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A VIOLÊNCIA QUE DESCE O MORRO E COMANDA AS RUAS: APONTAMENTOS

SOBRE ESTRATÉGIAS DE COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO


BRASIL E LIMITES DO ESTADO REPRESSOR.

Francisco Augusto Cruz de Araújo


Aluno Esp. do PPGCS – Mestrado
fcaugusto@gmail.com
Orientador: Edmilson Lopes Júnior – PPGCS

INTRODUÇÃO

O enfrentamento à criminalidade organizada no Brasil tem se tornado cada vez


mais um tema central no debate dos gestores públicos, da mídia e da
comunidade civil. Diariamente os noticiários exibem cenas dramáticas de
regiões por todo o Brasil marcadas pela guerra promovida pelas Organizações
Criminosas que atuam nos mais diversos ramos do mundo do crime.
Seqüestros, assaltos a agências bancárias e lotéricas, tráfico de drogas e
armas, tráfico de seres humanos e corrupção nas instituições públicas são
algumas das diversas áreas de atuação destas organizações.

O aumento dos debates sobre a criminalidade tem gerado nos meios de


comunicação de massa o surgimento de uma categoria específica de jornalista:
o especialista em Segurança Pública (LUCAS, 2007; ADORNO e SALLA,
2007). Este profissional geralmente possui formação na área de comunicação,
mas por ter experiência na cobertura de fatos cotidianos ligados à violência e
criminalidade, conseguiu obter êxito e tornar-se esclarecedor dos conflitos
violentos. Este modelo de profissional criado pela mídia a partir da demanda
por explicações oficiais que muitas vezes são omitidas pelo Estado para que as
operações e estratégias de Segurança Pública sejam resguardadas, tem
estimulado o aumento do medo e insegurança na medida em que são
fornecidas por pessoas inaptas a este serviço.

O cenário de medo e insegurança tem provocado uma mudança real no


comportamento da sociedade brasileira. O crime que antes era cometido em
regiões pontuais das grandes cidades e era acompanhado através dos
noticiários nacionais, agora está disseminado tanto nos bairros de classe alta,
marcados pelas grandes estratégias de segurança privada, quanto nos bairros
mais pobres de diversas cidades, onde a ocorrência dos crimes tem provocado
a banalização e o conformismo diante das situações de conflito do Estado com
o mundo do crime (BEATO, 2004).

A forma mais popular e divulgada pelos meios de comunicação de Organização


Criminosa é o tráfico de drogas e armas, que tem atuado largamente na região
sudeste, especialmente nos morros do Rio de Janeiro e presídios de São
Paulo, com ramificações e seguidores espalhados por todo o Brasil.

O combate a estas organizações é um esforço que já vem sendo feito ao longo


de mais de duas décadas, especificamente a partir dos anos de 1970, quando
o crime no Brasil pôde acompanhar as mudanças neoliberais que aceleraram o
processo de globalização econômica, principalmente com o desenvolvimento
tecnológico na área da informática e telecomunicações, influenciando
diretamente no fortalecimento destas organizações (LUCAS, 2007).

Um dos maiores equívocos realizados ao longo dos estudos e debates sobre


as Organizações Criminosas é a associação desta categoria ao conceito de
máfia. As organizações criminosas possuem características peculiares que as
distinguem desta outra forma de atuação no mundo do crime. Para
clareamento das reflexões realizadas neste estudo, usaremos basicamente três
conceituações sobre as Organizações Criminosas que são capazes de delinear
aspectos importantes destes grupos.

Winfried Hassemer afirma que dentre as características de atuação das


organizações criminosas estão a corrupção do Judiciário e do aparelho político
(Ziegler, 2003, p.63 apud LUCAS, 2007). Já Tokatlian (2000: p. 58 a 65 apud
LUCAS, 2007) constata que na Colômbia as organizações criminosas atuam de
modo empresarial, procuram construir redes de influência, inclusive com as
instituições do Estado, e, conseqüentemente, estão sempre em busca de poder
econômico e político. Mingardin (1996: p. 69 apud LUCAS, 2007) aponta
quinze características do crime organizado. São elas: 1) práticas de atividades
ilícitas; 2) atividade clandestina; 3) hierarquia organizacional; 4) previsão de
lucros; 5) divisão do trabalho; 6) uso da violência; 7) simbiose com o Estado; 8)
mercadorias ilícitas; 9) planejamento empresarial; 10) uso da intimidação; 11)
venda de serviços ilícitos; 12) relações clientelistas; 13) presença da lei do
silêncio; 14) monopólio da violência; 15) controle territorial.

Estas três conceituações fundamentais demonstram que uma das maiores e


mais importantes características das Organizações Criminosas refere-se à
infiltração de membros destes grupos nas instituições do Estado. O maior
desafio encontrado pelos estudiosos e gestores públicos da área da Segurança
Pública é identificar as espécies de organizações criminosas conhecidas, o
setor em que atuam e suas principais características, além de modernizar e
desburocratizar as agências de repressão, em especial o Poder Judiciário.

O crescimento acelerado das megacidades tem provocado cada vez mais o


surgimento de zonas de exclusões sociais e espaciais. Este é um terreno fértil
para o desenvolvimento das Organizações Criminosas que encontram nestas
faixas de desamparo por parte do Estado, pessoas disponíveis para assumir os
riscos de integrar ativamente os quadros hierárquicos do mundo do crime
(LUCAS, 2007).

Cada vez mais o mundo do crime organizado tem recrutado um número maior
de pessoas nas mais diversas áreas. A criminalidade necessita de mão-de-
obra que atue desde o transporte e venda direta como “aviões” nos morros,
favelas e bairros populares, como de intelectuais, advogados, políticos e
gestores do poder executivo. A sofisticação do sistema de repressão tem
provocado a sofisticação e atuação cada vez mais difusa do crime organizado.
Os assaltos a instituições financeiras, negociações internacionais, aquisição de
equipamentos de comunicação e tráfico de pessoas exige uma ação
organizada como requisito de eficiência, por este motivo, o mundo do crime se
esforçou em montar uma forte rede de atuação difusa e estratégica de ação
muito bem planejada por “funcionários” fiéis e obedientes.

O exemplo mais lembrado nos últimos anos refere-se à onda de ataques


promovidos no ano de 2006 pelo Primeiro Comando da Capital – PCC, uma
organização criminosa que atua dentro e fora dos presídios da cidade de São
Paulo e que provocou um cenário de guerra nas ruas: chacinas, assaltos a
bancos, seqüestros, incêndio de ônibus, fechamento de escolas, universidades,
shoppings e hospitais, além da instauração de toque de recolher (ADORNO e
SALLA, 2007). Outra área bastante evidente de atuação das Organizações
Criminosas é a corrupção, tendo como exemplo o Caso Daslu (2005 –
Operação Narciso), onde a proprietária de uma rede luxuosa de artigos de
grifes importadas foi presa e condenada pelos crimes formação de quadrilha,
fraude em importações e falsificação de documentos. Somem-se a estes
exemplos o Caso Oscar Maronni Filho, preso em 2008 sob acusação de tráfico
de mulheres, exploração de prostíbulo e favorecimento à prostituição, como
também o Caso Jorgina de Freitas, onde a mesma foi presa e condenada em
1992 por coordenar um esquema fraudulento que envolvia diversas
autoridades, advogados, procuradores do INSS e juízes no Rio de Janeiro.

A atuação repressiva do Estado contra a criminalidade organizada exige um


esforço multifocal que depende diretamente das políticas de Segurança Pública
e suas continuidades. A maior dificuldade no enfrentamento às situações de
conflito que são demonstradas tanto pelos veículos de comunicação como
pelas estatísticas oficiais referem-se ao sucateamento dos aparelhos de
repressão como polícia e Poder Judiciário (ADORNO e SALLA, 2007). O
Estado não tem conseguido acompanhar as transformações do mundo do
crime, e as conseqüências destas fraquezas afetam diretamente na vida da
sociedade.

OBJETIVOS

Os objetivos deste estudo é perceber e refletir quais os fatores preponderantes


para o surgimento das Organizações Criminosas, assim como observar as
condições que possibilitam sua difusão e formação de novos grupos por todo o
Brasil, apontando algumas fragilidades do Estado em reprimi-las.

METODOLOGIA

Esta análise foi gerada a partir dos estudos da disciplina Sociologia do Crime e
da Violência, e caracteriza-se por ser uma revisão teórica de autores que se
debruçam sobre a temática da Segurança Pública, e de forma mais específica
sobre os fatos sociais do mundo do Crime Organizado e facções criminosas
brasileiras. A partir da análise de alguns estudos clássicos e contemporâneos
de autores que abordam como a violência e o crime formulam e direcionam a
ação coletiva, além de experiências em projetos de extensão universitária que
atuam no campo da discussão, defesa e promoção dos direitos humanos,
construímos um curto panorama acerca das estratégias de combate ao crime
organizado e destacamos as fragilidades do Estado na repressão e reparação
dos prejuízos causados por este tipo de crime.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao lançarmos o olhar para a questão da criminalidade brasileira, percebemos


uma série de fatores que ao serem somados resultam na problemática da
(in)Segurança Pública que tratamos neste trabalho. Um dos pontos mais
importantes no enfrentamento à criminalidade organizada se refere à captação
de agentes do mundo do crime nas instituições do Estado. Pesquisas
demonstram que a maior dificuldade do Estado nesta luta refere-se à
desenvolver condições ideais de atuação sem que suas estratégias não sejam
divulgadas ou desviadas pelos interesses dos criminosos. Os recursos
financeiros do Estado são limitados, assim como sua atuação, por não haver
um diálogo fácil entre diferentes instituições, como por exemplo, a polícia e o
poder Judiciário.

O mundo do crime desenvolveu uma capacidade muito veloz de adaptar-se às


adversidades impostas pela repressão do Estado. Neste sentido, a mudança
de estratégias de atuação é mais rápida do que a mudança possível ao Estado,
inclusive relacionando a questões econômicas, possíveis pela riqueza das
Organizações Criminosas proveniente de assaltos, roubos, tráfico de drogas,
armas e pessoas, e o sucateamento dos aparelhos de Segurança Pública,
dependente dos orçamentos Estaduais e Federais e suas políticas públicas
governamentais.

CONCLUSÕES

O enfraquecimento das Organizações Criminosas refere-se à atuação conjunta


das instituições de repressão, como polícias, setores de inteligência e
organizações da sociedade civil. A discussão sobre os caminhos a serem
seguidos ainda pode ser amadurecida tanto no âmbito acadêmico, como
provocado nos espaços de participação popular (BALESTRERI, 1998).
A criação de dispositivos do Estado que acompanhe a conduta do
funcionalismo público, especificamente a questões do seu patrimônio, o
aumento da rigorosidade de um código de Conduta Ética do Funcionário
Público (LUCAS, 2007), bem como uma reforma no sistema administrativo-
legal das instituições (uma espécie de contra-inteligência ao mundo do crime),
que combata o corporativismo e a prevaricação são alguns caminhos possíveis
para possibilitar que o Estado desenvolva ações mais efetivas de combate ao
Crime Organizado e demais formas de crime.

Para além da questão da infiltração de criminosos nas escalas do Estado,


destacamos a necessidade do sistema penal (WACQUANT, 2008) se adequar
a uma gestão democrática, dando oportunidade da sociedade de acompanhar
as ações (conselhos, consultas populares e audiências), pondo fim à estratégia
de que a solução é elevar as penalidades aos crimes, proposta defendida por
uma resistência conservadora que permanece na gestão da Segurança Pública
desde os tempos da Ditadura Militar. Neste sentido, em vez de punir cada vez
mais, é necessário se punir cada vez melhor, dando abertura à promoção e
concretização dos Direitos Humanos (BALESTRERI, 1998) daqueles que estão
nas cadeias, quanto da sociedade que está amedrontada.

REFERÊNCIAS

ADORNO, Sérgio e SALLA, Fernando. “Criminalidade organizada nas prisões e


os ataques do PCC”, Estudos Avançados, vol. 21, nº 61, 2007.

BALESTRERI, Ricardo B.. Direitos Humanos: Coisa de Polícia – Passo fundo-


RS, CAPEC, Paster. Editora, 1998.

BEATO, Cláudio et alli. Crime, oportunidade e vitimização. RBCS, vol. 19, nº


55, 2004.

LUCAS, Fábio Oliveira. Organizações criminosas e Poder Judiciário. Estudos


Avançados, vol. 21, nº 61, 2007.

WACQUANT, Löic. O lugar da prisão na nova administração da pobreza.


Novos estudos CEBRAP, nº 80, 2008.

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