II. AS ÁRVORES BOAS dão frutos bons. E a árvore é boa quando por ela
corre seiva boa. A seiva do cristão é a própria vida de Cristo, a santidade
pessoal, que não se pode suprir com nenhuma outra coisa. Por isso, não
devemos separar-nos nunca d’Ele: Quem está unido comigo, e eu com ele,
esse dá muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer6. No relacionamento
com Jesus, aprendemos a ser eficazes, a estar alegres, a compreender, a
amar de verdade, a ser, enfim, bons cristãos.
III. ASSIM COMO O HOMEM que exclui Deus da sua vida se converte em
árvore má que dá maus frutos, a sociedade que pretende desalojar Deus dos
seus costumes e das suas leis produz males sem conta e gravíssimos danos
para os cidadãos que a integram. “Sem religião, é impossível que os costumes
de um Estado sejam bons”11. Surge então o fenómeno do laicismo, que quer
substituir a honra devida a Deus e à moral baseada em princípios
transcendentes, por ideais e princípios de conduta meramente humanos, que
acabam por ser infra-humanos. Ao mesmo tempo, pretende-se relegar Deus e
a Igreja para o interior das consciências e ataca-se com agressividade a Igreja,
o Papa, quer directamente ou em pessoas e instituições fiéis ao seu Magistério.
Não é raro então que “onde o laicismo consegue subtrair o homem, a família
e o Estado ao influxo regenerador de Deus e da Igreja, apareçam sinais cada
vez mais evidentes e terríveis da corruptora falsidade do velho paganismo.
Coisa que acontece também naquelas regiões onde durante séculos brilharam
os fulgores da civilização cristã”12. Esses sinais produzidos pela secularização
são evidentes em muitos países, mesmo de grande tradição e raízes cristãs,
onde esse processo progride a olhos vistos: divórcio, aborto, aumento
alarmante do consumo de drogas, criminalidade, desprezo da moralidade
pública... O homem e a sociedade desumanizam-se e degradam-se quando
não têm a Deus como Pai, um Pai cheio de amor, que sabe dar leis para a
própria conservação da natureza humana e para que as pessoas encontrem a
sua dignidade e alcancem o fim para que foram criadas.
(1) Cfr. Mt 24, 11; Mc 13, 22; Jo 10, 12; (2) cfr. Jer 23, 9-40; (3) Gál 2, 4; 2 Cor 11, 26; 1 Cor
11, 13; (4) 2 Pe 2, 1; (5) Mt 7, 15-20; (6) Jo 15, 5; (7) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus,
n. 239; (8) Conc. Vat. II, Decr. Apostolicam actuositatem, 4; (9) São Pio X, Enc. Haerent animo,
4-VIII-1908; (10) cfr. Lc 6, 45; (11) Leão XIII, Enc. Immortale Dei, 1-XI-1885; (12) Pio XII, Enc.
Summi pontificatus, 20-X-1939, 23; (13) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 40.