de Florestan Fernandes
OCTVIO IANNI
Essa perspectiva se torna ainda mais efetiva a partir das sugestes do mar-
xismo. O pensamento dialtico tambm pode ser visto de modo original, desde
os desafios abertos pelo presente e pelo passado da sociedade brasileira e latino-
americana. Mas o seu contedo essencialmente crtico ressoa bem mais perto,
congruente, consistente. Enquanto a sociologia levada ao ponto de vista crti-
co, ainda que moderadamente, devido fora da questo social, o marxismo se
coloca, desde o princpio, no horizonte dessa questo. As disparidades, desigual-
dades e contradies colocam-se, desde o comeo, como momentos nucleares
das relaes, processos e estruturas de dominao poltica e apropriao econ-
mica que produzem e reproduzem a sociabilidade burguesa. "A contestao est
implantada em nvel das estruturas, do funcionamento e da transformao dessa
sociedade de classes, nascida do capitalismo industrial". A imaginao sociolgi-
ca, enriquecida pela dialtica, pode "ligar o modo de existncia, o movimento e
a vida atravs das contradies", procurando "estas ltimas atravs de condies
concretas variveis de sociabilidade, associao e interao". A dialtica permite
"apanhar a unidade no diverso", isto , "a totalidade como expresso de deter-
minaes particulares e gerais". Em essncia, o real e o pensado se constituem
reciprocamente, de tal maneira que "a prxis vem a ser o critrio experimental de
verificao da verdade objetiva" (3). Assim se resgata a historicidade do social,
que aparece de forma particularmente desenvolvida na revoluo.
Notas