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Direto Cósmico (artigo espiritualista de Hidemberg Alves da Frota) 1

Direito Cósmico1
(Primeiras Reflexões — Uma Leitura Espiritualista)

Hidemberg Alves da Frota

http://tematicasconscienciais.wordpress.com/

Do ponto de vista espiritualista, na natureza existem não apenas leis


universais da Física como também leis universais da Ética2, as intituladas leis
da evolução3 (Málu Balona), leis do cosmos4 (Huberto Rohden), leis morais
da vida5 (Joanna de Ângelis), conjunto de normas nominado Lei Divina ou
Natural6 (Allan Kardec), Direito Universal7, Moral Cósmica8 ou Cosmoética9
(Waldo Vieira), também conhecido como Direito Cósmico10 (André Luiz),
Constituição Cósmica (Huberto Rohden11) ou, como preconizam correntes
jusfilosóficas nascidas durante as Idades Antiga e Média12, Direito Divino ou

1
Versão primitiva do artigo publicado nas revistas Gazeta Juris e Espiritismo & Ciência. In: A essência do
direito à luz da espiritualidade. Gazeta Juris: doutrina, Rio de Janeiro, v. 1, n. 4, p. 62-63, 2ª quinz. fev. 2006;
Gazeta Juris, Rio de Janeiro, n. 5, mai.-jun. 2006. CD-ROM. Em mesmo sentido: Direito Cósmico,
Espiritismo & Ciência, São Paulo, v. 4, n. 41, p. 6-9, jun. 2006. Revisado em 25 de junho de 2010.
2
GOSWAMI, Amit. A janela visionária: um guia para a iluminação por um físico quântico. 2. ed. São Paulo:
Cultrix, 2005, p. 187.
3
BALONA, Málu. Autocura através da reconciliação: um estudo prático sobre a afetividade. Rio de Janeiro:
IIPC, 2003, p. 69.
4
ROHDEN, Huberto. Novos rumos para a educação. São Paulo: Martin Claret, 2005, p. 109. (Coleção a
Obra-Prima de Cada Autor, v. 222)
5
ÂNGELIS, Joanna de. Leis morais da vida: psicografado por Divaldo Pereira Franco. 13. ed. Salvador:
LEAL, 2004, p. 13.
6
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos: sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas
relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade — segundo os
ensinos dados por espíritos superiores com o concurso de diversos médiuns — recebidos e coordenados por
Allan Kardec. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, p. 343.
7
VIEIRA, Waldo. Projeciologia: panorama das experiências da consciência fora do corpo humano. 5. ed. Rio
de Janeiro: IIPC, 2002, p. 352.
8
Id. Homo sapiens reurbanisatus. Foz do Iguaçu: CEAEC, 2003, p. 1.018.
9
Ibid., loc. cit.
10
XAVIER, Franscisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos: ditado pelo espírito André
Luiz. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, p. 194. (Série André Luiz, v. 11)
11
ROHDEN, Huberto. Novos rumos para a educação. São Paulo: Martin Claret, 2005, p. 46. (Coleção a
Obra-Prima de Cada Autor, v. 222)
12
BOSON, Gerson de Britto. Filosofia do direito: interpretação antropológica. 2. ed. Belo Horizonte: Del
Rey, 1996, p. 135-136. Nesse sentido: NADER, Paulo. Filosofia do direito. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 155-156.
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Direito Natural. Consistem nas normas supremas do universo, “intra e


extrafísicas abrangentes”13, a que estamos submetidos ao longo da caminhada
evolutiva neste cosmos.
Qual a essência do Direito Cósmico?
Para essa indagação, não existe resposta concisa incontroversa.
Isso, todavia, não impede — nem deve impedir — os estudiosos
espíritas e espiritualistas de voltarem seus estudos à busca dos princípios
universais do Direito Cósmico, chama divina diluída nas diversas ordens
jurídicas dos povos, a ecoar o plexo de normas éticas da natureza, que alcança
todo o cosmo, disciplinando — de forma eterna e imutável — a evolução das
consciências e das sociedades intrafísicas e extrafísicas14, a transpor as
fronteiras espacotemporais e as divisões criadas pelos seres humanos, ao
demarcarem a ilusória separação entre os conhecimentos científico e
espiritualista, entre as percepções racional e intuitiva da realidade, entre as
esferas da matéria e do espírito.
Trata-se de divisão fruto de inevitável reação ao autoritarismo e à
intolerância mútua historicamente cultivados por cientistas e clérigos, raiz da
indispensável concepção laica (não religiosa) dos Estados democráticos de
feitio ocidental.
Por outro lado, o físico indiano Amit Goswami, no epílogo de A Janela
Visionária, vislumbra um futuro em que a ciência e a espiritualidade possam
coexistir em harmonia:

Se tanto a religião quanto a ciência fossem livres de dogmas, o


secularismo não seria necessário. Com a ciência dentro da
consciência firmemente estabelecida, e a espiritualidade

13
VIEIRA, Waldo. Projeciologia: panorama das experiências da consciência fora do corpo humano. 5. ed.
Rio de Janeiro: IIPC, 2002, p. 352.
14
Ibid., loc. cit.
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reconhecida como uma parte inquestionavelmente importante do ser


humano, não seria necessário separar a igreja do Estado. Seria como
tentar separar a política da economia. Mas o momento ainda não
chegou.15

Feito esse parêntesis, indaga-se: como se detecta a fagulha do Direito


Cósmico?
Ao teólogo avulta o estudo comparativo das religiões e das correntes
filosóficas cultoras da espiritualidade, ao perscrutar os comandos morais que
as unem.
Na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec já
recomendava aos religiosos se ocuparem menos de controvérsias doutrinárias
e se interessarem mais pelos pontos de convergência entre os múltiplos
segmentos espiritualistas cujo denominador comum radica no código moral do
Novo Testamento:

É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o


qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças,
porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que
sempre e por toda a parte se originaram das questões dogmáticas.16

Isso já nos dizia Kardec no longínquo ano de 1864.


Ao teólogo, portanto, sobressai o ecumenismo como instrumento para
perceber as normas éticas universais direcionando a humanidade nos mais
diferentes locais e ocasiões.

15
GOSWAMI, Amit. A janela visionária: um guia para a iluminação por um físico quântico. São Paulo:
Cultrix, 2000, p. 266.
16
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. 123. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 25.
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Já ao jurista ressai o universalismo jurídico, calçado no Direito


Comparado e no Direito Internacional17 (cujo estudo está invariavelmente
imbricado entre si18).
De um lado o Direito Comparado, por meio do qual compara o
ordenamento jurídico pátrio com os estrangeiros, no presente e no pretérito.
De outra banda o Direito Internacional, plurissecular esforço dos
governos e das gentes em construírem feixe de normas jurídicas de âmbito
continental ou mundial, destinado a regular a convivência comum, facilitando
as relações econômicas, o intercâmbio de experiências, a fraternidade, a
solidariedade e a cooperação pela paz.
Os variados organismos internacionais e Estados nacionais se amparam
em normas fundamentais: nelas radica o ethos do Direito Humano cujo
componente ético espelha, por vezes, as balizas delineadas pelo Direito
Cósmico.
Mas, insiste-se: onde está a substância basilar do Direito Cósmico?
Dissidente do espiritismo referido pelo jornalista Marcel Souto Maior
em Por trás do Véu de Ísis como “um dos personagens mais controvertidos do
movimento espírita”19, o pesquisador Waldo Vieira, em entrevista de 8 de
agosto de 2005 ao Jornal do Campus do Centro de Altos Estudos da
Conscienciologia (CEAEC), definiu o Paradireito (Direito das sociedades
extrafísicas sadias) como “altruísmo, universalismo puro, megafraternidade”20.

17
SIDOU, J. M. Othon. Fundamentos do direito aplicado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003, p.
180-200.
18
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2005,
v. 1, p. 74.
19
MAIOR, Marcel Souto. Por trás do véu de Ísis: uma investigação sobre a comunicação entre vivos e
mortos. São Paulo: Planeta do Brasil, 2004, p. 213.
20
ULMAN, Karla. Paradireito: Megalei Cósmica [entrevista com Waldo Vieira]. Foz do Iguaçu, 3 set. 2005.
Disponível em: <http://online.ceaec.org.br/CEAECOnline/secao.jsp?sid=2&bid=142>. Acesso em: 30 set.
2005.
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À vista disso, conclui-se que o Direito Cósmico tem como núcleo duro
a máxima pontificada por Jesus em João 13.34: “Um novo mandamento vos
dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também a
vós uns aos outros vos ameis.”21
Ao comentar a difusão por Jesus da Lei do Amor Universal, lembra
Emmanuel em A Caminho da Luz (Capítulo XII):

Sua palavra, profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu todas as


filosofias, aclarou o caminho das ciências e já teria irmanado todas
as religiões da Terra, se a impiedade dos homens não fizesse valer o
peso da iniqüidade na balança da redenção.22

O cerne do Direito Cósmico reside no amor universal cuja expressão


técnico-jurídica repousa na amálgama de dois princípios magnos que, juntos,
moldam o ordenamento jurídico de Estados democráticos e ajustam, sob a
batuta do Direito e da lei, a conduta dos atores sociais: os princípios da
dignidade da pessoa humana23 e da supremacia do interesse público sobre o
privado24.
O princípio da dignidade da pessoa humana reverbera o direito de
todos os seres humanos a condições mínimas para a sua evolução espiritual no

21
A BÍBLIA SAGRADA. Niterói: FECOMEX, 1997, p. 95.
22
XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz: história da civilização à luz do espiritismo ditada pelo
espírito Emmanuel. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, p. 108.
23
Sobre a ressonância do princípio da supremacia do interesse público no Direito Comparado, cf. FROTA,
Hidemberg Alves da. O princípio da supremacia do interesse público no Direito Positivo Comparado:
expressão do interesse geral da sociedade e da soberania popular. Revista Jurídica UNIDERP, Campo
Grande, v. 7, n. 2, p. 67-86, jul.-dez. 2004; Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa,
Lisboa, v. 45, ns. 1 e 2, p. 229-250, jan.-dez. 2004; Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 60, n.
239, p. 45-65, jan.-mar. 2005; Revista Jurídica UNIJUS, Uberaba, v. 8, n. 8, p. 161-176, jan.-jun. 2005;
Revista Ibero-americana de Direito Público, Rio de Janeiro, v. 5, n. 20, p. 163-184, out..-dez. 2005.
24
Sobre a repercussão do princípio da dignidade da pessoa humana no Direito Comparado e Internacional, cf.
FROTA, Hidemberg Alves da. O princípio da dignidade da pessoa humana à luz do direito constitucional
comparado e do direito internacional dos direitos humanos. Revista Latinoamericana de Derecho, México,
D.F., v. 2, n. 4, p. 1-26, jul.-dic. 2005. O princípio da dignidade da pessoa humana no Direito brasileiro e
Comparado. Revista Jurídica UNIJUS, Uberaba, v. 8, n. 9, p. 95-123, jul.-dez. 2005.
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orbe terrestre25, assegurando-lhes o exercício de direitos fundamentais sem os


quais se prejudica o desenvolvimento integral do espírito reinserido na matéria
e a execução de seu projeto reencarnatório.
E o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado
clama pela preponderância das aspirações maiores da humanidade sobre
interesses de repercussão segmentada26, adstritos a determinados grupos
sociais, de modo que as necessidades evolutivas comuns a todos os seres
humanos preponderem sobre anseios egóicos e sectários.
Havendo dissonância entre ambos os princípios, aventa-se a primazia da
dignidade da pessoa humana, de forma que as carências da coletividade não
esmaguem o indivíduo, não o impeçam de percorrer a trilha ao longo da qual
será concretizada sua missão da vida.
Assim termina por haver uma calibração, deflagrada pelo princípio da
proporcionalidade, que concilia princípios quando lhes falta a devida sintonia,
melhor poupando o de maior densidade e sacrificando mais o de menor
relevância27 no caso concreto em questão, sem nunca desnaturar o âmago de
ambos nesse processo de concessões recíprocas em nome do equilíbrio, da
justa medida entre o excesso e a deficiência28.

25
Sobre considerações jurídicas sobre a proteção à dignidade da pessoa humana, cf. JABUR, Gilberto
Haddad. Liberdade de pensamento e direito à vida privada: conflitos entre direitos da personalidade. São
Paulo: RT, 2000, p. 210; SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 4. ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2004, p. 116.
26
Sobre a essência do princípio da supremacia do interesse público no Direito, cf. BANDEIRA DE MELLO,
Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 63; FROTA,
Hidemberg Alves da. O princípio tridimensional da proporcionalidade no Direito Administrativo: um estudo
à luz da Principiologia do Direito Constitucional e Administrativo, bem como da jurisprudência brasileira e
estrangeira. Rio de Janeiro: GZ, 2009, p. 41-51.
27
Relevante a leitura da importante formulação jurídica do princípio da proporcionalidade desenvolvida pelo
jurista alemão Robert Alexy. Cf. ALEXY, Robert. Constitutional rights, balancing, and rationality. Ratio
Juris, Oxford, v. 16, n. 2, jun. 2003, p. 136.
28
Sobre a controvérsia jurídica da justiça como meio-termo, cf. KELSEN, Hans. A justiça e o direito natural.
2. ed. Coimbra: Almedina, 2001, p. 64. Para subsídios complementares, cf. CARVALHO FILHO, José dos
Santos. Manual de direito administrativo. 9. ed. Rio de Janeiro: 2002, p. 25.

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