Fernando Pessoa
1996
Camocardi, Elêusis M.
C185m Mensagem: História, Mito, Metáfora / Elêusis M.
Camocardi - São Paulo : Arte & Ciência, 1996.
p. 124 (Universidade Aberta, v. 21)
ISBN : 85-86127-04-3
1. Pessoa, Fernando, 1888-1935. 2. Poesia portu-
guesa - Crítica e interpretação. 3. Poesia e história -
Século XX. I.Título. II.Série.
CDD 869.109
Bibliografia ..................................................................................113
Introdução
I. Os Campos
“Os Campos”subdividem-se em dois: “Primeiro/Os
Castellos”, “Segundo/O Das Quinas”, sendo este interior àquele.
Como o país descrito no “Brasão” é Portugal da Idade Média,
esses dois Campos associam-se aos campos de batalha onde os cavalei-
ros demonstravam sua força bélica.
No Campo dos Castelos estão representados os fundadores
de Portugal, começando pelos mitos da origem e evoluindo para a di-
mensão histórica. No campo das Quinas estão representados os cinco
mártires, correspondendo os dois primeiros ao corpo e os três últimos à
alma da nação. Pode-se interpretar o Campo dos Castelos como
correspondendo à vida ativa e o das quinas à vida contemplativa.
Primeiro / Os Castellos
II - Os Castellos
Primeiro / Ulysses
Segundo / Viriato
Na economia de Mensagem Viriato representa o componente
Ibérico de Portugal, e pode ser considerado a matéria, o corpo do país
embrionário, enquanto Ulisses é a forma, segundo a filosofia arístotélica.
Porém, segundo a mesma concepção, a matéria não existe sem a forma,
parece confirmar-nos Pessoa nos versos iniciais:
Se a Alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instincto teu
Esses versos remetem-nos também à alegoria platônica da
caverna, segundo a qual o homem, afastado da Perfeição, só por meio
21
Quarto / D. Tareja
Sexto / D. Diniz
IV - A Coroa
Nunalvares Pereira
V - O Timbre
Em sentido simbólico, em sentido heráldico e em sentido
hermético, convergem, emblematicamente, na constituição do “grifo”
do “Brasão” de Mensagem, o rei dos animais e a rainha das aves.
Enquanto a figura do leão é a própria encarnação do poder, da sabedoria
e da justiça, e, pois que “símbolo solar e luminoso ao extremo”36
relaciona-se ao mestre ou soberano, “a águia é a encarnação, substituto
ou mensageiro da mais alta divindade uraniana e do fogo celeste (...)
atributo de Zeus e do Cristo” 37, coroando o símbolismo dos estados
espirituais superiores e da percepcão direta da luz intelectiva, porque
só ela é capaz de fixar o sol sem ter os olhos queimados. Convém
lembrar, também, que em certas obras de arte da Idade Média, a águia
era identificada ao Cristo, exprimindo, a um só tempo, a sua ascensão e
a sua realeza. 38
Por essas considerações gerais, podemos observar como foi
rigorosa e apropriada a seleção das figuras para a constituição do Grifo:
para a cabeça, o Infante D. Henrique, para as duas asas, D. João II e
Afonso de Albuquerque. É necessário constatar também que os três
poemas do timbre são dedicados apenas ao componente águia (parte
superior do Grifo) e isso se justifica porque as figuras enaltecidas estão
na base dos descobrimentos e das conquistas de novos horizontes.
o que, além de ser uma imagem é uma realidade; ele tem realmente o
mundo em suas mãos, um mundo que ninguém conhecia “o mar novo”
por isso é “o único imperador” do qual se pode fazer tal afirmação.
Esses versos nos remetem também à esfera armilar da doutrina
ptolomaica do universo e à Escola de Sagres, onde o Imperador se nos
apresenta como um visionário com os olhos fixos nos longes, nas suas
longas noites de estudo e contemplação - “manto de noite e solidão”
Como a “Cabeça do Grypho”, o Infante é um microcosmo
que possui a visão da totalidade cósmica, do passado ao futuro, e por
isso se justifica o Poeta tê-lo celebrado como “o único imperador que
tem, deveras, / o globo mundo em sua mão”.
A estaticidade e o imobilismo da sua figura sugerem que os
descobrimentos teriam sido realização dos desígnios divinos. É inte-
ressante observar, ainda, que, no poema, metonimicamente se enfatizam
os pés e as mãos do Infante: aos seus pés tem o futuro e o passado - “O
mar novo e as mortas eras” - e na mão traz o mundo todo. Com essa
imagem, o Poeta refere que as caravelas portuguesas, sob o comando
do Infante de Sagres, estiveram na origem de todos os mares e de todas
as terras que formam o mundo. Dai, por antonomásia, merecer do Poeta
o epíteto de “o único imperador” espécie de herói sobrenatural que
desfruta, com a impassibilidade dos deuses, a glória de ter vencido.
I - O Infante
II - Horizonte
Este poema, constituído por dezoito versos distribuídos em
três sextilhas, é elaborado na dualidade histórica e esotérica.
No aspecto histórico, o Poeta exalta o alargamento do es-
paço e a possessão efetiva do mar, antes povoado de temores e obstáculos
gerados pela ignorância e pela imaginação.
Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mysterio,
Abria em flor o Longe, e o Sul siderio
Splendia sobre as naus da iniciação.
No aspecto esotérico, o poema remete ao sentido de
“telestai”, de iniciação. Iniciar é, de certo modo, fazer morrer; mas é
uma morte considerada uma saída, porque é a passagem de um lugar ou
de um estado para outro. Metaforicamente o iniciar exige uma
transformação essencial para a ascensão a uma nova vida. E o mar,
como água-mãe, matriz geradora e símbolo da dinâmica da vida, é
justamente o caminho para a iniciação ou metamorfose. Considerado o
lugar dos nascimentos, das transformações e dos renascimentos,
simboliza, outrossim, um estado transitório entre as possibilidades ainda
informes e as realidades configuradas: a imagem da vida e a imagem da
morte.
Os navegadores portugueses, como “telestai”, desvendaram
“a noite” e “a cerração”, “as tormentas” e “os mysterios” do mar
tenebroso, e, nessa ultrapassagem de obstáculos, operaram a
transformação para uma nova vida de conquistas: “Abria em flor o
Longe, e o Sul sidério / Splendia sobre as naus da iniciação”. O
desvendar dos mares foi também uma autêntica gnose.
Na segunda estância o Poeta descreve as viagens portuguesas,
a ação das descobertas. Cada terra descoberta é um festival de cores,
44
III - Padrão
Em processo dialético entre presente e futuro, finito e infinito,
matéria e espírito, vontade humana e desígnio divino, o poema consti-
tui-se de quatro quadras e, iconicamente, apresenta-se elaborado em
movimento ascensional. Na primeira estrofe, Diogo Cão declara que
ergueu um padrão; na segunda explica o seu significado; na terceira,
esclarece sobre o significado metafórico das Quinas, e na quarta, o
significado transcendental da Cruz do padrão.
O padrão representava a soberania de Portugal sobre os lu-
gares descobertos. Foi Diogo Cão, escudeiro do Rei D. João II, quem,
em 1482, partiu para levar mais longe o nome de Portugal, em expedição
que atingiria a África (embocadura do Rio Zaire ou Congo). Por reco-
mendação do rei, ele deveria assinalar os lugares conquistados, não
mais com inscrições em troncos de árvores ou com cruzes de madeira,
como até então era o costume, mas colocando autênticos e duradouros
padrões de soberania. O padrão passa a ter a forma de um cilindro,
sobre o qual pousa um cubo e ao cimo deste uma cruz, a atestar a
45
dos mundos e dos deuses, a que o próprio Pessoa se refere numa carta a
Casais Monteiro, datada de 13 de janeiro de 1935 49 . O movimento ascen-
dente vai do cubo, junto à terra, até a cruz, no alto, demonstrando a conju-
gação do esforço humano e a predestinação divina para a realização da
obra portuguesa.
IV - O Mostrengo
VI - Os Colombos
VII - Occidente
X - Mar Portuguez
O título dado a este poema é elucidativo acerca do veículo
através do qual o povo “portuguez” cumpriu a missão para que estava
predestinado: o “mar”.
56
XII - Prece
III - As Quinas
- “almou meu ser” - pode-se observar a união entre o Ser e a sua função:
o homem D. Duarte (matéria) exerceu função de Rei (forma) “Em dia
e letra escrupuloso e fundo” por imposição de desígnios divinos (Deus)
e vontade humana (D. João I).
Segundo a História, os cinco anos do reinado de D. Duarte
foram cheios de amargura e discórdias familiares. Durante algum tempo
hesitou o rei em aderir às campanhas guerreiras e, pesado revés, Portugal
foi duplamente vencido: perdeu a batalha e o Infante D. Fernando,
Mestre de Avis, acabou seus dias no cativeiro. Para coroar os infortúnios
de seu reinado, D. Duarte vê o país assolado pela peste, em 1438.
Enquanto o Conde D. Henrique foi um herói inconsciente,
segundo o Poeta, D. Duarte assumiu os destinos da nação consciente
de seus deveres, embora não fosse essa a sua vocação. O adjetivo
“firme” reforça a idéia do dever cumprido: “Firme em minha tristeza,
tal vivi”. Das páginas do seu Leal Conselheiro depreende-se a
inclinação do Rei para a melancolia, para a depressão, para o ceticismo,
não só próprias de um filósofo estóico - “Cumpri contra o Destino o
meu dever” - mas também devido ao remorso pelo sofrimento e martírio
de seu irmão D. Fernando, cativo em Fez.
Tanto D. Duarte, como seu irmão, o Infante D. Fernando,
foram heróis que cumpriram uma missão: o primeiro foi moldado para
ser Rei; o segundo foi predestinado para servir a Deus, como cavaleiro
da Cruz e para a Guerra Santa.
seu em honra e em desgraça” para uma vida devota, mas também para
uma vida de infortúnios e de desgraças. Como o próprio Cristo e em
nome de Cristo, a sua morte foi um sacrifício para a salvação seu povo.
Nos versos “Às horas em que um frio vento passa / Por
sobre a fria terra” D. Fernando alude ao momento da investidura de
Cavaleiro de Cristo como um momento de presságios, de mau agouro:
“frio vento passa”, “fria terra”.
Na segunda quintilha, no sentido patente, há reprodução
fiel de uma das fases do ritual da investidura: as bênçãos espirituais.
Poz-me as mãos sobre os hombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além que me consome,
E este querer grandeza são seu nome
Dentro em mim a vibrar.
É interessante observar que a bênção divina sobre o Infante
Santo é relatada em sentido pleno, ou seja, abrangendo as três pessoas
da Santíssima Trindade: Deus dá-lhe a espada, Cristo fá-lo seu
colaborador na obra da salvação e o Espírito Santo ilumina-o com sua
graça, impulsionando-o a prosseguir na sua missão: “doirou-me / A
fronte ...”, “E esta febre de Além que me consome”.
D. Fernando oferece-se a D. Duarte para seguir com a expe-
dição a Tânger, assumindo o lugar de seu irmão D. Henrique,
pretextando ser este indispensável para o prosseguimento das
navegações. Sacrifica-se sem vacilações, com a vocação de mártir a
serviço da fé cristã:
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois, venha o que vier, nunca será,
Maior do que a minha alma.
Servindo com zelo e com presteza, cumpriu o seu dever:
missionário de Cristo, impulsionado pela “febre de Além” e com sede
de “grandeza”, partiu para as terras africanas a serviço da cristianização
e aí terminou os seus dias em grande sofrimento.
não-ser que abre o primeiro verso e o “nada” que fecha o último; entre
o “ninguém” que D. João significou historicamente e o “pae de amplos
mares” que seus irmãos simbolizaram, à vastidão das almas de seus
irmãos, opunha-se a sua estreiteza e pequenez. 63
NÃO FUI alguém. Minha alma estava estreita
Entre tam grandes almas minhas pares,
Inutilmente eleita,
Virgemmente parada;
Por que é do portuguez, pae de amplos mares,
Querer, poder só isto:
O inteiro mar, ou a orla vã desfeita —
O todo ou o seu nada.
O Infante D. João foi Condestável de Portugal após a morte de
Nuno Alvares Pereira e veio a falecer, por asfixia e inanição, numa prisão.
Ainda hoje é o grande desconhecido dos infantes da Inclita
Geração. Devido à sua pouca idade, não tomou parte na expedição a
Ceuta, mas, com dezoito anos, foi nomeado, pelo Papa Martinho, Ad-
ministrador da Ordem de Santiago da Espada e, posteriormente,
Condestável do Reino. O seu prestígio impunha-se no consenso da
família real, que o consultava para dar parecer sobre a guerra da África.
Embora não se declarasse contrário às Cruzadas, pelo que de vantagens
a guerra poderia conceder, parecia mais determinado a aceitá-la pela
conversão dos infiéis: “no fundo, o infante balança entre a obediência
à vontade do irmão D. Duarte - ‘en todo o que mandardes vos hei
sempre de obedecer e servir lealmente’ - e uma velada discordância
da guerra de Marrocos (...) ora discordando de novas conquistas em
África, ora exaltando a glória de morrer ao serviço de Deus (...)” 64
O martírio do Infante D. João, tal como de D. Fernando,
consistiu em ser “alma estreita” - “Não fui alguém” - entre os seus
irmãos, “grandes almas minhas pares”; enquanto os irmãos conquis-
taram “o inteiro mar”, o “todo”, a ele coube “a orla vã desfeita”, “o
seu nada”.
I. Os Symbolos
Primeiro / D. Sebastião
Terceiro / O Desejado
Quinto / O Encoberto
II. Os Avisos
Primeiro/Bandarra
Segundo/Antonio Vieira
Terceiro
III - Os Tempos
Nesta terceira seção de “O Encoberto” o Poeta trata dos
“tempos”: dois períodos do dia “Primeiro/Noite”, “Segundo/
Antemanhã” e três fenômenos meteorológicos “Terceiro/Tormenta”,
“Quarto/Calma”, “Quinto/Nevoeiro”.
Na estrutura externa da Terceira Parte de Mensagem há uma
intencional reiteração do número cinco: cinco “símbolos” e cinco “tem-
pos”, separados por três avisos. Além disso há correspondências entre
os “Símbolos” e os “Tempos”: a “Noite” de “Os Tempos” corresponde
“D. Sebastião” de “Os Symbolos”; à “Tormenta”, o “Quinto Impé-
rio”; à “Calma”, “O Desejado”; à “Antemanhã”, as “Ilhas Afortuna-
das”; ao “Nevoeiro”, o “Encoberto”. De maneira didática, António
Cirurgião, sintetiza: “na noite dos tempos encontra-se envolto o Rei D.
Sebastião, da tormenta há-de nascer o Quinto Império, que todo o acto
de nascimento é acompanhado de dor; no meio de calma antever-se-á o
91
Primeiro/Noite
Este poema de trinta versos distribuidos em cinco estrofes
de seis versos (sextilhas) é o mais longo de Mensagem simbolizando
todos os séculos de espera pelo advento do Desejado.
No plano do discurso, duas vozes comparecem no poema: a
de uma figura que narra para o leitor um fato histórico e a de uma
figura que fala com Deus - personagens distintos.
Nas três primeiras estrofes, o poema reveste forma narrativa
e nas duas últimas, forma invocativa.
A NAU de um d’elles tinha-se perdido
No mar indefinido.
O segundo pediu licença ao Rei
De, na fé e na lei
Da descoberta ir em procura
Do irmão no mar sem fim e a nevoa escura.
Tempo foi. Nem primeiro nem segundo
Volveu do fim profundo
Do mar ignoto à patria por quem dera
O enigma que fizera.
Então o terceiro a El-Rei rogou
Licença de os buscar, e El-Rei negou
Como a um captivo, o ouvem a passar
Os servos do solar.
E, quando o vêem, vêem a figura
Da febre e da amargura
Com fixos olhos rasos de ancia
Fitando a prohibida azul distancia.
Na primeira e segunda sextilhas o Poeta narra a história de
três irmãos, sem, no entanto, nomeá-los: Gaspar, Miguel e Vasco, filhos
do navegador português João Vaz Côrte-Real. Gaspar e Miguel, filhos
mais novos de João Vaz, ficaram célebres pelas viagens que empreen-
deram para o Ocidente. Gaspar Corte-Real, além da viagem que, segundo
suposições, fizera com o pai antes de 1488, empreendeu outras duas:
92
Segundo / Tormenta
Terceiro / Calma
No seu aspecto intertextual, este poema é a continuação
lógica do poema anterior, porque da tempestade irrompe a paz -
“tormenta” e “calma”. Tematicamente apresenta pontos de semelhança
com “As Ilhas Afortunadas” (quarto poema da I Seção da Terceira
Parte): em ambos há a mesma nota de esperança na ressurreição do
Desejado.
O poema é constituido por duas estrofes de sete versos
(sétima) e uma estrofe de oito versos (oitava), e estrutura-se,
retoricamente, sobre cinco interrogações: três na primeira estrofe, uma
na segunda e uma na terceira, em forma de di0scurso dialógico. No
aspecto fônico, o Poeta se utiliza do processo sinestésico e
onomatopéico, em que sensações auditivas e visuais se interseccionam
no seu mundo anímico, como se ele estivesse diante de uma visão
mística, sobrenatural.
95
Quarto / Antemanhã
Quinto / Nevoeiro
Conclusão
A estrutura de Mensagem revela a planificação da essência
de uma pátria e de sua missão espiritual à frente dos povos. Toda a obra
caminha num crescimento até “Mar Portuguez”, para, em ritmo menor,
até o final, retratar a decadência e o marasmo que definem, na opinião
do Poeta, a nação do “desejar poder querer”.
Desse modo, as partes que compõem a obra estão dispostas
a percorrer essa trajetória: em “Brasão” caracteriza-se a pátria, com
seus heróis predestinados a fazer dela o alicerce de uma nova era; em
“Mar Portuguez” configura-se essa grandeza contada no primeiro
momento, quando se justificam todas as esperanças nela depositadas,
pelo domínio glorioso do mar; na terceira parte, sob a figura onírica de
98
Notas
1
Afirma Massaud Moisés que Fernando Pessoa amargou a frustração de rece-
ber o prêmio de segunda categoria porque, embora a obra “ressuma de nacio-
nalismo, a sua mensagem não coincidiu com as expectativas políticas da hora,
ou transcendia, pela sutil visão poética que nela se continha, o entendimento
dos juízes”. O GUARDADOR DE REBANHOS E OUTROS POEMAS. Seleção e Introdu-
ção de Massaud Moisés. São Paulo: Cultrix, Edusp, 1988.
2
Fernando Pessoa. “O Eu Profundo”. In: OBRAS EM PROSA. 6. reimp. da 1ª. ed.
Org. Intr. e notas de Cleonice Berardinelli. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. 1986,
p. 70.
3
Fernando Pessoa - MENSAGEM. Introdução, notas explicativas e bibliográficas
de Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Difel, 1986, p. IV.
4
Idem. “Fragmento 125A-25”, texto nº 53 de SOBRE PORTUGAL. Introdução ao
Problema Nacional. Recolha de textos: Dra. Maria Isabel Rocheta, Dra. Maria
Paula Mourão. Introdução e organização de Joel Serrão. Lisboa: Ática, 1978, p.
179.
5
Fernando Pessoa - CARTAS A JOÃO GASPAR SIMÕES. Lisboa: Europa-América,
1957, p. 117.
105
11
Luis de Camões. OS LUSÍADAS. 5. ed. Edição organizada por Emanuel Paulo
Ramos. Porto: Porto Editora, s/d. p. 124
12
F. P. de Almeida Langhans. HERÁLDICA, CIÊNCIA DE TEMAS VIVOS. Lisboa:
Gabinete de Heráldica Corporativa. 1966, vol. II, p. 40.
13
Cf. Adrien, ROIG. “Mensagem: Heraldique et Poesie”. In: HOMENAGEM A
EDUARDO LOURENÇO. Organização das Secções de Português e Espanhol da Uni-
versidade de Nice. Lisboa: Ministério da Educação. Instituto de Cultura e Língua
Portuguesa. Nice: Universidade de Nice. 1992, p. 19.
14
Jean Chevallier e Alain Gheerbrandt - DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS. Coordenação
de Carlos Sussekind; tradução de Vera da Costa e Silva et alii, 5 ed. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1991, p. 478.
15
Cf. “O OLHAR ESFÍNGICO” DA MENSAGEM DE PESSOA. Lisboa: Min. Ed. Inst.
Cult. e Lingua Port. 1990, p. 39.
16
Idem. Ibidem. P. 48.
17
João Ameal - HISTÓRIA DE PORTUGAL. DA ORIGENS ATÉ 1940. Porto: Tavares
Martins, 1949. p. 1.
18
Cf. Fortunato de Almeida - CURSO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL, 9 ed. Coimbra:
1933, pp. 10 e 11; Fortunato de Almeida - H ISTÓRIA DE PORTUGAL. TOMO I. Desde
os tempos prehistóricos até à aclamação de D. João I (1385). Coimbra: Impren-
sa da Universidade. 1922, pp. 48-49.
19
Vários. HISTÓRIA DE PORTUGAL. EDIÇÃO MONUMENTAL COMEMORATIVA DO 8º CEN-
TENÁRIO DA FUNDAÇÃO DA NACIONALIDADE PROFUSAMENTE ILUSTRADA E COLABORA-
DA PELOS MAIS EMINENTES HISTORIADORES E ARTISTAS PORTUGUESES. Direção Lite-
rária de Damião Peres, Direção Artística de Eleutério Cerdeira, Barcelos:
Portugalense, MCMXXVIII, vol. I, p. 210.
20
“Viriato é simples adjectivo qualificativo, para designar homem que por dis-
tinção usa bracelete (viriae)” afirma Fortunato de Almeida em sua HISTÓRIA DE
PORTUGAL. TOMO I, p. 49.
21
HISTÓRIA DE PORTUGAL. EDIÇÃO COMEMORATIVA DO 8º CENTENÁRIO DA FUNDAÇÃO
DA NACIONALIDADE p. 213.
22
João Ameal - HISTÓRIA DE PORTUGAL. Das Origens até 1940, p. 45.
23
Antonio Cirurgião.“O OLHAR ESFÍNGICO” DA MENSAGEM DE PESSOA. p. 63.
24
Para dar crédito à tradição lendária, Frei Bernardo de Brito afirma, em 1596,
haver encontrado, no Mosteiro de Alcobaça, um documento em latim sobre a
“Visão” do primeiro soberano, que transcrevemos a título de ilustração. Na
Aparição, Cristo teria dito a Afonso Henriques:
“...Eu sou o fundador & Destruidor dos Reynos, & Impérios, & quero em ti, &
teus descendentes fundar para mim hum Império, por cujo meio seja meu nome
publicado entre as Nações mais estranhas. E para q teus descendentes conhe-
çam quem lhe dá o Reyno, comporás o escudo de tuas armas do preço com q eu
106
remi o género humano, & daquelle por q fui comprado aos Judeus, & sermelha
Reyno sanctificado, puro na fé, & armado por minha piedade.” Apud Adrien
Roig. “MENSAGEM: Héraldique et Poesie.” In: HOMENAGEM A EDUARDO LOURENÇO.
p. 15.
25
Adrien Roig. “Mensagem: Héraldique et Poésie”. In: HOMENAGEM A EDUAR-
DO LOURENÇO. p. 16. (tradução nossa)
26
Cf. Jean Chevalier e Alain Gheerbrant. DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS. p. 392.
27
João Ameal. HISTÓRIA DE PORTUGAL. p. 100.
28
Cf. Jean Chevalier e Alain Gheerbrandt. DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS. p. 809.
29
PORTUGAL HISTÓRICO-CULTURAL. 2 ed. ref. e ampl. Lisboa: Arcádia, 1968, p.
26.
30
DICIONÁRIO DE H ISTÓRIA DE PORTUGAL. Direcção de Joel Serrão. Porto:
Figueirinhas. Vol II. p. 611.
31
A. H. de Oliveira Marques - HISTÓRIA DE PORTUGAL. Desde os Tempos mais
Antigos até o Governo do Senhor Marcelo Caetano. 5 ed., Lisboa: Palas, vol I,
p. 187.
32
“Cronica de El Rei D. Pedro”.In: AS CRONICAS DE FERNÃO LOPES. Selecionadas
e transpostas em português moderno por Antonio José Saraiva. 2 ed. Lisboa:
Portugália, 1969, p. 55.
33
Jean Chevallier e Alain Gheerbrandt - DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS. p. 876
34
Cleonice Berardinelli - “MENSAGEM”. In : REVISTA DE LETRAS. U. F. C. Fortale-
za: Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades. vol. 9/10, 1986. p.
6.
35
Jean Chevallier e Alain Gheerbrandt - DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS. p. 289.
36
Idem. Ibidem. p. 538.
37
Idem. Ibidem. p. 32.
38
op. cit. loc. cit.
39
Idem. ibidem. p. 151.
40
Cf. Joel Serrão. DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL. p. 420 a 422.
41
João Ameal. HISTÓRIA DE PORTUGAL. DAS ORIGENS ATÉ 1940. P. 205.
42
Cf. “O OLHAR ESFÍNGICO” DA MENSAGEM DE PESSOA.
43
Oliveira Martins - HISTÓRIA DE PORTUGAL. tomo I p. 263.
44
Fortunato de Almeida - HISTÓRIA DE PORTUGAL. tomo II. p. 272.
45
“O OLHAR ESFÍNGICO” DA MENSAGEM DE PESSOA. p. 145.
46
MAR PORTUGUEZ E A MENSAGEM ASTROLÓGICA DA MENSAGEM. Lisboa: Editorial
Estampa, 1990, p. 19.
47
“Mar Português: Aventura e Iniciação”. In: COLÓQUIO/LETRAS. Lisboa: Funda-
ção Calouste Gulbenkian. nº 113/114; jan-abr. 1990 p. 125.
107
48
Paulo Cardoso - MAR PORTUGUÊS E A MENSAGEM ASTROLÓGICA DA MENSAGEM,
1990, p. 26.
49
Essa carta contém alguns parágrafos sobre a posição de Pessoa perante o
ocultismo, os quais se mantiveram em segredo, por desejo expresso do Poeta,
até a sua inclusão no volume II de Vida e Obra e Fernando Pessoa, de João
Gaspar Simões (4 ed., Lisboa: Bertrand, 1954. p. 564): “Creio na existência de
mundos superiores ao nosso e de habitantes desse mundo, em experiências de
diversos graus de espiritualidade, subtilizando-se até se chegar a um ente
Supremo, que presumivelmente criou este mundo. Pode ser que haja outros
Entes, igualmente supremos, que hajam criado outros universos, e que estes
universos coexistam com o nosso, interpenetradamente ou não [...]. Dadas
essas escalas de seres, não creio na comunicação directa com Deus, mas,
segundo a nossa afinação espiritual podemos ir comunicando com seres cada
vez mais altos”. apud Antonio Apolinário Lourenço. “Mar Portugues”: Aven-
tura e Iniciação. In COLÓQUIO/LETRAS. nº 113/114, p. 135.
50
Jean Chevallier e Alain Gheerbrandt - DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS. p. 644.
51
Apud Jean Chevallier e Alain Gheerbrandt - DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS. p. 901.
52
Jean Chevallien e Alain Gheerbrandt - DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS. p. 15-17.
53
Idem. ibidem. p. 640.
54
“(...)
Por fim, na funda caverna
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Não vês que são teus iguais.
(...)”
In: Fernando Pessoa. OBRA POÉTICA.
55
MAR PORTUGUÊS E A MENSAGEM ASTROLÓGICA DA MENSAGEM. p. 43.
56
HISTÓRIA DE PORTUGAL. Tomo II. Desde a aclamação de D. João I (1385) até à
morte do Cardeal Rei D. Henrique (1580). p. 174-175.
57
Jean Chevallier e Alain Gheerbrandt - DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS. p. 929.
58
Idem Ibidem. p. 616.
59
A LITERATURA PORTUGUESA. 16 ed., São Paulo: Cultrix, 1980, p. 62.
60
Mensagem e o Mito Lusíada. In: FERNANDO PESSOA, O OUTRO. 2 ed., Rio de
Janeiro: Transbrasil, 1973. p. 16.
61
Cf. acêrca do assunto, Antonio Cirurgião - “O OLHAR ESFÍNGICO” DA MENSAGEM
DE PESSOA.
62
Cf. João Ameal - HISTÓRIA DE PORTUGAL. p. 163.
63
Cf. Antonio Cirurgião - “O OLHAR ESFÍNGICO” DA MENSAGEM DE PESSOA. p. 113.
108
64
DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL. Vol. II Direção de Joel Serrão. p. 604.
65
O historiador João Ameal considera Alcácer Quibir o “grandioso fecho da
Loucura portuguesa. Fecho genuinamente medieval, suicídio épico da lusa
cavalaria, com o ‘Capitão de Deus’ a comandá-la. De tudo podemos orgulhar-
nos: de tantas vitórias, de tantas proezas, de tantos descobrimentos, de tantos
troféus - e até, no final, do esplendor lúcido e sangrento desse belo holocausto!”
HISTÓRIA DE PORTUGAL. p. 305.
66
Oliveira Martins - HISTÓRIA DE PORTUGAL. Tomo II. p. 46.
67
Cf. José Van Den Besselaar - O SEBASTIANISMO - HISTÓRIA SUMÁRIA. Lisboa:
Instituto de Cultura e Língua Portuguesa. Ministério da Edução e Cultura. 1987,
pp. 32-33.
68
O HETEROTEXTO PESSOANO. São Paulo: Perspectiva. EDUSP. 1988, p. 82.
69
SAUDADE E PROFETISMO EM FERNANDO PESSOA. Elementos para uma Antropolo-
gia Filosófica. Braga: Publ. da Faculdade de Filosofia, 1983, p. 430.
70
Cf. Antonio Cirurgião - “O OLHAR ESFÍNGICO” DA MENSAGEM DE PESSOA,
p. 198. Maria de Lourdes Belchior. “Fernando Pessoa e Luis de Camões: Heróis
e Mitos n’Os Lusíadas e na Mensagem”.In: PERSONA.5. Porto: Centro de Estudos
Pessoanos, abril de 1981, p. 5.
72
Oliveira Martins - HISTÓRIA DE PORTUGAL p. 77.
73
Cf. Adrien Roig. “Mensagem. Héraldique et Poesie”. In: HOMENAGEM A EDUAR-
DO LOURENÇO. p. 26.
74
Estudo detalhado da representação simbólica do número quatro se encontra
no DICIONÁRIO DE SÍMBOLOS, de Jean Chevallier e Alain Gheerbrandt, p. 758-764
e na obra O UNIVERSO DOS NÚMENROS. Coor. e supervisão de Sharles Vega
Parucker.
75
VIDA E OBRA DE FERNANDO PESSOA. HISTÓRIA DE UMA GERAÇÃO. 2 ed. rev. e
acomp. de novo prefácio. Amadora: Bertrand, s/d. p. 616
76
Documento 125B-19 “A Fraqueza do Sebastianismo Tradicional”. Misto s/
d, PESSOA INÉDITO. Coordenação de Tereza Rita Lopes. Livros Horizonte. 1993,
p. 228.
77
PESSOA INÉDITO. p. 33.
*
O documento a que alude Teresa Rita Lopes está inserido na parte 3. “A Pátria
Língua Portuguesa”, com o número 110, sob o título [“O IMPÉRIO PORTUGUEZ” E
“FIXAÇÃO DA LINGUAGEM” 123-43 [Misto] [s/d] e diz o seguinte: “O Gremio da
Cultura Portuguesa assenta os seus intuitos nos seguintes fundamentos:
( 1 ) Não ha separação essencial entre os povos que fallam a lingua portugueza.
Embora Portugal e Brasil sejam politicamente nações differentes, não são na-
ções differentes, conteem por systema ( ? ) uma direção imperial comum, a que
é mister que obedeçam.
( 2 ) A Missão imperial a que teem que obedecer as duas nações que formam o
109
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Mensagem é um poema da
nacionalidade portuguesa, em
cuja estruturação podem-se
constatar duas esferas ou realida-
des: a sensorial ou terrena e a
espiritual ou supra-real. A
primeira caracteriza-se pela
factualidade e a segunda pelas
abstrações gradativas do Poeta,
que parte do real histórico do
império português para a esfera
do mito, da alegoria e do
símbolo, exaltando sobretudo o
que transcende o mundo sensí-
vel: a quimera, o sonho, a febre
de além, a crença no advento de
D. Sebastião, o Cristo português,
para a redenção do país.