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A CULTURA CASTREJA NO NOROESTE DE PORTUGAL: HABITAT E CRONOLOGIAS Armando Coelho Ferreira da Silva * AAs particularidades que o Noroeste peninsular vem registando cumulativamente a0 longo dos perio- dos anteriores vio evidenciar-se com a emergéncia a partir do final da Idade do Bronze de uma civilizagao arqueol6gica original fundamentalmente caracterizada pelo seu tipo peculiar de habitat em povoados fortificados em posigées elevadas vulgarmente conhecidos pelo nome geral de castros, donde deriva & sua designagao tradicional de cultura castreja, que, constituindo jé um intenso foco de densidade humana, ‘ocupa um lugar bem individualizado na Proto-histéria peninsular e é sem divida uma das manifestagdes mais significativas da personalidade desta vasta regiao. Iniciados 0s seus estudos nos finais do século XIX pelo trabalho pioneiro de F. Martins Sarmento, foi esta heranca empenhadamente continuada pela Sociedade que ele fundow, ao devotar-the sempre especial atengao nos seus programas de investigacao, conservacao e divulgacio cientifica, e encontrou eco ‘nos outros homens da «Portugilia», que Ihe conferiram expresso adequada no conjunto dos «materiais para o estudo do povo portugués, ¢ conveniente valorizacao nos estudos de J. Leite de Vasconcelos seu ‘Museu. Também no Porto foi assinalavel o contributo do Instituto de Antropologia Mendes Corréa e da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, sobretudo com Rui de Serpa Pinto, estabelecendo uma relagdo frutuosa com arquedlogos galegos, onde avultava a figura de Florentino Lépez. Cuevillas € a actividade do Instituto Padre Sarmiento de Santiago de Compostela e do grupo «Nos» da Coruia. Motivados pelo crescente conhecimento ¢ atraccéo destes trabalhos, outros arquedlogos se interessa~ ram por este tema multiplicando-se as campanhas de escavagdes, muitas delas produto voluntarioso de iniciativas pessoais com caricter monogrifico © um certo cunho regionalista, Nesta sequéncia ¢ em sintonia com o esforco dos arqueslogos galegos, com que se vém promovendo iniciativas comuns como os recentes Seminarios de Arqueologia, uma nova geracao, sobretudo ligada aos centros universitérios da regido, pretende solucionar os miltipios problemas que as investigagoes ante- riores deixaram em aberto, sendo objectivo primordial dos seus trabalhes de campo, de laboratsrio e de ‘muscu tentar definir, com metodologia actualizada, os limites cronolégicos e periodizagio interna desta civilizagao arqueolégica do Noroeste peninsular bem como redimensionar as componentes étnicas © cculturais que uma investigacéo quase sempre envolta em panceltismo néo permitiu esclarecer. Relativamente ao estudo do habitat, em particular, cuja importincia é nuclear para a definiglo de uuma cultura que por ele sobretudo conhecida ("), apesar da generalidade dos trabalhos realizados durante um século de arqueologia castreja ter sido’ marcada por uma atengdo especial s estruturas descobertas, as anilises feitas, impregnadas, as vezes sem discussio, de analogiashistéricas ou etnogrifi- ‘cas, revestem normalmente a forma de estudos predominantemente descrtivos, nao se tendo conseguido, Por falta de espagos horizontais ¢ cortes verticais, uma visio integrada dos varios elementos correlaciona dos com a ocupacéo humana, Com 05 trabalhos dos iltimos anos, em que fomos servidos pelo progresso geral da Arqueologia ¢ pelo avango conhecido pela arqueologia dos habitats, em especial, nas técnicas de localizagao, métodos de escavagao, andlise e interpretacao da informacao, em conjugacao com os dados fornecidos pelas fontes classicas e epigrificas, substancialmente ampliadas com o decorrer do tempo e de importincia especifica ara os periodos proto-historicos, e com uma perspectiva antropolégica que privilegia o sentido da Objectividade, ja se vai tomando possivel caracterizar suficientemente diversos aspectos fundamentais do habitat castrejo nas suas virias dimensdes, pretendendo com o presente texto, que inclui alguns resultados, do nosso proprio trabalho neste sector, prestar uma contribuigdo til para o seu conhecimento no Noroeste Portugués, area que, com alguns profongamentos na parte meridional galega. aparenta com certa nitidez reconhecidos contornos de uma subunidade cultural que sero com certeza melhor ilustrados pelas comu- nicagdes referentes as zonas limitrofes da Galiza e Nordeste-transmontano. * Universidade do Pon. (Cy Sintses mais recente com referéncasbibhogriieas: A, R. MASIA, Et habitat casreo, Santiago, 1976; A, TRANOY,, La Galice romaine. Recherches sur le Nord Ouest dans ta Pennsule Tosrigue dans ( Angute, Pars, 198) iy PORTVGALIA | — HABITAT, OCUPAGAO E ORGANIZAGAO DO ESPAGO 1.1 —A Implantagdo dos Povoados ‘As caracteristicas geogrificas do Noroeste peninsular, num ambiente onde o relevo desempenha papel predominante, tomaram-se condigao propicia ao assentamento de povoados, cuja implantagao teré obedecido prioritariamente a critérios estratégicos de defesa, a denotar um periodo de profunda mudanca econdmica ¢ social claramente manifesta na construgdo de inimeros povoados fortificados no intervalo restrito de alguns séculos, podendo contabilizar, de momento, segundo os dados cartograficos da inventa- riagdo que temos em curso, com controlo no terreno, cerca de meio milhar na érea portuguesa entre 0s tios Minho © Vouga e 0 Oceano ¢ as bacias do Timega e Corgo, revelando quantidades que se distanciam do exagero de alguns célculos repetidos desde o principio do século (2) e que vém sendo, para algumas reas, criteriosamente corrigidos (3). Outros factores terdo, todavia, intervindo para a optimizagao da escolha do habitat. Com efeito, © mapa de distribuigdo das’ estagdes castrejas, a0 registar uma maior densidade em colinas de altitude média, entre 200 € 500 m, nas proximidades da costa atlintica € ao longo das bacias dos rios, eviden- cciando um certo ordenamento geral na ocupagao do espaco, em meios favoraveis a pratica de actividades ‘agro-pecuarias ¢ a0 aproveitamento dos recursos maritimos ¢ fluviais, revela que a seleccio de locais para ‘0 seu estabelecimento estava também inteiramente relacionada com’a economia de subsisténcia de cada comunidade, sendo também not6ria a relagdo de alguns povoados com a exploracio mineira, designada- mente de estanho e our, que estavam na base de rotas de comércio tradicionais ¢ foram motivagao da sua conguista, segundo os dados conhecidos do Castro de Carvalhelhos (Boticas, Vila Real) (4), sendo também, a propésito e a tiulo de exemplo, a impressdo que nos fica da implantagao dos castros da Serra de Arga, a0 Minho, e do castro da Mogueira (S. Martinho de Mouros, Resende) situado no vale do Douro. Funcionando os cursos de égua como elemento decisivo do sistema estratégico de defesa do teritério € das vids comerciais que eles proprios constitufam e que as séries de castros a0 longo dos principais rios, controlando eficazmente 0 seu percurso € 05 acessos ao interior, patenteiam, ou de simples elemento de defesa de alguns povoados tragando-lhes assim um fosso natural, a implantagio na sua proximidade ‘manifesta bem a importincia estrutural da rede hidrogrfica, quer como fonte permanente de abastecimen- to quer como principal meio de comunicagio facilitando os contactos interns e externos, em considera cio a sua navegabilidade. E se este aspecto do ordenamento territorial se nos tornow manifesto no Alto € Baixo Império também os nossos trabalhos documentam a sua ascendéncia pré-romana, a que nio tera sido alheia a fungio em varios casos exercida como limite de terrtério ético (). Outras razées, como sejam, de ordem politica ou religiosa, se tomaram no motivo de preferéncia por determinado lugar, como poder ter acontecido no caso de alguns castros mais amplos e tardios, com cardcter de controle territorial, ou de outros castros cuja funcao priméria poderia estar ligada a servigos de caricter religioso relacionados com a existéncia de santuarios, atendendo 3 importincia que 0 factor religioso ocupava na vida das sociedades arcaicas € que aqui se revela, entre outras situagdes, pela sacralizagao do espago aos virios niveis a que se manifesta no ambito dos grupos familiares, dos povoados ¢ dos territérios e dos proprios acidentes natura. Toda esta problemiética, portm, $6 poderd ser convenientemente esclarecida quando resolvidos os problemas de periodizacio relacionada com o processo de desenvolvimento urbano das estacoes castrejas, cuja variedade de fungoes, de caricterresidencial, defensiva, politico-administrativa, econémica ou ritual, incoativa ¢ dispersa por cada pequeno castro nos primeiros tempos, tera conhecido na sua fase final, jé sob 0s estimulos e por motivo da romanizacio, uma concentracao de todas as fungdes possiveis num 36 povoado a que anda normalmente associado 0 topénimo de Citinia ou Cividade e que as grandes estagées ‘com esse nome com areas escavadas significativas, como as Citinias de Briteiros (Guimaraes) € de Sanfins (Pacos de Ferreira) © Monte Mozinho (Penafiel) parecem confirmar. ‘Uma anilise feita a partir da Citania de Sanfins, em fungao do meio ambiente e segundo principios de determinagao de hierarquias ¢ zonas de influéncias dos centros urbanos, a0 manifestar uma equidistan- (@) Bastard Iembrar © nimero de $ 800 de A. CASTILLO, Lar castrs gallegos, La Conia, 198, (©) Cie, vg: casos gulegos ciados in ALR. MASIA, op. cit p. 15 e, em geml, A. BOUMIER, Le Galice Essai _géographique analyte et interpretation dun views complexe agraire, I La Reche-sut Yon, 1979, p. 12 si. in A. TRANOY, ‘Agelomérations indigenes et villesaugusgennes dans le Nord-Oues ibsiqu, Aces du Collogue Vile et Campagnes dans empire romain (Aisen-Provence, 1980) p- 127 (4) J. R. SANTOS JUNIOR, Duas campanhas de escavagdes no castto de Carvalhslbos, Tabathor de Aniropologia Eimologia, XX (1-2), 1966, pp_ 181-190. 1) Cir, ¥ps C. PLINIUS, Naturalis Historia, 1V, 112-113 sobre a distbuiglo dos povos na regio, ‘A CULTURA CASTREJA NO NOROESTE DE PORTUGAL, ws cia da ordem dos 25-30 km de Sanfins a Briteiros, a Mozinho ¢ a Alvarethos (Santo Tirso), como também 20 Castelo de Guifdes (Matosinhos), a Cividade de Bagunte (Vila do Conde), et., correspondente a uma jomada, sugere-nos a consideragio desta medida como um dos princpios de ordenamento regional dos povoados castrejos segundo uma distribuicao que parece obedecer a uma certahierarquizacao em que cada lum desses. grandes povoados parece, nesta fase proto-urbana, ter desempenhado © papel de- lugares centrais em posigao de metropole de temitirios bem definidos (*), ‘Mesmo assim, em caso algum, se poderio esquecer as conotagies defensivas que sempre andam cconexas com a cultura castreja e a propria palavra de que deriva imediatamente recorda 1.2 — A ESTRUTURAGAO DOS POVOADOS: 1.2.1—0 sistema defensivo A insuficiéncia das condigées naturais de defesa propiciadas pelo relevo e cursos de égua vai originar 4 construgio artificial de diversos sistemas defensivos, de acordo com a morfologia do terreno ¢ as necessidades € possibilidades das populagées, utilizados isoladamente ou em combinagdes mais comple xxas sobretudo aparentes nos grandes povoados, onde uma série de muralhas representa efectivamente 0 clemento fundamental do sistema defensivo (7). Presentes em todos os castros reconhecidos, em nimero variavel, conforme 0 grau de acessibilidade do sector ¢ as dimensdes do povoado, estio em geral dispostas concentricamente ¢ so as vezes reforgadas com outras defesas complementares, vg.: fossos (Coto da Pena, Vilarelho, Caminha; Citénia de Santa Luzia, Viana do Castelo; Citinia de Sanfins, Pagos de Ferreira; Castro da Circoda. S. Pedro do Sul; e sobretudo Castro de Carvalhelhos, Boticas, também com pedras fincadas), em acumulago bem tipica da cultura castreja do Noroeste peninsular. Pelos cortes estatigraficos que tivemos oportunidade de realizar e pelos dados disponiveis, conhece- ‘mos quatro tipos fundamentais deste sistema defensivo ordenados segundo indicagdes cronologicas: 1 — Alinhamentos de pedras de aparetho muito rudimentar (Castro de Baides, S. Pedro do Sul) (°); 2 — Larga construgo constituida por dois muros paralelos de faces verticais, geralmente de grandes blocos dispostos em aparelho irregular, com intervalo totalmente preenchido de terra (Cividade de Terroso, Pévoa de Varzim); 3 — Solida construgao de pedra com muros de reforco adossados, frequentemente em posigéo obliqua ¢ com largos trogos de aparelho poligonal e helicoidal (Castro de Sabroso, Guimaraes; Castro de Romariz, Vila da Feira; Castro da Carcoda, S. Pedro do Sul); 4— Muralhas simples com largura média de 1,50 m, normalmente formada por dois paramentos paralelos e com aparelho irregular internamente preenchidos com pedra miida (Cividade de Ancora, Caminha, Viana do Castelo; Citania de Briteiros, Guimaraes; Citinia de Sanfins, Pagos de Ferreira; a generalidade dos castros) De resto, as variantes observadas nas estruturas defensivas, quanto ao seu nimero, dimensées, planta, aspectos técnicos ¢ outras particularidades como as entradas, torredes, rampas de acesso as muralhas, fossos, terraplenos e outros elementos, nao raras vezes implicam também uma indicagao de valor cronolégico ¢ cultural, como o assinalado pela existéncia de fossos ¢ pedras fincadas em certos, ccastros transmontanos, vinculando-os a influéncias da arquitectura militar da zona da Meseta 1.2.2. —O ordenamento urbano E ainda praticamente desconhecida a forma mais antiga do habitat castrejo, que deveria ser de ‘simples cabanas construidas com elementos vegetais que, por pereciveis, deles nao possuimos mais que indicios, sobretudo de pisos e lareiras, conquanto ja se possa documentar desde muito cedo a construgao de pedra em alguns castros que era inicialmente iascada e s6 muito tardiamente afeigoada com pico de ferro, diferenca técnica bem visivel nas duas grandes fases da Cividade de Terroso, Pévoa de Varzim, e ja documentada em Santo Estevao da Facha, Ponte de Lima (*) (8) A_C. F. SILVA, Orpanizades genticias ente Lega e Ave, Portugal, Nova Série, 1, 1980, p. 88 (7) Asm aas obras gras da nota (1), caracterzagio gel In M. CARDOZO, A organizagio defensive dos estos do None de Porgugal ea sua romanizatio, Boltim do Arguvo Hlstrico Miltar, XML, 1982, pp. 121-182. CT" SILVA, © casto de Baioes (3. Pedro do Sul), Beira Alia, XXXVIML(), p. 157 (@) C. A. F. ALMEIDA — T, SOEIRO— C. A. B. ALMEIDA — A.J, BAPTISTA, Escavagies aqueolipicas em Santo Estevio da Facha, Sep. Arguio de Ponte de Lima. 3, i981, p. 90 PORTVGALIA De entre a grande variedade de formas, em que se referenciam fundamentalmente construgdes circulares, ovaladas e angulares, com ou sem vestibulo e algumas dependéncias, a predomindncia da planta circular, assinalada desde muito cedo, é uma das caracteristicas mais significativas do habitat castrejo fazendo-o diferenciar abertamente do habitat céltico, com plantas de linhas ortogonais. Estudos de varios casos de Sobreposcdo (% aestem posteriondade reativamente as redondas das casts astrejas de planta angular, quadrangulares ¢ rectangulares, construidas ja sob influéncia romana, ‘qualquer modo, pelo menos uma das casas do castro do Coto da Pena (Vilarelho, Caminha), de 5 muito espessas feitas com pedra mitida ligada com saibro e de planta alongada ¢ perfil curvilineo ‘adequada aos rochedos em que esti implantada, é testemunho da existéncia de um tipo de construcio de pedra nos primeiros tempos, ainda no Bronze final, em anterioridada absoluta as formas circulares também presentes na mesma estagao. E natural que, com 0 processo de urbanizacio, se tivesse assistido & substituigdo de pequenas unidades independentes residentes em pequenos castros por agrupamentos com configuragées mais ex- pressivas, em que uma forte concentracdo demogrifica implicou novas formas de organizacao arqueologi- ‘camente manifestas num novo ordenamento espacial. E pelo menos o que se pode deduzir da anilise de um grande povoado como Sanfins ou Briteiros onde os alinhamentos quase ortogonais das suas ruas enqua- dram, como unidades modulares, varios nicleos auténomos de algumas habitagdes. Uma leitura da ‘organizagao urbana da Citinia de’Sanfins forece-nos, neste aspecto, um modelo paradigmatico, dese- nhando um sistema ordenado com uma rua central no sentido N-S a que se ligam outros arruamentos transversais mais ou menos equidistantes, formando recintos que enquadram, por toda a érea escavada, ttinta e cinco grupos de construgdes convergentes para um pétio e cercadas por um muro com cerca de quatro a cinco habitagdes circulares e angulares por micleo, ocupando uma rea média entre 200 © 300 m2, 0 mesmo fendmeno se verificando em muitas outras estacoes castrejas, conforme ha muito vem. ‘endo referenciado em noticias, relatdrios e bibliografia propria (*). ‘A anilise espacial de alguns destes nicleos, com caractersticas familiares bem definidas, na Civida- de de Ancora (Caminha, Viana do Castelo) revelou-nos alguns destes conjuntos, um dos quais fazia ‘compreender, em toro de um patio lajeado central, com uma fonte ou cistema, uma casa circular com Tareira lateral destinada a habitagao, outra rectangular com forno interno ¢ lareira, de fungao mista, e outra circular com vestibulo, posteriormente alargada por sobreposigao para uma forma basilical, com cerca de Cinquenta bancos de pedra ao redor dos muros e lareira central, para as festas familiares segundo Estrabio, II3,7 podendo ter incluido ainda um recinto funerério como 0 do niicleo imediato que presenta também uma casa circular de construgio cuidada com pavimento interno oriado de seixos com dluas lareras laterais de pedra. outra casa circular com lareira de barro central ¢ com muitos vestigios de actividade metalirgica € uma terceira também circular com vestibulo de construgao mais recente, enco- brrindo um triscelo in siz incluso na parede e com trnta e dois bancos a volta dos muros ¢ laeira central de pedra como a sua congénere do outro nicleo, repetindo globalmente as mesmas situagées. De resto, pela informagio conhecida, a forte impressao da igualdade destas unidades nao sugere, em termos materiais, a existéncia da hierarquia que as fontes clissicas e outros dados parecem implicar Destacando-se destas unidades de arquitectura doméstica, atendendo sobretudo a0 seu dimensiona- ‘mento e implantagao no povoado, alguns edificios sugerem uma fungdo publica eventualmente de carécter religioso ou politico. ‘A primeira dessas fungSes podera ter estado associado 0 complexo de grandes construgées rectangu- lares, em localizagio central, na Citania de Sanfins com espélio de natureza sagrada, designadamente duas aras anepigrafes, tendo sido interpretado com idéntica fungao um conjunto do Monte Mozinho ('2), podendo tanbem documentar-se santuaios «tipo Pandias» no alto do Castro da Mogueira (S. Martinho de Mouros, Resende) ('2), no Castelo do Mau Vizinho (Cimo de Vila da Castanheira, Chaves) (4) ¢ provavelmente também no Castro de Rogues (Vila Franca do Lima, Viana do Castelo), ¢ fora, dos povoados, nas proximidades do Castro de Ribas (Argeriz, Carrazedo de Montenegro, Valpagos) © outros paralelos ‘conhecidos (*®) Jé um grande edificio de planta circular, com 11 m de diimetro ¢ bancos de pedra & volta dos muros, da Citania de Briteiros, em posigéo excéntrica relativamente as unidades familiares, assim se diferen- (09) Ve J, LORENZO FERNANDEZ, Metamorfosis de unha casa castexa, Trabalhos de Antropologia e Emolopia, XXI (8), 1973, pp. 225229. (1) 'ANC. F SILVA, Novos dados sobre organizagio socal easteja,Portuga, Nova Série, Tl, 1981-1982, p. 83. (2) C. A. F. ALMEIDA. O templo de Moziaho e seu conjuno, Pormgalia, Nova Sere, I, 1980, pp. 51-56. (C2) Comdnicagio de V. MANTAS a0 Seminario de Arquclogia do Noroeste Peninsular (Guimaraes, 1982) (em publics). (09) J. SANTOS JUNIOR — A. M. FREITAS — AE. COSTA, Campo de tabalhos no Castelo do Mau Vizinho (Cimo de Vila dt Castnheira, Chaves), Trabalhor de Antropotogia ¢ Emologia, XXIV (2), 1982, pp. 293-320 (73) A.M. FRETTAS, As pias dos Mouros (Argeriz, Carezedo de Montenegro), Trablhos de Aniopotogia e Biologia, XXIII (23), 1978, pp. 253-266. A. LFONTES, Cato ao deus Larouco,Jiptre Atging, Actas do Seminario de Arquologia do Noroese Peninsular, Hl, Guimaries. 1980, pp. 520. [A CULTURA CASTREIA NO NOROESTE DE PORTUGAL, bs cciando das construgdes similares mais reduzidas atris mencionadas, poderia muito bem ser 0 local de reunides de um conselho de ancidos que quadraria com justeza com o funcionamento de um érgi0 com fungdes politcas, conforme por nds referido noutra oportunidade (18), ‘Apenas 0s edificios destinados a banhos pailicos sobressaem pelo seu aparato ¢ técnica construtiva como monumentos singulares do conjunto arquitecténico castrejo, tomando a forma especial de constru- {Gbes hipogeias com edmaras de grandes mondlitos talhados e com ornamentagao do tipo «Pedra Formosa» de Briteiros (que era, ali, elemento de um deles) normalmente situados junto a fontes ou linhas de agua nas partes baixas dos povoados, e cuja funcao tem sido objecto de controvérsia, tendo sido vulgarizados, como «fornos crematorios» postos em relagio com 0 rito funeririo dos povos castrejos ("). Esta e outras hipdteses, como a de fornos de cozer pio ou de fundigao que Ihes foram atribuidas sem © devido fundamento, devem hoje ser abandonadas, pois néo se vé para estes monumentos outra fungio {que a de lugares de banhos publicos ('8), em utlizagao associada & de simples fonte e envolvida de uma simbologia religiosa, convenientemente ‘comprovada pela escavagio recente do monumento de Santa Maria de Galegos (Barcelos), que nos forneceu a planta mais acabada deste género de construgdes bem ‘como outros valiosos dados para andlise, ultrapassando os dos paralelos referenciados na area meridional castreja, de que sio mais conhecidos os da Citinia de Britiros (1%) e da Citénia de Sanfins (*) ‘Com efeito, esta solugao tem a seu favor a particularidade da sua implantagao soterrada em funcio da captagao da gua e manutengéo do calor, a estrutura do monumento, que comporta todos os elementos necessérios para a realizagio de banhos a vapor «tipo sauna» (foo, com chaminé, com inimeros seixos rolados e outras pedras calcinadas sobre as quais era lancada égua para provocar o vapor; cimara tipo estufa; antecimara aberta com bancos corridos) e banhos de agua fria (grande pia no trio; canalizagio e esgoto), em rigoroso acordo, aliés, com a passagem da Geografia de Esrabio, 11,3,6, em termos de informagdo localizada. 2— CRONOLOGIA DO HABITAT CASTREJO ‘Temos hoje consciéncia perfeita de que, com os trabalhos dos iltimos anos nesta regio, conforme coportunamente referido na introdugio deste textto, se esta a ultrapassar a imagem estitica que vinha sendo transmitida sobre a cultura castreja, habitualmente considerada como um bloco € s6 episodicamente com periodizagées de caricter evolutivo (2) formuladas o mais das vezes sem um fundamento cronoligico ‘convenientemente conseguido e com insuficiéncias de estudos do espélio € seu contexto, estando a ser referenciados sistematicamente novos elementos de cronologia (22) e contando jé com algumas aborda- gens estraigréficas de interesse (23) Dos dados da nossa propria investigacio, ¢ sobretudo baseados num conjuno representativo de fespagos escavados «em area abertar com séries estratgréficas bem definidas, em diversas estagdes ‘castrejas situadas entre 0 rio Minho e 0 rio Vouga, com maior incidéncia na zona litoral, entendemos poder enunciar os delineamentos gerais da cronologia do habitat castrejo no Noroeste de Portugal, que sumariamos do seguinte modo: 1 —E um dado adguirido com evidéncia arqueolégica que o habitat castejo nesta regido € um fenémeno que radica as suas origens no final da Idade do Bronze, com povoados e estruturas identificadas e com densidade ¢ variedade de materiais de tal modo associados que permitem ccaracterizar convenientemente 0 perfil desta fase arqueoldgica relacionada com um desenvolvi- mento excepeional da metalurgia do bronze na regio. ‘0 contributo invulgar de um depésito de fundidor recentemente descoberto no Castro da Senhora da Guia (Baides, S. Pedro do Sul) ) encontrado no habitat, integrando wm conjunto (OA. C. F. SILVA, Novos dados, op, cit. p88. (02) Resumo in MASIA, op. ety ps 8S. (09) F_CONDE VALVIS, Lat temas romanas dela «Cibdi- de Ammea en Santa Maria de Aguas Santas, ll! Congreso [Nacional de Argueologia (Galicia, 1953). Zaragoza. 1985, pp. 432-446; C. A. F_ ALMEIDA, O monumento com forno de Satins eas escavagses de 1973, Acas do Ill Congresso Nacional de Arqueviogia. Poco, 1974, pp. 166-67 'M. CARDOZO, 4 ilima descoberts argueoldsica na Citinir de Britis e a inerpretaao da Pedra Formosa, Guimaries, 1931 (©) C. A. F. ALMEIDA, © monumento com foro, op. cit. pp. 149-172 (C.F. HAWKES, Northwestern castos: excavation, archaclogy and history, Actas doi Congresso| Nacio inal de Arqueologa (Coimbra, 1970), Cosmbra 1971, pp. 283-286, J. M. MOTES, Pormacion y desarollo de la caste, Actas de las 1 Jornadas de Metodologia Aplicada de las Ciencias Historias, l, Santiago de Compostela, 1975, pp. 269-284, (@2) Em especial, cerimicas tipo Penha, Boquigue © Alpirsa, (@2) Sobrettdo C.'A. F. ALMEIDA cf ali Escavasées argueoligics em Santo Extevio da Facha, op. cit (2%) Estudo em preparacao para publicagso (colab. Celso Tavares da Silva e Anti Baptista Lope). cumprindo-nos significa ap Exo. Conego Celso Tavares daSilva o nosso melhor eecoahecimento pela colaboragao com que nos em distingui, 126 PORTVGALIA de materiais de bronze constituido por armas (pontas de lanca; um punhal com cabo de bronze € lamina de ferro), objectos de adorno (braceletes macicos de seccéo circular lisos e com decora- ‘gio geométrica incisa e braceletes em larga fita canelada; pendentes € aros diversos), objectos ‘tuais (furcula tridente; carros votives), utensilios (machados de talio de duplo e um anel: foices de alvado; tagas; outras pecas utilitrias) c um instrumento de fundigdo (molde bivalve de ‘machado de talio de um anel e uma face plana) associado a ceramica manual tipica, que se coloca entre os grandes depdsitos europeus (29), possiblitando a recuperago, numa ‘unidade expressiva, de um complexo que vinha sendo conhecido de modo fragmentario (2), que pode- ‘mos apelidar de «grupo de Baides-, com datagio proposta por Ph. Kalb, baseada em argumen- tos tipologicos e uma data de Cl4 (Gr N 74 84 Castro de Baides 2650+ 130 BP. (= 700 + 130 aC.) @), em tomo do séc. VIII a.C., 6, de momento, o elemeno de maior utilidade para a definigao global desta fase ‘Também as nossas escavagoes no Coto da Pena (Vilarelho, Caminha), em que registimos ‘0 primeiros vestigios seguros de construgio habitacional em pedra, nos forneceram no seu ‘strato inferior, no interior de um concheiro, outros elementos, designadamente uma foice de taléo e uma fibula tipo Alcores, de idéntica cronologia. E materiais diversos de outras estagdes recentemente escavadas e com resultados publica dos (28) inimeros dados exclusivamente provenientes de habitats castrejos dos concelhos de Melgago, Mongio, Caminha, Arcos de Valdever, Viana do Castelo, Ponte de Lima, Montale- gre, Chaves, Amares, Vila Verde, Braga, Barcelos, Guimaraes, V. N. Famalicao, Pévoa de Varzim, Vila do Conde, Santo Tirso, V. N. Gaia, Baido, Vila da Feira, Sever do Vouga, S. Pedro do Sul e Viseu, do nosso conhecimento, documentam com clareza por toda a regiso este primeiro periodo castrejo do Bronze final, com afinidades predominantemente atlanticas, influéncias meridionais e importantes nuances locais (mais notorias nas cerimicas), caracteris cas deste horizonte do Bronze Atlntico. CConsiderando 0 questionamento em tomo do paralelismo entre fases climiéticas e arqueol6- gicas para o periodo em questio de mudanga da fase sub-boreal para a sub-atlintica, a utiliza- go dos factores de ordem climatica como explicagio mono-causal das origens da cultura Casireja no Noroeste Peninsular, a merecer conveniente investigagio nos dominios da paleobo- tanica, osteologia animal (), pedologia e geologia, devera ser tratada com reservas, sendo mais plausivel que se tenha verificado uma mudanga climatica gradual do que brusca (2) A destruigao geral de um povoado como o Castro da Senhora da Guia (Baides, S. Pedro do Sul), onde ndo sio visiveis estratficagdes nem do qual consta qualquer renovacio de pisos, a ddenunciar uma ocupacio sem grande amplitude cronolégica (2), ¢ @ coincidéncia por toda a regido de achados andlogos, em planaltos e na planicie, de dias € outros depésitos (Serrazes, S. Pedro do Sul; Figueiredo das Donas, Vouzela; Baralhas e Vila Cova do Perrinho, Vale de ‘Cambra) mais apelam a uma interpretacdo com base em movimentos de povos (tradicional- ‘mente identificados com as migragoes eélticas, eventualmente portadoras de influéncias hallsté- ticas) que a factores naturais para as mudangas ocorridas, com paralelos em toda a area coberta neste estudo (2), 2— Ao longo dos sées. VI-VI a.C. devera ter-se acentuado um crescente afluxo de influéncias meridionais, relacionadas. com o mundo tartéssico, de acordo com dados estratigrafados. do Castro. do Coto da Pena (Vilarelho, Caminha) onde recolhemos uma fibula tipo Acebuchal, ssanguessugas de xorcas e adomos de bronze tipo arrecada do tesouro do Gaio (Sines), também significativamente documentados no tesouro de Baido e na arrecada de Pagos de Ferreira, assinalando a introdugao de inovagées morfoldgicas (novas formas de adomos diversi- ficadas), téenicas (destaque para a filigrana e o granulado) e estilstcas (Ieves e esbeltas ¢ com (@5) Cit. A. COFFYN — J. GOMEZ — J. P. MOHEN, L'apogée du bronze atlantique. Le dépit de Vent, Pais, 1981, pp (@5) Ph. KALB, Senhora da Guia, Baides, Madrder Mizeltugen, 19, 1978, pp. 112-138: C. . Silva, O esto de Baes (S. Pedro d0 Sul), Beira Alta, XXXViIL (3), Viet, pp. 509-525, (@") Ph. KALB, Una data CLt pars ¢ Bronze Alinco 141-148. Entegimos, para anslise C14, uma nova amosta de made (2) CLA. F_ALMEIDA, ef al. op ity pp, 6190. (@) Aproveitanus a oportunidad para agradecer 20 Eng. A. R. PINTO DA SILVA, da Estasio Agronimica Nacional, as andlises paleobotinias e ao Dr. JORGE EIRAS, do Instituo Augusto Nob da Faculdade de Ciencias da Universidade do Porta, 38 fnalises de especies zoolopics que tiveram a amabiigade de-now fazer. (G9) Cit vg. observagies de H.G. HL HARKE, Selemen types and serement patterns nthe west Hallstat Province, (BAR 57), Oxford, "1979, p. 65. (@*) Ph. KALB, O -Bronze Atlintco» em Portugal, Actas do Seminrio de Arquologia do Noroste Peninsular t, Guim ries, 1980, 119 (©) Ph KALB, Zur Arqueilogo Portugués, Sée tl, VULIX, 1974-1977. pp. no interior de cabo de wtnsilio de bronze deste dept lantschen Bronzezeit in Porgl, Germania, 58, 1980, pp. 259 ‘A CULTURA CASTREJA NO NOROESTE DE PORTUGAL, wr decoragées fitomérficas ¢ outras) das pegas de ourivesaria, a denotar uma pronunciada mudanga no sentido das correntes neste periodo com reflexos orientalizantes coincidente com a primeira Idade do Ferro, aqui até agora nao atestado através dessa especificidade, cujo conhecimento apenas nos é transmitido, que saibamos, pelo punhal referido do depésito de Baides (que, pelo contexto, parece tratar-se de peca importada) © com mais presencas na Galiza, sobretudo de punhais ‘de antenas (%9) inclusivamente procedentes de Santa Tecla, & foz do Minho, com espdlio concordante com 0 do Coto da Pena, situado na outra margem, a sugerir também influéncias continentais, hallstitticas, a que outros elementos se podem reportar (*), 3 —Cerea de 500 a.C., com certeza como resultado das perturbagées acontecidas no Sul da Penin- sula apés a batalha de Alalia, o Noroeste peninsular serviu de palco aos episédios da expedicio de Tiirdulos e Célticos especialmente referida por Estrabao, III,3,5, com contornos mitol6gicos, « objecto de interessante estudo por parte de A. Garcia y Bellido (), hoje, segundo pensamos, ‘convenientemente por nés corrigido (38) em consequéncia das escavagées arqueolézgicas reali das na érea dos Turduli Veteres, nomeadamente no Castro de Romariz (Vila da Feira) (27), € a partir da confirmagao epigréfica da sua presenca na margem esquerda do Douro, de acordo com P. Mela, IIL,8 e sobretudo C. Plinius, 1V,112-113. E provivel que a revisio cronoldgica desta expedicio se venha a tomar num marco portante a assinalar © comeco de um novo periodo castrejo e a ilustrar os itinerarios, os factores e as matrizes das transformagoes operadas, até agora mais entendidas como influéncias ;post-hallstticas, de origem continental, sobre o fundo indigena, devendo 0 estudo da celtizagao da regio ter na devida conta este novo dado. ‘Sendo ainda cedo para estimar o alcance deste movimento, nao se poderd, de qualquer modo, agora ignorar a amplitude do reordenamento territorial resultante das vicissitudes desta expedigdo com a colonizagao, expressa nas fontes clissicas e comprovada arqueolégica e epigraficamente, pelos Turduli Veteres da franja meridional da cultura castreja, a Sul do Douro, conferindo a esta érea particularidades que poderio explicar as diferencas verificadas em rela- <0 8 zona nuclear entre Douro e Minho, imprimindo-Ihe a densidade de materiais de tradicao Piinica provenientes das suas estagdes arqueolégicas um facies paralelo ao de maior influéncia céltica para a rea da Galiza, para onde se terdo dirigido os seus antigos companheiros. ‘Com habitat identificado desde o seu nivel mais antigo no castro de Romariz, com lareiras de barro e espessa muralha de pedra tipo Sabroso, as estruturas de habitagdo deste periodo tal como nos apareceram na Cividade de Terroso (Pévoa de Varzim) e na Facha (Ponte de Lima) (2) so de paredes pouco espessas com dois paramentos unidos com argamassa de saibro e sem utlizacao de pico de ferro e com pisos finos, ndo tendo sido ainda escavadas reas suficientemente representativas para uma leitura antropolégica, AA primeira fase deste periodo, de evidente cariz posthallstttico documentad6 pot materi- ais de origem continental, como as fibulas tipo Sabroso e Santa Luzia tipicas da regio (5), Drosseguiu os contactos mediterrinicos dai recebendo virios produtos com essa referéncia como Cerimicas de tradigio plinica abundantes a Sul do Douro e algumas ceramicas gregas (Castelo de Faria, Barcelos; Facha, Ponte de Lima (#); Romariz, Vila da Feira), com certeza produto de comércio plinico, © mais tarde campanienses (Santa Luzia, Viana do Castelo; Coto da Pena, Caminha), dualidade de influéncias extemas cuja assimilagio é aparente nos dois grandes grupos de ourivesaria, um interior transmontano, mais céltico, e outro litoral, mais mediterranico. ‘A campanha de D. Iunius Brutus (138-136 a.C.), atestando os primeiros contactos directos, centre romanos e populagdes castrejas da regio, pelo seu perfil de expedigao litoral, podendo >) F. LOPEZ, CUEVILLAS, Ameria postallstatica del NO. hispano, Cuadernos de Exudios Gallegos, VIM, 1947. pp. ‘543-589; M. RUIZ-GALVEZ PRIEGO. Consideraciones sobre los pufales de anenssgallepo-sstrinos, Acar do Seminario de ‘Arqueclogia do Noroeste Peninsular i, Guimarses, 1980, pp. 85-111 (G5) Cir, vp C. A. F_ALMEIDA ct al op. cit. pp. 68:0; A. BLANCO FREUEIRO, Origen y relaiones de I orfebreria ceastea, Cuadernos de Estudios Gallegos, XI G8), 1957, pp. 5-28 (25) A” GARCIA y BELLIDO, -Pequefas invasions. ytramsmiraciones+ intras, 1! Congreso Nacional de Arqueoloia (Madrid, 1951), Zagora, 1952, pp. 231-237. (25) A. C. F. SILVA. As tesserae hosptles do Casto da Senhora da Sade ov Monte Murado (Pedrso, V. N. Gals) CContributo para 0 estido das insiuigdes e povoarneno da Hispania antiga, Gave, t,pp. 926, (G?) Escavagoes realizadas ene 1980 ¢ 1983 em colaboragso com Rui M.S. Genteno; Ct. R. CENTENO SILVA 1 campana de esate aruclipicas no Casto de Romar (Vila da Fe, Aveo), 180, Hanada, 25 C. A. F ALMEIDA, et ali op. ct 9. 68 (0 M. S. PONTE, A génese das fibulas do Noroeste Peninsular, Actas do Semindrio de Arqueologa do Norveste Penns lar, 1, Guimaries, 1980; pp. 11 (8) CA. ALMEIDA, er al, op. cit, p. 66. A..F 1982, pp. 18 PORTVGALIA ter, na sua caminhada até ao Minho, comprovacio arqueolégica verosimil na destruiglo integral da Cividade de Terroso, com espessa camada de cinza de incéndio por toda a parte (de preferéncia a qualquer outro local de batalha indigitado entre os Bracari(*), e eventualmente na linha de ocultagao dos tesouros de joias de Laundos, Estela, Afife(?) e Carrego (#2), pelas proporgées assumidas, segundo as fontes, e pelos estimulos criados ¢ novas motivagoes € ‘modelos propostos, devera considerar-se responsavel pelo termo desta fase e 0 inicio de uma nova etapa que, pelas estruturas aparentes se manifestou como de apogeu na cultura castreja, como fruto das novas relagées estabelecidas doravante no quadro da romanizagao, 4—E, com efeito, a esta fase castreja que se reporta a generalidade dos conhecimentos sobre ela ‘vulgarizados a partir das escavagdes das grandes estagdes arqueolégicas, como as Citinias de Briteiros e Sanfins, que se tomariam paradigmaticas desta cultura, Por forca dos contactos cada vez mai sistemiicos com os romanos, por motivo das etapas da conquista peninsular, esta regio assistiu a profundas alteragdes de organizacio espacial originando o surto de novas aglomeragdes proto-urbanas, polarizando 0 conjunto das activi des de ordem defensiva, politico-administrativa, econémica e religiosa como lugares centrais de territérios bem definidos, conforme atris referido e a seu tempo descria Devendo ter-se tratado de um processo de agrupamento em lugares altamente estratégicos de unidades castrejas menores, para cujo desaparecimento ou retracgao aguardamos a resposta de trabalhos arqueol6gicos, ou entdo como resultado de migragdes internas provocadas pelas movimentagées da ocupagio peninsular de que destacamos a5 campanhas sertorianas (com referéncia nas fontes clissicas relativamente a Cale (49) e com ocultagio de tesouros segura mente atribuidos a essa data, vg., em Romariz (*)), as campanhas de César em que as fontes expressamente mencionam deslocagées de populagdes para o Norte (#8), e mais tarde os mo- rmentos definitivos da conquista por Augusto significativamente documentados, entre outros dados mesmo numismiticos, como as moedas com a representacio de armas indigenas como a caetra e outras, por uma série de tesouros de denarios (#) ‘Continuando @ ocupar alguns sitios estrategicamente privilegiados, como pensamos ter ‘ocorrido, vg., nas Citinias de Briteiros ¢ Santa Luzia, e a eocupar outros, como a Cividade de TTerroso apos a sua destruigio generalizada, em termos de alargamento demogrfico, esta fase aparece também marcada pela fundagdo de vastas aglomeragdes em que a homogeneidade do seu ordenamento e a inexisténcia de renovagdes de pisos confirmam o cumprimento, em breve espago de tempo, de um plano de urbanizacio, como parece ser o caso da Citinia de Sanfins € da Cividade de Ancora. Da anilise das estruturas materiais enquanto reflexo de unidades da organizagao social, sempre dificeis de definir, e ultrapassando embora os limites e objectivos deste trabalho a abordagem dessa tematica, entendemos oportuno reafirmar a nossa conviegao na assimilagio centre cada niicleo familiar e a unidade social de base epigraficamente conhecida por domus. estudada como tratando-se de familia exvensa, e entre cada simples castro com 0 vocabulo ‘castellum, enquanto unidade social superior & familia, a que se reduz 0 signo 5 (#7), come- ¢gando a pensar que uma formagao tio vasta como a Citinia de Sanfins com evidentes divisses intemas represente, em termos orginicos, a aglomeracdo de varios castella, Esta fase proto-urbana de grandes povoados, evidentemente dirigidos por um poder cen- tral, patente no seu ordenamento geral, nas suas estruturas defensivas e de servigos piiblicos, ‘conheceu importantes inovagdes tecnologicas, de que sobressai, a generalizacao dos moinhos giratérios com certeza coincidentes com a da roda do oleiro, com aceitacao integral em alguns casos, de que Sanfins pode ser exemplo, nao se encontrando ai, apds quarenta anos de escava- es, qualquer fragmento de cerimica manual, a denunciar uma forte organizagao do sistema de produgao, € da metalurgia do ferro tomada sistematica no fabrico de armas, instrumentos de Construcao, alfaias agricola e ferramentas artesanais, tendo com certeza surgido da combinaco destes factores organizativos e técnicos as primeiras formas epigraficamente documentadas de (0) Chi. vg: A, TRANOY, La Galice romaine, op. cit. Liv, My cap () Comelagao ji sugeria por C/A. F. ALMEIDA, A Pévoa de Varzim e 0 Seu aro na antiguidade, Povoa de Varsim Boletim Cultural XI, 1972, pp. 14-15, 4 respeito das joas de Laundos © Estela (@2) Salus! Histrarim Religuiae, Wl, 43 ip SERVIUS, Ad. Aen. Vil, 728 (5) RM. S. CENTENO, © tesouro monetrio do Casto de Romariz (Portugal 209.219, (8) Cfr, J. L. VASCONCELLOS, Religises do Lusitania, Ill, Liss, pp. 42-143 (48) RM, S. CENTENO, 0 tesouro de denani do Alta do Corgo teanelho de Valenga), Conimbriga, XVL_ 1977, pp. 93-101; J. TORRES, Tesouro monetirio do Castro de Alvarehos, Sep. Santo Tirso, Boletim Cultural Concelhio, 1, (23), Samo iso, 1979. (2A. C.F, SILVA, Novos dados, op. cit, pp. 8486 Suto, tl, Samander, 1976-1977, pp ‘A CULTURA CASTREJA NO NOROESTE DE PORTUGAL, 9 ‘organizacdo profissional na regio constituidas por grupos de artfices, como os que se dedica- vam a estatuéria (*8) e com certeza a obras publicas, de maior cuidado, como os lugares de banhos piblicos com pedras esculturadas, e a constrigio de muralhas de que 0 lapidarius de Afife, segundo a nossa interpretacio, pode ser testemunho (*). Também as marcas de oleiro, ‘como as das oficinas identificadas de Briteiros ¢ Sanfins, além de outros dados que o estudo das ccerdmicas que temos em curso vird fomecer, j nos manifestam outros aspectos da organizacio econémica ¢ social castreja, em funcao da existéncia de centros de produgio ¢ distribuicao, nomeadamente de oficinas e mercados proprios ¢ trocas intemas e externas também atestadas pela generalizacao da circulagdo monetéria, Com elementos de cronologia relativamente abundantes, sobretudo de procedéncia roma- na, designadamente, as fontes clissicas, numismiticas epigrificas e outros produtos como Ainforas, sigillatas, fibulas, vidros e outros, e alguns indigenas, como a ceramica cinzenta fina polida, ‘apresentamos como horizonte cronolégico para termo deste periodo a segunda metade do séc. I p. C., segundo dados recolhidos especialmente na Citinia de Sanfins, Cividade de Ancora, Castro de Romariz (5), castro da Senhora da Satide ou Monte Murado ¢ Cividade de Terroso, coincidente com dados de outros investigadores (*), entendendo que, a partir das reformas flavianas na regido, a pervidéncia da cultura castreja devera ser objecto de ulteriores consideragdes no quadro da civilizago romana provincial, conforme o esquema tragado para este Seminario. - » dem. pp. $7.90. (19) M."M. MARTINS — A. C. F. SILVA, A estiua do gueneio giltico de S. Julio (Vila Verde), comunicaséo apresentada 40 Seminirio de Argueologia do Noroeste Peninsular (Guimaries, 1982) (em publcaso) (@9) A.C. F. SILVA — Ru M.S. CENTENO, cscavases arquolopieat na Cita de Sanfins (Pagos de Feira) 1977- 1978, Porugdlia, Nova Série, I, Porto, pp. 57-78 (@) Ves M. MARTINS, 6 poroado fonfcado de samo Oviio, (Cadernos de Arqueotogia, 1), Braga, 1981

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