Belo Horizonte
1º/2010
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Campus: Barreiro
Belo Horizonte
1º/2010
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................5
2. PROBLEMATIZAÇÃO..........................................................................................6
3. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................7
4. OBJETIVOS..............................................................................................................8
4.1. Objetivo Geral........................................................................................................8
4.2. Objetivos Específicos.............................................................................................8
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................9
5.1. Área de Proteção Ambiental(APA).......................................................................9
5.2. APA Sul RMBH......................................................................................................9
5.2.1 Criação...................................................................................................................9
5.2.2. Características naturais.....................................................................................11
5.2.2.1 Cerrado.............................................................................................................13
5.2.2.2 Matas de Galeria..............................................................................................17
5.2.2.3 Mata Atlântica..................................................................................................17
5.3. Bacia Hidrográfica do córrego Cardoso.............................................................21
5.3.1. Ocupação do Solo...............................................................................................24
5.3.2. Vila Viva..............................................................................................................25
5.3.3. Caracterização do Ambiente.............................................................................28
6. METODOLOGIA.....................................................................................................31
7. RESULTADOS.........................................................................................................32
7.1 Fisiografia................................................................................................................32
7.2 Climatologia.............................................................................................................33
7.3 Geologia....................................................................................................................35
7.4 Fauna e Flora...........................................................................................................38
7.5 Recursos Hídricos...................................................................................................40
8. CONCLUSÃO...........................................................................................................42
9. REFERÊNCIAS........................................................................................................43
10. ANEXOS..................................................................................................................47
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1. INTRODUÇÃO
Na APA Sul RMBH estão presentes duas grandes bacias hidrográficas, a do Rio São
Francisco e a do Rio Doce, que respondem pelo abastecimento de aproximadamente 70% da
população de Belo Horizonte e de 50% da população de sua região metropolitana.
A área possui uma das maiores extensões de cobertura vegetal nativa contínua do estado,
abrangendo regiões conhecidas como Caraça e Gandarela. (IEF, 2010)
O aglomerado da Serra, situado na região sul de Belo Horizonte, é parte integrante da Bacia
Hidrográfica do Córrego Cardoso, que estende-se entre as regiões centro-sul e leste de Belo
Horizonte. Segundo o Plano Global Específico(PGE) de Belo Horizonte, elaborado entre 1998
e 2001, o aglomerado possui população estimada de mais de 45.000 habitantes distribuídos
entre 7 vilas. A rápida e desordenada ocupação da região contribuiu de forma eficaz para a
alteração do ambiente natural da bacia.
Em 2006, com base no PGE, teve início no Aglomerado da Serra o programa Vila Viva que
visa melhorias nas condições de moradia, saneamento, integração social, qualidade ambiental,
entre outros.
Este trabalho é um projeto interdisciplinar que tem como objetivo identificar, através de
diagnóstico ambiental, as características naturais da bacia hidrográfica do Córrego Cardoso a
fim de contribuir para maior conhecimento deste espaço.
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2. PROBLEMATIZAÇÃO
Problema, para Kerlinger (1980), é uma questão que mostra uma situação necessitada de
discussão, investigação, decisão ou solução. Simplificando, problema é uma questão que
pretende responder. Todo o processo de pesquisa irá girar em torno de sua solução (VILELA-
JUNIOR, 2000).
3. JUSTIFICATIVA
O pequeno número de estudos científicos sobre a região não reflete a importante função da
bacia hidrográfica do córrego Cardoso no meio ambiente a que se insere.
A bacia é parte integrante da Área Proteção Ambiental – APA Sul RMBH, deste modo,
diagnosticar o seu ambiente natural relaciona-se à identificação de importantes fatores
ambientais presentes na região sendo o Córrego Cardoso grande tributário do Ribeirão
Arrudas.
4. OBJETIVOS
Localizar o Córrego Cardoso em carta topográfica e realizar cálculos que permitam encontrar
dados de natureza morfométrica como densidade de drenagem e coeficiente de manutenção
dos córregos pertencentes à bacia. Os dados morfométricos serão mais bem assimilados após
caracterizar a climatologia da bacia.
Por ser um dos recursos naturais em maior evidência atualmente, faz-se necessário
caracterizar a qualidade dos recursos hídricos dos cursos d‟água da bacia.
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5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como
objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais (MADAUAR, 2009).
A Lei 6.938/81, no inciso VI, do art. 9º, inclui os espaços territoriais especialmente protegidos
pelo Poder público Federal, Estadual e Municipal como instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente, exemplificando, como tais, as áreas de proteção ambiental, as áreas de
relevante interesse ecológico e as reservas extrativistas (IEF, 2010).
O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido
apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos em lei. Já o
objetivo das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o
uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais (IBAMA, 2010).
5.2.1 Criação
A demanda pela criação de uma Área de Proteção Ambiental (APA), na região sul de Belo
Horizonte, partiu inicialmente de uma associação de proprietários de “residências de fins de
semana” da localidade de São Sebastião das Águas Claras (IEF, 2010).
Os estudos técnicos para definição de limites apontaram a adequação de uma região mais
abrangente que a demanda inicial, com aproximadamente 170 mil hectares. Quando esta
proposição técnica foi levada para a avaliação do Conselho Estadual de Política Ambiental -
COPAM, através da então Câmara de Defesa de Ecossistemas, ampliou-se o debate em torno
da viabilidade da unidade (IEF, 2010).
A APA Sul foi estabelecida em 8 de junho de 1994 pelo Decreto Estadual 35.624 que declara
entre outros:
Art. 1º - Sob a denominação de APA Sul RMBH, fica declarada Área de Proteção Ambiental
a região situada nos Municípios de Belo Horizonte, Brumadinho, Caeté, Ibirité, Itabirito,
Nova Lima, Raposos, Rio Acima e Santa Bárbara (Figura 01), com a delimitação geográfica
constante do Anexo deste Decreto (MEDAUAR, 2009).
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Art. 2º - A declaração de que trata o artigo anterior tem por objetivo proteger e conservar os
sistemas naturais essenciais à biodiversidade, especialmente os recursos hídricos necessários
ao abastecimento da população da região metropolitana de Belo Horizonte e áreas adjacentes,
com vista à melhoria de qualidade de vida da população local, à proteção dos ecossistemas e
ao desenvolvimento sustentado(MEDAUAR, 2009).
Na APA Sul RMBH estão presentes duas grandes bacias hidrográficas, a do Rio São
Francisco e a do Rio Doce, que respondem pelo abastecimento de aproximadamente 70% da
população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana (IEF, 2010).
A área possui uma das maiores extensões de cobertura vegetal nativa contínua do Estado,
abrangendo regiões conhecidas como Caraça e Gandarela. Ocorrem aí as matas úmidas de
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O Estado de Minas Gerais ainda apresenta remanescentes do que foi uma extensa faixa de
florestas pertencentes ao domínio da Mata Atlântica, atualmente reduzida à cerca de 4% de
sua cobertura original (COSTA et al. 1998).
A região da APA Sul é compreendida por parte das bacias dos rios Paraopeba, das Velhas e
Doce e está localizada em área coberta por Floresta Estacional Semidecidual e encraves de
Cerrado e Campo (SPÓSITO & STEHMANN, 2005).
Pouco se conhece sobre a diversidade biológica da APA Sul, que foi incluída nas Prioridades
para Conservação da Biodiversidade do Estado de Minas Gerais, devido ao alto grau de
endemismo de plantas e animais, e às constantes pressões de desmatamento, expansão urbana,
mineração e turismo na região (COSTA et al. 1998).
A área da APA Sul-RMBH é bastante extensa, ocupando aproximadamente 163.000 há. Está
situada na vertente oriental do sul da Cadeia do Espinhaço, dentro do domínio florestal
atlântico. Esta região, inserida no Quadrilátero Ferrífero, é dominada, nas regiões mais altas,
pelos campos com florestas ocorrendo nas áreas de drenagem que descem e preenchem os
vales e encostas erodidas, além de incluir encraves de cerrado (MUZZI & STEHMANN
2005).
Muitas das áreas de floresta apresentam grande quantidade de gramíneas no solo, o que pode
ser conseqüência de um dossel mais aberto, com maior penetração de luz. As aberturas do
dossel podem ter se originado de corte seletivo no passado, ou de quedas de árvores em locais
inclinados, que acabam abrindo clareiras na mata (SPÓSITO & STEHMANN, 2005).
O clima da região da APA Sul é do tipo Cwb de Köppen, classificado como temperado
chuvoso (mesotérmico) ou subtropical de altitude, com inverno seco e verão chuvoso, com
temperatura média do mês mais frio inferior a 18 °C e a do mês mais quente inferior a 22 °C
(ANTUNES, 1986). O relevo é montanhoso, sendo a maior parte com grandes declividades.
As altitudes variam de 800 a 1.250 m (SPÓSITO & STEHMANN, 2005).
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A APA Sul apresenta uma rede hidrográfica extensa com matas ciliares relativamente
preservadas. A presença de campos naturais no alto dos morros e montanhas da região pode
ser uma barreira natural para muitas espécies arbóreas, evidenciando a importância das matas
ciliares nos vales que funcionam como corredores naturais. A existência de diferentes
Unidades de Conservação na região, nas categorias RPPN e APE, juntamente com as matas
ciliares, proporciona uma estrutura de rede capaz de sustentar a biodiversidade local. Esses
corredores naturais são, contudo, interrompidos pelas áreas urbanas, como a cidade de Nova
Lima e Rio Acima, bem como por atividades de lavra e barragens (SPÓSITO &
STEHMANN, 2005).
5.2.2.1 Cerrado
Segundo Ratter e Dargie (1992), o Cerrado ocupa 23% do território brasileiro(Figura 02),
estendendo-se da margem da Floresta Amazônica até os estados de São Paulo e Paraná (Ratter
& Dargie 1992), representando o segundo maior bioma do Brasil superado apenas pela
Floresta Amazônica (RIBEIRO & WALTER 1998).
Os Cerrados são assim reconhecidos, devido às suas diversas formações ecossistêmicas. Sob o
ponto de vista fisionômico temos: o cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o campo sujo
de cerrado, e o campo limpo que apresentam altura e biomassa vegetal em ordem decrescente
(IBAMA, 2010).
De acordo com o IBAMA (2010) o Cerrado típico é constituído por árvores relativamente
baixas (até vinte metros), esparsas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e uma
vegetação baixa constituída, em geral, por gramíneas.
A típica vegetação que ocorre no Cerrado (Figura 03) possui seus troncos tortuosos, de baixo
porte, ramos retorcidos, cascas espessas e folhas grossas. Os estudos efetuados consideram
que a vegetação nativa do Cerrado não apresenta essa característica pela falta de água – pois,
ali se encontra uma grande e densa rede hídrica – mas sim, devido a outros fatores edáficos
(de solo), como o desequilíbrio no teor de micronutrientes, a exemplo do alumínio (IBAMA,
2010).
Figura 03 – Cerrado
Fonte: Tv Ecologica, 2008
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Figura 04 - Pula-pula-de-sobrancelha
Fonte: Wikiaves, 2010
Nos últimos 25 anos, o Cerrado vem recebendo ação direta do desenvolvimento da agricultura
(RATTER et al. 1996; 1997). Pivello & Coutinho (1996) afirmam que atualmente, quase todo
o ambiente de cerrado está sob intensa pressão humana e não é mais natural.
As matas de galeria são formações florestais associadas aos cursos d‟água que cortam a região
do Cerrado. A despeito da reduzida área que ocupam na região, constituem-se nas
comunidades de maior riqueza e diversidade no Cerrado(FELFILI, 2000).
Oliveira-Filho et al. (1994) destacaram ainda que essas comunidades também contribuem para
a regulação do assoreamento, da turbidez da água, do regime de cheias, da manutenção da
perenidade das águas e da erosão das margens de rios e córregos.
Estimativas efetuadas em 1998 indicam a perda de cerca de 60% da cobertura vegetal original
(1953) ocupada por matas de galeria no Distrito Federal (DF) (UNESCO, 2000).
Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.
As Florestas Estacionais Semideciduais e Deciduais localizam-se nos estados de Mato Grosso
do Sul e Goiás.
Estima-se que este bioma abriga 20.000 espécies de plantas vasculares(Tabela 02), das quais
cerca de 8.000 são endêmicas (MYERS et al., 2000).
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O tronco das árvores, normalmente é liso, só se ramifica bem no alto para formar a copa. As
copas das árvores mais altas, que necessitam receber grande quantidade de luz, tocam umas
nas outras formando uma massa de folhas e galhos(Figura 07). Esta parte vem a ser então a
camada superior da floresta. O Bugio e o tucano são exemplos de animais que ocupam essa
camada. A maioria das espécies de bromélias e orquídeas, que necessitam mais de luz,
também a ocupam. Em uma parte mais baixa chamada de sub-bosque, nascem e crescem
arbustos, pequenas árvores, bambus, samambaias gigantes, liquens e outras espécies que
toleram menor quantidade de luz. A maioria das espécies de aves habita essa camada da
floresta(WOEHL-JR. et.al, 2006).
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As folhas que caem das árvores, os galhos secos que se desprendem e os troncos das árvores
que morrem vão se acumulando no chão da floresta e criam um ambiente muito especial, que
constitui o habitat de muitos insetos, outros animais e, principalmente, fungos e
bactérias(WOEHL-JR. et.al, 2006)
Woehl-Júnior (2006), destaca ainda que a mata era caracterizada pela imensa diversidade
biológica, pela presença de árvores altas de caules grossos e principalmente, pelo equilíbrio
entre as espécies. A intervenção humana tem transformado estes ecossistemas, antes
intocados.
Segundo Cruz (2003), a bacia hidrográfica (Figura 09) é uma área geográfica natural formada
por uma área da superfície terrestre, que contribui na formação e no armazenamento de um
determinado curso d‟água. São delimitadas pelos pontos mais altos do relevo (espigões,
divisores de água), dentro da qual a água proveniente das chuvas é drenada superficialmente
por um curso d‟água principal até sua saída da bacia, no local mais baixo do relevo, que
corresponde à foz desse curso d´água.
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O aglomerado está situado na região sudeste de Belo Horizonte e faz divisa com os bairros
Baleia, Novo São Lucas, Mangabeiras, Parque das Mangabeiras, Santa Efigênia e Serra.
Muitos habitantes do aglomerado trabalham, utilizam serviços e lazer desses bairros. A área
do aglomerado é igual a 150,93ha segundo o levantamento feito pela prefeitura para
realização do Plano Global Específico. Possui uma população estimada de 46.000 habitantes
que estão distribuídas em 7 vilas, umas com ocupação mais antiga e outras com ocupação
mais recente. Segundo uma Pesquisa realizada pela PUC e pela Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Social, o Aglomerado da Serra é uma das áreas de maior exclusão social de
Belo Horizonte (Plano Global Específico(PGE), 2000).
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A expansão periférica das cidades e a forma precária como são implantados os assentamentos
informais ou espontâneos resultam em quadros de degradação físicoambiental. Os impactos
ambientais associados ao processo de urbanização ampliaram-se perigosamente nos últimos
tempos, o que acarreta, também, um desafio ao poder público e à sociedade em geral: prevenir
novos impactos e recuperar as áreas afetadas (NETTO, 2005).
Além dos impactos ambientais, essas ocupações irregulares geram vários outros problemas,
como a exclusão social decorrente do “não reconhecimento do direito de posse e a
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O Aglomerado da Serra é uma área caracterizada por altas declividades e pelo fato de ter as
nascentes de dois importantes contribuintes do Ribeirão Arrudas, o Córrego da Serra e o
Córrego Cardoso. Uma área de recarga de lençol freático, que possui várias nascentes e que,
caracterizando-se como áreas de preservação e proteção ambiental pela legislação, não
poderia ser ocupada(NETTO, 2005).
Ainda segundo Netto (2005), no primeiro semestre de 1999, teve início o Plano Global
Específico do Aglomerado da Serra, envolvendo seis favelas.
A origem do Programa Vila Viva, cujas primeiras obras tiveram início em 2005 no
Aglomerado da Serra, está diretamente relacionada com o Plano Global Específico (PGE) de
cada vila atendida. O plano é um estudo aprofundado da realidade das vilas e favelas de Belo
Horizonte, com participação direta da comunidade. Este projeto é realizado em três etapas:
levantamento de dados, elaboração de um diagnóstico integrado dos principais problemas da
área em estudo e, por último, definição das prioridades locais e das ações necessárias para
atendê-las (URBEL, 2010)
término da urbanização, a área será legalizada com a emissão das escrituras dos lotes aos
ocupantes (PBH, 2010).
Bacias hidrográficas são constituídas por vários elementos bióticos e abióticos que se inter
relacionam e com suas peculiaridades formam um complexo conjunto de características que
as difere. Estes elementos sejam topográficos, climáticos, hidrológicos, químicos, biológicos
ou geológicos formam um sistema, que em estado natural encontra-se em equilíbrio, sendo
aplicável seu estudo de forma interdisciplinar e sistêmica.
A qualidade da água de uma microbacia pode ser influenciada por diversos fatores e, dentre
eles, estão o clima, a cobertura vegetal, a topografia, a geologia, bem como o tipo, o uso e o
manejo do solo da bacia hidrográfica (VAZHEMIN, 1972; PEREIRA, 1997). Segundo
Arcova et al. (1998), os vários processos que controlam a qualidade da água de determinado
manancial fazem parte de um frágil equilíbrio, motivo pelo qual alterações de ordem física,
química ou climática, na bacia hidrográfica, podem modificar a sua qualidade.
urbano, industrial e irrigação – que registram perdas por evaporação, infiltração no solo,
evapotranspiração, absorção pelas plantas e incorporação a produtos industriais, e não
consuntivos – geração hidrelétrica e navegação fluvial – que não afetam a quantidade da água
disponível (BARTH & BARBOSA, 1999).
O desenvolvimento das plantas está diretamente associado a fatores externos, como duração,
intensidade e distribuição espectral da radiação, temperatura, gravidade, forças impostas pelo
vento, correntes de água e uma variedade de influências químicas (LARCHER, 2000).
A fauna também tem seus nichos ecológicos determinados por fatores ambientais. Os fatores
de ambiente importantes da definição do nicho são luz, calor, água, nutrientes e fatores
mecânicos, que são determinados em grande medida pelo clima e solo(PILLAR, 1994).
Bom exemplo da influência da vegetação sobre a fauna são as florestas de galeria. Para a
fauna de mamíferos, as florestas de galeria são de fundamental importância, sobretudo em
áreas de cerrado. Essas florestas, provavelmente, possibilitam o incremento da diversidade de
espécies da fauna sob dois aspectos: primeiro por constituírem os corredores, que permitem
que as espécies de hábitat florestal alcancem grandes extensões e segundo por oferecerem
refúgio, alimento e água para as espécies não florestais (REDFORD & FONSECA, 1986).
As florestas de galeria constituem o tipo de habitat que abriga a maior parte dos endemismos
de mamíferos do Brasil Central e cerca de 85% das espécies de mamíferos não-voadores;
praticamente, todas as espécies de morcegos mantêm alguma associação com essas florestas
(MARINHO-FILHO & REIS 1989).
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A declividade da bacia ou dos terrenos da bacia tem uma relação importante e também
complexa com a infiltração, o escoamento superficial, a umidade do solo e a contribuição de
água subterrânea ao escoamento do curso d‟água. É um dos fatores mais importantes que
controla o tempo do escoamento superficial e da concentração da chuva (PORTO et al. 1999).
Como descreve Porto (1999), a variação da elevação e também a elevação média de uma
bacia são fatores importantes com relação à temperatura e à precipitação.
De acordo com Larcher (2000) o relevo, em especial, exerce grande influência sobre alguns
fatores climáticos direcionais, como a radiação e o vento.
Os elementos climáticos são definidos pelos atributos físicos que representam as propriedades
da atmosfera geográfica de um dado local. Os mais comumente utilizados para caracterizar a
atmosfera geográfica são a temperatura, a umidade e a pressão, que, influenciados pela
diversidade geográfica, manifestam-se por meio de precipitação, vento, nebulosidade, ondas
de calor e frio, entre outros. (MENDONÇA, 2007, p. 41)
6. METODOLOGIA
O mapa geológico utilizado foi o Mapa Geológico de Belo Horizonte de 2005 com escala de
1:50.000.
A caracterização da qualidade dos recursos hídricos foi realizada com base nos parâmetros
sensorialmente perceptíveis.
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7. RESULTADOS
7.1 Fisiografia
O Córrego Cardoso, possui um comprimento de 3,4 km de curso d‟água, sendo que 75% do
seu curso encontra-se impermeabilizado por intervenção antrópica. Segundo dados do IBGE
(2000), a bacia conta com uma população 43.585 habitantes, em uma área de 300 ha.
A altitude no exutório do córrego Cardoso que é o ponto mais baixo da bacia é de 820m
chegando a 1195m nos divisores de água ao sul. Com base nestes dados calcula-se que a
amplitude altimétrica da bacia corresponde a 375m.
A densidade hidrológica da bacia, dada pela formula Dh= n/A onde, n representa o número
total de cursos d‟água e A a área total da bacia é de 4,7 rios/km². De acordo com este índice
proposto por Horton (1945), a bacia apresenta capacidade média para a geração de novos
cursos d‟água.
Calcula-se através da fórmula Rr= (Δa/L) x 100 [%], onde Δa representa a amplitude
altimétrica da bacia e L o comprimento do canal principal, a relação de relevo da bacia. Para a
bacia do córrego Cardoso o valor encontrado é 88,2 m/km, que indica que o relevo é
montanhoso.
Para encontrar o índice de rugosidade da bacia foi utilizada a fórmula Ir= H x Dd, onde H é a
amplitude altimétrica da bacia (km) Dd é a densidade de drenagem (km/ km²). O índice de
rugosidade da bacia hidrográfica do córrego Cardoso é de 1,215. Este é um valor elevado e
fundamenta os riscos de inundações da bacia, já que, de acordo com Ribeiro e Campolina
(2010), áreas potencialmente assoladas por cheias relâmpagos são previstas como possuidoras
de índices elevados de rugosidade.
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7.2 Climatologia
Algumas das variáveis do clima de Belo Horizonte são ilustradas também no gráfico a
seguir(Figura 12) onde os dados climatológicos representam uma média do período entre
1961 e 1990.
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7.3 Geologia
A bacia possui três grupos geológicos(Figuras 14), o grupo piracicaba com a formação Fecho
do Funil, o grupo Sabará e o Complexo Belo Horizonte.
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O portal ambiente Brasil (2010) define Filito como rocha metamórfica de granulação fina,
intermediária entre o xisto e a ardósia, constituída de minerais micáceos, clorita e quartzo,
apresentando boa divisibilidade. Tem comumente aspecto sedoso, devido à sericita. Origina-
se, em geral, de material argiloso por diananometamorfismo e recristalização. Comum no
Proterozóico brasileiro.
O PGE (2000) destaca que as características fisiográficas da área em estudo, não são de forma
geral, favoráveis a ocupação, principalmente pela classe menos favorecida, visto que requer
obras mais „robustas‟ de custos mais elevados. Tal fato, aliado a extrema situação de pobreza
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da população que se instalou no local, conduziu a situações de risco(Figura 15) que podem
gerar perdas materiais e de vidas humanas.
As obras do programa Vila Viva contribuíram significativamente para a diminuição dos casos
de risco geológico na bacia hidrográfica do córrego Cardoso(Figura 16).
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O projeto vila viva tem como objetivo recuperar a vegetação nas margens dos cursos d‟água
da bacia, além de realizar ações de paisagismo em todo o aglomerado da Serra. A falha
observada neste processo é a utilização de espécies exóticas como bananeira e mangueira, já
que, o reflorestamento é feito sem embasamento em estudos a respeito das espécies típicas do
bioma característico da região.
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Visando a recuperação destes corpos d‟água o programa Vila Viva vem realizando ações de
revitalização e reflorestamento das margens, despoluição dos recursos hídricos bem como
planejamento e execução de obras de saneamento para o direcionamento das águas residuais
para estações de tratamento de esgotos(ETE) como a ETE Arrudas.
Deste modo a parte do córrego Cardoso mais próxima à nascente ainda encontra-se
comprometida(Figura19), já que, a despoluição deve ser feita seguindo o sentido do
reassentamento das famílias, começando próximo ao exutório e terminando próximo à
nascente. Os afluentes do córrego Cardoso já foram recuperados(Figura 20).
Ainda foram instaladas bacias de contenção de enchentes(Figura 21) ao longo dos cursos
d‟água com o intuito de controlar a vazão dos mesmos reduzindo os riscos de inundações.
8. CONCLUSÃO
A área verde da bacia tem dimensões bastante reduzidas e o único ecossistema remanescente
na bacia, ainda que muito modificado, são as matas de galeria presentes no início dos córregos
ao sul da área em estudo.
A maior parte da bacia tem o solo impermeabilizado. Fator que, aliado à disposição
inadequada de resíduos sólidos, aumenta as chances de inundações. Além de causar
inundações, a má destinação final de resíduos sólidos pode atrair vetores biológicos,
colocando a saúde da população em risco.
O lançamento de águas residuais proveniente das residências nos cursos d‟água é outro fator
que contribui para o risco à saúde dos moradores.
O programa Vila Viva vêm contribuindo bastante para a mitigação dos impactos gerados pela
antropização com obras de urbanização e saneamento. Para alcançar resultados satisfatórios o
programa trabalha também com capacitação dos habitantes do aglomerado e programas de
educação ambiental.
9. REFERÊNCIAS
BARTH, Flávio Terra; BARBOSA, Wanda Espírito Santo. Recursos Hídricos. São Paulo,
1999.
DONADIO, Nicole M. M.; GALBIATTI, João A.; PAULA, Rinaldo C. de; Qualidade da
Água de Nascentes com Diferentes Usos do Solo na Bacia Hidrográfica do Córrego Rico,
São Paulo, Brasil. UNESP, Jaboticabal. 2005
MEYER, Sylvia; SILVA, Alexandre; JÚNIOR, Paulo Marco; MEIRA, João Alves.
Composição florística da vegetação arbórea de um trecho de floresta de galeria do
Parque Estadual do Rola-Moça na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG,
Brasil. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 2004.
PILLAR, V.D. Clima e vegetação. UFRGS, Departamento de Botânica. Porto Alegre, 1995.
PEEL, M. C.; FINLAYSON, B. L.; McMAHON, T. A. Updated world map of the Köppen-
Geiger climate classification. University of Melbourne, Victoria, Austrália. Melbourne, 2007
PORTO, Rubem La Laina; FILHO, Kamel Zahed; SILVA, Ricardo Martins da. Hidrologia
Aplicada, Bacias Hidrográficas. USP, Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária.
São Paulo, 1999.
SUHOGUSOFF, Valentin G.; CASTRO, Isac de; PILIACKAS, José Mauricio; BARBOSA,
José Marcos. Influência da temperatura e da umidade relativa do ar e determinação do
estado trófico em Tillandsia stricta Lindl. (Bromeliaceae), ocorrente no Parque Estadual
da Ilha Anchieta, Ubatuba-SP. O Mundo da Saúde, São Paulo, 2008: jul/set
10. ANEXOS
Figura 32 – Avenida Mem da Sá, parte canalizada do córrego Cardoso no bairro Santa
Efigênia