas por dia, sabendo-se que as tubulacdes de succéo e recalque devem ser de ferro fundido novo (C =120) e seus comprimentos de 15 m e 3000 m, respectivamente. B vR_ RG + @ i Solugao a) Determinacao dos didmetros de recalque D, e succao D, D, =K JQ =1,2¥45x10" =0,26m 50 mm (diametro comercial mais proximo) 300 mm (didmetro comercial imediatamente superior a D,) b) Calculo da altura manométrica H,, * Perda de carga continua na succéo Ah’, 10,64 Q'"" , _ 10,64 0,045'* aml = 79g 9.3g°7 = 0.03M Perda de carga localizada na succéo Ah": Valvula de pé com crivo K=1,75+0,75=2,5 Curva 90° 04 EK= 29 at prea a n gS Sae e as Fundamentes de Engentia Héiuies Q 0,045 = Q-__2.045___ 64 Us A Tex 0 30°74) mis a hi, = 2,9-254_ - 0,06m aoe Perda de carga total na succao Ah, Ah, = Ah, +h, | Ah, = 0,03 + 0,06 = 0,09m Perda de carga continua no recalque Ah’; _ 10,64 Q' , _ 10,64 0,045" Ah, = “Gras par = T3g5 ‘Giger 3000 12,53 Perda de carga localizada no recalque Ah”; Valvula de retengao K Registro de gaveta K Curva de 90° K Saida de canalizagao K x Q 0,045 u, = 2-2 __-0,92m!s A, (xx0,25°/4) a 2 ee 2x9,81 Perda de carga total no recalque Ah, Ah, = Ah, + Ah, Ah, =12,53+0,19=12,72m Perda de carga total Ahi Ah= Ah, + Ah, = 0,09+12,72=12,81m | Altura manométrica H,, H,, =H, + Ah = 30,0+12,81= 42,81m Poténcia hidraulica P,; P, =QH,, = 1000x 0,045x 42,81 =1926,5kgf.m/s PB, = 25,7cv =18899V ou =189 KW 102 Maquina ices Capitulo S 5.4 Semelhanca mecanica Asemelhanca mecdnica tem por objetivo prever, a partir de um modelo, o compor- ‘tamento hidrdulico de um prototipo, constituindo-se, dessa maneira, numa ferramenta importante para o desenvolvimento e andlise de vertedores, dissipadores de energia e maquinas hidraulicas de grande porte. Para tanto, utilizam-se os requisitos basicos da teoria dos modelos, quais sejam: * Semelhanga geométrica entre 0 protétipo e o modelo * Semelhanca cinematica entre o prototipo e o modelo © Semelhanga dinamica entre o prototipo e o modelo Atendidos esses requisitos, espera-se que 0 modelo e 0 protétipo, colocados nas mesmas situacGes, comportem-se de maneiras idénticas. As relagdes a seguir expressam_ essa identidade, para algumas grandezas de interesse no estudo das maquinas hidrau- licas, sendo 0 indice p indicative das grandezas do prototipo e m do modelo. Estas relacdes foram estabelecidas para o caso do protétipo e modelo estarem operando com ‘o mesmo fluido. (5.10) (5.11) (5.12) sendo: 1n: rotago em rpm. k: razao de semelhanca geométrica Q: vazéo em m?/s H: queda titil para as turbinas e altura manométrica da bomba, em m P: poténcia efetiva da turbina ou poténcia da bomba A razio de semelhanca geométrica k é a relacao entre as dimensées lineares do prototipo e do modelo (k = L/L,,, sendo L uma dimensao linear). Expressando as equa- G6es (5.10), (5.11) e (5.12) em funcéo somente da rotacdo n e da razao de semelhanca geométrica k, conforme apresentado nas equacdes (5.13), (5.14) e (5.15), pode-se concluir que qualquer variacdo nas dimens6es da maquina afeta muito a vazdo, a altura @ a poténcia, uma vez que a razao de semelhanca é elevada a expoentes superiores & 143 Fundmentos do Engenharia Medien unidade (k?, 2, KS, para a vazdo, a altura e a poténcia, respectivamente). Jé a rotacao da maquina n proporciona mais efeito na altura do que na vazao, conforme pode-se aferir pelas equacoes (5.16) e (5.17) (5.13) (5.14) (5.15) Para 0 caso particular de 0 protétipo e o modelo serem iguais geometricamente, a razo de semelhanca geométrica é igual & unidade (k=1) e as equag6es mostradas a seguir, decorrentes dessa simplificacao, denominam-se equacées de Rateaux. (5.16) (5.17) (5.18) 5.5 Velocidade especifica_ ‘A velocidade especifican, é uma grandeza importante na escolha do tipo da turbina eda bomba. Ela tem duas definicdes distintas, sendo uma propria para as turbinas & outra para as bombas; entretanto, ambas se fundamentam na teoria da semelhanga mecéinica, vista no item anterior, e so definidas para o ponto de rendimento maximo Para as turbinas, define-se velocidade especifica como sendo a rotagéo de uma tur- bina modelo trabalhando numa queda util de 1 m, produzindo 1 cv de poténcia. Assim, fazendo P, = 1c, H,, = 1 m,n, =n, e eliminando k nas equacées (5.10) ¢ (5.12), tem-se: Olea (5.19) 144 Maguins hides | Cato 5 1n, : velocidade especifica, em rpm; n. ; rotacao da turbina, em rpm; P_ : poténcia produzida pela turbina, em cv; H_ : queda util sobre a turbina, em m Para as bombas, a velocidade especifica representa a rotacao da bomba modelo, trabalhando com vazao e altura manométrica iguais 4 unidade. Nas equac6es (5.10) e (6.11), fazendo Q,,= 1, Hy,= 1, Ny, =, @ eliminando k, tem-se: nQ? (5.20) em que: velocidade especifica, em rpm; : rotacao da bomba, em rpm; vazéo bornbeada, em m?/s; altura manométrica da bomba, em m roles Uma primeira aproximacao, para a definicéo dos tipos dos rotores das turbinas e das bombas, pode ser obtida nas Figuras 5.11 e 5.12, sendo conhecidas as vazGes e as alturas uiteis para as turbinas, ou as velocidades espectficas para as bombas. Analisando essas figuras, juntamente com as equacées (5.19) (5.20), pode-se concluir que as maquinas hidréulicas que possuem elevada velocidade especifica (turbinas Kaplan e bombas axiais) se adaptam melhor &s pequenas alturas. De forma anéloga, pode-se concluir que as turbinas Pelton eas bombas centrifugas se adaptam melhor as grandes atturas, ou seja, velocidade especifica reduzida, a a a guuees wns ogee 8 " ‘3 Figura 5.11 - Faixa de aplicacéo das turbinas Fonte - Bureau of Redaration, citado por Quintela, 1985, 145 Fundumantos de Engen Hdricn Bomba centrifuga mista axial fg 10 20 40 60 400 200 rpm. Figura 5.12 - Faixa de aplicacéo das bombas Fonte - Bureau of Reclamation, Gtado por Quintela, 1985, Exemplo 5.3 Uma turbina Francis, quando sujeita a vazdo de 30 m/s e queda util de 90 m, produz uma poténcia efetiva de 22000 kW, a 360 rpm. Se esta mesma turbina fosse posta a funcionar em uma outra instalacao com 100 m de queda util, para que o rendimento fosse preservado, pede-se: a) em que rotacdo deveria funcionar; b) qual vazao deveria ser turbinada; ©) qual poténcia efetiva seria gerada Solugao Considerando como dados do modelo: Q, = 30 mis 90m P_= 22000 kW 360 rpm eas equacées (5.10), (5.11) € (5.12), com a razo de semelhanca geomé- trica igual 4 unidade (k=1), uma vez que a turbina é a mesma nas duas instalacoes, obtém-se a solucao do problema = 100 1¥'90 > => Q, = 316m? /s ee aquinas hires I Captule § => se(Z) => P,=25767kW 22000" ' \"s0 Exemplo 5.4 O ensaio de um modelo reduzido de uma bomba centrifuga com rotor de 100 mm, acionada por um motor de 1440 rpm de 5 cv de poténcia, apresentou os seguintes resultados: Q(mh) 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 H,, (m) 18,0 174 16,6 15,7 146 13,4 12,0 105 88 7,0 n(%) 72 77 82 88 84 8 7 70 60 50 a) Determiner a velocidade especifica desta bomba; b) Para uma bomba homéloga @ do modelo testado, prever a curva carac- teristica da altura manométrica versus vazdo, sabendo-se que o rotor do prototipo deve ter 200 mm de didmetro e sera acionado por um motor de 1800 rpm; ©) Determinar a poténcia do motor para acionar a bomba protdtipo ante- riormente mencionada. Solucao a) A velocidade especifica n, de uma bomba definida no ponto de efi- ciéncia maxima, neste caso para Q = 55 m'/h, H., = 14,6 men, = 84 %. Levando estes valores na equa¢ao (5.20) e mais o da rotagdo n =1440 rpm, tem-se: 55 ya ng 1440(-) = 23,81pm b) Aequacao (5.13) permite determinar a relacdo entre os dados de vazéo do protétipo e do modelo, quando se conhece a razéo de semelhanca geométrica e a relacdo entre as rotacdes. Neste caso, tem-se: 1800 TM, 1440 1,25 2125=100 + Q=100, “7 Fundementos de Engenbaris Hdrucs Da mesma maneira, através da equacdo (5.14) determina-se a relacdo entre 0s dados de altura manométrica do protétipo e do modelo pte 271,257 =6,25 2 4,=625H, Pontos da curva da bomba protetipo: Qimh) 35,0 400,0 450,0 500,0 550,0 600,0 650,0 700,0 750,0 800,0 H,(m) 1125. 108,8 103,8 98,1 91,3 83,8 75,0 65,6 55,0 43.8 n(%) 72 77 82 83 84 82 77 70 60 50 Py) 2038 -209«-211-«219-221-227-234 «243-255-260 ©) Apoténcia do motor para acionar a bomba protétipo deve cobrir toda a faixa de operacao da bomba, sendo a pior situacao 0 ponto correspondente a vazSo de 800 mh, onde a poténcia corresponde a 260 cv, conforme apresentado no quadro anterior. 0 célculo dessa poténcia pode ser realizado pela equacdo (5.6) ou pela equacao (5.15). Na pratica, adota-se um motor cuja poténcia nominal é a poténcia comercial imediatamente superior a0 valor calculado. Problemas 5.1 Tendo-se em vista a instalacao elevatéria esquematizada a seguir, dimensionar 0s didmetros de recalque e succéo, calcular a poténcia absorvida pelo conjunto moto- bomba e o custo mensal com a energia elétrica, sabendo-se o seguinte: ‘* material da tubulacdo: ferro fundido novo * vazao a bombear: 30 Us * comprimento da tubulacéo de recalque: 100 m comprimento da tubulacdo de succéo: 10 m rendimento da bomba: 80 % rendimento do motor: 90 % [| preco médio do kWh: RS 0,20 h270m * funcionamento continuo RGB OVR_ RG dQ Ht a 18 ETE ——————————————————————— Méauinas ides | Capt S 5,2 A instalacdo elevatoria, mostrada a seguir, deve recalcar agua do reservatério. R, para o R,, Para fins de escolha dos equipamentos, determinar. 08 didmetros de succdo e recalque a altura anométrica as poténcias da bomba e do motor, em cv Dados: © material da tubulacdo: PVC * volume de agua a ser bombeado diariamente: 150 m? jornada de trabalho da bomba: 8 horas * comprimento da tubulacao de recalque: 80,0 m * comprimento da tubulacao de succéo: 10,0 m * rendimento da bomba: 70 % * rendimento do motor: 90 % © pressdo no ponto A do reservatério R,: 1,0 kgf/cm? a) | eS 200m some) Bain ye 5,3 Um edificio tem 12 pavimentos e 3,15 m de pé direito (altura entre os pavimentos, incluindo a espessura da laje). A bomnba instalada no piso do 1° pavimento deste edificio esta a 3 m acima do nivel de agua do reservatorio inferior. O reservatério superior esta na laje de forro do ultimo pavimento e contém agua até a altura de 3 m. A vazao desejada é de 16200 V/h. O encanamento da succao é de aco galvanizado, com 75 mm de didmetro, 4 m de comprimento e contém 1 valvula de pé com crivo @ 1 curva de 90°. O encanamento do recaique é também de aco galvanizado, com 50 mm de diametro, 42 m de comprimento e contém 1 valvula de retengao do tipo leve, 1 registro de gaveta e 2 curvas de 90°. Calcular a poténcia solicitada ao motor, supondo o rendimento da bomba igual a 0,6 5.4. A bomba ‘A’ trabalha nas seguintes condicées: 7) * rotacao da bomba = 1800 rpm * vazdo = 100 m¥/h © altura manométrica (Om © poténcia da bomba = 20 cv © diametro do rotor = 200 mm 149 Fundameentos de Engenharia Hdrulica Determinar a rotacao, a altura manométrica € a poténcia da bomba ‘B’, hidraulica- mente semelhante a bomba ‘A’, sabendo-se que a bomba ‘B' deve trabalhar com uma vazo de 135 m¥/h e como rotor de 220 mm de diametro, 5.5 Conhecendo-se as caracteristicas da bomba descrita a seguir * rotagdo da bomba = 1800 rpm *® vazdo = 300 m/h * altura manométrica = 60 m * rendimento do conjunto motobomba = 70 % * diametro do rotor = 300 mm. pede-se determinar a vazao, o diémetro do rotor e a poténcia de outra bomba, hidrau- licamente semelhante a anteriormente citada, sabendo-se que ela deve trabalhar com um motor de 1450 rpm, sob uma altura manométrica de 180 m. 5.6 Qual a rotagdo que da o melhor rendimento de uma turbina Francis para gerar 100000 cv de poténcia efetiva, numa queda Util de 70 m, sabendo-se que a velo- | cidade especifica da turbina modelo ¢ de 234 rpm? wi 5.7 Especifique 0 tipo provavel de rotor a ser empregado nas bombas A, 8, C e D relacionadas a seguir, a partir das velocidades especificas. Bomba _Rotacdo Vazao0 Altura manométrica_ Numero de rotores A 3600 "pm 30me%h 100 m 1 B 1800 rpm 80Us 75m 1 c 1800 rpm = 4000 mh 50m 1 D 3600 rpm 2 mis 75m él 150 _ Capitulo 6 Anilise dos sistemas de recalque Este capitulo faz uma anélise dos sistemas de recalque, enfocando, princi- palmente, os casos das bombas centrifugas, inseridas em diferentes tipos de instalagbes de recalque. Além disso, 0 capitulo trata do fenémeno da cavitacdo, seus efeitos e as condigdes em que este pode ocorrer. 6.1 Curvas caracteristicas das bombas As bombas sao projetadas para trabalhar com vaz6es e alturas manomeétricas previamente estabelecidas. Através de ensaios verifica-se que as bombas so capazes de atender outros valores de vaz6es e alturas manométricas, além dos pontos para os quais elas foram projetadas. O conjunto dos pontos em que a bomba é capaz de operar constitui a faixa de operacdo da bomba. Além dos dados relacionados com altura ma- nométrica e vazo, busca-se obter nos ensaios das bombas as seguintes informacoes: © desenvolvimento da poténcia necessaria ao acionamento da bomba P, com a vazao recalcada Q; © variaggo do rendimento 7 com a vazao recalcada Q; = desenvolvimento do NPSH com a vazao recalcada Q, assunto tratado no item 6.4. ‘As curvas geradas com as informac6es citadas anteriormente constituem as curvas caracteristicas ou de performance da bomba. As Figuras 6.1 € 6.2 mostram o aspecto geral dessas curvas caracter’sticas, para as bombas centrifugas e axials, respectivamente. Fundementos de Engenharia Hires ‘As curvas caracteristicas H,,x Q das bombas centrifugas geralmente podem. ser expressas por uma equacao do 2° grau do tipo: H,, =aQ +bQ+c ‘onde 05 coeficientes a, b e c podem ser determinados apds a obtencdo experimental de trés pares H,, e Q e resolvendo o sistema gerado pela equacao anterior. Hm Figura 6.1 - Cunvas caracterstcas das bombas centrfugas Hm Figura 6.2 - Curvas caractersticas das bombas axiais, 152 Andie dos sistemas de recaque | Captdo 6 As informacées contidas nestas curvas séo essenciais para a escolha da bomba e para 0 modo de operacao da elevatoria. Os graficos de poténcia, por exemplo, mostram que a poténcia P, na bomba centrifuga cresce com 0 aumento da vazao Qe nas bom- bas axiais a poténcia diminui com o crescimento desta. Por esta raz8o, recomenda-se que a partida dos motores que acionam bombas centrifugas se faca com o registro de recalque fechado, quando a vazao é nula e a poténcia necessaria a0 acionamento & minima e, posteriormente, seja aberto, até atingir a vazdo de operacao do sistema. J4 nas bombas axiais acontece o inverso, ou seja, a partida deve dar-se com o registro de recalque totalmente aberto, pois, nessa situacao, a poténcia de acionamento € minima A Figura 6.2-a mostra um trecho da curva caracteristica da bomba tracejado, onde se destaca uma instabilidade, ou seja, para uma altura manometrica é possivel que a bomba esteja recalcando um dos valores compreendidos na faixa instavel. Embora essa caracteristica seja mais frequente nas bombas axiais, também é posstvel encontrar curvas de bombas centrifugas instaveis, Nestes casos, recornenda-se que a bomba trabalhe fora da faixa de instabilidade devido a incerteza gerada. 6.1.1 Influéncia da rotagao na curva caracteristica da bomba ‘As bombas sao acionadas por motores cujas rotaces podem variar em funcao do tipo de motor acoplado. Assim, um certo modelo de bomba tanto pode ser acionado por um motor cuja rotacao én, quanto por outro de rotaggo n,, Essa mudanca de rotacéo provoca variacées significativas nas curvas caracteristicas da bomba, modificando a sua faixa de aplicacdo, conforme mostrado na Figura 6.3. A teoria da semelhanca mecanica, vista no Capitulo 5, permite prever estas variacdes, desde que se conheca a curva caracteristica da bomba numa dada rotacdo e a nova rotagao. As equagoes (5.16), (5.17) e (5.18) dao a relacao entre a rotacao e as grandezas vazao, altura manométrica e poténcia, a partir da consideracao de aue as caracteristicas do fluido e as demais grandezas geométricas nao variam. Desta forma, é possivel obter, para cada ponto da curva a rotacao n,, outro ponto da curva caracteristica a rotacao n,, utilizando as equacdes (6.1), (6.2) e (6.3). (6.1) (6.2) 153 ‘undomentor ds Engenharia Midedaca sendo: ns rotacdo P, : poténcia da bomba Q : vazdo tn f Ay Hazy 2 He / Be _ 4, | a nat Ad ; © 8. Hy, (rgin FH, 2 Hm aI Hay m2 25, = 2 gy 4 Qn ae a Gn a Figura 6.3 - Influéncia da rotagio na curva caracteristica H, x Q Vale lembrar que os pontos A, e A, tém a mesma eficiéncia, assim como os pontos B, €B,, devido a manutencéo da semelhanca mecdnica havida na situacao. Os pontos A, @ A, so denominados homdlogos, bem como B, e B,, pois tém a mesma eficiéncia. No problema tratado anteriormente foi analisada a influéncia da alteracéo do valor da rotacao de n, para n, na curva caracteristica H,, x Q, sendo conhecida esta curva & rotacdo n, e o valor da rotaco n,. A seguir sera estudado 0 caso em que a curva H,, x Qé conhecida na rotacdo n,e se queira determinar o valor da rotacéo n, desta bomba para que a curva H,, x Q passe por um ponto P-(Q, H,). A soluco desse problema ¢ obtida com as equacées (6.1) e (6.2), fazendo Q, = Q, © Hyp = Hyg Adicionalmente, é necessério escolher um ponto P, (Q,, H,,,) na curva de rotacao conhecida n, que tenha a mesma eficiéncia do ponto especificado P,. Nor malmente o fabricante apresenta as curvas de rendimento obtidas, experimentalmente, junto com a curva caracteristica da bomba. Neste caso, conforme indicado na Figura 6.4, © ponto P, é a intersecéo da curva de rendimento que passa por P,, com a curva carac- tetistica a rotacdo n,. Os pontos P, e P, tém a mesmaeficiéncia e portanto séo pontos homélogos, para os quais as equacdes (6.1) e (6.2) podem ser aplicadas e portanto ser definida a rotacdo n, Quando nao se conhece a curva experimental de rendimento de uma dada bomba, esta pode ser obtida, utilizando-se as equacées (6.1) e (6.2), j4 que os pontos das curvas geradas por estas equacdes tém a mesma eficiéncia. Dessa maneira, eliminando n, en,, estas equacdes obtém-se a equacao (6.4), da familia das curvas de mesmo rendimento, Fry ou g H, = KQ? (6.4) 154 Anise dos sistemas de ecalque | Captlo 6 Sendo K uma constante de proporcionalidade de uma dada curva de isorrendimento. Vale lembrar que, embora seja possivel tracar a curva de isorrendimento, conhe- cendo-se a constante K, ndo & possivel determinar o valor do rendimento com este procedimento. A Figura 6.5 mostra as curvas de performance H,, x Qe uma curva de isorrendimento (H,= KQ2) de uma bomba, ressaltando os pontos homélogos P,, P,P, P, € P, para os quais as equacées (6.1) e (6.2) séo validas. BOMBAS CENTRIFUGAS: ‘CURUA DE PERFORAANCE Rotor A Figura 6.4 - Curvas caracteristicas da bomba: Hm x QenxQ BOMBAS CENTRIFUGAS Rotor A CCURWAD€ PERFORMANCE 155 | rundamentos de Engsnharia Hiden 6.1.2 Influéncia do diametro do rotor na curva caracteristica da bomba | Para ampliar a faixa de aplicacdo de determinado modelo de bormba, é comum o fabricante apresentar alguns tamanhos padronizados de rotor, para o mesmo tipo e ta~ manho de carcaca. A Figura 6.6 mostra as curvas de performance de uma bomba, para 0s possiveis rotores da mesma, cujos diémetros estao indicados pela letra “f". Algumas vezes, a mudanca de didmetro ¢ realizada através de raspagem do rotor. Entretanto, esse procedimento 6 € vidvel para bombas centrifugas, onde as faces do rotor so paralelas, mesmo assim, podendo acarretar sensivel reducao no rendimento. Por esse motivo, as raspagens sao limitadas em 20%, normalmente. BOMBAS CENTRIFUGAS CCURVA DE PERFORMANCE | ase OT Ig \VAZKO (13h) ‘Sucgio 6 12° 9048 Descarga 8" 208,2mm wes 2 2 4 | “La | _ o | 317 he | x { : Pt | | Saf a | 400 | om 40 0 om tao ~~ i | | 1 Figura 6.6 - Curvas caracteristicas H, x Q, NPSH x Qe P,x Q.a uma dada rotagéo 156 em Avalise dos sitemas de eaique | Caputo 6 No caso de mudanca do diametro do rotor e das demais dimens6es da bomba, na mesma razéo de semelhanca geométrica, as relacdes vistas no capitulo anterior, a res- peito da teoria da semelhanca mecAnica, também sao validas. A aplicacao das equacoes, (5.13), (6.14) ¢ (5.15), para 0 caso das rotacées do modelo e protétipo serem iguais, tem como consequéncia: eos 65) Hy ye nk = (6.6) > (6.7) Entretanto, 0 caso mais comum € a mudanca do didmetro do rotor com a perma- néncia das demais dimensdes, deformando a relacéo de semelhanca geométrica “k”, © que toma as equacées acima inadequadas. O diametro do rotor apés a raspagem, determinado pelas regras da semelhanca mec&nica, aplicada na secao de salda do rotor (regiao em que o didmetro é alterado), permite obter a equacao (6.8); entretanto, tal equacdo nao tem apresentado muita preciso, recomendando-se, portanto, consultar 0 fabricante da bomba para maiores detalhes. b= (6.8) em que’ $,: diémetro do rotor 2 (rotor apés a raspagern) 6,: diametro do rotor 1 (rotor original) Q,: vazao através do rotor 2 Q,: vazao através do rotor 1 J. Karassik (citado por Macintyre, 1987) recomenda a utilizago da equacao b> pata 0,89, <0, <9, 187

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