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“Escrever é traduzir.

Mesmo quando
estivermos a utilizar
a nossa própria
língua.
Transportamos o que
vemos eo
que sentimos para
um código convencional
de signos, a
escrita...”
“...e deixamos às
circunstâncias e aos
acasos da comunicação
a responsabilidade de
fazer chegar à
inteligência do leitor,
não tanto a integridade da experiência
que nos propusemos transmitir,...”
“...mas uma sombra,
ao menos,
do que no fundo do
nosso espírito
sabemos bem
ser
intraduzível,
por exemplo...”
“...a emoção pura
de um encontro,
o deslumbramento
de uma
descoberta,
esse instante fugaz
de silêncio anterior à
palavra que vai ficar na memória como o rasto de
um sonho que o tempo não apagará por
completo.” José Saramago
“Muito universo,
muito espaço
sideral,
mas o mundo
é mesmo
uma aldeia.
José Saramago
Estamos numa aldeia
chamada Azinhaga,
no Alentejo português,
a região sul do país
onde se produzem
azeitonas, cortiça
e trigo.
E nesta
pequena aldeia,
modestas plantações
e criação de porcos
é o que há para
ser feito.
Jerónimo e Josefa
estão particularmente
felizes hoje, 16 de
novembro de 1922,
pois é o dia que viu
nascer o seu mais novo
neto,
a quem o destino
conferiu o nome de
José Saramago.
Livros e letras
não fazem parte
da rotina deste casal
de camponeses,
bem como de tantos
outros vizinhos.
As poucas palavras
faladas lhes servem
aos propósitos, e o seu
mundo é o quintal
que em breves minutos
percorremos.
Na primavera de 1924,
os pais de Saramago,
Maria da Piedade
e José de Sousa,
abandonam o seio
do campo e se mudam
para Lisboa,
onde ele conseguiu
um novo trabalho como
policial do trânsito.
Em Lisboa,
Maria da Piedade
passa a cuidar dos
afazeres domésticos,
e se dedica aos filhos,
Francisco, de quatro
anos,
e José Saramago, que
conta com dois anos
de idade.
No mês de dezembro
do mesmo ano em que se
mudam para Lisboa,
o filho mais velho
do casal, Francisco,
com apenas quatro
anos de idade,
morre de
broncopneumonia.
Uma dor que
Maria da Piedade
carregará pelo restante
dos seus dias.
Saramago passa a
frequentar a escola
primária
na capital, e já é fluente na
leitura, aos oito anos.
Sua mãe o envia nas férias
para Azinhaga, para
o contato com o campo
e com os avós maternos.
E nas temporadas que passa na aldeia dos avós,
o pequeno José sente-se feliz como um pássaro
livre.
O contato com a Natureza – a inocência,
cheia de beleza e serenidade, das coisas puras.
Os peixes que, nadando velozes, mantêm-se,
por vezes, imóveis contra a força da corrente...
Anos mais tarde, recordará Saramago
algumas lembranças do avô Jerónimo:...
“Recordo daquelas
noites mornas de Verão,
quando dormíamos
debaixo da figueira
grande,
ouço-o falar
da vida que teve,
das histórias e lendas
da sua infância
distante.”
“Adormecíamos tarde,
bem enrolados
nas mantas por
causa do fresco da
madrugada...”
As lembranças da
pequena aldeia
e o tempo passado na
companhia dos avós
– as grandes referências
morais e sentimentais
na sua vida –
acompanharão
o pequeno José pelos
anos e décadas
vindouros.
O tempo passa e
transforma crianças
em jovens adultos.
Por falta de recursos,
Saramago não
chega a concluir
o secundário,
trocando os estudos
acadêmicos pelo
curso de serralharia
mecânica numa escola
técnica de Lisboa.
Aos dezenove anos
passa a trabalhar num
hospital, fazendo a
manutenção do
maquinário.
Com o trabalho a
consumir as horas do
dia, cultiva a rotina de
dedicar a noite à leitura.
Todas as noites,
depois de jantar,
vai a pé, apesar da
longa distância, até a
biblioteca pública de
Lisboa,
onde permanece até
a hora de fechar,
lendo tudo o que pode.
São estas leituras as
suas aulas, o seu
professor,
o seu mestre...
Sobre esta fase,
recordará anos
mais tarde:...
“Como gostava de,
um dia, começar a
escrever, afinal, ser um
escritor!
E ser escritor era para
o jovem José
uma reflexão sobre a
vida
e os seus absurdos...”
“Guiado talvez pela
beleza da persistência,
ainda que trêmula,
de uma daquelas
estrelas que vira no céu
na casa do avô
Jerónimo
e da avó Josefa,
decidiu ser todo uma só
vontade, todo um
atrevimento e lançou-se
no voo alto de
escrever...”
Em 1944, aos 22 anos
de idade, casa-se com a
pintora Ilda Reis,
sendo que três anos
mais tarde, em 1947,
nasce
a filha, que recebe
o nome Violante.
Neste ano também
publica o seu primeiro
livro, ‘Terra do
Pecado’.
José Saramago, Ilda Reis e a filha Violante, 1951
Pais e filhos – a convivência gera laços;
no entanto, o amor, a admiração
e o carinho necessitam ser construídos.
Leva tempo, atenção e cuidado
arar a terra que fecunda
afeição e ternura, respeito e carinho.
José Saramago
e Violante
Leva tempo, atençãoàse margens
cuidado
arar a terra que do rio Almonda
fecunda
Azinhaga,
afeição e ternura, respeito 1951
e carinho.
“A expressão
vocabular humana
não sabe ainda
e provavelmente
não o saberá nunca,
conhecer,
reconhecer
e comunicar
tudo quanto é
humanamente
experimentável
e sensível.”
José Saramago
“A expressão
vocabular humana
não sabe ainda
e provavelmente
não o saberá nunca,
conhecer,
reconhecer
e comunicar
tudo quanto é
humanamente
experimentável
José Saramago
e sensível.”
e Violante
José Saramago
Azinhaga, 1953
Embora tenha seu
primeiro livro,
‘Terra do Pecado’,
ignorado pela crítica,
Saramago continua
a escrever, tendo
diversos contos e
crônicas publicados em
jornais e revistas.
A sua paixão pela
literatura leva-o
a conseguir posições
de certo destaque
no meio editorial,
atuando como
colunista, revisor,
tradutor e
crítico literário.
Com aproximadamente
quarenta anos de idade,
seu nome começa a
ser conhecido no campo
da literatura e cultura
em Portugal.
Saramago passa a
ocupar diversas funções,
como coordenador do
suplemento de cultura
do jornal ‘Diário de
Lisboa’,
e diretor-adjunto do
‘Diário de Notícias’.
Em 1970,
Saramago
e Ilda Reis se
divorciam.
E em 1975,
ao deixar a
função de
editorialista do
jornal onde
trabalha,
resolve dedicar-se
exclusivamente
à literatura.
Em 1980, aos 58
anos de idade,
Saramago publica
o seu segundo
romance, chamado
“Levantado
do Chão”.
Desta vez,
a acolhida é
bem diferente;
a obra é recebida
com êxito, tanto
pela crítica,
quanto pelo público,
em Portugal.
Os livros que se seguem
nos anos seguintes são
igualmente aclamados
pelo país afora.
Aos sessenta e poucos
anos de idade
Saramago dá início
a uma tardia e
improvável carreira
literária.
Estamos em 1986,
Saramago encontra-se
com 63 anos de idade.
Separado, com a
filha já adulta.
Realizou o sonho de
escrever e ser lido.
Com um sucesso
considerável em
Portugal , parece um
homem satisfeito com a
vida que lhe
fora destinada.
“Aos 63 anos de idade,
o que um homem
pode ainda esperar da
vida?...”
afirmaria numa
entrevista,
“Não muito...”.
Mas o futuro
ainda lhe reserva
algumas surpresas...

( fim da primeira parte


desta apresentação )
1986 - Sevilha, Espanha.
Uma jornalista espanhola, nos seus trinta
e poucos anos, passeia por uma livraria
à procura de títulos interessantes.
Ao passar por uma estante que contém
alguns livros separados para serem
devolvidos à editora, se depara com um
título
Mesmo sem ter ouvido falar do autor,
ela resolve comprar o livro, sem poder
imaginar
as consequências que tal decisão,
Coincidências da vida, dirão alguns,
enquanto outros atribuirão o ocorrido
ao destino, ao acaso, ao inevitável...
O livro se chama
‘Memorial do
Convento’.
E a jovem jornalista
que o
acaba de adquirir,
Pilar del Río.
Blimunda,
a protagonista
de ‘Memorial do
Convento’,
ocupa um lugar
especial dentre todos
os personagens
femininos criados por
Saramago.
Pilar gosta tanto do livro que
compra vários exemplares para
presentear às melhores amigas,
comentando sua grande vontade
de conhecer
esse homem
capaz de tocar
tanto a alma
feminina
através de
Blimunda.
Ela procura outros livros de
Saramago, e diante da revelação
e fascinação
sentida após cada leitura,
resolve entrar em
contato com o autor.
Pilar recordará mais tarde:
“Senti que tinha a obrigação
moral de dizer a José Saramago o
que tinha experimentado. Um
autor só acaba a sua obra quando
o livro é lido e
entendido.
E eu queria
dizer-lhe:
completou-se o
ciclo, li-o e
entendi.”
Uma bela tarde,
toca o telefone na
casa de
Saramago.
Pilar se identifica,
dizendo ser uma
leitora e admiradora.
Conversam sobre
os livros de
Saramago, sobre a
literatura,
sobre a vida...
E ao fim da
conversa, combinam
de se encontrar
numa cafeteria em
para umaLisboa,
entrevista
que Pilar propõe
realizar para o jornal
em que trabalha.
Por ocasião do
encontro, aproveitam
para passear pela
cidade de Lisboa, e
falam de quase tudo.
Depois, ela retorna
para Sevilha.
“Com uma
estranha paz.”
No dia seguinte, Saramago retribui a visita
de Pilar a Lisboa, enviando-lhe uma carta,
acompanhada de rosas.
Caminhos que se entrecruzam,
vidas prestes a se mudar para sempre...
Coincidências da vida, dirão
O destino, o alguns.
acaso, o inevitável,
afirmarão outros...
Há quem afirme que as histórias de amor,
todas elas, desde o início dos tempos,
se parecem, se repetem.
O que muda são os nomes,
os detalhes,
os corações...
As idas e vindas entre Sevilha e Lisboa,
onde Pilar e Saramago residem,
respectivamente, passam a se tornar cada
vez mais frequentes.
Os 28 anos de vida que separam Pilar,
com 34 anos, e Saramago, 63, se
tornam um mero detalhe diante do amor
que sentem.
Em outubro de 1988
celebram o casamento.
Ao lado de Pilar, Saramago inicia o que
chama de sua ‘segunda vida’.
Saramago observa que aos 63 anos, “quando
já não se espera nada”, encontrou “o que
faltava para passar a ter tudo” – Pilar.
Ela, espanhola: sonhadora, lutadora,
vive a batalha de mudar o mundo;
Ele, português: melancólico, sereno...
Uma combinação perfeita.
Os livros que
Saramago passa
a escrever
desde então
são todos
dedicados a
ela.
“A Pilar,
minha casa”
“A Pilar,
os dias todos”
“A Pilar,

até ao
último
Com a mudança para Lisboa,
Pilar abandona a carreira
jornalística que exercia
na televisão espanhola.
É a primeira leitora dos textos
de Saramago, e a tradutora das obras
do marido para o
espanhol.
Em 1991, Saramago
publica o livro
“O Evangelho
segundo Jesus Cristo”,
onde conta a história
de Jesus de forma
moderna, sob um
olhar narrativo
que humaniza Cristo.
Em 1992, a Secretaria
de Cultura de
Portugal veta a
inscrição do livro na
disputa do Prêmio
Literário Europeu,
por considerá-lo
“ofensivo para o
catolicismo do povo
português.”
Em reação a tal veto,
que considera
censório, Saramago se
muda de
Portugal,
passando a fixar
residência na
ilha de Lanzarote,
Ilhas Canárias.
E é em seu escritório em Lanzarote
que Saramago escreve um de seus
romances mais conhecidos – “Ensaio sobre a
Cegueira”.
Escrito em 1995, próximo à virada do milênio,
o romance aborda uma epidemia de
cegueira repentina que acomete a inteira
população de uma cidade.
A cegueira como uma alegoria para o estado
de crise por que passa a atual sociedade,
onde, frequentemente, os limites entre
civilização e barbárie são rompidos. 
A cegueira
descrita no livro
é uma “cegueira
branca”,
pastosa, como se
alguém tivesse
A cegueira como uma alegoria...mergulhado de
para o estado
de crise por que passa a atualolhos abertos
sociedade,
num “mar de
leite”.
“Trevas
brancas” a
anuviar o olhar
daqueles que,
tendo olhos,
não
conseguem (ou
se recusam a)
enxergar.
Uma cegueira por
vezes associada ao
avanço
irrefreado do
consumismo e
do materialismo,
que faz com que
os homens
percam a
consciência de si,
se deformem,
se
massifiquem e
Uma cegueira
que promove
a ruptura com
a nossa
própria
essência –
a compaixão,
o cuidado,
a
solidariedade..
.
“Penso que
estamos cegos,
Cegos que vêem,
Cegos que,
vendo, não
vêem.”
José Saramago
“Se podes

olhar, vê.
Se podes
(epígrafe do livro
ver,“Ensaio
repara”.sobre a
Cegueira”)
“Somos a memória
que temos
e a responsabilidade
que assumimos.
Sem memória
não existimos,
sem
responsabilidade
talvez não
mereçamosJoséexistir.”
Saramago
1995 – Saramago
recebe o Prêmio
Camões, o mais
importante da
literatura da língua
portuguesa.
1998 – Recebe o
Prêmio Nobel de
Literatura,
tornando-se o
primeiro autor da
língua portuguesa
a receber a
homenagem.
1998 – Recebe o
Prêmio Nobel de
Literatura,
tornando-se o
primeiro autor da
língua portuguesa
a receber a
homenagem.
Saramago, aos 76 anos de
idade, recebe o Prêmio
Nobel das mãos do rei da
Suécia.
Estocolmo, 1998
Ao receber o prêmio, Saramago inicia seu
discurso com uma homenagem ao avô, o
camponês Jerónimo Melrinho, o que também
pode ser visto como uma crítica à
pompa das instituições literárias:...
“O homem mais sábio que
conheci em toda
minha vida não sabia
ler nem escrever...”
E passa a discorrer sobre memórias de sua
infância, suas fontes de inspiração e formação,
e sobre alguns de seus principais livros e
personagens.
Com a conquista do prêmio Nobel, inicia-se
uma nova fase na vida de Saramago e Pilar.
O público leitor de Saramago multiplica-se.
Os livros são traduzidos em 42 línguas,
publicados em 53 países, e vendem
Com a conquista
milhões dedo prêmio Nobel,
exemplares mundoinicia-se
afora.
uma nova fase na vida de Saramago e Pilar.
O público leitor de Saramago multiplica-se.
Os livros são traduzidos em 42 línguas,
publicados em 53 países, e vendem
Com a conquista
milhões dedo prêmio Nobel,
exemplares mundo inicia-se
afora.
uma nova fase na vida de Saramago e Pilar.
Plateias numerosas, por vezes superiores
a mil pessoas, ouvem avidamente suas palavras.
“Acho que na sociedade actual
nos falta filosofia...”
“Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do
trabalho de pensar, e parece-me que,
sem idéias, não vamos a parte
nenhuma.”
“Falamos muito ao longo destes últimos
anos dos direitos humanos; simplesmente
deixamos de falar de uma coisa muito
simples,...”
“...que são os deveres humanos, que são
sempre deveres em relação aos outros,
sobretudo.
E é essa indiferença em relação ao outro,
essa espécie de desprezo do outro,...”
“...que eu me pergunto se tem algum sentido
numa situação ou no quadro de existência
de uma espécie que se diz racional.”
“...que eu me pergunto se tem algum sentido
“O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de
numa situação ou no quadro de existência
generosidade, as pequenas cobardias do
de uma espécie que
quotidiano,se diz racional.”
tudo isto contribui
para essa perniciosa
forma de
cegueira mental...”
“...que consiste em
estar no mundo e não
ver o mundo ou só ver
dele o que,
em cada momento, for
susceptível de servir os
nossos interesses.”
“Temos que acreditar nalguma coisa e,
sobretudo, temos de ter um sentimento de
responsabilidade
colectiva, segundo o
qual cada um de nós
será responsável por
todos os outros.”
“A prioridade absoluta
tem de ser o ser
humano.
Acima dessa não
reconheço nenhuma
outra prioridade.”
José Saramago
E fazendo uso do
espaço, da atenção
e notoriedade
conferidos pelo
prêmio Nobel,
Saramago denuncia
as injustiças sociais,
e defende com
coração e alma as
causas que
abraça:...
Os cuidados com a infância;
A educação de qualidade;
Os direitos dos povos nativos
da América Latina;
O combate à
violência doméstica;
A luta pelo fim dos
maus-tratos contra animais;
A questão dos refugiados;
O sofrimento do povo
palestino;
dentre tantas outras.
Aos oitenta anos de
idade,
guarda o vigor juvenil
de se revoltar contra
toda injustiça, e
não permite que se
morra nele o desejo de
mudar o
O engajamento
mundo. sempre
em prol do humanismo.
“Estou convencido
de que é preciso
continuar a dizer não,
mesmo que se trate
de uma voz
pregando no
deserto.”
José Saramago
Em 2007, aos 85 anos, Saramago é agraciado
com
o“Estou
prêmioconvencido
“Amigo das Crianças”, concedido
pela de que é preciso
fundação ‘Save the Children’.
continuar a dizer não,
mesmo que se trate
de uma voz
pregando no
deserto.”
José Saramago
Segundo a fundação, o prêmio é um
reconhecimento ao grande empenho na
procura de “um mundo melhor em que todas
as crianças tenham esperança e
oportunidades”,...
...salientando, ainda, o “compromisso ativo
pela paz” e o “apoio continuado às
campanhas e projectos relacionados com a
infância e com
os mais desfavorecidos”.
Dentre os livros de Saramago encontra-se
um dedicado ao público infantil
– “A Maior Flor do Mundo”.
Foto tirada em novembro de 2005.
Pilar é uma companhia constante nos
intermináveis compromissos e viagens.
Igualmente defensora de inúmeras causas
humanitárias, atua como confidente,
conselheira, tradutora e é quem organiza a
Estão sempre juntos – em Lisboa e Lanzarote
ou pelo mundo – e de mãos dadas.
Estão
Umsempre
amor e juntos – em Lisboa
uma admiração e Lanzarote
singulares –
ouenvolvente
a aura pelo mundo – eraros
que de mãos
casaisdadas.
emitem...
“Pilar, se eu tivesse morrido aos 63 anos, antes
de te conhecer, morreria muito mais velho do
que serei quando chegar a minhaJoséhora.”
Saramago
“Pilar,Em meio
se eu às constantes
tivesse morrido aosviagens, é na
63 anos, antes
de te conhecer, morreria muito mais velho do
residência
que Lanzarote,
em serei quando
comchegar
vista apara
minha hora.”
o José
mar, que
Saramago
E mesmo com a agenda corrida, ele reserva tempo
para escrever ao menos duas páginas diárias – que
totalizará um livro ao fim de um ano, conforme
Por diversas vezes,
Saramago e Pilar
visitam o Brasil,
onde cultivam
muitas amizades.
Jorge Amado,
Chico Buarque,
Leonardo Boff,
Sebastião Salgado,
Lygia Fagundes
Telles Paulo Freire,
Betinho, Frei Betto,
entre tantos outros.
A calorosa acolhida dos intelectuais
brasileiros também se reflete na relação de
Saramago com o seu público leitor no
Certa vez, diante da cativa platéia e da efusão
de beijos e abraços que se seguiram,
exclama:...
“Esta gente
quer me
matar de
amor!”

Certa vez, diante da cativa platéia e da efusão


de beijos e abraços que se seguiram,
exclama:...
Saramago também manifesta um carinho
especial pelos jovens e
adolescentes.
Frequentemente aceita convites para visitar
escolas, proferir palestras e participar de
debates.
“Nem a juventude sabe o que pode,
nem a velhice pode o que sabe.”
José Saramago
Saramago, rodeado pela família – foto tirada em 1993,
na varanda da casa de Lanzarote.
A filha, Violante, os netos, Pilar e Juan Jose – filho
e o genro, Ana e do primeiro casamento,
Danilo; Tiago. (que segura o cãozinho
Camões).
Ao mesmo tempo
em
que cultiva
a
conhecida
Saramago também
nutreseriedade,
uma notória
leveza e um bom-
humor constante.
Certa vez, declara
gostar da seção de
quadrinhos dos
jornais.
“Confesso que
gosto muito do
Calvin e do
Hobbes, do
Snoopy,
do Garfield,...”
“...daquela Mafalda
sábia e subversiva,
de quem continuo a
ser discípulo fiel.”
“A vida é breve,
mas cabe nela
muito mais
do que somos
capazes de
viver.”
José Saramago
“Fugir da morte
pode tornar-se
num modo de
fugir da vida.”
José Saramago
“O homem é o
único animal
capaz de chorar.
E de sorrir.
É diante do mar
que o riso e a
lágrima
assumem uma
importância
absoluta.”
“Dir-se-á que
mais
profundamente
a assumiriam
masdiante
esse, do
digo
universo,
eu, está
demasiado
longe, fora do
alcance duma
compreensão
comum.”
“O mar é
o universo
perto de nós.”
José Saramago
Em 2007, Saramago é hospitalizado durante
longos meses, devido a uma grave doença
Tão logo se recupera, conclui o livro
“A Viagem do Elefante”,...
...e faz questão de viajar para o Brasil, aos 85
anos de idade, para o lançamento mundial da
A escolha do Brasil para o
lançamento mundial é um
presente ao carinho e
...e faz questão
amizade dosdebrasileiros.
viajar para o Brasil, aos 85
anos de idade, para o lançamento mundial da
16 de novembro,
2008, aniversário de
86 anos.
A notória lucidez
e a acuidade da
sua reflexão
filosófica
permanecem
inabaláveis,
contrastando cada
dia mais com a
saúde física
debilitada.
“A vida é como
uma vela que vai
ardendo,
quando chega ao
fim lança uma
chama mais forte
antes de se
extinguir.”
“Creio que estou
no período da
última chama...”,
afirma Saramago
diante das
crescentes
limitações
impostas pela
saúde frágil .
Janeiro de 2010 –
Haiti é sacudido por
um forte tremor, que
deixa milhares de
mortos, feridos e
desabrigados.
Saramago, aos 87 anos de
idade,
já não tem a força nem a
saúde para empreender
viagem, de modo a levar a sua
solidariedade
Apesar da distância, desde a
ilha de Lanzarote, encontra
um meio de contribuir, e de
lançar o seu incansável
apelo
para a humanidade.
Ele convence sua editora a
publicar uma edição especial do
livro “Jangada de Pedra”, que
terá a renda revertida
integralmente em prol do
povo haitiano.
Mais que um gesto de ajuda,
um sopro de alento, nestes
dias de fria indiferença,
nestes tempos tão desprovidos
de compaixão social e
caridade.
– Uma ‘Jangada de Pedra’
a caminho do Haiti –
“Porque todos temos
uma obrigação.”
José Saramago
Abril de 2010, a saúde física de Saramago
a tal ponto está debilitada que o seu médico
lhe impõe repouso absoluto.
O repouso absoluto, observa o médico,
abrange também a escrita, ou seja,
Saramago deverá parar de escrever.
Diante da renúncia derradeira à escrita
que acaba de ser imposta ao esposo,
Pilar sente que a recuperação será um milagre.
“...enganadora é sim
a luz do dia,
faz da vida uma
sobra apenas
recortada,
só a noite é lúcida,
porém o sono
a vence,...”
“...talvez para nosso
sossego e descanso,
paz à alma
dos vivos.”
José Saramago
(em ‘O Ano da Morte
de Ricardo Reis’)
Mês de maio, 2010
Durante as últimas semanas,
Saramago quase não fala, mas ri, e segue
rindo.
Embora participe dos jantares e cafés da
manhã
que Pilar carinhosamente lhe prepara,...
...parece nutrir outras fomes e outras
necessidades,
anseios que a este mundo já não mais pertencem.
Ele está aqui e não está, mas sorri.
“...o espírito não
vai a lado nenhum
sem as pernas do
corpo,
e o corpo não seria
capaz de mover-se
se lhe faltassem as
asas do espírito.”
José Saramago
(em ‘Todos
os Nomes’)
Ele está aqui e não está, mas sorri.
No dia 18 de junho,
depois de uma noite
serena e tranquila,
Saramago falece na sua
residência em
Lanzarote,
acompanhado de Pilar e
de sua família,de
“despedindo-se
forma serena e
plácida.”
Em se havendo
outros mundos,
e havendo lá também
oprimidos e
necessitados,
estes ganharam
uma voz a defendê-los
e quem se importe com
eles...
E em se havendo
outros mundos ainda,
talvez lá tenham
se reencontrado
o pequeno José estes ganharam
e os avós tão amados, uma voz a defendê-los
Josefa e Jerónimo. e quem se importe com
eles...
“Dentro de nós
há uma coisa que
não tem nome,
essa coisa é
o que somos.”
José Saramago
Segundo o amigo e
teólogo Leonardo Boff,
Saramago cultivava
“a espiritualidade como
sentimento do mistério
do mundo,,

da profundidade
humana
e do amor
aos oprimidos.”
Leonardo Boff
descreve a tarde que ele
e a esposa, Márcia,
passaram
na companhia
de Saramago e Pilar
como “um festim de
espiritualidade”.
“Ganhamos um amigo
e a fé me diz que
ele agora mergulhou
naquele Mistério de
amor que sempre
buscou.”
Leonardo Boff
“Quando me for deste mundo,
partirão duas pessoas.
Sairei, de mão dada, com essa criança que
fui”. José Saramago
Tema musical:
Primeira Parte: ‘Illumination’, White Stones
Segunda Parte: ‘Moment musical n.3’, Schubert
Formatação: um_peregrino@hotmail.com
Obrigado,
Saramago.

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