Resumo: Os bestializados o Rio de Janeiro e a Repblica que no foi Cap. 5:
Bestializados ou bilontras?
O texto se inicia com a frase o povo assistiu bestializado a proclamao da
Repblica, assim, o capitulo, a partir disso, vai desenrolando as questes desse episdio e expondo as percepes da poca, tanto da viso que os estrangeiros tinham, como da prpria populao que observava e reagia a isso. O autor pontua que no parecer de observadores estrangeiros at as pessoas mais bem informadas pareciam bestializadas, sem reao alguma, chegando a dizer que o povo fluminense no existia. Nesse sentido, o capitulo trata dessa apatia por parte da populao, mencionando o que colaborou para esse estado de coisas, enfatizando ento a grande questo proposta esse povo seria o que? bestializados ou bilontras?. Nesse perodo, era muito comum o esprito associativo, que, de acordo com o texto, manifestava-se principalmente nas sociedades religiosas e de auxilio mutuo. Essas associaes em sua maioria no possuam carter poltico e de luta. Tanto que at a liderana radical do movimento operrio reclamava da apatia dos trabalhadores, da falta desse sentimento de luta, e, da carnavalizao das questes operarias. No que se refere a essa carnavalizao, vale dizer, que nesse perodo era algo bastante presente, em reunies dessas sociedades tanto as religiosas quanto as de outra finalidade, quase sempre terminavam em grandes festas e bebedeiras, o povo no estava preocupado em ter participao poltica, representao, nem nada disso. E assim, esse povo tido como bestializado, nas palavras de um dos autores citados no capitulo um povo incapaz de pensar e de sentir. Esse povo despreocupado com as questes polticas era de todo modo algo bastante decepcionante para os reformistas, uma vez que eles tinham essa idia de cidado ativo que era o oposto de sua realidade, este cidado de fato no existia no Rio de Janeiro, o povo no se importava nem em aparecer nas urnas para votar. No entanto, o texto mostra que com o tempo houve uma mudana na natureza das associaes, que em vez de religioso, passou a ter mais conotao civil ou poltica, mesmo que ainda predominasse as associaes tradicionais. Destaca-se o movimento que mais se aproximou de uma ao poltica clssica foi o jacobinismo, no entanto, esse movimento tendia ao fanatismo e no era de fato organizado. Em resumo, as pautas dos movimentos que ocorriam na poca visavam muito mais os limites do que o Estado no podia fazer, do que requerer direitos e outros bens sociais. Tratava-se muito mais uma questo de limitar a ao do poder pblico quando este tentava impor a lei a fora e de certo modo interromper a liberdade da populao, essa circunstncia bem ilustrada pela revolta da vacina, por exemplo. Destaca-se o seguinte trecho na poltica a cidade no se reconhecia, o citadino no era cidado, inexistia a comunidade poltica. Diante dessa situao, no era de se estranhar a apatia e o mesmo cinismo da populao em relao ao poder. Note-se que o Bilontra seria o espertalho, gozador, velhaco, o oposto do bestializado que aceita tudo. Assim, o bilontra, no auge de sua esperteza no se importava com a lei, porque s os bestializados a obedeciam. Isso porque o povo de certo modo sabia que o que era formal no era srio, isso porque no tinha participao da populao na poltica, no tinha caminhos para se chegar a isso. A cidade, a Repblica e a Cidadania continuam dissociadas, quando muito perversamente entrelaadas.
Referncias:
CARVALHO, Jos Murilo de. Os bestializados: O Rio de Janeiro e a Repblica
Elites políticas e legislação social na Primeira República (1891-1926): a questão social, o federalismo e o legislar sobre o trabalho na Primeira República brasileira
A Confederação Nagô-Macamba-Malunga dos Abolicionistas: O Movimento Social Abolicionista no Rio de Janeiro e as Ações Políticas de Libertos e Intelectuais Negros na Construção de um Projeto de Nação Para o Pós-Abolição no Brasil