Resumo:
O presente trabalho busca observar de que forma possvel estudar a msica
popular brasileira e sua relao com o imaginrio e o contexto histrico-social de
uma determinada poca. Para isso, parte da anlise da msica Filosofia de Noel
Rosa, composta em 1933. Nela percebe-se elementos que auxiliam na compreenso
do imaginrio social da poca, bem como caractersticas da diviso de classes e da
posio do malandro nessa estrutura. Palavras-chave: histria cultural
literatura msica popular.
Resumen:
Para o objetivo a que se prope esse texto, tomaremos como base a Histria
Cultural, enfatizando os aspectos relativos cultura popular, especialmente a
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Mestre em Teoria da Literatura pela PUCRS e Doutorando em Histria pela UNISINOS. Tambm
professor dos Cursos de Histria e Letras no IPA-Porto Alegre.
msica, e sua relao e representao na sociedade. Assim, necessrio elucidar
qual o nosso entendimento e forma de abordagem sobre o conceito de
representao, cultura popular e identidade nacional a fim de delimitarmos
o objeto de estudo.
Filosofia
(Noel Rosa)
O mundo me condena
No meu nome
Deixando de saber
Hoje me auxilia
No me incomodo
Que a sociedade
minha inimiga
Quanto a voc
Da aristocracia
H de viver eternamente
que toda cultura requer uma atividade, um modo de apropriao, uma adoo
e uma transformao pessoais, um intercmbio instaurado em um grupo social
que permita a incluso na realidade social. exatamente esse tipo de
culturao que confere a cada poca sua fisionomia prpria. (CERTEAU,
1995: 32)
Noel observa nessa cano que a sociedade estava por demais preocupada
com sua prpria ascenso e legitimao ideolgica para se deter em maiores
comentrios e divagaes a respeito dos excludos da high society. Assim, a elite
termina por ignorar o destino dos que esto margem de seu universo.
Estando o poeta convicto de que sua posio de rebelde social era a ideal
frente falsidade do valor do dinheiro, termina por profetizar o destino reservado
aos que se vendem superficialidade da sociedade de consumo, ao espectro da
riqueza e do glamour dos objetos caros e inteis. Esse indivduo seria um servo da
mentira forjada para iludi-lo, um escravo do mundo que ele mesmo ajudou a
erguer (H de viver eternamente sendo escravo dessa gente que cultiva
hipocrisia).
Referncias bibliogrficas
CERTEAU, Michel De. A cultura no plural. 1. ed. So Paulo: Papirus, 1995. 253 p