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11 A apresentacao do clinico, o contrato e a estrutura dos encontros iniciais na clinica analitico-comportamental eat Re ASSUNTOS DO CAPITULO Vinculo terapéutico, Contrato, Cuidados éticos. Motivacao para a adesao ao tratament. Apresentacao do clinico. Vobvovy Estrutura dos encontros iniciais, Fornecimento de informagées e o acolhimento, O objetivo deste capitulo é apresentar medi- das ¢ procedimentos adotados pelo clinico analitico-comportamental nos iniciais do uatamento. E, sempre que possi- vel, oferecer interpretagées analitico-com- portamentais sobre os eventos mais frequen- tes na relagio terapeuta-cliente nesta fase da terapia Embora as sessbes iniciais paregam me- nos complexas que as mais avangadas na se quéncia do tratamento, clas acabam sendo desafiadoras para os profissionais, mesmo para os mais experientes. Isto acontece, entre outras raz6es, porque os clinicos ainda nio dispéem de informagGes suficientes para pre ver 0 comportamento de seus clientes. Além do mais, ha boas razées, indicadas, pela literatura sobre psicoterapia, para dedicar encontros atengio especial aos primeiros encontros. Quando se trata de interagio terapeuta- -cliente, os resultados dos estudos fazem res- peitar o ditado popular segundo o qual a pri- ‘meira impressao é a que fica, Hi evidencias de que eventos que ocorrem na fase inicial de uma psicoterapia podem predizer sua duragio © 0 resultado do tratamento (Saltzman, Luet- gert, Roth, Creaser e Howard, 1976). Segun- do os autores, depois de trés sessbes, a viabili- dade da rclagio terapéutica estd bastante evi- dente nas dimensées avaliadas no estudo, Certas dimensées aumentavam de frequéncia na quarta sessio ¢ voltavam a diminuir na quinta, o que levou Saltzman ¢ colaboradores (1976) a interpretar esses dados sugerindo que nio basta saber 0 que o cliente experimen. ta 20 longo da terapia, mas quando ele o faz. As segées deste capitulo tratam de as- pectos que contribuem para 0 bom anda- mento dos encontros iniciais, incluindo a promogio do vinculo terapéutico, a clareza do contrato, os cuidados éticos, a motivagio para a adesio ao tratamento, o fornecimento de informagées ¢ o acolhimento, que produz conforto ¢ esperanga em quem procurou 0 servico psicoldgico. > O CONTRATO Os tratamentos clinicos, sejam na forma de uma psicoterapia ou de programas de aconse Ihamento e treinamento de habilidades, tradu- zem-se em compromissos ¢ tarefas assumidas, tanto pelo clinico quanto pelo cliente. Diversos eventos do contexto terapéuti- co podem ser utilmente interpretados em ter mos de regras ¢ autorregras (Meyer, 2005). De um ponto de vista analitico-comporta- mental, 0 contrato se aproxima de uma regra estabelecida ¢ manti- O contrato se apro- xima de uma regra estabelecida © man- tide pelo terapeuta eseuclientee a aquiescéncie ounéo 2 ela pode indicar insténciasclnica- mente relevantes do comportamento do cliente da pelo terapeuta ¢ seucliente, eaaquies- céncia ou no a cla pode indicar instin- cias clinicamente re- levantes do compor- tamento do cliente. Por exemplo: des- cumprir 0 pagamen- to de honorétios, hesitar quanto as garantias do sigilo, atrasar-se, adiantar-se ou faltar as sessbes, etc. Ao tabalhar com clientes, eujo foco te- rapéutico ¢ precisamente modelar © ajusta~ mento a normas sociais, regras interpessoais ¢ respeito a0 outro, como com um grupo de adolescentes com problemas de delinguéncia ou um grupo de criangas com comportamen- to opositor, os combinados podem ser eseri- tos em um quadro, que permanece visivel du- rante todos os encontros. © descumprimento 111 Clinica analitico. omportamental de algum combinado ou o acréscimo de re- gras novas permite que, durante a sessio, ¢ nicos e clientes se voltem para 0 quadro, len- do, discutindo ¢ escrevendo regras novas. Os clientes podem verificar no aqui/agora da ses- so as consequéncias para si ¢ para os outros do seguimento ou do descumprimento de re- gras; podem também experimentar situages nas quais regras precisam scr institufdas, para © bem-estar do grupo. ‘Tsai, Kohlenberg, Kanter ¢ Waltz (2009) afirmam que aspectos muito relevan tes do comportamento do cliente podem ser notados em situagdes rotineiras da terapia Segundo os autores, sicuagbes tais como a escrutura do tempo da sessio ¢ 0s hono- ririos frequentemente evocam comporta- mentos clinicamente relevantes Fu parte da conduta do clinico avaliar também, ¢ isso pode ser feito com a ajuda de um supervi- sor, as instincias de Aspectos muito re- levantes do compor- tamento do cliente podem ser notados ‘em situagdes rotinet- ras da terapia Faz parte da conduta do clinico avaliar também as instén- cias de sou proprio comportamento em relago aos mesmos eventos seu préprio compor- tamento em relagio aos mesmos eventos. Por cexemplo: se um cliente costuma se atrasar, é extremamente recomendével que 0 clinico avalie como esté consequenciando os atrasos recorrentes (Tsai, Callaghan, Kohlenberg, Fol- lette, Darrow, 2009; Wielenska, 2009). No momento do contrato, o profissional garante o sigilo, combina os honoréios ¢ 0 modo de acerté-los, assim como sobre proce- dimentos quanto as faltas e reposigbes, além de estabelecer a periodicidade e a duragio das ses- ses, Hé ainda a necessidade de idemtificar a condisio civil do cliente. Isto é, se o cliente for crianga, adolescente ow interdito, © contrato requererd a autorizagéo de um responsdvel No Brasil, 0 Cédigo de Etica, criado pela Resolugio do CFP n2 010/05, funda- 112 Borges, Cassas & Cols, menta as questées éticas ¢ formais do contrato do clinico com o seu cliente. O contrato, segundo 0 documento, estabe- lece de comum acor- do entre 0 psicélogo co cliente 0 objetivo, © tipo de trabalho a set realizado e as con- digdes de realizasio deste, além do acor- do quanto aos hono- ratios. No momento do ccontrato, 0 pro- fissional garante osigilo, com: ‘os honordrios @ 0 ‘modo de acerté-los, ‘combina tam sobre procedimentos quanto as fakas e reposigdes, alémde ‘stabelacera perio- dicidade e a duragao das sessdes. HA civil do cliente, Isto é, se o cliente for crianga, adoles- ccente ou interdito, 0 contrato requerera 2 autorizagao de um responsavel. Na perspectiva analitico-comporta- mental, 0 estabeleci- mento do contrato é funcionalmente seme- Ihante a contingéncias da vida do cliente que modelaram seu comportamento de se com- prometer com objetivos finais. E esperado que clientes cujo problema clinico se relaciona com falta de objetividade no trabalho ou descom- prometimento nos relacionamentos afetivos exiba 0 mesmo padrio de comportamento diante da proposta do contrato terapéutico. Um cliente cuja histéria de vida o tenha ensinado a se esquivar de compromissos, po- dera ser evasivo quando indagado pelo clin co sobre o que ele quer da terapia e como ve sua parte de contribuigio nesse processo, Hi clientes que transferem para o clinico toda a responsabilidade do tratamento que se inicia; hi 0 que depositam no clinico a expec de poder sobre 0 sucesso do tratamento, ou ainda os que tomam para si todas as tarefas, como se nio pudessem contar com o terapeu- a. Enfim, € importante observar 0 padrio comportamental apresentado pelo cliente em rclasio a0 contrato porque seu comporta~ mento € produto das contingéncias passadas. Eventualmente, tem valor terapéutico retomar o contrato, por exemplo, com um. cliente pouco comprometido, estabelecendo contingéncias para que ele expresse claramen- te sa posigio em relagio a0 compromisso ‘com suas tarefas na terapia se engaje no pro: cesso terapéutico. Ou, em outro exemplo, pe~ dir para que o cliente relaxe ¢ cente dividir com 0 clinico a responsabilidade pelo trata~ mento, Ou, ainda, que procure pensar no processo terapéutico como algo sobre o qual ambos, terapeuta¢ cliente, tém_ poder, em ver de creditar seu domit exclusi- ‘Algumas vezes, o cliente procura 1 psicdlogo por indicagao de alguém conhecido de ambos. De modo especial nesse caso, @ prudente deixar claro o respeito a0 sigilo @ até mesmo, se for necessario, vamente ao elinico, Algumas vezes, © cliente procura 0 psicdlogo por indic: sao de alguém conhe- cido de ambos — cliente terapeuta. De modo especial nesse caso, ¢ pruden- te deixar claro o res- mentos de protegao fora do contexto da peito ao sigilo ¢ até mesmo, se for necessério, estabelecer combinados de procedimentos de protesio fora do contexto da sessio. Por exem- plo, o clinico pode propor “Vamos adotar uma aticude discreta se nos virmos no clube: vou acenar discretamente com a cabesa’. Ao asse- gurar ¢ demonstrat o sigilo, o clinico estabele- ce contingéncias que, para alguns clientes, po- dem ser inéditas. Um pouco de tempo € neces- sdrio até que clientes com histérias de puniga do repertério de con- fiansa comecem a fe- Um pouco de tempo \ i" i ossirio até latar experiéncias ad- up chantes com versas, como, por _histérias de punigéo do repertério de con- exemplo, as de abuso e fianga comecem @ fisico, psicolégico © sexual. Clientes assim vio se expondo grax dualmente & condisio do sigilo ¢ aprendem a sentir confianga no profissional, o que é, em si mesmo, um ganho terapéutico. O sigilo ¢ 0 elemento do contrato mais estreitamente ligado ao estabelecimento do assim chamado vinculo terapéutico. O com- binado do sigilo estabelece contingéncia para a intimidade. Segundo Cordova ¢ Scott (2001), a intimidade, em uma visdo analitico- -comportamental, traduz-se pelo comporta- mento interpessoal vulnerdvel & punigio. ‘Trata-se do responder a uma pessoa, em con- diges funcionalmente semelhantes is que no passado foram punidoras. E como se 0 res- ponder intimo fosse um tipo de variagio, j4 que a tendéncia é repetir respostas de fugales quiva, em yez de emitir uma resposta “punt vel”. Quando 0 outro no pune, mas reforca © comportamento de attiscar, diz-se que hé intimidade, Se alguém jd estd abotoando 0 su- tid da sogra, como descteve a exptessio popu- lar que indica intimidade, porque esta fa- zendo algo muito arriscado, emitindo uma resposta “punivel”. Quando o cliente ¢ crianga, adolescen- te ou interdito, 0 clinico precisa, antes de conduzir 0 uatamento, obter a autorizagio de um responsdvel. “Interdito”, juridica- mente, significa incapacidade civil. Assim, 0 interdito ndo pode reger-se ¢ nem a seus bens, sendo representado normalmente por um parente designado por jutzo. Algumas pessoas diagnosticadas com transtorno psi- quidtrico de certa severidade encontram-se nessa condigio. Quando ¢ esse 0 caso, 0 cli: nico deve zelar para que o responsdvel auto tize 0 tratamento. Quanto aos combinados sobre a perio- dicidade ¢ duragao das sessées, 0 profissional ‘os faz com bastante liberdade, sendo um tan- to quanto flexivel. Normalmente, se um casal ow pais e filhos devem comparecer juntos as sesses, os encontros terdo uma duracéo maior do que os usuais 50 minutos. Além disso, € muito comum que nas primeiras ses- sbes o cliente esteja enfrentando uma crise. Assim, ao avaliar os riscos ¢ as necessidades 113 Clinica alitico-compartamental do caso, o clinico poder propor duas ou mais esses semanais ou providenciar o servigo de acompanhamento terapéutico (veja capitulo 30). Hi ainda a pos- sibilidade de realiza- sao de atendimento domiciliar. A reco- Ecomum que as ssessdes ocorram ‘no minimo uma ver por semana, senda ampliado quando se ‘ratar de casos que precisam de maiores mendagio dos conse- Ihos de psicologia ¢ que o formato scja | culdados este quando a pessoa | Emalguns casos um acompanhamento a ser atendida estiver sem condigio de se locomover, devendo expressar_ a vontade de receber 0 atendi- mento domiciliar Os conselhos reconhecem a legitimidade des- te tipo de atendimento em situagées especffi- cas de algum tratamento clinico, em casos de designacio judicial do psicdlogo ou quando ese atua em programas de satide da familia Em quaisquer dos casos, € importante expressar claramente a frequéncia, a duragio eas condigdes em que as sessdes serio realiza~ das. Quanto ao pagamento, os conselhios dis- poem de uma tabela referencial de honoré- rios, a qual sugere valores, no estando o psi- célogo obtigado a adoté-los. Muitos pro- fissionais apoiam-se nessa tabela para estabe- lecer 0 contrato de honordrios com o cliente im suma, 0 contrato ¢ os elementos que ele especifica, rais como o sigilo, séo in- terpretados como possiveis contingéncias ¢, desse modo, presume-se que influenciam o comportamento do cliente desde os con- tatos iniciais. Saben- do disso, desde bem cedo, no curso do tratamento, o clinico providencia arranjos para que o comportamento do cliente se alte- re em uma direcio terapéutica maior é exigido, assim, oterapeuta poderé fazer uso do servigo de acompanhamento Os conselhos dis: pdem de uma Tabla Referencial de Honorétios, a qual sugere valores, nao estando 0 psicélogo obrigado a adoté-ls. 114 Borges, Cassas & Cols, > AAPRESENTACAO DO CLINICO Embora normalmente os relatos anedéticos sejam unidirecionais, permanecendo focados no comportamento apresentasio pessoal do dliente, 0 primeiro contato terapeuta-cliente tem um impacto importante para ambos. O efeito do contato inicial sobre o clinico tam- bém deve ser levado em conta. Os senti- mentos ¢ impressées do terapeuta em rela- fo ao cliente tanto podem fundamentar a formulagio de hi- péteses importantes para a avaliagio do caso clinico quanto podem instigar ques- tes para seu prdprio desenvolvimento pessoal (Banaco, 1993; Bra- gac Vandenberg, 2006). Em geral, no momento da apresenta~ 40 do elinico, profissional se mostra dis- ponivel para responder as diividas do cliente quanto a sua formagio, sua orientagio tedri- cac até mesmo sobre caracteristicas pessoais, tais como se tem filhos, se € casado, entre outras. A primeira sessio é especial no sentido de que o clinico precisa consequenciar adequa- damente respostas do cliente que o surpreen- dem. Uma situagio desse tipo foi vivida pela autora na sessio inicial com uma mulher mui- to bonita. Ela disse, logo nos instantes iniciais: “Estou me submetendo 4 quimioterapia por causa de um tumor na mama. O tratamento é muito desagradével, a boca fica seca ¢ perdi todo o meu cabelo. Veja aquit”. O tempo para cla levar a mio na cabega e mostrar como havia ficado parecia imensamente mais répido do que aquele que a terapeuta precisava para en- saiar uma expresso tranquila, Hi varias outras revelagdes que os clicn- tes preferem fazer logo nos instantes iniciais Os sentimentos @ impress6es do te- rapouta om relagéo a0 oliente, tanto podem fundamentar ‘a formulagao de hi- péteses importantes 0 do ‘caso clinico quanto podem instigar questoes para seu proprio desenvolvi- ‘mento pessoal para que a queixa possa ser entendida pelo clinico: “Bem, primciro vocé precisa saber que cu sou so: ropositivo pot conta- minagio vertical”; “Tentei suicidio hé poucos dias, por isso minha familia me trou- xe aqui’; “Apaixonei-me por um colega do trabalho e meu marido nio sabe"; “Descobri que o meu atual companheiro esté se aproxi- mando indevidamente de minha filha’. En- O clinico poderé ser solicitado a falar de sua formagao profissional, orienta gd tedrica e método de trabalho, sendo indicado responder as questoe: fim, algumas condigdes ou eventos ocorridos recentemente na vida do cliente se relacio- | 0 cliente pode ou nam com a queixa néo,revelar informa: Ges importantes na primeira sessio, isso dependera de muitas condig6es, por exemplo, o quanto ele cantia no clinica jou o grau de sofri= mento dele, ete, que cle vai apresentar , por isso, eles nos revelam nos instantes iniciais da sessio. O dlinico pode procu- rar supervisio para conduzir as demais sess6es iniciais ou até mesmo encaminhar 0 caso a outro colega que julgue mais apto para lidar com aquelas questées, se conside- rar que as revelagdes do cliente Ihe so im- O clinica pode fe deve} encaminhar 0 caso outro colega, que julgue mais apto para lidar com Pactantes. aquelas questées, As curiosidades se considerar que do cliente sobre a i RT , clionce he s80 vida pessoal do clini Slane es co também podem tomar o profissional de surpresa. Frequente- mente, o cliente supée que a experigncia pes- soal do clinico favorece a compreensio do quanto esté sofrendo. As vezes, o cliente faz as perguntas para o clinico ou procura descobrir © que quer, explorando indiretamente 0 as- sunto. Sao comuns perguntas do tipo: “Vocé tem filhos? De que idade?”; “Vocé ¢ casada?”; “Vocé ¢ separada?”; “Vocé é catélica?”; “Voce conhece aquele bar GLS?”; “Vocé tem namo: rado?”; “Vocé é curitibana?”; “Vocé é beha- viorista?”. Tsai, Kanter, Landes, Newsing ¢ Koh- lenberg (2009) descrevem uma interagio U- pica de uma sessio inicial, a qual ocorreu en- tre a primeira autora, M, Tsai, e uma cliente de 34 anos com queixa de depressio ¢ habito de fumar. A profissional respondeu as per- guntas da cliente a respeito de sua pessoa. O objetivo, nesse caso, cra fomentar, desde este momento inicial, interagées genuinas ¢ inti- Terapeuta: “Eu quero responder qualquer pergunta que vocé tenha a meu respeito. Vocé nao sabe muito a meu respeito”. “Eu vejo que vocé também esté afiliada 4 Universidade de Wa- shington, além de estar na clini- ca particular, O que voeé faz 1a”. Cliente: Terapeuta: “Eu sou supervisora de clinica. Supervisiono estudantes de gra- duagio, dou aulas lé sobre a Psi- coterapia Analitico-Funcional — FAP c também estou envolvida com programa de pesquisa’ Cliente: “Ah. Legal”. ‘Terapeuta: “Mais alguma pergunta sobre mi- nha formasio ¢ experiéncia?” (p. 151) Entéo, M. Tsai relata um pouco mais sobre sua experiéncia profissional e, depois, faz perguntas sobre a cliente. Nao hé uma re- gra sobre 0 modo ou 0 quanto um elinico deve expor a seu préprio respeito pata o clien- te, O que fundamenta sua conduta quanto a esse aspecto € 0 objetivo que ele tem em cada inceragio. Estudos sugerem que 0 modo como o cliente percebe © profissional € preditor de sua adesio ao tratamento, ou seja, apresenta correlagio com o cumprimento das tarefas da 115 Clinica analitico-comportamental terapia (Sheel, Sea- man, Roach, Mullin © Mahoney, apud Sil- veira, Silvares ¢ Mar- ton, 2005). Esses da- dos fazem supor que © dlinico precisa estar atento ao tipo de im- pressio que causa no cliente desde 0 pri- meiro encontro. Os Epossivel que 0 cclente faga per- guntas sobre a vida pessoal do clinic. Em tais situagies, 0 profissional podera possivel, respond3- -las se for terapéu- tivo para o cliente constrangit profissional cuidados quanto & apresentasio pessoal do clinico, sua postura, seus gestos ¢ 0 modo como interage com 0 clience devem expres sar seguranga, dispo nibilidade —_afetiva, cordialidade, atengéo € competéncia Assim como no contrato, durante as interagées. de apre- sentagio do clinico, interpretagées sobre o comportamento do cliente ¢ de contingéncias que o mantém podem ser feitas. Por exemplo, um cliente pouco afetivo, que se esquiva de re- lacionamentos {ntimos ¢ que faz isso adotando uma postura objetiva e resolutiva, pergunta a0 profissional: “Vocé ¢ comportamental, nao @ Eu procurei essa abordagem que nio fica per dendo tempo com bobagens. Sei que voce vai resolver meu problema’. O clinico utiliza as interagées de sua apresentasio ao cliente como base para interpretagées do problema clinico ¢ para o estabelecimento de contingéncias para novos repertérios que se aproximam das metas terapéuticas. Os cuidados quanto 2 apresontagao pos soal do clinica, sua postura, seus gestos ‘© 0 modo como inte- rage como cliente ever expressar seguranga, disponi bilidade afativa, cor dialidade, atengaoe competéncia, > AESTRUTURA DOS ENCONTROS INICIAIS ‘Adotou-se neste capitulo a expressio “encon- twos iniciais” para designar um primeiro con- 116 Borges, Cassas & Cols, junto de sessGes que se diferencia das seguin- tes por enfatizarem a apresentagao entre 0 profissional ¢ 0 cliente, o estabelecimento do contrato terapéutico ea coleta de dados — que resultaré na formulagio do caso clinico. Nas clinicas-escola, © clinico, em geral, j dispoe do relatdrio de uma triagem realiza- da com o cliente, antes do inicio da terapia, 0 qual oferece elementos para se preparar para interagées iniciais. Nas clinicas particulates, 0 cliente faz um contato telefénico para o agen- damento da sessio informando, na secretaria, se é autoencaminhado, indicado por alguém conhecido ou ainda encaminhado por outros profissionais. Muitas vezes, 0 contato telefénico é feito diretamente para 0 profissional. Segundo Tsai, Kanter, Landes, Newring e Koblenberg (2009), até mesmo ainda durante o contato telefénico com o cliente potencial o clinico pode iniciar 0 estabelecimento de um relacionamento inten- so, aproveitando que, muitas vezes, por meio do contato telefénico, 0 cliente informa a ra 70 por que esté procurando terapia Para 0 atendimento infantil, as clinicas de treinamento costumam solicitar aos pais que comparegam sem a crianga & primeira en- revista, para, entio, agendar a sessio com a cianga, que seré um tanto quanto planejada ¢ estruturada (Silveira ¢ Silvares, 2003).! Sil- veira ¢ Silvates (2003) apresentam uma lista de atividades Iidicas ¢ seus possiveis empre- gos nas sessSes de entrevista clinica inicial com criangas. Além disso, nesse proprio livro € poss{vel encontrar uma segio inteira dedica- da ao trabalho com criangas (vide Segio I da Parte IID). Os objetivos indispenséveis no primeiro cncontro com o cliente, apés o contato telefS- nico, sio: acolher, promover confianga na pes- soa do tcrapeuta, instilar esperanga quanto a possibilidades de mudangas ¢ obter informa- g6es relevantes sobre 0 grau de softimento ¢ sobre expectativas quanto 20 tratamento que se inicia. Tsai, Kanter, Landes, Newring e Kohlen- berg (2009) recomen- dam, entre as tarefas da primeira sessi0, 0 estabelecimento de um ambiente confé- vel, seguro e que ins eesperansa. E também o momento de identi- ficar riscos para 0 cliente ou para pes- soas préximas dele. Por exemplo, quan- Os objetivos in- dispensaveis no primeiro encontro como cliente, apé 0 contato te ‘so: acolher, pro- mover confianga na pessoa do terapeuta, instilar esperanca quanto possibiida- des de mudanga: abterinformagoes. relevantes sobre 0 grau de sofrimento 6 sobre expectativas quanto ao tratamen: toque seinicia,. £ do hé ideagio suici-_ taubémo momento da, é importante sa- de identiicar riscos. para cliente ou para pessoas préx mas dele, ber se o cliente mora com alguém ou se tem rede de apoio social, ¢ contatd-la, se necessdério. Ou, em outro caso, supondo que uma mie relate se sentir deprimida a ponto de negligenciar os cuidados de scus filhos, os riscos para as criangas precisam ser considerados ¢ mini- mizados rapidamente. Este primeiro contato constitui o inicio da chamada Entrevista Clinica Inicial (ECI, Gongora, 1995) ¢ nao tem a pretensio de esgoté-la, Gongora (1995) ¢ Silvares ¢ Gon- gora (1998) apresentam um checklist para de- sempenho do clinico ao conduzir a ECI. A ECT foca a queixa ¢ dados a ela relaciona- dos ¢ identifica ex- Ps sobre 0 tratamento. E preferivel que no. inicio o clinica opte por fazer questies abertas,faciltando relatos mais amplos do cliente, o que dard ao clnico uma amostra de como 0 cliente se comparta, Durante este periodo o olinico deve aten- tar ao que o cliente esté verbalizando, tanto seu contetdo como a fungao, além de observar a forma como ele age duran- tea entrevista, tativas do cliente As perguntas abertas do comeso da ECI permitem algo que se aproxima de um ope- ante livre. Ao deixar que o cliente fique & vontade para falar no comeso da entrevis ta, clinico teré uma amostra de compor- tamentos. Assim, pode observar 0 que o clien- te verbaliza e faz, isto &, observa o contetido e a fungio das suas verbalizagdes. A ECI termi- na com a decisio acerca da indicagao ou nao do caso para algum tratamento psicoldgico. O envolvimento de outra pessoa na en- trevista é uma decisdo a ser tomada nos con- tatosiniciais. Por O clinica do identiicar quando for necessério ou néo envolver outras pessoas no processo clinico e tomar essa deciséo juntamente com cliente exemplo, a avé, que passa boa parte do tempo cuidando da ccrianga que foi leva- da & terapia, poders ser convidada para uuma sesso ¢ contri- buir, fornecendo informagées sobre a rotina ¢ especificidades do comportamento do neto em casa, O passo seguinte é identificar relagdes comportamentais mais estreitamente ligadas a0 softimento do cliente, aumentando a compreensio dos eventos jé identificados na ECL. Nessa fase, o cliente vai descrevendo os eventos que o fazem Opassosogunteé soles, sua histéria formular a anélise de vida, suas rela- do comportamento- -alvo, ou seja,iden- ges na familia ori- ginal atual e posst- atearasrelaoes, comportamentais veis repetigdes do PE Seer. ssocumaeqee—“oblemal comp TEU s0asc ambientes dis- (queixa apresentada. _—tintos, o que resulta em um autoconheci- mento essencial para as fases seguintes do tratamento. Neste ponto, as informagées ¢ interagées com o cliente diferenciam a quei xa clinica ¢ 0 problema clinico, Por exemplo, a queixa do cliente € “solidéo”, mas o pro- blema de interesse clinico é 0 que o cliente faz que mantém um contexto que o faz sen- tir solidio. Conforme Tsai, Kanter, Landes, Newring e Koblenberg (2009), nas sessdes iniciais, o clinico tem o objetivo de se estabe- lecer como um potencial reforgador positivo, 117 Clinica alitico-compartamental para fundamentar um relacionamento autén- tico que influenciar a mudanga clinica. O cliente costuma falar sobre muitos as- suntos durante os primeiros encontros € 0 tempo da sesso, em geral, parece pouco, O elinico pode aprovei- tar essa motivagio para falas, recomen- dando tarefas para casa, tais como escre- ver uma autobiogra- fia, preencher inven- tdrios (que permitam esse tipo de aplicagio), responder a questionétios, selecionar foros de situagGes ou pessoas relacionadas ao tema que foi tratado, etc. As peculiatidades do cliente podem ser exploradas para ajudar na avaliagio ¢ gerar autoconhecimento, Por exemplo: um cliente que é escritor poders ser convidado a taver seus contos na sessio seguinte. O clinico pode pedir que os pais tragam o boletim da ctianga, ou algum caderno, para completar a compreensio acerca do desempenho académi- co, enfim, diversos recursos externos A sessio podem ajudar 0 clinico a compreender seu cliente ¢ a agilizar a coleta de dados, A resolu- 40 CFP Ne 001/2009 dispée sobre a obrigs ‘As peculiaridades do cliente podem ser exploradas para ajudar na toriedade do registro documental decorrente da prestagio de servigos psicoldgicos. O evento do contexto terapéutico que indica a conclusio das sessies iniciais é 0 acordo entre terapeuta ¢ cliente, técito ou os- tensivo, quanto ao problema clinico ¢ 0 reco- nhecimento da importincia de um posicio- namento ou plano de asio ante as dificulda- des apresentadas, Nesse momento, o clinico dispée de informagées sobre os principa eventos componentes de uma interpretagio analitico-comportamental do caso. Coneluindo, em um processo clinico analitico-comportamental, terapeutas ¢ clien- tes se uansformam mutuamente durante as interages no contexto terapéutico, mesmo naquelas que parecem preliminares. Ao apresentat-se para o cliente ¢ estabelecer 0 118 Borges, Cassas & Cols, contrato do tratamento, o clinico observa ¢ interpreta os comportamentos do cliente, se possivel promovendo, desde entéo, mudan- gas terapéuticas, Quanto 4 estrucura das ses~ s6es iniciais, clas progridem da apresentagio entre terapeuta e cliente até uma compreen: sio do problema clinico, possibilitando o pla- rgjamento de intervengées futuras. > NOTA 1, Uma descrigéo diditica da entrevista elinica inicial com criangat ¢ adultos pode ser en vares ¢ Gongora (1998) > REFERENCIAS Banaco, R.A. (1993). 0 impacto do atendimento sobre a pessoa do terapewta, Temas em Psiclgia, 2(1), 71-79. Braga, G.L.B., & Vandenberghe, LM. A. (2006) Abran sginciac fungao da lagso erapéutica na terapiacomporta- mental. 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