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CAPITULO II A sociologia do crédito e da finanga* Bruce G, Carruthers 1. Introdugao As economias capitalistas modernas fundamentam-se principalmente em um sistema de empréstimos que sustentam as transagdes de mercado. O crédito en- volve fundamentalmente a decistio de uma das partes de emprestar uma soma de dinheiro a outra parte. Neste texto eu delineio dez fatores que contam em uma deci- sao sobre crédito e discuto os aspectos sociologicos de cada um. Juntos, engendram uma estrutura para uma sociologia do crédito e da finanga. No centro de todo sistema financeiro estd um conjunto de transagées de crédi- to, € © crédito sempre envolve a questo da confianga. Um credor que prové dinhei- ro para um tomador de empréstimo confia que o devedor pague seu empréstimo. Em muitas situagdes em que pessoas, firmas e organizacdes concedem crédito, a confianga é um problema fundamental que é colocado e resolvido repetidamente. A questo de em quem confiar quando se negocia dinheiro tem sido discutida por milhées de pessoas ao longo dos séculos. E seu recorrente aparecimento pro- duziu um enorme conjunto de praticas organizacionais, cognitivas, sociais e insti- tucionais que tém a intencdo de determinar quem é merecedor de um empréstimo. * Tradugio de Sonia Veasey; revisdo de Antonio Pedroso Neto e Karen Artur. SOCIOLOGIA BOONOMICA E DAS FINANCAS: UM PROJETO KT CONSTRUCAO Hoje vivemos em uma economia de crédito, ¢ as evidéncias sobre 0 uso de crédito vém de mais de mil anos. Quando a troca em uma economia de mercado acontece com base em um pagamento a prazo, uma das partes aceitou a promessa de pagamento mais que o pagamento em si, Os clientes compram coisas sem paga- las em dinheiro na hora - em vez. disso, 0 vendedor prorroga o crédito e aceita a promessa do comprador. Por exemplo, alguém compra um carro novo de outra pessoa e promete pagar no futuro. O vendedor confia no comprador? Ou talvez alguém toma dinheiro emprestado e promete pagar futuramente, O credor acredita na promessa de quem tomou o dinheiro emprestado? Como os financiadores sa- bem distinguir quem é confidvel daquele nao confidvel? Aqui eu descrevo 0 periodo do comego do século XIX até a metade do século XX, nos EUA, um periodo que cobre grandes mudangas na alocacao de crédito ¢ o desenvolvimento do sistema financeiro ¢ bancario norte-americano. As diferengas ao longo do tempo ¢ nos seto- res econdmicos produzem variagées que uso para engajar argumentos sobre o que causa confianga e quais sio suas consequéncias, Além disso, muitas das praticas originadas nos Estados Unidos foram espalhadas em outros lugares, € sito agora usadas ao redor do mundo. O crédito 6 um velho problema de confianga. No inicio da Inglaterra moderna, por exemplo, muitas sendo todas as transagdes de mercado eram feitas com base no crédito (Hopprr, 1987, p. 133-134; Huns, 1996, p. 30-31). Comerciantes tinham listas de débitos dos clientes e fornecedores que deveriam “ser pagos” anualmente, ou apés a colheita. Compradores ¢ vendedores eram unidos por longas cadeias de re- lagdes devedor/credor, criando redes de negécios locais, nacionais ¢ internacionais, nas quais 0 crédito dado ao comerciante pelo fornecedor permitia a este ultimo também conceder crédito aos seus clientes, ¢ assim por diante. Os comerciantes de- pendiam fortemente de créditos e, de modo virtual, todos eram simultaneamente credores ¢ devedores ao mesmo tempo. Sem crédito, um comerciante no inicio da modernidade nao poderia sobrevi- ver no mercado e nem poderia funcionar sem dar crédito a outros. Muitos “proble- mas de confianga” tiveram de ser resolvidos para o crédito efetivamente substituir o dinheiro na troca ¢, assim, 0 crédito foi se tornando cada vez mais importante. Nos Estados Unidos do século XIX, a maior parte do comércio teve de lutar com o mesmo problema de crédito, Earling (1890, p. 20) disse: “Toda nossa estrutura co- mercial se apoia nele (crédito)”. Hoje, a troca de mercado depende dramaticamente da disponibilidade de crédito - 0 suprimento de dinheiro é totalmente inadequado em si mesmo. O crédito ¢ atualmente uma parte crucial das economias modernas e, i ei jadl ek Os] pa co! tint cerf A SOCIOLOGIA DO CREDITO E DA FINANCA, assim, o problema espectfico de confianga se tornou presente. Sem alguma medida de confianga nao ha crédito ¢ 0 sistema financeiro de um pais pode parar. Nos dois dltimos séculos, a solugdo das questées de crédito tem mudado de uma avaliagdo pessoal do caréter do devedor no contexto de relagdes sociais in- formais para um sistematico uso de dados financeiros quantitativos apoiados em relagdes contratuais legais, O cardter pessoal ainda influi, mas nao tem mais um papel singular, Além disso, as avaliacdes tém se tornado cada vez mais formais. Na area de crédito, testemunhamos 0 desenvolvimento de uma tecnologia da confian- ga. A confianga pessoal fundamentada no contato direto entre as pessoas deu lugar a uma confianga impessoal com base no contato indireto, nas relagées formais ¢ no conhecimento racionalizado. Em virtude de o crédito poder ser concedido de varios modos, a mudanga nao € simples, Esbocei uma estrutura para analisar por quais meios as pessoas resolvem seus problemas de confianga em relagio ao crédito. A confianga tem sido um problema pratico para as pessoas do mundo dos negécios, Como elas tém tentado resolver o problema? As situagées de confianga envolvem incerteza e vulnerabilidade (Heimer, 1999). Confianga se torna problemética para um individuo quando ele é vulnerével as agdes de outros € nao tem certeza do que aquela pessoa vai fazer. O destino da primeira pessoa esta nas maos do outro imprevisivel. As pessoas administram a confianga pela redugao da incerteza (por exemplo, procuram aprender mais sobre © que a outra pessoa costuma fazer), pela reducao da vulnerabitidade (diminuem 0 efeito das posstveis agSes das outras pessoas) ou por ambas as coisas. A concessio de crédito é previsivel: uma vez que um empréstimo é feito, o credor est vulneravel ao devedor (dependendo do tamanho do empréstimo) e nao esté completamente certo se o devedor ira lhe pagar. Antes de adotar essa medida de vulnerabilidade ¢ incerteza, 0 credor tem de decidir se o devedor é suficientemente confidvel para garantir o pagamento. Credores tém reduzido sua vulnerabilidade em relagao aos devedores e mane- jado suas incertezas de muitas maneiras distintas, dependendo dos ambientes legais e institucionais, redes sociais, praticas de negécios, normas sociais ¢ outros fatores. Os atuais banqueiros norte-americanos, por exemplo, podem usar o sistema legal para ajudar a cumprir contratos de empréstimos (FREYER, 1982), e podem contar coma lei de faléncia se o devedor ficar insolvente (CARRUTHERS & HALLIDAY, 1998). No passado, os sistemas legais influiam menos nessa questdo e os credores tinham de fazer cumprir os acordos por outros meios, Ambas as questées de in- certeza e vulnerabilidade foram afetadas pelo aparecimento das corporagdes no 367 SOCIOLOGIA ECONOMICA E DAS FINANGAS: UM PROJETO EM CONSTREGAO mercado, No século XVIIL, um credor podia se preocupar com o carater moral de seu devedor, mas a situagao é diferente quando o crédito envolye uma organizacao. Embora essas mudangas tenham afetado a alocagao ¢ 0 volume de crédito, ndo diminuiram a importancia do problema. Em quem confiar? Essa ainda é uma per- gunta que atormenta os credores. Identifiquei dez caracteristicas diferentes com as quais os credores tém se preocupado quando estéo decidindo em quem confiar, O balango entre elas varia ao longo do tempo, espago e situagdo, mas coletivamente istemas financeiros e de crédito, refletem a nature: za social profunda dos 1) As qualidades pessoais do devedor: credores tém sempre focado 0 ca- rater pessoal do devedor como ponto-chave da confianga, assumindo que algumas pessoas mantém suas promessas melhor do que outras O problema para o credor é como reconhecer tais pessoas e quais seriam as caracteristicas externas nas quais prestar mais atengdo (Homens ca- io mais confidveis do que solteiros? Ou sao as mulheres mais confidveis que os homens? etc.). Claramente, algumas caracteristicas sados stio mais visiveis que outras. Por exemplo, pesquisas sobre discrimina- ao racial ou de género nos mercados de crédito tam mostrado como s tendenciosas atribuicées de confianga podem moldz decisdo discriciondrias em favor de um grupo sobre 0 outro e também omo previsto da autossatisfagao do credor (MUNNELL et al., r tomadas de funciona 1996; YINGER, 1995). Tais discriminagdes beneficiam alguns (membros de dentro do grupo) e prejudicam outros (membros de fora do grupo). 2) As relagées sociais informais entre devedor ¢ credor: as relagdes esta- veis e multidimensionais que envolvem rigidas obrigagdes normativas podem tornar o devedor mais confidvel aos olhos do credor e ainda fornecem “informagées confidenciais” sobre a real situagao econdmica do devedor. As relagées de parentesco e de ami exemplos dessa situagdo: as pessoas tendem a confiar mais em paren- zade so os melhores tes ¢ em amigos intimos do que em estranhos, Isso acontece porque conhecem os parentes ¢ amigos mais intimamente ¢ tém meios infor- mais de fazer que os acordos sejam cumpridos. Pesquisas sobre esse assunto resultaram diretamente do famoso artigo de Granovetter de 1985 sobre incrustagdo (embeddedness) (por exemplo, Uzzt, 1999; Uzzt & GILLESPIE, 2002; Uzz & LANCASTER, 2003), como também se funda- mentaram no famoso € mesmo antigo artigo de Macaulay sobre conira- tos (MACAULAY, 1963). Esses artigos so muito importantes para quem 368 3) 4) 5) ASOCIOLOGEA DO CREDITO EDA FINANGA faz, pesquisa histérica sobre crédito (por exemplo, LamMoreaux, 19945 HANLBy, 2004), ¢ também para quem estuda as inter-relagdes corpora- tivas (MizRUcHL, 1996). As relagoes formais entre o devedor e 0 credor: por meio de leis comer- ciais confidveis, os contratos de empréstimo podem ajudar a coagir o devedor a pagar 0 débito, podem manter os credores informados so- bre a real situacao do devedor e podem reduzit, para o credor, o custo de nao pagamento da divida (pela aquisigio de outros tipos de tran- sagdes, securitizadas ou paralelas). Dessa forma, os contratos podem lidar tanto com a vulnerabilidade como com a incerteza. Os governos, por raz6cs politicas, também podem regular os contratos devedor/cre- dor para proteger uma dos lados (geraimente 0 devedor) de transagdes exploradoras ¢ predatérias (por exemplo, CARRUTHERS, GUINNANE & Lee, 2005). Esse aspecto tem sido estudado principalmente por histo- riadores de economia ¢ pesquisadores sobre direito-e-cconomia. Os estudos comparativos sobre a confianca e eficiéncia do sistema legal demonstram que boas leis acentuam o crescimento financeiro, que se s de crescimento econdmico (1.4 Porra et al, 19973 1998; LEVINE, 1998). ‘Tais estudos, com a Crise Financeira da Asia, fi- traduz em altas taxa: zeram que recentemente o FMI e o Banco Mundial se tornassem mais interessados nas instituigdes legais. A ampla rede de relacionamento do devedor: certos tipos de redes e for- mas de inser¢ao social podem restringir 0 comportamento do devedor a tal ponto que podem influenciar a yaloragao do crédito. Por exemplo, consideremos um devedor que desfruta de uma alta posigio social den- tro de um grupo ou rede social, Ele pode prejudicar sua reputagio se ficar inadimplente publicamente ~ sua valiosa posicao social funciona como uma espécie de penhora, Ou consideremos uma rede de toma- dores de empréstimos que tem uma responsabilidade conjunta pelas dividas, como em muitos arranjos de microcrédito; ou um tomador de empréstimo particular que pode estar ligado a outros que podem atuar como fiadores informais do empréstimo, As analises do Grameen Bank, associagées de crédito rotativo e outros arranjos similares refletem esse aspecto (BIGGART, 2001; LIGHT & BONACICH, 1988, p. 243-272; Ligut, Kwuon & ZHONG, 1990; Prr'r & KHANDEER, 1998). As caracteristicas financeiras do devedor: quao facil e acuradamente os credores podem medir a atual situagdo financeira de um devedor tem 369 SOCIOLOGIA ECONOMICA E DAS BINANCAS: UME PROJETO EM CONSTRUGAO mudado muito com o aumento geral da informagao financeira sistema- tica. Hoje, requisitos de arquivamento e divulgagdo impostos sobre as companhias ptiblicas de comércio por agéncias reguladoras como a Sl (United States Securities and Exchange Commission) e o desenvolvi- mento de procedimentos contabeis geralmente aceitos (GAAP) propor- cionam um alto volume de informagao financeira padronizada e dispo- nivel publicamente. Os requisitos de divulgagéo também sao colocados privadamente (sendo arrolados na Bolsa de Nova York), ¢ muitas das sao criadas pelo setor privado (por meio informagdes sobre as firma de agéncias de classificagao de crédito como Dun e Bradstreet - para pequenos negécios ~, Standard & Poor's ¢ Moody's ~ para titulos de corporagées € outros papéis negocidveis, ver SrvcLate, 2005). Estudos. sociolégicos de contabilidade admitem a parcialidade ¢ a falta de neutra- | | lidade da informagdo quantitativa, assim como os interesses profissionais q dos contadores (CarrutHers & EsPBLAND, 1991; MILLER, 1994; PORTER, 1995; CALAVI'A, PonTELL && ‘TILLMAN, 1997). E varios escindalos sobre a contabilidade das corporacées (por exemplo, Enron, WorldCom etc.) demonstram que tal informagao ¢ facilmente manipulavel e passiva de corrupgao. No entanto, o volume desse tipo de informagao tem tide um impacto na reducao da incerteza dos financiadores. 6) Os objetivos do credor e do devedor: a construgao da confianga é afetada pelo que o credor e 0 devedor pretendem fazer com o financiamen- to. O empréstimo é uma transagdo econdémica estrita ou ela envolve avaliacées e consideragées extraeconémicas? Se, por exemplo, o credor quer usar um empréstimo para doagdo ou como parte de uma opera- co filantrépica, 0 retorno do dinheiro nao é um problema e nem o é a confianga no devedor. Quando os empréstimos sdo usados para facilitar uma venda, como um financiamento parcelado para bens duraveis, os financiadores muitas vezes estéo dispostos a estender 0 crédito e até mesmo a dar o beneficio da divida a credores néo conhecidos (GELPE & JULIEN-LaBruvire, 2000). Os financiadores também esto preocu- pados em saber se 0 devedor vai usar o dinheiro para fins comerciais ou pessoais, A pesquisa sobre o significado social ¢ cultural do dinheiro {por exemplo, ZELIZER, 1994; 1996; CARRUTHERS & ESPELAND, 1998; Mu prew, 1998) certamente ajuda compreender 0 contexto extraeco~ némico do dinheiro e do crédito. Mas desde que os objetives do finan- ciador envolvam o desenvolvimento econédmico (em adigdo & doagao), 370 ee 7 8) A SOCIOLOGIA DO CREDITO B DA FINANGA pode ser admitida a importincia de exemplos como os da politica de empréstimos para o desenvolvimento econdmico orientado pelo Estado, na Coreia do Sul (Woo, 1991) As solugdes disponiveis no caso de inadimpléncia: nas modernas econo- mias de mercado, essas solugdes esto na lei de faléncia e determinam © que ira acontecer quando um deyedor nao é mais capaz de cumprir seus empréstimos. A lei de faléncia varia de pais para pais, e vai desde a que privilegia o credor a que privilegia os devedores, e sempre encon- tra um ponto de equilibrio entre a liquidagao ou a reorganizacao de uma firma. A lei de faléncia empresarial tornou-se mais consequente na atual fase do neoliberalismo, que enfatiza as economias de mercado e os mercados competitivos, e tem sido objeto de varios estudos sociolé- gicos (CarruTiers & HauLipay, 1998; DELANEY, 1992; SULLIVAN et al, 2000). E, como parte da estrutura legal dos mercados, a lei de faléncia ganhou a atengio do FMI ¢ do Banco Mundial depois da Crise Finan- ceira da Asia. Diversificagao do credor: sob certas circunstancias, o problema da va- loracao da confianga em credores particulares pode ser resolvido pela agregacéo de um amplo niimero de credores semelhantes e, entiio, es- timando-se estatisticamente a probabilidade de inadimpléncia dentro de todo o grupo. O credor no mais se preocupa com um s6 devedor, mas prefere conhecer a média de perdas e, entéo, simplesmente co- brar o suficiente em juros para cobrir essas perdas. A securitizagdo de hipotecas residenciais no mercado secundario de hipotecas faz exa- tamente isso e demonstra 0 poder dessa técnica. Para entender como a diversificagao de crédito funciona como estratégia, devemos prestar mais atengdo aos estudos sobre padronizacio, quantificagio, liquide e emergéncia da légica actuarial (PORTER, 1995; ESPRLAND & Strvens, 1998; CARRUTHERS & StINCHCOMBE, 1999). Intermedidrios: grupos de terceiros em comum entre o devedor e 0 credor quase sempre funcionam como lago de unio (como no caso de bancos de investimento que intermedeiam os financiamentos en- Wwe devedores e credores). O intermedidrio fornece informagio con- fidvel aos financiadores e pode até mesmo corroborar a confiabilid de do devedor. A dinamica dual dos pares devedor/credor se associa um terceiro parceiro. As pesquisas sobre corretagem, estrutura de 371 SOCIOLOGIA BCONOMICA B DAS FINANGAS: UM PROJETO EM CONSTRUGAO, rede ¢ redes entre as proprias empresas, incluindo inter-relagdes en- tre diretores, tém explorado esses assuntos. 10) Ocontexto monetdrio: desde que 3 ser pagas em dinheiro, o status do dinheiro fornecido pode ter um efeito signif. dividas sao finalmente pa cativo nas relacdes devedor/credor. Assim, as mudangas dramaticas no nivel de prego ea disseminagao de incertezas sobre o valor do dinheiro, 40) ou: 0s credores (no podem favorecer 0s devedores (no caso de infl caso de deflagio), ¢ também afetar de modo geral a disposigao das pes- soas cle emprestar dinheiro a outras (MANN, 2002, p. 172-174). A confian- gam um devedor pode ser influenciada pela confianga no dinheiro que ele pagara, mesmo se as promessas de um devedor forem mantidas, Esses dez fatores nao so igualmente importantes em todas as instancias, mas cada um deles afeta o conhecimento ou a vulnerabilidade e, consequentemente, a disposigao de um financiador para emprestar dinheiro, Do ponto de vista do credor, é melhor quando todos os fatores convergem na mesma diregio, tornando a decisio de emprestar dinheiro mais facil (por exemplo, o devedor tem bom carater, assina um contrato formal correto, tem uma relagao informal muito forte com o credor, poderd perder reputacio em caso de inadimpléncia, pagaré em dinheiro cujo valor éestavel etc), No entanto, nem sempre as coisas As vezes alguns aspectos sinalizam um alto nivel de confianga enquanto outros, baixo nivel, dando ao credor um quadro misturado. E as tentativas de melhorar a confianga em uma dimensio 0. Por exemplo, um credor que insiste em um contrato formal pode, na verdade, minar a relagio pessoal entre as partes (do mesmo modo que um contrato pré-nupcial de casamen- to pode esfriar uma relago muito romantica) ¢, assim, inadvertidamente reduzir sao clar’ podem, na realidade, piorar em outra dimenséo ao longo do proces © nivel de confianca geral. O envolvimento em uma relagao social informal pode aumentar a obrigagio do devedor de pagar sua divida, mas também pode aumentar a obtigagéo do financiador de emprestar (e, no caso de insolvéncia, pode fortalecer a obrigagao de perdoar ou rolar a divida do insolvente) Os financiadores desenvolve- ram varias heuristicas para capturar alguns desses aspectos do empréstimo, os cha- mados trés C: carater, capacidade e capital, mas essas regras sem precisio somente oferecem guias grosseiros para as tomadas de decisée As veves, o desenvolvimento de uma base de confianga pode tornar outras ba~ ses relativamente menos importantes. Na Nova York do século XVIIL, as cortes, a fei comercial ¢ os contratos formais substituiram as relagées pessoais na concessio de crédito (ROSEN, 1997, p.72-73). Por todo o século XIX, os mercados locais ¢ regionais 372 A SOCTOLOGTA DO CREDITO FDA FINANCA norte-americanos se integraram em um s6 mercado nacional. Em conjunto com o comércio de longa distancia veio a informacdo nacional de crédito (fornecida por agéncias de crédite como R.G. Dun) e o desenvolvimento de leis que valori os papéis comerciais ¢ outr WEINBERG, 1982). Esses meios formais permitiram os empréstimos andnimos ¢ tor- ram s formas de instrumentos negociaveis (FRevER, 19823 naram mais ficil fornecer empréstinos para pessoas desconhecidas e distantes, A informagao sobre classificagio de crédito se desenvolveu consideravelmente desde entao (se estendendo do crédito comercial a titulos de ferrovias, ¢, entao, aos papéis negociiveis de empresas e, eventualmente, atingindo até as dividas dos governos) € é agora amplamente usada em todo o mando (OLAGARIO, 2003; SINCLAIR, 2005). O balango entre um grande ntimero de fatores é altamente influenciado pela capacidade e pelas politicas do Estado. Evidentemente o cumprimento de contratos formais depende da existéncia de um sistema legal efetivo apoiado pelos poderes coercivos do Estado, Além do mais, o Estado promulga as leis de faléncia ¢ admi- nistra o volume de dinheiro, Finalmente, por seu poder regulador, o Estado geral- mente influencia a produgao de informago financeira quantitativa sobre firmas e mercados, como também modela o formato de tais informagées, A importincia do Estado ¢ 0 fato de que emprestar dinheiro frequentemente envolve enormes dife- rengas de poder significa que o crédito ¢ toda a estrutura das relagdes entre devedor/ credor sempre levanta questdes politicas e econdmicas mais amplas. As decisdes sobre crédito, como tecnologia social da confianga, tém muda- do substancialmente com o passar dos tempos. A importancia relativa do cardter pessoal do devedor tem declinado ao mesmo tempo em que a importancia das relagdes formais ¢ legais entre devedores e credores tem crescido. Isso ndo quer dizer que carater pessoal nao importa mais (ver, por exemplo, NewBURGH, 1991), mas ja nao é mais o critério tmico ou predominante, A importancia das relagdes informais entre devedores e credores tem diminuido (mas néo desapareceu), em- bora em certas circunstancias (por exemplo, na Russia contemporanea) o sistema legal problematico pode necessitar de uma reversio 4 informalidade (Katt, 2001). O uso da diversificagao ¢ a confianga na informagao financeira sobre os devedores também tém crescido, Se a base da confianga mudou do conhecimento quantitative pessoal embu- tido nas relagdes informais, de um lado, para os dados financeiros sisteméticos impessoais combinados com relagées formais legais, cle outro, o que essa mudanca quer dizer? Quais so as possiveis consequéncias? Apesar da crescente importancia da categorizagio de crédito, do céleulo da capacidade de pagamento, as organi- zagdes que calculam e promulgam essas classificagées para firmas ou individuos 373 SOCIOLOGIA RCONOMICA B DAS FINANGAS: UM PROJETO EM CONSTRUCAO sao pouco conhecidas e sujeitas a, virtualmente, nenhum controle publico (Juacir & WALSH, 20025 SINCLAIR, 2005). Alguns tipos de contratos de empréstimo estio sujcitos 4 regulacio (por exemplo, a agiotagem, os pequenos empréstimos e justas leis de empréstimo), mas muitas nao estao. Eas interconexdes entre os diferentes tipos de crédito formal e informal raramente sdo examinadas. Como os credores crescentemente vém tomando decisdes de empréstimos com base nos protocolos formais, que retinem e processam informagoes quantitati- ‘vas ¢ computam 0 devedor como confidvel ou nao, a informagao informal se torna marginal (Kerwer, 2001). O que conta em tais decis6es so os fatos que podem ser contabilizados. & muito mais facil medir acuradamente o fluxo de caixa de um devedor (3) do que seu carater moral ou suas relagdes sociais (2). A informagio sobre o fato 1 teré mais énfase somente se ela pode ser coletada sistematicamente e sintetizada em simples bottorn lines (relatérios de lucros ¢ perdas), diferentemente da informagao sobre 0 fato 2. As tcorias sobre a valoragao do crédito embutidas em protocolos de decisio de crédito quantitativamente fundamentados ¢ em heuristicas anteriores sio exe- cutadas da mesma maneira que comerciantes péem em pratica o Black-Scholes, modelo de opgiio de prego (MacKENz1E, 2003). Bles tém veracidade & medida que sio colocados em ago, nao simplesmente porque “espelham” uma realidade pre- existente. Além disso, os julgamentos sobre a credibilidade tém a qualidade de autorrealizdveis: tornam-se verdadeiros porque sao realizados. Uma firma avaliada como tendo credibilidade receberd o crédito de que precisa para operar de maneira prospera, enquanto uma firma ayaliada como nao tendo credibilidade nao recebe- rd semelhantes empréstimos (ou os tera em condigées inferiores) e sera, portanto, mais provavel seu fracasso. Protocolos formais quantitativos parecem reduzir a discricionariedade dos que tomam decisdes (PoRTER, 1995). Pode-se argumentar que as decisées toma- das estritamente com base em “nimeros” envolvem menos “chamadas ao julga- mento”, e menos situagdes nas quais os que tomam decisdes devem interpretar ativamente as ambiguidades encontradas para decidir sobre a credibilidade de alguém. A redugao da discricionariedade nio é, no entanto, a mesma coisa que sua eliminagio, E a aparéncia de decisio nao discriciondria faz a discricionarie- dade remanescente mais consequente, nio menos porque permite aos que to~ mam decisées exercer sua discricionariedade sem ser completamente responsé- veis (desde que supostamente n&o tenham discricionariedade). 374 ASOGIOLOGIA DO CRIDETO f) DA FINANGA mum mundo de avaliagao ce crédito altamente racionalizada, ser capa de dlar ou negar a alguém 0 beneticio da diivida pode fazer uma grande diferenca (Muwnert. et al., 1996). 2. A agenda de pesquisa Dada a centralidade do crédito nos sistemas financeiros das economias capi- talistas modernas, é sem surpresa que 0 crédito, como t6pico de pesquisa, levante as mais diferentes questées e leve a importantes diregdes (do microcognitivo ao macroestrutural, da psicologia social 4 economia politica). A soctologia econémica comecou a explorar algumas dessus linhas de pesquisa e, em muitos casos, ainda resta muito trabalho a ser feito. Alguns caminhos me parecem particularmente muito frutiferos. Em primeiro lugar, socidlogos devem procurar um maior entendimento sobre como as instituigdes de crédito operam e que tipo de relagdes clas tém com as insti- tuicdes formais. As instituigées formais so mais visiveis e mais faceis de mensurar ede estudar. As instituigdes informais so relativamente invisiveis (tanto para os socidlogos como para as autoridades pitblicas), embora ndo menos importantes. E claro, por exemplo, que os trabalhadores migrantes que remetem os salrios para seus paises de origem muitas vezes fazem uso das instituigées financeiras informais (por exemplo, o sistema hawala), Como isso funciona tao efetivamente, sem 0 be- neficio do cumprimento legal, 6 uma questao importante a ser resolvida. Em segundo lugar, embora os sociélogos da economia reconhegam que as redes sociais tém importancia, exatamente por que e como elas importam perma- nece um mistério, Tratar essas questdes pode requerer uma mudanga de foco das estruturas das redes para o contetido das relagdes dentro da rede. Que conjunto de expectativas, obrigagées e demandas combinam com que tipo de relagao social (por exemplo, amigos versus parentes versus conhecidos) ¢ como elas variam con- forme o grau de forga e intensidade dessas relagées? (por exemplo, icmaos versus Primos em segundo grau). Fssas expectativas, abtigagées e demandas sio implici- tas ou explicitas, latentes, ou manifestas, claras ou ambiguas? Quéo transitivas elas sao? Em resumo, © amigo do amigo tem a mesma forma de relagdo, embora mais fraca, que um amigo possui? Em terceiro lugar, embora o reconhecimento socioldgico da conexao entre a lei e 0 capitatismo nos leve até Max Weber, ainda hé muito o que aprender sobre como essas estruturas legais, as ideologias ¢ as profissées dao forma as transagées 375 SOCIOLOGIA BCONOMICA E DAS FINANGAS: UM PROJETO EM CONSTRUGAO econdmicas. As instituigées financeiras internacionais tém se mostrade muito interessadas na “regra da lei” e muitas demandas tém sido feitas no sentido da necessidade das leis calculiveis ¢ previsiveis para as economias de mercado, O argumento basico é 0 de que paises com sistemas legais incompletos, nao confid- veis c imperfeitos aumentam muito a incerteza ¢, assim, os investidores se tornam relutantes em investi, Com baixos niveis de investimento vém baixos niveis de crescimento econdmico. Essa conviegao tem inspirado programas de reformas le- gais em diferentes partes do munda, incluindo a Europa oriental e central ¢ a Asia do oriente. Mas a evidéncia diz que a seguranga juridica nao é, de fato, uma condi- cdo necessiria para o crescimento econdmico. Além disso, a criagao da seguranga juridica nao é por si s6, uma tarefa simples ¢ trivial (é muito mais que escrever leis claras). E, finalmente, em quarto lugar, o cdlculo que os provaveis credores fazem para acess at a ctedibilidade dos provaveis devedores é hoje profundamente fundamen- tado na informagao quantitativa de todas as variedades. Uma vez, que as informa- gées ¢ suas assimetrias estio ao centro dos mercados de crédito, compreender a criagao, a aquisicao, 0 processamento ¢ a distribui¢gio de informagdo requer um tipo de sociologia do conhecimento econdmico. Os socitogos ainda n&o desco- briram os vieses cognitivos ¢ as limitagdes inerentes & tomada de decisio com base em nimeros, apesar do fato de os mercados financeiros e as instituigdes estarem. imersos em informagdes numéricas. Historiadores como ‘Theodore Porter (1995) podem oferecer insights titeis, mas o que realmente precisamos é ‘uma descri¢io densa’ de como os nitmeros sao criados ¢ usados. postas no centro dos sistemas bancirio e financei- Como 0 quadro esbogado anteriormente As transagGes de crédito: ro sao profundamente processos sociais indica, os diferentes aspectos clo crédito engajam questdes de incerteza e de vulne- rabilidade, mas o fazem de tal maneira que claramente incluem fatores, instituigdes € constrangimentos sociais. Além disso, 0 padrio de engajamento muda com 0 tempo enfatizando que as relagdes de crédito tem uma importante dimensao his- térica, Mais que olhar os estudos socioldgicos sobre crédito € finangas como um tipo de conhecimento exdtico ou um empreendimento especializado, deveriamos reconhecé-los como uma linha de pesquisa muito dbvia e natural, O crédito adi- ciona duragdo as transagdes econdmicas, separando no tempo o dar do receber, A duragao, por sua vez, traz incerteza ¢ vulnerabilidade, e, para lidar com isso, as pessoas desenvolvem uma variedade de estratégias sociais, artificios e medidas que so a matéria-prima da pesquisa sociolégica. 376 A SOCIOLOGIA DO DITO EDA FINANGA Referéncias bibliograficas Annow, K. J. The Limits of Organization, New York: W.W. Norton, 1974. Broeart, N. W. Banking on Each Other: ‘The Situational Logic of Rotating Savings and Credit Associations. Advances in Qualitative Organization Research, 5, p. 129-152, 2001. Bure, R. S, Structural Holes. 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