Se formos partir da premissa utilizada pelo referido decreto, então o que dizer
das empresas que prestam serviços para a Administração Pública e que
possuem condenações junto à Justiça do Trabalho?
O que dizer então das empresas que prestam serviços para o Estado e que
também já foram condenadas judicialmente, só que na esfera tributária?
Como se sabe, a fraude não se presume. Não pode o poder público concluir
que todas as cooperativas de trabalho, ao participarem de licitação, somente
por este motivo, fraudam a legislação trabalhista. Uma insanidade!
Isso não pode ser presumido e sim deve ser provado, por quem alega tal
circunstância, no judiciário.
Lendo-o atentamente conclui-se que tudo isso só pode ser uma aventura
jurídica que o Sr. Governador decidiu empreender, já que, imagina-se, está um
pouco entediado com o cargo que exerce, visto que não pediu para estar lá.
Se o objetivo é criar uma “ficha limpa” nos processos de licitação, que se faça
isso pelos meios adequados, uma vez que somente a lei pode regular tal
matéria, como foi feito recentemente no Congresso Nacional.
Não é um decreto estadual que vai agora regular uma Lei Federal, a de n.
8.666 de 1993, que dispõe sobre licitação. Esta matéria é de competência
exclusiva da União.
Aliás, pode-se concluir facilmente que o referido decreto vai permitir que
qualquer empresa, que tenha sido derrotada em processos de licitação, possa
requerer a impugnação de todo o processo licitatório, apontando as inúmeras
condenações judiciais, ainda que não transitadas em julgado. Imagine-se o
precedente que o cambaleante decreto vai abrir!
Eduardo Pastore
Advogado do SINTRACESP
eduardopastore@pastoreadvogados.com.br