1. INTRODUÇÃO
Existem várias definições sobre o que vem a ser um terrário e cada uma delas
atende aos objetivos de seus idealizadores e metas daqueles as propuseram,
abrangendo desde engenheiros agrônomos, geólogos ou professores de Biologia e
Geografia do ensino básico ou superior. Deste modo, na visão de um pesquisador
da área ambiental, tal objeto pode ser considerado como uma representação de um
ecossistema ou meio natural. Para um geógrafo, pode ser considerado como uma
oportunidade de análise do meio social e sua interrelação com a natureza.
De acordo com Rosa (2009, p. 88), podemos entender o terrário como, "[...]
modelos de ecossistemas terrestres e constituem-se de mini-laboratórios práticos,
através dos quais procura-se reproduzir as condições de meio ambiente".
Observando-se atentamente, tal afirmação é consistente ao campo em que foi
elaborada, a Biologia, entretanto, torna-se incompleta ou pouco prática quando
pretendemos a sua utilização pelo método geográfico, que considera não somente o
meio natural, como também a produção cultural do espaço. Não se afirma aqui que
utilizado na área de ciências naturais não se considerará os aspectos
antropogênicos, mas que no âmbito próprio da Geografia, a construção do espaço
geográfico será mais bem abordado, pois o terrário, quando utilizado nas aulas de
Geografia poderá considerar não somente os elementos naturais dispostos no
espaço físico, mas também as construções humanas, que se espacializam neste
lócus natural. Tais construções podem ser representadas por meio de miniaturas de
casas, edifícios, pontes, entre outros elementos próprios do espaço cultural e
constantes do cotidiano dos discentes. Tal abordagem, largamente beneficiada se
se trabalhada em conjunto com a Biologia, poderá fornecer ao aluno uma visão mais
aproximada de seu espaço de vivência, e se refletir sobre seu papel atuante no meio
em que vive. Esta reflexão pode se dar quando durante a construção do terrário, o
professor poderá orientar o aluno a perceber que tal objeto em elaboração, o
terrário, enquanto representação tátil e visual do estrato geográfico apresenta
elementos culturais, construídos pela sociedade, para sua vivência e reprodução e
que toda construção humana se assenta no espaço natural.
O principal objeto para a construção e que servirá com caixa para conter os
demais elementos do terrário elaborado pode ser um aquário antigo disposto na
casa no aluno, bem como uma garrafa pet ou pote de plástico. Deve ser de cor
translúcida e pode ter formas arredondadas ou retas. Recomenda-se o uso do
plástico para que se evitem incidentes quanto ao seu manuseio. Caso se trate de
garrafa pet, um corte transversal ao centro da mesma deve ser elaborado pelo
professor ou outro responsável presente em sala.
Tal objeto didático pode ser utilizado antes ou após o professor explorar um
conteúdo novo com a classe, sendo um elemento de fixação de conceitos ou
incentivador de novos conhecimentos. Em qualquer momento que seja utilizado,
deve-se dar a turma uma noção do que precisará ser conseguido, caso os
professores não os dispunha. Para tanto, uma lista pode ser redigida e junto com
ela, direcionamentos com a data e objetivos principais do projeto, em formato de
plano de aula.
Além destes, é interessante que o professor distribua alunos por grupos para
a construção do terrário para que se trabalhe em equipe e deste modo, surja o
diálogo sobre elementos presentes no espaço vivido. Pode-se ao final da atividade
pedir a estes que elaborem relatório, ou estudo dirigido. Entretanto, durante o
processo de elaboração do trabalho, é importante pensar em formas para que os
alunos tenham sempre em mente os conceitos estruturantes da Geografia, como:
espaço físico, sociedade e equilíbrio natural. Outros, porém, podem ser pensados
em conjunto com o professor de Biologia, tal como higiene e atividades humanas.
No âmbito da Geografia, uma forma interessante para se trabalhar os conceitos
acima descritos é o desenho dos objetos que fizeram parte do terrário construído,
como miniaturas de represas, montanhas, lagos, indústrias, entre outros.
Juntamente com o desenho, o aluno poderá explicar se o mesmo faz parte do
espaço natural ou humano. Tal atividade tem caráter sintético e reflexivo, pois incita
os alunos a repensarem sobre os conceitos abordados e refletirem sobre a
construção do espaço geográfico e a atuação da sociedade neste processo.
4. CONCLUSÃO
ALVES, Rubens. Estórias para quem gosta de ensinar. 8.ed. São Paulo: Papirus,
2001.
LUZ, Rosa Mari Durigan da. Aplicação didática para o ensino da geografia física
através da construção e utilização de maquetes. Revista Discente Expressões
Geográficas. Florianópolis, n. 05, p. 174, maio, 2009.
MONTAGU, Ashley. Tocar: o significado humano da pele. 9.ed. São Paulo: Sammus
Editorial. 2006.
RODRIGUES, David. Dez idéias (mal) feitas sobre a educação inclusiva. In:
Inclusão e Educação: doze olhares sobre a educação inclusiva, São Paulo: Summus
Editorial, 2006.
TORRES, Rosa Maria. Ensinar e aprender: duas coisas diferentes. Disponível em:
http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=12&texto=709. Acesso
em: 20 de Julho de 2009.