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[1] A cocaína bloqueia a recaptura de neurotransmissores como a dopamina no cérebro, causando um aumento dos níveis desses neurotransmissores e sensação de prazer. [2] O uso prolongado da cocaína pode levar à dependência física e psicológica ao diminuir os níveis normais de dopamina no cérebro. [3] O uso da cocaína está associado a riscos à saúde como lesões cerebrais, infarto e dependência.
[1] A cocaína bloqueia a recaptura de neurotransmissores como a dopamina no cérebro, causando um aumento dos níveis desses neurotransmissores e sensação de prazer. [2] O uso prolongado da cocaína pode levar à dependência física e psicológica ao diminuir os níveis normais de dopamina no cérebro. [3] O uso da cocaína está associado a riscos à saúde como lesões cerebrais, infarto e dependência.
[1] A cocaína bloqueia a recaptura de neurotransmissores como a dopamina no cérebro, causando um aumento dos níveis desses neurotransmissores e sensação de prazer. [2] O uso prolongado da cocaína pode levar à dependência física e psicológica ao diminuir os níveis normais de dopamina no cérebro. [3] O uso da cocaína está associado a riscos à saúde como lesões cerebrais, infarto e dependência.
Corte cerebral ps-mortem de um adito em cocana. A leso mostrada refere-se a uma hemorragia cerebral massiva e est associada ao uso da cocana
Sintetizada em 1859, a cocana tem como origem a planta Erythroxylon
coca, um arbusto nativo da Bolvia e do Peru (mas tambm cultivado em Java e Sri-Lanka), em cuja composio qumica se encontram os alcalides Cocana, Anamil e Truxillina (ou Cocamina). As propriedades primrias da droga bloqueiam a conduo de impulsos nas fibras nervosas, quando aplicada externamente, produzindo uma sensao de amortecimento e enregelamento. A droga tambm vaso constritora, isto , contrai os vasos sangneos inibindo hemorragias, alm de funcionar como anestsico local, sendo este um dos seus usos na medicina. Ingerida ou aspirada, a cocana age sobre o sistema nervoso perifrico, inibindo a reabsoro, pelos nervos, da norepinefrina (uma substncia orgnica semelhante adrenalina). Assim, ela potencializa os efeitos da estimulao dos nervos. A cocana tambm um estimulante do sistema nervoso central, agindo sobre ele com efeito similar ao das anfetaminas. A quantidade necessria para provocar uma overdose varia de uma pessoa para outra, e a dose fatal vai de 0,2 a 1,5 grama de cocana pura. A possibilidade de overdose, entretanto, maior quando a droga injetada diretamente na corrente sangnea. O efeito da cocana pode levar a um aumento de excitabilidade, ansiedade, elevao da presso sangnea, nusea e at mesmo alucinaes. Um relatrio norte-americano afirma que uma caracterstica peculiar da psicose paranica, resultante do abuso de cocana, um tipo de alucinao na qual formigas, insetos ou cobras
imaginrias parecem estar caminhando sobre ou sob a pele do cocainmano.
Embora exista controvrsia, alguns afirmam que os nicos perigos mdicos do uso da cocana so as reaes alrgicas fatais e a habilidade da droga em produzir forte dependncia psicolgica, mas no fsica. Por ser uma substncia de efeito rpido e intenso, a cocana estimula o usurio a utilizla seguidamente para fugir da profunda depresso que se segue aps o seu efeito. A Coca-Cola, um dos refrigerantes mais populares, foi originalmente uma beberagem feita com folhas de coca e vendida como um "extraordinrio agente teraputico para todos os males, desde a melancolia at a insnia". Complicaes legais, todavia, fizeram com que a partir de 1906 o refrigerante passasse a utilizar em sua frmula folhas de coca descocainadas (revista Planeta, julho,1986). Os malefcios da cocana A cocana a droga que mais rapidamente devasta o usurio. Bastam alguns meses ou mesmo semanas para que ela cause um emagrecimento profundo, insnia, sangramento do nariz e corisa persistente, leso da mucosa nasal e tecidos nasais, podendo inclusive causar perfurao do septo (12). Doses elevadas consumidas regularmente tambm causam palidez, suor frio, desmaios, convulses e parada respiratria. No crebro, a cocana afeta especialmente as reas motoras, produzindo agitao intensa. A ao da cocana no corpo poderosa porm breve, durando cerca de meia hora, j que a droga rapidamente metabolizada pelo organismo. Interagindo com os neurotransmissores, tornam imprecisas as mensagens entre os neurnios. Funo normal da dopamina no crebro
Sabe-se que neurotransmissores como a dopamina (mostrada em
vermelho), noradrenalina e serotonina (esta ltima recentemente descoberta) so catecolaminas sintetizadas por certas clulas nervosas que agem em regies do crebro promovendo, entre outros efeitos, o prazer e a motivao. Depois de sintetizados, estes neurotransmissores so armazenados dentro de vesculas sinpticas (em verde). Quando chega um impulso eltrico no terminal nervoso, as vesculas se direcionam para a membrana do neurnio e liberam o contedo, por ex., da dopamina, na fenda sinptica. A dopamina ento atravessa essa fenda e se liga aos seus receptores especficos na membrana do prximo neurnio (neurnio pssinptico). Uma srie de reaes occorre quando a dopamina ocupa receptores dopaminrgicos daquele neurnio: alguns ons entram e saem do neurnio e algumas enzinas so liberadas ou inibidas. Aps a dopamina ter se ligado ao receptor ps-sinptico ela recaptada novamente por stios transportadores de dopamina localizados no primeiro neurnio (neurnio pr-sinptico). A recaptura dos neurotransmissores um mecanismo fundamental para manter a homeostase e capacitar os neurnios a reagir rapidamente a novas exigncias, j que o trabalho do crebro constante. A entrada de cocana no crebro
Quando a cocana entra no sistema de recompensa do crebro, ela bloqueia os stios
transportadores dos neurotransmissores acima mencionados (dopamina, noradrenalina, serotonina), os quais tm a funo de levar de volta estas substncias que estavam agindo na sinapse. Desta maneira, ela possibilita a oferta de um excesso de neurotransmissores no espao inter-sinptico disposio dos receptores pssinpticos, fato biolgico cuja correlao psicolgica uma sensao de magnificncia, euforia, prazer, excitao sexual. Por este motivo, denomina-se o consumo da cocana "Sindrome de Popeye", numa analogia dessa droga com o espinafre do conhecido marinheiro das histrias em quadrinhos. Uma vez bloqueados estes stios, a dopamina e outros neurotransmissores especficos no no so recaptados, ficando portanto, "soltos" no crebro at que a cocana saia. Quando um novo impulso nervoso chega, mais neurotransmissor liberado na sinapse, mas ele se acumula no crebro por seus stios recaptadores estarem bloqueados pela cocana. Acredita-se que a presena anormalmente longa de dopamina no crebro que causa os efeitos de prazer associados com o uso da cocana. Quando imaginamos que ocorrem cerca de trilhes de trocas neuroqumicas por minuto, fica evidente que o preo pago por viver uma experincia de euforia alto demais em relao s caractersticas que o indivduo ter que encarar. O uso prolongado da cocana pode fazer com que o crebro se adapte a ela, de forma que ele comea a depender desta substnca para funcionar normalmente diminuindo os nveis de dopamina no neurnio. Se o indivduo parar de usar cocana, j no existe dopamina suficiente nas sinapses e ento ele experimenta o oposto do prazer - fadiga, depresso e humor alterado. Os Efeitos Euforizantes Causados Pelo Uso da Cocana Recentemente, cientistas investigaram os efeitos euforizantes da cocana atravs de estudos de imagens cerebrais
utilizando a tomografia PET (Positron Emission Tomography), um sofisticado mtodo
que permite visualizar a funo dos neurnios atravs do seu metabolismo, usando substncias radioativas. O trabalho foi publicado na revista Nature. Eles descobriram que a cocana ocupa ou bloqueia os "stios transportadores de dopamina" nas clulas cerebrais (conforme dito acima, dopamina uma substncia sintetizada pelas clulas nervosas que age em certas regies do crebro promovendo, entre outros efeitos, a motivao). Os "stios transportadores de dopamina" levam a dopamina de volta para dentro de certos neurnios, aps ela ter dado uma "passeada" pelo crebro promovendo seus efeitos. Se a cocaina ocupar o mecanismo de transporte da dopamina, esta substncia fica "solta" no crebro at que a cocana saia, e justamente a presena anormalmente longa dela no crebro que causa os efeitos eufricos associados com o uso da cocana. Tanto a dopamina como outras substncias aumentadas no crebro podem produzir vasoconstrio e causar leses. Estas leses podem incluir hemorragias agudas e infarto no crebro (zona de morte celular, causada por falta de oxignio), bem como necrose do miocrdio, podendo levar morte sbita. Grvidas que usam cocana podem afetar seus fetos, levando-os ao nascimento com baixo peso ou risco de rompimento da placenta e at leses irreversveis do crebro, causando deficincias mentais e fsicas. Em muitos pases, os "bebs da cocana" so um srio problema de sade pblica, que est se agravando com a ampla disponibilidade do "crack". Por que a cocana vicia? A dependncia cocana depende de suas propriedades psicoestimulantes e ao anestsica local. A dopamina considerada importante no sistema de recompensa do crebro, e seu aumento pode ser responsvel pelo grande potencial de dependncia da cocana (veja videoclips sobre experimentos em centros do prazer no crebro de ratos) . Um estudo de PET, feito por cientistas da Johns Hopkins University e o National Institute on Drug Abuse (NIDA) nos EUA, descobriu que o vcio pela cocana est diretamente correlacionado a um aumento no crebro dos receptores para substncias opiides, como as endorfinas, que so naturais, e drogas de abuso, como a herona e o pio. Quanto maior a intensidade do vcio, maior esse nmero de receptores. Quando os viciados em cocana que foram testados na pesquisa ficavam um ms longe da droga, em alguns deles o nmero de receptores voltava ao normal, mas em outros continuava alto. Pode haver uma correlao entre esse fato e a susceptibilidade do drogadito voltar ao vcio ou no.