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Por trás das pegadinhas

A senhora vai a uma casa de carne e pede ao açogueiro do outro lado do


balcão que corte a carne que ela quer. O açougeiro, então, pega a faca mas, ao
invés de cortar a carne, corta a própria mão, separando-a do punho. A senhora
dá um grito de terror!

Não, não se assuste. Este foi mais um episódio de ‘Just for laughs’ (que
pode ser traduzido como ‘Só para rir’), um programa de pegadinhas, do tipo
pegadinhas do Gugu, que passa na TV americana.

Os programas de pegadinhas exitem em vários países. As pegadinhas


têm versões diferentes, adaptadas à cultura e costumes de cada país. São,
porém, sempre uma garantia de audiência. Nós, seres humanos, nos divertimos
quando vemos outras pessoas passarem por certas situações ridículas na tela
na TV.

As pegadinhas não ocorrem apenas nos programas de TV. Se você,


leitor, parar um momento e refletir, certamente irá lembrar de algum momento
em que alguém lhe pregou uma peça.

Estudava no colégio Polivalente e fazia a 5ª série. Uma coleguinha de


sala, em tom sério, me disse que estavam me chamando na diretoria. “Diretoria?
O que será que aconteceu?” Muito tímida e temerosa fui falar com a diretora.
“Não, não chamei você aqui.” Foi aí que eu entendi. Havia me esquecido de que
era primeiro de abril.

O dia primeiro de abril, chamado em inglês de April Fool’s (‘fool’ significa


idiota, estúpido), é o dia em que crianças e também adultos pregam peças.
Pregar peças, porém, não é uma característica exclusiva da nossa cultura.
Antropólogos têm observado que este comportamento de pregar peças
existem em muitas sociedades. São, por exemplo, encontrados em rituais de
iniciação ou de passagem em que o menino se torna homem. Em Zambia, há
um ritual de passagem da infância para a vida adulta em que os adultos usam
máscaras de monstro para assustar os meninos. O objetivo ao pregar esta peça
nos meninos é testar a coragem das crianças.

Psicólogos têm estudado a função da pegadinha. De acordo com eles,


existem as boas e as más pegadinhas. As más pegadinhas estão relacionadas
ao assédio, preconceito e brincadeiras maliciosas. Diferente das más
pegadinhas, as boas pegadinhas podem ter várias funções positivas.

A boa pegadinha pode, por exemplo, nos levar a reflexão, fazendo com
que mudemos nosso comportamento e melhoremos como pessoa, por exemplo,
deixando de ser tão inocente e de acreditar em tudo e em todos. A auto-reflexão
também pode fazer com que deixemos de ser tão arrogantes ou distraídos, de
acordo com psicólogos.

Através da boa pegadinha, os laços de amizade podem se estreitar


porque a pegadinha pode ser vista como um gesto fraternal, que reenforça a
idéia de que a pessoa que caiu na pegadinha é parte do ciclo de amizades.

Talvez seja difícil para nós, que não somos psicólogos, ver os aspectos
positivos de uma pegadinha. Enquanto que pela TV tudo parece muito ilário, na
vida real as coisas podem ser complicadas, ficando difícil distinguir a boa da má
pegadinha.

Denise Maria Osborne é mestranda em Lingüística Aplicada no Teachers


College Columbia University (Nova York) e professora de português como
língua estrangeira. dmdcame@yahoo.com

Artigo originalmente publicado pelo Jornal Clarim (Minas Gerais, Brasil):


Osborne, D. (2008, December 19). Por trás das pegadinhas. Clarim, Ano 13, n.
649, p. A2.

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