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DE GAULEJAC, Vincent, La société malade de la gestion, idéologie gestionnaire,
pouvoir managérial et harcèlement social, Paris, Éditions du Seuil, 2005, p. 21ss
características que devem ser entendidas. Entre as direções cada vez mais
submetidas à pressão dos acionistas e a direção executiva que tenta inventar
mediações, no meio de lógicas contraditórias, o poder gerencial se confunde.
Torna-se difícil identificar de fato o espaço crescente entre, de um lado, os
sistemas de organização, em rede, transnacionais e virtuais e, do outro lado, os
indivíduos encarregados de pôr tudo isso para funcionar. À abstração do capital
responde a flexibilidade e a instabilidade do trabalho. Entre os dois o corpo
gerencial procura produzir normas e regras. Embora com aparência objetiva,
operacional e pragmática, a gestão hipermoderna é uma ideologia que traduz
as atividades humanas e indicadores de performance e custos e benefícios.
Indo buscar do lados das ciências exatas uma ciência uma cientificidade que
elas não conseguiram conquistar por si só, as ciências da gestão servem para
dar suporte ao poder gerencial hipermoderno legitimando um pensamento
objetivista, utilitarista, funcionalista e positivista. Elas constroem uma
representação do humano como recurso dentro da empresa, contribuindo com
sua instrumentalização. A gestão hipermoderna é uma mistura de prescrições
racionais e precisas, de ferramentas de medição sofisticadas, de técnicas de
avaliação objetivas, mas também de prescrições irracionais e irrealistas, de
ferramentas de medição inaplicáveis e de julgamentos arbitrários. Contudo,
esta primazia da racionalidade instrumental desenvolve se num universo cada
vez mais paradoxal. O poder managerial mobiliza a psique sobre objetivos de
produção. Operacionaliza um conjunto de técnicas que captam os desejos e as
angústias para coloca-las a serviço da empresa. Ele transforma a energia das
pessoas em força de trabalho. Enclausura os indivíduos num sistema
paradoxal que os conduz a uma submissão livremente consentida. A ideologia
gerencial hipermoderna vem preencher o vazio ético a partir do momento em
que este se dissociou da ética protestante que servia de fundamento à sua
legitimidade.
CRÍTICA DOS PARADIGMAS NO FUNDAMENTO DA GESTÃO2
PARADIGMAS PRINCIPIO DE BASE CRÍTICA
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DE GAULEJAC, Vincent, La société malade de la gestion, idéologie gestionnaire,
pouvoir managérial et harcèlement social, Paris, Éditions du Seuil, 2005, p.57