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Democratas25 2 A Forgadas Novas Idéwas. EXCELENTISSIMO SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL PEDERAL SUPREMO TRIBUNAL FFNERAL svaleyialotia de Phen enecarvai veal 20/07/2009 14:28 90369 OETA A “Bu tanho um sonho de que um dia este nacdo vai se levantar @ viver o verdadeiro significado da crenga de que todos os homeng si iguais. Eu tenho um sonho de que um dia, nas montaahas da Gedrgia, oa filhos de antigos escravos e os filhos de antigos donos de escravos serfo capazes de sentaren-se juntos A mesa da fraternidade. Eu tenho um_sonho de que um dia os meus quatro Filhos Viverdo numa pacdo onde afo serfo julgados pela cor de sua pele, mas cim pelo conteddo de seu carter”. (wartin Luther King - contraério @ polftica de cotas raciais - am 28/08/1963) DEMOCRATAS - DEM - partido politico com representagéo no Congresso Nacional, devidamente registrado no Tribunal Superior Eleitoral, por sua vépresentante judicial devidamente constilutda, com fundamento no artigo 2°, incigo T, da Lei Federal n° 9.882/1999, combinado com os artigos 102, $1", ¢ 103, inciso Vill, da Coust.ituigao Federal, vem, respeitosamente, a presenga de Vossa Exceléncia, sjuizar a presente (ini? ARGUIGKO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (com pedido de suspensaéo liminar da eficacia dos ato de Poder Pablico) visando & declaragio de inconstitucionalidade dos seguintes atos do poder Pablico, que resultaran na instituigdo de cotas raciais na Universidade & de Brasilia - UnB: ay ip av) indicam Federal: a 44a) aad) av) v va) vii) vidt) ix) Democratas25 3 ‘A Forgas Novas idéias Ata da Reunido Extraordinfria do Conselho de Enaino, Pesquiea e ixtensic da Universidade de Brasilia (CEPE), realizada no dia 06 de Junho de 20037 Resoluglo n° 38, de 18 de junho de 2003, do Conselho de Ensino, Pesquisa ¢ Extensdo da Universidade de Brasilia (CEPE); Plano de Metan para a Integracio Social, stnica e Racial da Universidade de Brasilia - UnB, especificamente os pontos I (objetivo"), II (“agées para alcangar o objetivo”), 1 (*Acesso"), alinea “a” ; II ("Agéea para alcangar o objetivo"), IZ ("Pernanéncia”), sin, "2" @ "3, a, by ov e I2T (“Caminhos para a implementago”), itens 1, 2 ¢ 3. As impugnagdes aqui referidas tomam por base o texto literal do Plano de Metas, apesar da evidente confueso ma distribuicao entre tens, alineas e subitens; xtem 2, oubitens 2.2, 2.2.1, 2.3, item 3, subitem 3.9.@ © item 7 ¢ wubitens, do Edital n° 2, de 20 de abril de 2009, do 2” vestibular de 2009, do CESPE - Centro de SelecSo e de Promogio de Eventos - érgao que integra a Fundagéo Universidade de Brasilia e organiza a realizacéo do concurso vestibular para acesso 4 UnB. Para obtcr a declaragdo de inconstitucionalidade pretendida, se como preceitos fundamenlais vulnerados, todos da Constituigao Artigo 1°, caput (principio republicano) e inciso III (dignidade da pessoa humana); Artigo 3°, ineiso Tv (veda o preconceite de cor © a discrininagio); Artigo 4°, inciso VITI (repidic ao raciemo); Artigo 5*, incisos I (igualdade), 11 (legalidade), XxxIIT (direito @ informagao doa Grg&os piblicos), xXLIZ (combate ao racismo) e LIV (devido processo legal - principio da proporcionalidade) Artigo 37, caput (principios da legalidade, da impesscalidade, da razoabilidade, da publicidade e da moralidade, corclérios do principio republicano) ; Artigo 205 (direito universal educagito) ; Artigo 206, caput e inciso I (igualdade nam condi¢des de acesso ao ‘ensino) ; Artigo 207, caput (autonomia universitaria); Artige 208, incieo V (princfpic meritocrético - segundo a capacidade de cada um). Democratas25 4 AForzadas Novas idéns. A violagio aos preceitos tundamentais invocados decorre de especificas determinagdes, impostas pelo Poder Publico ~ Universidade de Brasilia , pos meio de atos administrativos e normativos secundarios, no sentido de que deveriam ser reservadas cotas de 20% do tote) das vagas oferecidas pela Universidade a candidatos negros' (dentre pretos pardes) . Por sua vez, a demonsrragic da satisfacao dos requisitos processuais relativos ao ajuizamento da ADPF, bem como da procedéncia do pedido, de sua relevancia juridica e do perigo da demora seré feita no relato a segui que obedecerA o seguinte roteiro I) PRELIMINARMENTE 1, Legitimidade ativa e pertinéncia tematica; 2. Cabimento da ADPF; 2.1. Ameaga ou violagao a preceito tundamental; 2.2. Atos do Poder Pablico; 2.3. Inexisténcia de outro meio eficaz de sanar a lesividade (subsidiariedade da ADPP); II) NO MMRITO. PRECEITOS FUNDAMENTAIS VIOLADOS 1. Consideragées iniciais; 2. Sobre a inexisténcia de ragas. 0 racismo e a opcio pela escraviddo negra: 3.0 perigo da importacdo de modelos. Os exemplos de Ruanda e dos Betados Unidos da América; A manipulacdo dos indicadores sociais envolvendo a raga; 5S Sistemas de Classificagdo Racial; 6. A an&lise do programa afirmativo da UnB sob a éptica do principio da proporcionalidade, XXz) PEDIDO_CAUTELAR: IV) PEDIDO PRINCIPAL) ¥)PEDIDO SUCESSIVO. VI) ANEXOS \ No sistema determinado atualmente pelo TBGR, utilizam-se vines poswibilidades de classificagio racial: branco, preto, amurelo, pards @ indfgena. 0 toro negro @ veilizado, na maioria daz veres, para vepresentar tanto a categoria racial preta, quanto 4 purda. (08 momentos de Aiferenciuylo entre Cals categorias, quandy avoutecerem, Revao explicitades na texto. Democratas25 5 A Forgadas Novesidéas I~ PRELIMINARMENTE 1) LEGITH (0 ATIVA E PERTINENCIA TEMATICA Nos termos do artigo 2°, inciso T, da Lei n° 9.#H2/99, a legqitimacdo ativa para ajuizar a Argiicdo de Descumprimento de Preceito Fundamental recai sobre os que tém direito de propor aco direta de inconstitucionalidade, constantes dv rol estabelecidy no artigo 103, da Constituigao Federal* Quanto A pertinéncia temalica, a jurisprudéncia do supremo Tribunal Federal 6 firme no sentido de reconhec! é-la universal, no que concerne As impugnagdes em controle concentrado de constitucionalidade realizadas por Partidos Politicos com representag&o 0 Congresso Nacional. Confira se: “partido politico - Ag&o direta - Legitimidade ative — Inexigibilidade do vinculo de pertinéncia temtica. Os Partidos Politicos, desde que possuam representagko no Congresso Nacional, podem, em sede de controle abstrato, argiir, perante o supremo a inconstitucionalidade de atos normativos federaie, ou dictritais, independentemente de seu conteGdo material, eis que niéo incide sobre as agreniacdes partidérias a restrigdo jurisprudencial derivada do vinculo de pertinancia temAtica.” (ADI 1.407-NC, Rel. Min. Celso de Mello, DI 24/11/00) Caracterizadas a legitimacéo ativa e a pertinéncia temdtica, cabe agora examinar a presenga dos requisitos de cabimento da ADPF 2) CABIMENTO DA ADPF A Lei n° 9.882/99, que dispés sobre o processo ¢ julgamento de argiicdo de descumprimento de preceito fundamental, coneretizou a Parr. 104. Podew propor a agha direra de inconstitucionalidade © a aco declaratéria de consritueiona)idade lu Presigente da Kepiblica IT “a Mesa do Senado Hedera! HIT - a Nesa da Cémara dos Deputados IV - a Mera de Assembléiu Legislativa ov da Camara Leyiviativa do Distrite fedeial: V- 0 Governador de Eslade ou do Distrito Federal: Viv Procurador-ceval da kepibliva: VII - 0 Coneetho Federal da Ozdem dos Advogados do Brasil: VEIT - partido politico con representac&o no Congreso Nacional; IX - confederacdo oindical ou entidade de classe do dnbito nacional Democratas25 6 A Forcados Novas idéias. previs&o constitucional inserta no artigo 102, §1°, da Constituigao Federal, a sabe: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Conctituigéo, cabendo-1he: Gee § 1.° A argdicio de descunprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituicdo, seré apreciada pelo supremo Tribunal Federal, na forma da lei. Ags N, a presente ADPF funda-se no Lexto constitucional jonado, e, ainda, na previsdo do artigo 1”, da Lei n” 9.8H2/99 Art. 1£ A argiligdo prevista no § 1° do art. 102 da Constituigao Federal ser& proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e tera por objeto evitar ou reparar ieséo a preceito fundamental, reaultante de ato do Poder Pblico. Nessa linha, a ADPF funciona come uma agéo auténoma, nox moldes das demais agées diretas subuetidas a jurisdicéo do supremo Tribunal Federal, por via da qual se suscita a jurisdigao constilucional abstrata e€ concentrada por parte da Corte Maior. A nota essencial a distinguir a ADPF das demais formas de controle concentrado de constitucionalidade reside justamente no fato de esta possuir parametro de controle mais yestrito - a violagéo demonstrada nao pode ser contra qualquer norma constitucional, mas apenas a preceito tido por fundamental =, a par de possuir objeto de cor vole mais amplo -~ compreendendo ox atos em geral do Poder Pablico, emanado por qualquer um dos Poderes, incluindo nessa esfera \ambén of atos normalivos secund&rios e¢ o8 atos administrativos em geral, que por ora s&o impugnados na presente acao. Por oportuno, ressalte se que a Lei n* $.882/99 veio reforgar, no direito brasileiro, a tendéucia de priorizar-se a jurisdicao constitucional abstrata ¢ concentrada, na tentativa de por tim a intimeras demandas individuais, subjetivas e concretas absolutamente idénticas, cujos resultados, muitas vezes conflitantes, apenas induziriam a desordem social e & insequranga juridica. Importante destacar trecho da decisae proferida pelo ministro Pertence, quando do julgamento da ADC n* 1/D! Democratas25 7 AForcades Novas déias. “gota convivéncia [entre o sistema difuso e © sistema concentrade) ndo se far sem una permanente tencdo dtalética na qual, a meu ver, a experiéncia ten denonstrado que ser& inevitavel o reforgo do sistema concentrado, sobretudo__nos procetsos de massa; na multiplicidade de processos que inevitavelnente, a cada ano, na Ginamica da Tegisiac&o, acbretudo da _legislacdo tributaria e Ratérias préximas, levarf, se ndo sé criam mecanisnos eficazes de Gecisdo reletivamente répida e uniforme, a0 eptrangulamento da maquina judiciérie, acima de qualquer possibilidade de sua ampliacioe, progressivanente, ao maior ela sua total incapacidade de responder & demande de ceatem milhares de processos rigorosanente idénticos, porque reduzidos a uma 66 questic de direito”. Por outro lado, impende ainda destacar a existéncia de trée pressupostos fundamentais para o cabimento da aber: (i) a ameaca ou violagao a preceito fundamental; (14) 9 ato do Poder POblico causador da meio eficaz de sanar a lesdo; lesividade vausada pelo Poder Piblice. ii) a@ inexisténcia de qualquer outr: Confira-se, a seguir, a demonstragio do cumprimento, a saciedade, de cada um dos pressupostos mencionados, na hipétese dos presentes autos 2.1. Ameaga ou violagdo a preceito fundamental Inicialmente, cumpre-nos consignar que nem a Constituigae Federal, nem a lei, cuidaram de definir, com exatidao, o alcance da Jocugdo “preceito fundamental’. Dessa forma, caberé ao hermeneuta constitucional © cumprimento dessa 4rdua missio, conforme entendimento 34 manifestado pelo Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento da Questdo de Ordem na ADPF n° 1/RJ. Eis trecho da ementa deste julgada: Argiig&o de descunprimento de preceito fundamental. Lei 2° 9862, de 3.12.19, que dispde sobre o processo e julgamento da referida medida conatitucional. 2. Compete ao supremo Tribunal Federal o juzo acerca do que se hd de conpreender, no sistena constitucional brasileiro, como preceito fundamental. 3. Cabimento da argiigéo de descumprimento de preceito fundamental. Necessidade deo requerente apontar a lesio ou ameaca de ofensa a preceito fundamental, © este, efetivamente, ser reconhecido como tal, pelo Supreme Tribunal Federal. H 7 6 Democratas25 8 A for;adas Novas idéas No entanto, a despeito de nao se poder estabelecer, aprioristicamente, quais seriam os preceitos tidos por fundamentais na Constituigéo Federal, impdc-se desde j& © xeconhecimento de alguns principios estruturantes do Estado Democrético de Direito Brasileiro, que se destacam pela importancia e pela tung&o irradiadora (normogenética), no sentide de inepirarem a criagio de outras normas no Ordenamento Juridico, Sobre o tema, bem esquadrinha o protessor Luis Roberto warroso” “A expressio ‘preceito fundamental’ importa no reconhecimento de que a violagio de determinadas normac - mais comumente princfpios, mae eventualmente regras - traz maiores conseqiéncias ou traumas para o sistema juridicc como um todo. Embora conserve a fluidez prépria dos conceitoe indeterminados, e haja dificuldade om delimitar em abstrato o seu conteiido, existe um conjunto de normas que inegavelmente devem ser abrigadas no dominio dos preceitos fundamentais. Ne classe estario os fundamentos ¢ ocbjetivos da Repiblica, assim como as decisée polfticas estruturantes, todos agrupados sch a designagao geral de princ{pice fundamentais, objeto do Titulo z da Constituicto (arte 1 a 4°), Também op direitos fundamentaie se incluem nessa categoria, o que incluiria, genericamente, os individuais, coletivos, politicos e sociais (arts. 5° e 6.). Aqui se travard, por certo, a discuaséc acerca da fundamentalidade ou nfo de daterminados direitos contemplados na Constituicao brasileira, nic diretamente relacionados & tutela da liberdade ou do minimo existencial. Devem- ainda, ao normas que se abrigan nas cldusulas pétreas (art. 60, $4") ou delas decorrem diretamente. E, por fim, os principics constitucionais ditoe senciveis (art. 34, VII), que so aqueles que por sus relevancia dao ensejo a intervengio federal. Nio se trata de catélogo exaustive, como uatural, mas de pardmetros a serem testados A viota das cituacdes da vida real e dae argiigdee que serdo apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal”. Conforme ser& aprofundado adiante, a questéo aqui posta a apreciagao deste Egrégio Tribunal envolve a violagde a diversos preceitos fundamentais e estruturantes do Esladuy brasileiro, como o artiyo 1°, caput (principio republicano) e incise III (diqnidade da pessoa humana}; © artigo 3°, inciso IV (veda o preconceito de cor e a discriminagao); © artigo 4°, ineiso VIII (repidio ao racismo); o artigo 5°, incisos T (igualdade), 11 (legalidade), XXXIII (direilo a informagéo dos Gryaos pablicos), XLII (vedac&o do vacisme) ¢ LIV (devido processo iegal ~ principio da proporcionalidade}, o artigo 37, caput ({principios da > BARROSO, Luis Roberto. © controle de constituctonalidade no Direito Brasileiro. 2° ed So Paulo: Saraiva, 20U6, p. 250 bah ; > Democratas25 9 Aforjades Noves ideas. legalidade, da ainpesscalidade, da razoabilidade, de publicidade, da movalidade, corolarics do principio republican), além dos artigos 205 (diveito univergal de educag&o), 206, caput e inciso 1 (igualdade nas condigdes de acesso ao ensino), 207 (autonomia universitaria) e 204, inciso V (principio do acesso aos niveis mais elevados do ensino, da idade de cada um). pesquisa e da criagéo artistica segundo a capa 2.2. Ato do Poder Publico A simples leitura do artigo 1°, da Lei n° 9.882/99 @ suficiente para concluir que podem sex objeto da ADPF os ates enanados do Poder Piblico que ofendam preceitos fundamentais Na piesente hipétece, sucessivos atos estatais oriundos da Universidade de Brasilia atingiram preceitos tundamentais diversos, 1a medida em que estipularam a criagie da reserva de vagas de 20% para negros no scesso 4S vagas universais © insLi!uiram verdadeiro “Tribunal Racial", composto por pessoas nao-identificatias e por meio do qual os direitos dos individuos ficariam, sorrateiramente, 4 mercé da @ixcricionariedade dos componentes, conforme veromos meihor a sequir Confira-se com 0 imteiro teor dos alos normativos e adminislrativos impugnadox 4) Ata_da Reunido Extraordindéria do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensdo da Universidade de Brasilia (CEPE), realizada no dia 06 de junho de 2003, por meio da qual se aprovou o Plano de Metas - Q qual institui cotas de 20% para negro: RTA DA REUNTAO EXTRAORDINARIA DO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSAO DA UNIVERSIDADE DE BRAS{LTA (CEPE), cConvocada para o sexta dia do més de junho de ano dois mile trés, as quinze horas, no Audi\srio de Reitoria du Universidade do Dracilia Eotiveram presentes: TIMOTHY MARTIN MULHOLLAND, Vice-Precidente do Conseiho de Hnsinc, Pesquisa © Extensdo © Crcsidente da Mesa: NORAT ROMEU ROCCO, Recano de Pesyuisa e POe-Graduayao {DPR}; IVAN MARQUES DE YOLEDO CAMARGO, Decano de Enkino de Graduacdo (PEG); DORIS SANTOS OB FARIA, Decana de Extens¥o (DEX); os Representantes dos Conselhos das Unidades Acad@micas: DIONE OLIVETRA MOURA (FAC), WENCESLAU J. GOEDERT (PAV-suplente), BVA WATSROS PEREIRA (FE), DULCE MARIA FILGUEIRA DE A, SUASSUNA (FEF), Democratas25 10 AForgadas Novasidéias. ALBINO VERCOSA DE MAGALHKES (FM guplente), JAIME MARTINS DE SANTANA (IB), LOURDES MARTA BANDEIRA (ICS), VIOLETA DE FARIA PEREIRA (TH), DENIZE RLENA GARCIA TA SILVA (IL), LUIS FELTPE MIGUEL (IPR), JUKANDIR RODRIGUES DE SOUZA (IQ); os Represeutantes dos Coordenadores dos Cureos de Graduacdo, de POs-Graduagio e de Extensao: RENATG HILARIO DOS RKIS (FE-euplente), RITA DE CASSTA COELHO DE A. AKUTSU (PS), HBLENA CASTANHETRA DE MORAIS (7B), EURIPEDRS DA CUNHA Dias (10s), CLAUDTO ARAUJO RRTS (IH suplente), BNRIQUE HUELVA UNTERNBAUMEN (1b), ANTONIO JORGE RAMALHO DA ROCHA (IPR), GERSON DE SOUZA MOL (1@); @ Represcntante dos Centros af ins’ com as atividades de ensino, de pesquisa e de extensa NIELSEN DE PAULA PIKES (CHAM); 0 Represeutante discente José FRANCISCO ARAUJO MARTA (FOL), LUDMILA GAUDAD SARDINHA CARNEIRO (SOL), FABTO SUCUDIRA PRDROZA (DAN/suplente), FERNANDA DA £ILVA FERNANDES (SER), HALINA SOARES JANCOSKI (SER/ouplente), SARAH DE ROURE (HIS) e RENAIA DA STLVA NOBREGA, Convidada ERTCR KOKAE beputada Distrital. Foran justificadas as auséncias dos Conselheiroe SUELE ANGELICA DO AMARAT. (FA), MAURO PEREIRA PORTO (FAC), GABRIBLA DE SOU7A TENORIO (FAC), VANLz® DE ONIVEIRA MACEDO (FM)," BENfCTO ViERO SCHMIDT (Centros/DATAUnB) @ CLAUDIO VAR TORRES (IP). Aberta a Sessio, o Presi da Moga ixformou que aguela_reunio teria cono objetivo a discussio dx Proposta de Cotas para Negros como Ag&o Afirmativa contra os Bfeitos ao Racieno_na Sociedade. in Feguida, proceden a apresentacao dos membros qué “ntegrarian a Meca: MATILDR RIBELRO/Minietra da Secretaria Especial de Politica © Promogao de igualdade Racial /SEPPIR; PETRONITHA CONALVES E S1LVA/Protessoxa da Universidade de io Carloc/Conselho Nacional de Foucaciv, Na seqiéncia, 0 Presidente paccou a palavra ao professor JOSE JORGE DE CARVALHO, autox da propocta em questdo. Com a palavra, © profesvur fez uma sinteso do Plano de Metar para integrag&o social, ftnica © Racial da universidade de Brasilia, fazendo, em seguida, wn apelo a toda comunidade universitéria, © em particular aog seus representantes no Conselho de Ensino, Pecquiva € Rxtensao/CEPE, para que compreendessem o problema da auséncia de ostudanter negros no ensino superior. Prosseguindo, explicou que o plano de metas visava atende: a necesridade de geraz, ua Universidade de Aracilia, uma conposigéo social, étaica e zacial capaz de vefletir, minimamente, a cituagao do Distrito Federal e a divercidade da sociedade brasileira cumo um todo Continvande, infermow que © Governo Federal, reconhecendo a existéncia de discriminagac sacial ¢ étnica uo pais, criara uma Secretaria de Estado para a Promogdo de igualdade Racial Finalizandc sua intervengéo, o professor regiotrou que a cua proposta indicava um oinal da xesponsabilidade politica, moral ¢ legal da Universidade de Brarflia cowo Institwigdo Publica diante de vm devo: amplamente zeconhecido e divulgado. om seguida, a Professora PETKONTLHA GONCALVEZ DA SILVA apresentou um discurso enfocando tenacs ligados a quectées sociais e raciais. & Miniatca MATILDE RIBEIRO, em seu discurso, apresentou pianos e propostas que © Governo Federal vinha exccutando necea area. Encerrada a apresentacao dos convidados, o Presidente abriu a palavra a plenaria. A Decana DORIS FARIA teceu consideragées em relacdo 3 etko racial e josta_do Plano de Metas para a Integracéo Social, Racial da Universidade de Brasilia cono a criagio de una cond ara definir critérics ocorressen naquela reuniso, cugerindo que 2 apresentacko da proposta final acontecesse numa outra reunido. | 4% Democratas25 11 A Forcadas Novas Idéias © Congelheire RFNATO HILARTO acresventou que a Faculdade de Bducagdo vinha desenvolvendo vérion projetos com comunidades carentes de algwmas cidades-satélites, citando como exemple a Cidade do Paranoa. Finalizando gua intervenyao, eolicitow A Ministra Matilde detalhes sobre as agdes do Governo Federal junto AO Ministério da Educagdo sobre a adoyiio do sistema de cotas. Rpés prestar an intormacSes, a Ministra Malilde ausentou-ee Usando a palavra, a Conselheira FERNANDA DA SILVA declarou apoio ag acdes dc igualdade racial, étnica e social e propéa que o Plano de Melas toese votado imedialamente, registrando que a Universidade, procedendo de forma democratica, s6 tczia a evoluiz, O Gongelheizo GERSON MOL declarou que no dia seis de junho comenoraram-se os cingiienta anos da descoberta da estrutura do DNA © que uma de suas consegigucias era nao se poder falar em yaya para a espécie humana, sendo social a quectao da discriminacio, 0 Aluno RAFAEL destacou a impovtancia da definigdo de wma politica racaal voltada para a diva da cducacio, manifestande y desejo de que a proposta de ciotoua de cotas para negzos fosce votada naguela reunido. Na sealiéncia, a Congelheira RITA AKUTSU Opinon que, para votar a propoota de cotas para negios, seria necessario, antes, a definigao de crllérios. 0 Professor JOS# JORGE esclareceu que a adogac de um sistema de cotas seria dectinado tac-somenle aquele candidate que se Geciarasse negro ou afro-descendente. Fm sua interveugdo, o Conselheizo NIETSEN bE PALA queslionou sobre outros yrupos raciais tale como os Nisei. km seu pronunciamento, © Conselheizo [ITZ FELIPE rescaltou ser pequeno o nimero de negrec na UNB, Prossegzinde, o Conselheiro declarou que a Universidade deveria proceder aquela experiéncia con seguranga, seguindo o projeto defendido pelo lzofessor José Jorge. A aluna ANA LUISA conpiderou © Giscurso de cotas paza negros um avango, lembrow porém, quc, até aquele momento, a questao racial fora mantida por ise0, na pratica, a aluna entendia ndo ter havido progresso. © aluno ERNESTO CARVALHO informou que vinha acompanhando o discurso sobre cotas para negror hd mais de quatro anos © que até aquele momento, nao obtiveza uma decisdo daguele Conselho sobre €sse tema. Concluindo, penderou ser aquele o momento de reguiamenta: as cotas para negros. Com a palavéa, © Professor RENATO HILAKIO defendeu o posicionamente do professor Gerson Mél © propds que o discurso nav se aplicasse somente aos negros, mas que fosse extensivo aos indios, contribvindo, no que fosse posstvel, para melhora: a vida social desses povos. 9 Conselheiro WENCESLAD GUEDERT teceu comentarios quanto a convecagao para aquela reuniso, registrando 0 fato de nao haver dicculide aquele areunto junto ac Conselho de sua Unidade; por isso, o Conselhcizo declarou n4o se sentir & vontade para votar naquele momento. 0 Presidente informou que o CEPE poder§ (omar decisao naquela reuni&o, caso 06 Conselheiros sc sentissem seguros para votar. A Conselheiza DIONE MOURA discurcou sobre a miscigenacao racial do Pove brasileiro, dando um especial dectague 4 contribuigao africana nesse processo. Continuande, observou que ac questéer referentes a diferencas raciaic deveriam rer enfrentadas e que somente a pralice pode mudar o discursu que nega a existéncia da questao racial, o que traria um recullado concreto. Concluinde, manifestou-se favordvel A votacao de cotas para negros. A convidada INDTRA MARRUL, da Accociacdo de Direitos Humanos da Camara do Distrito Federal, teceu comentarios sobre o trabalho que vinha desenvolvendo nesea area e solicitou que a votacdo i y Democratas25 12 A Forzados Nowasidénns. fosse feita nayuele momento, 6 CouiseJheizo FABIO. SUCUPIRA manitestou-se favoravel & votagdo do Plano de Metas por Considerar que om membros presentes cstavan om condiyao de votar com a palavra, o Professor JOS# JORGE esclareces © objetivo do Plano de Metas seria reservar 20% das vagas do vestibular deatinadas a entudantes que se dedlarassen negrom, dcytinay um Pequend nimero de vagas para indios de todos estados bracileiroe €, ainda, implenentar una agdo afizmativa de cumho social nas escolag ptblicas de encinc médig do Distrito. Federal, eopecialncnte en regidus de baixa renda. Obsexvando wn jogicionamento favorével por parte do Conselho, o President Subneteu 4 votagio a alteragio da pauta, incluindo a votagao do Fiano de Netas_para Intesragio social, ftnica "Racial de Universidade de Braoflia. Bn yotaclo, eprovada a proposta de inclusio do Plano de wetas, con vinté_votos favoraveis, seis Sontrérios e_duas abstencSes. Coma palaven, a Conselheira DORIS FARIA propba_que foase votado o nérico da questo, criando, es sequida, una coniseio para discutiro detalhamento do plano ager apresentado ac CEPE no prez ae duao semanas. Dando Prosseguinento & discussio, © Presidente informou que abriria a palavra para encaminhamentos. A Conselheiza DENIZE ELENA propés j¢_a Comissio estudasse a situacko dos indios, refietindo que = condi¢&o indigena apresentava una maior complicacio em relacao quest&o cultural. 0 Conseikeiro ANTONIO JORGE indagoa sobre o peazo dado para os Menbros do CEPE couheceren aquela proposta e pugeriu que, ac ce encaninhar ama convocacéo, fesse fornecido aos Gonselheiros um tempo hébil para a leitura de coda a documentacéo, 0 Professor RENATO BILARIO registrou que a votagac da proposta em quastao contemplaria trés grupos bésicos: negros, indios e alunos da escola piblica. Eacerrando oo encaninhanentos © Presidente submeteu a votagio a proposta do Couselheiro tuiz Felipe, que consistia en aprovar o Piano de Netas para Tategracéo Social, ftnicee facial, incluindo tanbén un programs “de acompanhamento de escola publica, visando ajudar alunos carentes do_ensino_nédio, principalmente os da periferia. Bm votac8o, Fevada_# proposta com vinte e quatro votos favoraveis e dois contrérios. Eu seguida, o Conselheiro GERSON MOL justificou eu voto fora contrario por entender que aquela decicdo nao seria & melhor forma de xesolver_o problena social existente. 5m Sequida, explicou que sua proposta consistia em analisar o plano item por item, acreditando que no item “C” da preposta poder-se- ia realizar um trabalho mais positivo junto a rede publica de ‘easing. 0 Conseikeiro WENCESLAU GOEDERT infornou que seu voto fora contrario por ale jentir a vontade para votat sen ter estudado aquele plano justo con Conseiho de eua Uaidade. Na equéncia, foi constituida uma coniesio para analisar o plano de metae, ficando_essim constituida: DORIS FARIA, RENATO _HILARIO, ESE PREISE DIO NGGEA RENATA-ROGEEGR ¢TROUEA MIRRULS™ coms Renbro_exterho. Finalizando a discussAc, o Presidente infornou que 34 participara de varias decisder importantes daquele Conselho, sentindo, cada vez mais, orgulho em fazer parte dele e da Universidade de Brasilia. Nada mais havendo a ser tzatado, as dezoito horas ¢ dez minutos, © Presidente da Mesa cucerrou a sessdo, da qual eu, Ionete Sunice de Araijo, Secretaria ad hoc do conselho de Ensino, Pesquisa ¢ Fxtensdo, lavre: a presente Ata, que, apés lida e aprovada, sera subscrita por mim e pelo Presidente da Mesa. ai) ait) Democratas25 13 A Forcados Novas idéias. Resolucéo n° 38, de 18 de junho de 2003, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenséo da Universidade de Brasilia (CEPE), aprova o Plano de Metas para Integracéo Racial na UnB: RESOLUGKO DO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSKO N. 38/2003 © PRESIDENTE DA PUNDAGAO, REITOR DA UNIVERSTDADE DE RRASILIA © PRESIDENTE DO CONSELHO DE RNSINO, PESQUISA E EXTENSKO, no uso de suas atribuigées, de acordo com decisao tomada na Reuniéo Extraordinaria de yeferido 6xgao Colegiado, realizada em 6/6/2003, RESOLVE: rovar_a Proposta de Plano de Metas para Integracéo Social, unica e Racial na Universidade de Brasilia a ser estudada analieada pela Conissdo integrada peloo seguintes menbroa: Doris Santos de Faria, Decana de Extencio; Dione Oltveiza Mona (JOR); Renato Hildzio dor Reiy (PR) Luis Felipe Miguel (POL): Renata da Silva Nobrega (Discente/RBL) ; Brika Kokay (Presidenta da Comissdo de Defesa dos Direitos Huranos, Cidadania, Etica © Decoro Parlamentar da CAmara Legislativa do Pistzito Federal) Brasilia, 18 de junho de 7003 Lauzo Mozhy Reitor Plano de Metas para a Integracdo Social, ftnica_e Racial da Universidade de Brasilia - UnB, eepecificamente os pontos I (objetivo"), Ii (“AcSea para alcangar o objetivo"), 1 ("Acesso”), linea “a”; TI (Aagies para alcangar o objetivo”), IZ (*Permanéncia”) wiv, "2" @ "3, a, b, oc’; @ Iii (~Caminhos para a implenentacéo”), iteng L2e3. PLANO DE METAS PARA A INTEORACKO SOCIAL, ETNICA E RACIAL DA ‘UNIVERSIDADE DE BRASILIA José Jorge de Carvaiho Rita Laura Segato © presente Plano de Meta visa complementar e integrar as varias propostay especificas de uagdo afirmativa que estas sendo elaboradas © que “ém ocidv debatidas ma noses comunidade univereitaéria nop Ultimos anos. I. objetivo. © Plano de Metas viea atender a necesoidade de gerar, na Universidade de Brasilia, uma composicao social, @tnica e racial 4 Democratas25 14 A Forgadas Novas Ideas. capaz de refietir minimanente a ituacio do Distrito Federal «a Giversidade da sociedade brasileira cono um todo. Ir. A ara alcancar o objetivo: 1. Acesso a) Disponibilizar, por um perfodo de 10 anos, 20% das vagas do vestibular da UnB para estudantes negros, en todos oa cursos oferecidos pela univeroidade. b) Disponibilivar, por um perfodo de 10 anos, um pequeno utimero de vagas para indios dc todos os estados brasileiros, sempre como resposta a9 demanday especificas de capacitacao colocadas pelas nagdes indigenae c apenas na medida em gue conlem com pecundaristas qualificados para preenché.las. A expectativa atual € de que o nimero de vagas soliciladae ndo deverd ser euperior a 20 por ano, de um total de 3900 ofertadas anuaimente pela Uns ©) apoio A escola pblica Implementay uma acao afirmativa de cunko social nas eavolas piblicas de ensino médio do Distrito Federal. Feea acao consistiré no deservolvimente de um Programa de Acompanhamente permanente, nas eccolas piblicas do Distrito Federal especialmente em regives de baixa renda da cidade, doy alunos interessados em se iuscvever no vestibular da UnB, com apoio eopevitico para aqueles que pretendam ingressar em cursos de alta competitividade, como Medicina e Direito. © resultado deeca agdo fistematica acra pronove: uma maior igualdade de oportunidades para om estudantes da escola pablica na ora de competir vom os estudantes oriundos das escolas particulares, em geral nielhor preparados para a competigao do vestibular Esse Acompanhamento doe Alunos da Eacola Publica sera coordenado pelo Decanato de Extenséo e envolvera os Decanates de Graduacdo e de Pés-Graduagdo, a ¥Yaculdade de Fducayio, o Departamento de Servico Social © © Tnetiluto de Psicologia, entue outras unidades académicas. II ~ Permanéncia: 2. A Universidade de Brasilia alocaré boloan de manutengéo para 28 estudantes indfgenas e para aqueles situacio de caréncia, segundo os critérics usadvs pela Secretaria de Assisténcia Social da UnB. 2. A UB, em parceria com outras inetituigdes como FPUNAI, propiciaraé moradia para oe estudantes indigenas. Alén dicso, concederé preferéncia nos critérios de moradia para oo estudantes egros em situacdo de caréncia. 8) um prograna de apoio académicc psicopedag6gico, ou de tutoria, do obrigatério, porém sch solicitagio, para todos 08 calouros je denonstrarem dificuldades no acompanhanento dao disciplinas, b) um prograna académico destinado a observar o funcionsmento das ages afirmativas, avaliar seus resultados pericdicamente, pugerir ajustes e modificagdes e identificar aspectos que prejudiquem sua eficiéncia Democratas25 Aforgades Novaslééias. 15 ¢) una Ouvidoria, destinada a promover incluso de pessoas negra @_menbroo de cutras minorias e categorias vulnerfveis na ubiversidade: XE. Caminhos para a Implementac&o: i. Ser noneada uma Conisedo para Implementacio do Plano de Metas, a ser constituida pelo Congelho de Ensinc, Pesquisa e Extensio (CEPE) ¢ integrada por membroo do CEPE. 2. Paralelamante aco trabalhos da Comigsio, a UnB realizaré uma Campanha de publicidade nas escolas do Distrito Federal, onde estudan a maioria esmagadora dos potenciais candidatos para as propostas de aco afirmativa e que geralmente descomhecem o funcionanento da universidade devido & alta eegregac4o espacial ¢ social existente no Distrito Federal. Com essas trés acées, a UnB intensificara um processo de integracdo racial, étnica e social no seio da ova populagao @iscente, atualmente 3. Para fins de acompanhamento do processo de integracio racial pando do IBGE, nas fichas de vestibular @ nas fichas de registro dos candidatos aprovados. za introduzido o quesito cor, tanto por auto-classificagae como ‘nacrigho ac iv) Item 2, subitens 2.2, 2.2.1, 2.3, item 3, subitem 3.9.8 e item 7 e subiteni do Edital n° 2, de 20 de abril de 2009, do 2° Vestibular de 2009 - CESPE/UnB, por meio dos quaia cotas de 20% para__negros foram estabelecidas eo ‘Tribunal inetitucionalizado: UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UnB) CENTRO Dt SELEGAO E Ut PROMOGAO DE EVENTOS (CESPL) 2” VESTIBULAR DE 2009, EDITAL N® 2 = 28 VEST 2008, DE 20 DC ABRIL OE 2009" © Detanate de Ensine de Graduaae (OCG) © o Dretor Geral do Centio de Seiegao ede Promoydo de Cventos da Universidade de Brosiia (CESPE/Un8) tocnam pablia a realzayao de vestibular, em junto de 2008, destinad a selewoiar candidates pota provimenty de vagus nos curs0> de kradivacdo vferecidos pela Universidade de Brasil (Ur) 11 DAS OISPOSIGOES PRELIMINARES 110 vestibular destina se ao proviniento de vagas uo Campus Un - Darey Ribeiso (Plano PotD}, no Compus Un8 ~ CeilSndia, no Campus UnB ~ Gama no Campus Un8 ~ Planattina, considerando o Plano de Exponsdo da Universidade de Brasilia, que propde sua descentraizasdo em diresSo as areas limitrofes do Distrito Federal. 12 0 vestibular serd regido por este eda e pelo Guia do Vestibulando, divulgado no endereyo eletdnico http /waw cespe.unb br/vestibular/2vest2009, executado pelo CESPE/UnB 134 selegdo para provimento de vagas nos cursos de graduaslo oferecidos pela Un6 compreenderd provas de conhecimentos, mediante aplcaco de provas objetivas ¢ de redagdo em Lingua Portuguesa 13.1.s proves serfo realiadas no Distiko Federal — em Brasilia, Brazléndia, Ceiléndia, Game, Planakina, Sobradinho e Taguatings - e nas cidades de Formosa/GO, Gotinia/GO, Valparaiso/G0 e Uberlindia/MG, Racial Democratas25 ‘A Forgadas Novas Idéias 2 DOS CURSOS E DAS VAGAS 2.1 0s candidatos serBo selecionadas por compus/> slemna/cursoftune wpunde 9 seu desemaenho no vestiouare o numero de vagas alerendo 2.20 2 Vesubuler de 2009 do Unt sea Unwersa: eo Sistema de Cotas para Negros 2.2.1.05 candidates que se nscreverem 10 2° VestiDulay dé 2009 da Un deverao optar pe'e Sste-na ‘Universal ou pelo Sstema de Cotas para Negros. Para concorrer po! meo do Sistema de Cotas para ‘Negros, ocandidato devera oreenche os requisites apresentados no item / deste ecita: 2.3 Constam doe quad/os a seguir a oacaee de curses de gradungdo 9312.0 24 Vestibular de 2008 da Und 2s tespectivas vagas, dveidas de avordo com os suteise de vag3e ‘CAMPUS Un8 — DARCY RIGEIRO [PLANO PILGTO) - CURSOS E VAGAS / TURNO: DIURNO. lade pur mee de dos astemas de vagas: 0 Sistema “Sistema deCotas | sistema. para Negros Universal aminsrags0, 2 28 [agronoma 7 28. ‘Arquitetw’ve Urbarieme™ # 32 ‘Artes Cénieas (Bacharelado/Liceicatural® 3 7 ‘Artes Pastieas Bacharelndo/LicancatwraT™ é 24 Biblioteconomia 3 32 “iéocis da ComputacSo jBacharclado) 3 [ciencis Pattee Ot) ‘Geencios Bioidg 31 Bacharerado/Ucene atura] 6 24 ‘Cibscias Contatit 3 a Gieacas Feonomeas 10 a0, ‘Gienclas rrmaceuins 8 2 Ciena Sorin is 7 Comuncagio Soom TS SC | Desenho industria! (Bacharelado]* ee oie ‘Engennaria do Computagio. Engentana de Redes de Comunicog3o, Cstausties Flosot a Fisca (ache Geo.ogs Historia Letras _ Hranths (Bacharelado/licescatura) Letras Inglés (Bacharelado/Lcenciatwa) 7a = Portugués (Bacharé ado/Licenciati Levas = Portugués do Brasil come Segunda Tague (icwneatura) Letras - Veadupio = Frances, Letras — TeadugSo— Ingles 16 Democratas25 17 ‘A Forgados Novas/déias Meckcina Veterininia 6 2 Museologia 6 2 Maisie (Bacharelada)™ 5 2 NutrigSo 2 21 “Odontologia 4 16 Pedagoga is 1 Paicalogla 10 0 ‘Quimica {Bacharelado) 6 26 RelacBes internacionals 3 2 Serviga Social 8 32 “Subtotal de vagas (Diarno) a Ted ‘CAMPUS OnB ~ DARCY RIBEIRO [PLANO PHOTO) - CURSOS E VAGAS / TURNO: NOTURNO ‘Sistema de Cotas | Sistema ara Negros Universal Adminisragio 0 40 Arquivolowa 8 34 Artes Piastcas (ueenciatura)” 7 37 Ciéncias Ambientais a Eo Céncine Boldgieas (Ueenclatura) 3 2 ‘Gencias Contabers 9 a ‘Computagio [ticenciatur} 2 2 ‘ngenharia de Produsso Fisica tecencatura) 8 a 25 Geo oe Polticas PoDcas 10 %0 Historia (icersatuta} 6 4 Letas~ Fepanno) eceneatuca} 6 2 Tetras aponés Ueencatura} [se Letras ~ Portugues (Ucenciat3] 8 32 Letras = Traducto ~ Espanto! 6 24 Matematica (Liceaciatura) 6 76 Misia (Lcenclatura)® 5 2, Pedagog> = 3 6 Quimica (beencatary 26 “Subtotal de vagas (Noturno) Sr Se ST [Sr CENTINDIA ~ CURSOS E VAGAS / TURNO: DIURNO Falermagem Fisioterapia GestJo de S90de Farmacia SUBTOTAL DE VAGRS (iorno] [ae] Democratas25 AForcades Novas Idéias ‘CAMPUS Un - PLANALTINA ~ CURSOS E VAGAS / TURNO: DIURNO ‘Slstema de Cotas para | Shtema Negros Universal Ciéncias Naturais (iceneatura) 8 32 ‘Gost do Agronegdcio (Bacharelado) # 32 SUBTOTAL DE VAGAS (aturno} Ciencias Natura (ucencianural ‘Gestdo Ambiental a 3 SUBIOTAL DE VAGAS [nota a TOTAL DE VAGAS fino e noromma) a a) TOTAL GERAT OE YAGAE [a0] 3 DAINSCRIGAO NO VESTIBULAR 3.9 DAS DISPOSICOES GERAIS SOBRE A INSCRIGAC NO VESTIBULAR 39.80 canddnto so mente pode d Gmcre: Gor A Mane KNEE oF ik gay e v tm dee sisteMs Nesd oe de Cotas para Negros, wee Lonuadtads, -¥ cay de nats de UIE MISCO. 9 En nyc gle efelusds oela carmidate Led 7 D0 SISTEMA DE COTAS PARA NEGROS. 1 Para roncorie: as vagos “ese-valas pO- wie do Sterna de Cotys pars Negros, ¢ (anddat ser negro de co" preta ou pardta 7232 comore” a0 Sistema de Colo» vale New Ur, © candidat desta efetusr e sua MEAD va 6 oto da serio, data ind, quando convocado, dover Heures, Lonforme provedinenlos ds itos Ye te I dete edlal O02 concorrer preferenciaimente 260 Seon de Colas pina Neges © comaaiestt em BEAPin/DE para Caiensta pennal 7» date poste’ O° # eshtagdo das prowas sonhoe estas @ anterior & devu'gag30 a iossitanie gl dy pros dimw we et ve. eunade amber devs 485 94" decaragdo especll ca dé adena0 dy ited» © os pracedmertos inerentes go relerdo seas 1.21 No oraco de aproximadamente 10 (dos) dics deve ¥ de 9: cs as ava objet was © 2 prava de redait0, Serko convocades canthdates pare erty Aa persed €n qaMTidade de ste quatro vezes swore ae vagas oferecidas 90" Lurse, dstinadas a pree hime rts aele Sistema de Cotas para NERO 1.2.1.0 candidate devera comparever aentees sla nude de docamente ongns de dfontvaae Y21.20 candidate que nap estiver ports da Uucunwoty 0° KiPal de derndede WBe pede’ Hea a ‘eatiew tae passara 4 €0 1¢0""er yomeate 2 wayas do $1608 Utrera 724.50 candidate que nao coma: eco: w entrevista 99880 8 COBCEHIE samente as vaRAK do Ste Na 12 2A Noss Convacagses pala a EAL ewsta wdLIW “C Veshzadas, desde HUE sea NALA 0 upacdo das vagos ‘eservadas 30 8 ter de Cotes Pato Negros 1.22 Reeiagdo dos canddatos coneoxader pata + enveists pessoal wera Wspona vada na endorege e100 MOT ww C05E Und be/uest Muar? 2vest2008 quanda Lambem soo divuigados 6 aca « ‘os horarios de sua realaacSo. 1.2.4 NSo cerd encamunnada qualque’ corescondé-win oess08 “esitiva \ convaLagde para a eatrevsta sendo da ntera responsabildsde dot candidatos inscitas poo Sistema de Cotas para Neg-os acompanharem a pubicaco do wdtal cowecaterse 72a entrevista pessoa! serd weabeada excusivamente em Brasia/DE 1.2.5 No dua designado para a entreviste 2e3304H, 0 cand dato devera assinar duclarac2o de opGa0 pata oncorre: as vagas par meio do Sstema de Cotas nary Mexios, Na QUA af*mard a SU adeste: 30% eter105 © 205 arocedmentas inerentes 40 “etordo sstema 1 3erineado pola Banca Entrevstadora que 0 candidalo iwbmetide 2 entrevista sessoal nde preencne (0 requisitas estabelecidos neste ed tal, nacsard cle a concortor apenas ds vagas olerecidas pelo Sistema 18 Democratas25 19 ‘AForcades Novasidétas. FAO candidate que jd teve a sus sascrigier omolog.ide ne Satems de Cotas para Negros em Vvestbulares anterores tera sua inccrgSe homo Rada auto naluamente © estard dspentads de comparecer a entvevist> 74.10 candidate que tive 9 sua inseqae home ogads ‘wate vestibuar ov que teve 3 3¥9 insergao. hhomologada em vestibulares anteriores e ido fo Seeconado pars ocupa! ab vages ‘eservadas 40 Sistema de Cotas para Negros oassira a concorver automata nente pe'o Satema Universal F420 candidata que no for convocade gala 4 envevista pessoal gassars a Comores automatica mente aeio Sistema Universa! 7.5 Sera divutgada, no endereco cletronico niin //weww cespe.und or/vestioular/2¥est2008, a relaae dos candidatos reprovados na entrowsta pessoal amy descuip: mente das /eg/as do ecital 7.51.0 candidate eimnado poders 1328" ped do de veconsde'agao, devidamente fundamentade. 0 rato de 2 (dois) das utes @ ng forma a ser diss gada por orasino ds roaizaglo da entrey'sta pest 152 Apreciade o aedide de record’ a¢80, 9 devisaw prote- da els Banea Lotevictadra (rd Late delntva ea 1elagde tinal dos cardidator “corovades sere dulgada ny endeseg cletroweo altp fiw cospe un myfvest Hular/2ve3t7008, 7.3 Uma var inden 4 viscrigSo no Ssteima de Cotas nara Mog es, 2 canlldlvte 426 padess pritew 1a: condic§o.em vestibulares subsequentes 74.0 candidato que for convorada © M46 0 npareLer a entreitd pessual payratd 9 concor*er e 38 vagas ofe:ccidas po'o Sstema Universal TAS intormagdes 1estadd» ne dec aracde He vetewa -esuensabiidade de card dace, ‘espondene este 06° que que! tals dede Observa-se, dease mode, © atendimento an requisite previsto para ajuizamento da ADPF — prejufza exiundo de ato emanado do Poder Piblico. 2.3. Inexisténcia de outro meio eficazs de sanar a lesividade (subsidiariedade da ADPF) Destague-se, inicialmente, gue Lal exigéncla née decorre de matriz constitucional, mas dexiva da previsdo inserta no artigo 4", §1°, e da Lei n¥ 9.882/99, # saber: $12 No sera admitida argiigéo de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualguer outro meio eficaz de ar a lemividade No entanto, © requisite da subsidiariedade deve ser analisado feito, tanto # doutrina, como a jurisprudéncia com temperamentos. Com hodiernas da Corte Maior tém construido o entendimento de que a veriticagio da subsidiariedade depende, sobremaneira, da eticdcia do “outro meio” capaz de sanar a lesividade Democratas25 - ‘A Forcados Novas Ideas. Dessarte, somente ndo se admite a ADPF quando 0 “outro meio" puder proporcionar resultados semelhantes aos que poderiam ser obtidos pela reterida agdo, quais sejam, eficdcia contra lodos ¢ efeito vinculante, como atonteceria, por exemplo, se a hipétese autorizasse o ajuizamento de Agéo Direta de Inconstitucionalidade ou de aAcao Declaratéria de Consi.itucionalidade. Nesse sentido, confira-se com trecho da decisao do ministre Ceiso de Mello, quando do julgamento da ADPF n° 34/2002: “G claro que a mera possibjlidade de utilizacio de outros neion processuais aio basta, si por ei, pare justificar s {nvocagéo do principio da subsidiariegate, pols, para que esse postulado poi legitinanente incidir, revelar-se-4 essencial que os instrunentos Aisponiveis nostren-se_aptoo s sanar, de modo eficaz, = situacio de lesividade. Ivso significa, portante, que o principio da diariedade nfo pode - e nfo deve - ser invocado para impedir © exercicio da ago constitucional de argiliglo de descunprimento de preceito fundamental, eis que © imatrumento eaté vocacionado a viabilizar, numa dimensdo estritamente objetiva, a realizagio jurisdictional de direitoe bisicor, de valore: enciais a de preceitos fundamentais contemplados no texto da Constituigde da Repiblica. Se assim no se entende @ indevida aplicagio| do principio da subsidiariedade poderia afetar a ubilizagzo dessa relevantissima ac&o de indole constitucional, o que representaria, em Gitima andlise, a inaceitavel fruatraco do sistema de protec4o, institufdo na Carta Politica, de valore: essenciate, de preceitos fundamentais e de direitos bésicos, com grave comprometimento da propria efetividade da Constituigdo. Da: a prudéncia com que o Supremo Tribunal Federal deve interpretar a regra inscrita no art. 4°, § 1°, da Lei n° 9.882/99, em ordem a Permitir que a utilizagio da nova acfo constitucional possa efetivamente prevenir ou xeparar leaio a preceito fundamental, causada por ato do Poder Pablico”. Assim, se a pretexto de se invecar o principio da subsidiariedade se deixasse de conhecer a presente ADPr, pela argumentagio de que seria cabivel alguma cepécie de recurso, ou de ado, de nalureza subjetiva, o papel da APPF no sistema consi.itucional brasileiro restaria compictamente cevaziado, desfigurado, marginalizado, € seu objetivo n&o seria cumpride. Isto porque, considerando que a decisdo da ADPF é dotada de caréter vinculante © eficécia contra todos, quando esses efeitos forem decisivos para c resultado que se deseja alcancar, come € © caso que aqui sc apresenta, dificilmente uma acdo q : 5 0 individual ou coletiva de natureza subjetiva poderia atingi-los. Democratas25 21 AForcadas Novas Idéns. Por outro lado, conforme 44 apontamos no inicio desta pega, o surgimento da ADPF no sistema juridica brasileiro decorren justamente da necessidade de suprir a lacuna existente nas hipéteses de conhecimento dos processos objetivos de controle de consLitucionalidade, Melhor resume esse posicionamento o professor Gilmar Ferreira Mendes, também quando do julgamento da ADPF n* 33/2002 A primeira vista poderia parecer que somente na hipétese de absoluta inexipténcia de qualquer outro meio eficaz para afastar a eventual lesio poder-se-ia manejar, de forma Gtil, a argiic&o de descumprimento de preceito fundamental. £ facil ver que uma leitura excessivanente literal dessa _disposigao, que tenta introdusiz entre no o principio da subsidiariedade vigente no dizeito aleméo (recurso constitucional) e no direite espanhol (xecurso de amparo), acabaria por retirar desse instituto qualquer Bignificado pratico. De_uma_perspectiva estritamente poderia ser proposta se j4 ve tive todos om meioo eficazes de afastar a lec&o no ambito judicial. Una leiture mais cuidadosa b& de revelar, porém, que na andlise sobre a efic&cia da protecdc de preceito fundamental nesse processo deve predominar um enfoque objetivo ou de protecio da orden constitucional objetiva. Bm outros termos, o principio da bubsidiariedade - inexisténcia de outro meio eficaz de sanar a lesae -, contido no § 1f do art. 4° da Lei n? 9,882, de 1999, ha de ser compreendido no contexte da ordem conatitucional global. oubjetiva, agio_somente Nesse sentido, s@ se considera o carater enfaticamente objetivo do institute (o que resulta, inclusive, da legitimagio ativa), meic ofica: de sanar a lesiic parece cer aquele apto a solver a controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata, Apaim, tendo em vista o caréter acentuadamente cbjetivo da argiligio de descumprimento, o juizo de subsidiariedade h& de ter om vista, especialmente, os demais processos objetivos conselidados no sistema constitucional. Nesse caso, cabivel a acao direta de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade, n&o seré adnissivel a argiicdo de descunprimento. gm sentido contrario, n&o sendo admitida a utilizagéo_de_agés itucionalidade ou de inconstitucio: verificando a exieténc: meio apto p conatitucional relevante de forma ampla, geral e imediata be entender poseivel = utilizacdo da argiicdc de descumprinento de preceito fundamenti & © que ocorre, fundamentalmente, nos casos relatives ao controle de legitimidade do direito pré-constitucional, do direito municipal em face da Constituigdo Federal e nas controvérsias sobre direito pée-constitucional jé revogado ou cujos efeitos jé se exauriram. Nesses casos, em face do n§o-cabimento da acio direta de inconstitucionalidade, ndo h4 como deixar de reconhecer \ 20 Democratas25 22 ‘AForca des Novas Idéias a admiosibilidade da argiicéo de descumprimento. Tanbém é possivel que ve apresente argiigho de descumprimento com pretenséo de ver declarada a constitucionalidade de lei estadual ou municipal que tenha sua legitimidade questionada nas instancias Anteriores. Tendo em vista o objeto restrito da acdo declaratéria de constitucionalidade, n&éo se vislumbra aqui meio eficaz para solver, de forma ampla, geral e imediata, eventual controvérsia inetaurada. A propria aplicagéo do principio da subsidiariedade esta a indicar que a argiigéo de descumprimento hé de ser aceita nos casos que envolvam a aplicagao direta da Constituic&io - alegacéo de contrariedade 4 Constituic&o decorrente de decisio judicial ou controvérsia sobre interpretacio adotada pelo Judicidrio - que nao envolva a aplicagio de lei ou normative infraconstitucional. Da_meoma forma, controvérsias concretas fundadas na eventual Anconstitucionalidade de lei ou ato normative podem dar enseio a uma_pletora de demandas, ingolGveis no Ambito dos processos ebjetivos: NSo pe pode admitir que a exicténcia de processos ordindrios e recursos extraordindrios deva excluir, # priori, a utilizagio da arglic&o de descumprimento de preceito fundamental. Até porque o dmstituto assume, entre nés, feiclo marcadamente cbjetiva. Nessas hipéteses, ante a inexisténcia de processo de indole ebjetiva apto a solver, de uma vez por todas, a controvérsia constitucional, afigura-se integralnente aplicfvel a argiiclo de descumprimento de preceito fundamental. & que as aces origindrias 0 proprio recurso extraordinfrio no parecem, as mais das vex capazes de resolver a controvérsia constitucional de forma geral, definitiva @ imediata. A necessidade de interposicao de una pletora de recursos extraordinfrios idénticos podera, om verdade, constituir-se em ameaca ao livre funcionamento do STF e das préprias cortes ordinérias. Ga A__possibilidade de incongruéncias hermenéuticas_e _confusdes jurisprudenciais decorrentes dos pronuncianentos de mGltiplos Srgaos pode configurar uma _ameaca_« preceito fundamental (pelo enos, ao da seguranca juridical, o que também esta a reconendar una leitura conpreensiva de exigéncia aposta a lei da argiicho, de modo a _adnitir a propooitura da aco eopecial toda ver que uma definigdo inediata da controvéreia mostrar-ce necessaria para afastar aplicacies erraticas, tumultudrias ou iucongruentes, que compronetan gravenente o principio da seguranga Juridica» @ propria idéia de prestacdo judicial efetiva. ? Agim sendo, € possf{vel concluir que a simples existéncia de agdes ou de outros recursos processuais - vias processuais ordindrias - nfo poderé servir de Sbice & formulaic da argilicdo de descumprimento. Ao contririo, tal como explicitado, a multiplicagio de processos e decides sobre um dado tema constitucional reclama, as mais das vezes, a utilisacho de um instrumento de feicdo concentrada, que permita a solugio definitiva e abrangente da controvérsia. Democratas25 23 AForgades Novas tdéias. A questdo cubmetida agora ao julgamento desta Suprema Corte A constitucionalidade ou nfo da instituigdo das cotas raciais em Universidades ~ vem sendo diuturnamente discutida pela magistratura de 1* @ de 2* instanoias, nos &mbitos estaduais ¢ federais', gerando decisdes distintas, Atualmente, mais de 80 Universidades j4 implcmentaram sistema de aceeso privilegiado as vagas’. Urge, assim, a manitestagao da Corte Maior sobre tema da mais alta relevancia polftica no cenérie nacional Somente uma ADPF poder& possibilitar que a Corte Const itucional resolva a verdadeira balbiirdia juridica gue permeia a compreens4o desie tema, a partir do paradiyma trazido neste caso da UnB: é ou nao constilucional @ vacializagao do Pais? & ou nao constituciona] a criagao de Tribunais Raciais nas universidades, como érgio capaz de determinar quem € negro no Brasil? Desse modo, considerando a pluralidade de decisdes divergentes sobre 0 tema, considerando que os alus noymatives @ administrativos - emanados da Universidade de Brasilia sao auténomos e infralegais, ¢ * Somente no Ambilo dos TRHe, cxisten imineros acbrdAos diserepantes, relacionados So colus raciais insiituldas nas universidadce federais. © trauverigdo da emcnta de cada um deles seria culadonha, vepetitiva @ centsypreducente, Liitame-nes a lzanscrever ow lumeror dos avérddoe/Arcicécs proferides c a anexar o inteizo Leor de alguns deler, a Lim de demongerar # contyovérsia Judicial relevante, No TRF 1* Regige, confirs uv com 205 2O0E.33.00.012679 0/BA, AME 2005.33.07. 008296 4/BR, AME ZOOE.37-00.004D41 5/BR, ANS 2006.33.00 .008424-9/BN, ANS 2004. 44.00.007199-9/HA, GRAV 1M INSTRUMRNTO ON 3007.01.00.033091-%; AURAVO DE TNSTRUMENTO N’ 2008.01.99. n1e126 /2; SUSENSAO DE SEGIRANGA W* 2004 04.00.033079-R/HA; AGRAVO TK INETRUMENTG 20U4.01.00.04 1422 O/DP_ @ FROCRSSO MH, 2004.94 .00,097174-8. Mo TRF da 2" Regido, procesuus n. 700902910031250 © 2007201018 1441. No TRP 4* Regio, AGRAVO UE INSTRUMENTO N° 2009.04.18 .uz4229 0; AGRAVO DE INSTRIUMENIO N+ 2093.04,U0_00T415-1, AGRAVO DE INSTWUMENTO N° 2009.04 00.01709\-7, MEDIDA CAUTFIAM INOMINADA NV JU09.04.00.111 4811 9, AGRAVO DE INGTRUMENTN! Nv 2009.04.00.004a95 0, AGRAVG UE INSTRUMENT N- 2009.04 .001,1104599-4, AGKAVII DE INSTRUNENY N- 2009.04.00.007242 2, RGRAVO DE INSTRUMENTO. N* | 700%.04.00.00354K-4, AGRAVO Ue INATROMENTO 200% .04.00.007094-7, AGRAVO DR INSTRUMENT N- /008.04.00-0u0965-U; AGRAVO DA INSTRUMENTO No 2009.04,00.0046U6 4, AGRAVO DE INSTRUMENSA N° 2009,04.00.006266-1, AGRAVO DE INSYKUMENTO N= 7009.04.00.0047'/5-3, AGRAVO iE INSTRUMENT. N° 2009.09.D0.003537-6, APELAGAG/REEXAME NECESSARIO N° 2008,71.00.002237 0, APEIAGAU/REEXANE NNVESSARIO N* 2ONR.7u.00.000344-0, dente infimerac uutros. No TRF 5* Regifo, vitam-se ce accrdaos Profer iden no AMS $9914/AL, ue AGTR RWsY#/02/AL, no AGTR GDIGO/AT © ng AGTR G1A9x/AL. No Tribunal de Justiga do Kia de Janeirs, destacam-se: sJ RI 2005.017.00018 + ARGUICAD DE INCONSTINUCIONALIPADR; 15 RJ 2004-001 06201 — ABRLACAO; TI-RT 2004.U01.10830 » AVELACAO: TI-Rd 4006.001.12910 — APBLACRO; ‘'y-RJ 2004.01, 1982 - APETACAO: TJ-RI_2003.u02.05025 AGRAVE DE INSTRIMENTO; TI-RI 2004.UU2.05282 = ACKAVD DE INSTHUMENTO; TI-R 2003.002.05345 02/2009 do CESPE/UnB simplesmente resouscitou os ideais nazistas, H/tlerianos, de que € possivel decidir, objetivamente, A que raga a pessoa pertence Dizer gue isso no € praticar racism, e, pior, sob a égide do Estado, é no minimo uma ofensa & inteligéncia humana! Bn oulyas palavras: € constilucional que uma Comissdo composta por pessoas arbitrariamente escolhidas pelo CESPK diga A que raga alguém pertence? Quale sdo os critérios utilizados? wm um Pais altanente miscigenady, como o Brasil, saber quem & ou ndo negro vai muito além do tenétipo. Apés a Nigéria, somos o pais com maior carga genética africana do mundo! « Democratas25 30 ‘A Forgados Novas idéias. Nesse centido, importa mencionar a recenle pesquisa de ancestralidade genémica realizada em lideres negros brasileires pelo Professor geneticista Sérgio Pena’, a pedido da BBC Brasil. Na ocasiao, obsexvou-se que a aparéncia de uma pessoa diz muito pouco em relagdo a sua ancestralidade. © sambista Neguinho da Reija-Flor, por exemplo, da possui 67,18" de ascendéncia européia. A mesma coisa pode ser afiru em relagéo A ginasta Daiane dos Santos! e a atriz da Rede Globo 114i Silva", nas guais a ascendéncia curopéia € maior do que a africana. Assim, no Brasil, hd brancos na aparéncia que s40_africanos na ancestralidade. & ha negros, na aparéncia, que 980 _europeus _na ascendéncial © professor Sérgio Pena, no estude denominado Retrato Molecular do Brasil, chegou & conclusdo de que, além dos 44% dos individuos autedeclarados pretos e pardos, exisiem no Brasil mais 30% de afro descendentes, dentre aquel 8 que se declararam brancos, por conterem no DNA 4 ancestralidade africana, principaimente a materna (a medicina comprova a histéria de miscigenacéo precoce) . © Lrabatho realizado por Pena questionou as cstatisticas sobre a composigdo éinica do Pais. Isto porque, de arordo com os dados apresentados pelo IEGE no ano de 2000, os brancos seriam 54% da populegio, mas, a luz das conclusées de Pena, esse nimero seria uma imprecisio, porque muitos dos que se declararam brancos, migrariam para a categoria de mesticos, se _o DNA fosse decodificado. Do universo de Supostos brancos brasileiros, aproximadamente 28 milhées portam heranca genética indigena e 24 milhdes carregam DNA de negros. Fortanto, apenas Yo professor Sérgio Pena & ritlar do Departamento de Bioguimica w Imunologia da Universidade Pcdcrul de Minas Gerais. Autoridude académica no ansunto, parecer deste xenomads professo: aconpanhs & Iuicial desta ADPF S pispontvel em Lup: / /anew bbe co uk:/pox tuguese /reporterbhc/stery/ 2007/05 /070424_dna_nagstinho. Acesso em 14 de juthe de 2009 S“niapenives on hetp+/ /aw bho -co.uk/portuguese /veporturbie/stery/2007/05/07U409_dua_dalane_og. Shit Aewarn em 13 de julio de 2009 “"iiepenivel em: herp: //aww.bbU.co.uk/portugnene /reporterb Accayo en 13 de julho de 7008 hun story/2n07/05/070514 dna ildisilva_eg.shem Democratas25 31 Aforcadas Novas ideas, 34 milhdes de brasileiros seriam, de fato, brancos puros, segundo padrécs genéticos, © que corresponderia a apenas 20% da populagdo brasileira, pelo Censo de 2000 Sobre a possibilidade de se determinar c entificamente um grau minimo de africanidade para cada brasileiro, « ponto de legitimar os descendentes de africanos a serem beneficlados por politicas atirmativas, a explicagdo do Professor Sérgio Pena € deveras precisa, @, por isso, merece a transcriga “A ancestralidade, ap60 0s avancos do Projeto Ganoma Humano, pode sez quantificada objetivamente. Implenentamos em n08s0 laborat6rio exanes de marcadores de DNA que permiten calcular um Fnaice de Ancestralidade Africana, ou estimar, para cada genoma bunano, qual proporcao se criginou na Africa. Recentemente publicanos wn eotudo demoastrando que no Brasil, en nivel individual, a cor de um individuo tem muito baixa correlagio com 2 indice de Ancestralidade Africans. Taso quer dizer que, en nosso pais, a classificacéo morfolégica cono branco, preto ou Pardo significa pouco em termoa genémicos « geogréficos, enbora a sparéncia fisica seja muito valorizada socialnente. A interpretagio dos achados de nossa pesquisa @ que a populagac brasileira atingiu um nivel muito elevado de mictura génica, X esnagadora naioria dos _brasileiros tem algun greu_ de ancestralidade genémica africana. Poderia a nossa nova capacidade de quantificar objetivamente, através ce eetudos genémicos, © grau de ancestralidade africana para cada individuo fornecer um critério cientifico para avaliar a afro descendéueia? A minha veeposta ¢ um eufatico nao. Tentar usar testes gendmicus de DNA para tal, seria impor critérios qualitativos a uma variavel que € essencialmente quantitativa € continua. A definic&o sobre quem € negro ou afro-descendente uo Brasil tera forgoeamente de scz resolvida na arena politica, To ponte de vista bioldgico, a pevguata nen faz sentido"”. (g.7) Assim, retioceder a critérios obietivos de andlise de ancestralidade genémica, a parlir do exame de DNA, a tim de idenLificar quem de fate € 100% branco no Brasil - @, portante, ndo-suicito aos beneficios da medida . seria a Gnica torma de implementa: colss raciais de maneira indene de dividas. No entanto, h& de se questionar: o bénus da implementagdo da medida justifica os 6nus de realizarmos examen de PERA, Sérgio. Os MGltiplos Significados da Palavra Raca. In: Folha de Bio Paulo, Sac Paulo. Opiniso. Tendénciay © Debates, p. 1-3, 21 dev, 1998: p. 1a 3 \ 7 30 Democratas25 32 ‘AForcadas Novas Idéias. marcadores genéticos de ancestralidade nos inleressados? Precisamos pagar este prego para alcangarmos uma sociedade tolevante e solidaria? Destarte, a opg&o pela execugaio da medida ofenderia, sobremaneira, o subprineSpio da ponderagdo de valores, contido no principio da proporcional idade, conforme veremos melhor adiante Intinitos sa 08 questionamentes possiveis em relagio aos critérios segregatérios (se € que existe algum critério) de definigao yacial utilizados pela Comissd Racial instituida pela UnB. Por exemplo quantos por cento de ancestralidade africana faz alguém ser considerado negro? E se a pessoa for negra na ancestralidade, mas branca_na aparéncia, e nunca tiver sofrido preconceito e/ou discriminagéo, isso faz gom ela também possa ser beneficiSria da medida? EB se o individuo negro estrangeiro tiver acabado de chegar ao Brasil para aqui ser x ele também poda ser benefictério da politica? B se o negro néo descender de_escravos, tera direito? E o branco na aparéncia que comprovar idente, deacender_de negros escravos, poderd ter acesso privilegiado? Bo negro que _descender de negros que possufram escravos, também poderé ser beneficiério da politica? 0s detensores dos programas afirmativos vacialislas procuram justificar a opcSo por tais medidas a partir, basicamente, da teoria da custiga Compensatéria, que se lastreia na retificacdéo de Injusticas ou de falhas c metidas contra individuos no passado, ora por particulares, ora pelo governo, © fundamento deste principio 6 relativamente simples quando uma parte lesiona a outra, tem o dever de reparar o dano, yetornando a vitima a situac&o que se encontrava antes de sotrer a lesdo. Propriamente dita, a teoria compensatéria é a reivindicagdo para que se repare um dano ocorrido no passado em relagdo aos membros de determinado grupo minoritario. Por meio desta Leoria, assevera-ne que 9 vbjetivo dos programas afirmativos para os afro-descendentes seria o de promover o resgate da divida histérica que os brancos possuem em relag3o aos negros 4 31 Democratas25 ‘AForcades Novas idéias. a w por havé-los submetidos a escraviddo no passado". © problema da adocgdo dessa teoria para justificar a imposigao de politicas afirmativas ruclalistas € que se afigura deveras complicade xesponsabilizar, no presente, om brancos descendentes de pessoas que, em um passado remoto, praticaram # escravidio. ademais, ¢ praticamente impossivel, em um pais miscigenado como o Brasil, ideniificar quem seriam os beneticiérios legitimos do programa compensatériv, ja que os negros de hoje n&o foram as vitimas © eventualmente podem descender de negros que tiveram escravos «© que jamais foram escravizados. Culpar pessoas inocentes pela pratica de atos dos quais discordam radicalmente promove 4 injustiga, em vex de procurar alcangar a eyitidade Assim, 4 teoria compensat6ria nfo pode ter espago quando oF individuos que so tratados com> um grupo — 0 dos descendentes dos artigos senhores escravecratas — néo enti as atiludes em relacdo as quais serio responsabilizados ou, entao, nao exerceram qualquer tipo de Como um exemplo da tentutiva de utitiaugde da teoria de justica conpensatéria no Draeil, tency © Prefete de Lei n° 3.198/2000, ue autoria do enlio Depurade Vaulo Pain, po qual se prevé una compensagio a ser paga a cada un dos descendentes de escravos no Brasil Bo valor de RG102-000,00 (cento e dois mil reais). 0 interessante © deatacar que mo he he proiety qualquer mengac de como eRra Yeccila seria obtida, f, sohretude, nao hA Wisciplina no projeto sobre como se Fars a prova de quen poderia ser vonsicerade Wescendente do egeravos no Paix, BR un Paie altanente migcigenado, cono o Brasil, 2 aposta en medidas cono estas representaria gastar o equivalente a sete veres 0 valor do Produto tnterno Bruto (PTB) do Brasil. Segundo os dados de Censo de 200, os al¥o- Gescendentce ve conerituen om 44 da populayao, 6 que em Ceimos ahpolatoy sicnifica, aprexinadumente, 75 milides de pescous. & ‘Indenizagao properta por Paulo Vail pimpleswente aringivia um montante de 7.650.009.000.000, 0% seja, 7 tzilndes © 650 milhtes de reais. Gra, considerands que © Pip do Brasil esta na ordem ae 1 Ueilnao, seria Brecieo unit a riguere de sete pages de porte do Krasil para poder caldar a divida, acuse a proporte vite Lei, ARRim pLeve o projeto: “CAPITULO Tr Direite A indeniaugde Aor Desvendentes Afro-Brusileiros. mtigo 36. 0 rengate du cidadania dog descendentes de avizadus no Brasil sv laré com pravidéucias eduraciouis, culturais © Africuies es materii¥ referidas na presente lei. § 1° A Unifo pagard, @ titulo de reparacao, a cada um dos descendentes de africancs escravizades no Brasil © valo equivalente a R§10z.909,00 icento e dois mil reais). § ¥¥- Teauu direita a cute valor material todos of Gescendentes de afrinance csveavizadoe no Biugil maacides até a data de publicagie da presente lei, § 3° - U Governo, TA eoferu federal, cotadual @ minicipal, avseguraré presenga do descendente de african nay escolas pOblicus, em todas og niveis. § 4° 0 Governo providenciars polfticas compensatériac pura os descenduutes de afrieanos caviavizados, exccutande a decloruydo de das te:ias renanescentes de quilonbos, reforms hee curriculos, sevegusando politicas de enprego, direito a imagem v acesso & nidia, Aogin realizando polilicas habitacionais em centou urbanos. § 5° Compere A Unido, nus da prova contestatéria ae ivivindicagies de reparagfes propostas individual ou coletivanente pelos descendents de africanos coviavizader no sravil” x 32 Democratas25 34 AForgads Novas idéias, controle em relagéo a elas. Por outro lado, por meio da idéia de jusliga compensatoria, a reparacao seria efetivada para aqueles que ndo sotreram diretamente o dano. Ofende-se, deste modo, idéias minimas ¢ elementares da responsabilidade civil. No mesmo sentido, Fiscus adverte”: “Waie especificanente, hd duas objecdes relacionadas ac axgumento da justica compensatéria para as acfes afirmativac. Elas 840 fundamentadas nes principios complenentares de que a compensacde deveria ser paga A pessoa prejudicada © de que deveria rer pago por aquele que ocasionu o danc. Programas de agdea ufizmativac pareados na justia compensatéria podem fracassay, pelo prineiro principio, de varias maneizas. Sustentar que os descendentes de milhGes de negros lesicnados ao longo de nossa histéria én @ixeito a compendagdo, pelo prejuiz0_ ccasionddo aos seus ancestrais en um passado longinguo, 6 violar o primeiro principio a _justica compensatéria, que os sujeitos da compensacéo sejan agueles verdadeiraneate prejudicados. (...) dustificar agbeo afirmativas em teznos de justica compensatézia € wna pce extremanente infeliz. Hosa justificativa @ problendtica, pestes gasos, © SAR vulnerabilidades foran agarradae pelos criticos inclusive, e talvez de modo mais imporlante, pelos Justices da Suprema ‘Corte para decacreditar as ‘agbes atirmativas Argumentos de justiga conpensatéria, no contexte das agées afiymativas, vao de cucontro A noosa forte ¢ arraigada opoeigae geral As responsabilidades de grupo e aos direitos de um grupo — castigando ou reconpensando un individuc simplesmente porque eze ou cla pertence a um determinado grupo" a divida Assim, politicas indenizatérias para repa hist6rica da sociedade en reiagdo 2 determinadas categorias nao serlan Jegitimas porque, em texmos de compensagdo pelo dano sofrido, somente aqueles que foram diretamente Jesionades poderiam pleitear a reparaco correspondente © contra quem efctivamente ocasionou o prejuizo. Acaso adotéssemos a teoria de que a compensagao podezia evoluir no tempo © no espago ¢ se constituir em uma verdadeira heranca maldita para a soviedade em geval, o exercicio da ret6rica nos levaria a argumentes teratolégices, como tentar abragar essa tese em relagdo a qualquer forna histérica de opressio, @, assim, acreditarmos que até PiSCUS, Ronald J. The Constitutional Logic of Affirmative Action, Fdited by Stephen Wauby; Foreword by Slanley Fieh. Duzham and Jiondon: Duke Univeraity Press, 1997, p. 9 & 10, Tradugfo lives X Democratas25 A Forgades Novas idétas: mesmo paises inteiros, que foram colonizados e/ou oprimidos, poderiam exigir politicas compensatérias por parte dos paises colonizadores e/ou opressores esse modo, almejar dividir com as pessoas de hoje a obrigacdo de reparar os er os @ as [alhas cometidas peles ancestrais poderia ensejar um perigoso jogo de responsabilizacio ad infinitum, baseado em pedides igualmente absurdos. im sendo assim, por que nao pleitearmos indenizagae a Portugsl, devido a espoliagio das riquezas brasilciras ~ agicar, café, tabaco, minérios, ouro e diamantes? For que nao dixecionarmos a Portugal ¢ 4 Inglaterra a indenizacaéo # ser devida aos afro-descendentes, j4 quo toram os portugues ingleses quem organizaram © trdfico de escravos # a escravidio no Krasil? Poderiamos ainda pleitear indenizagao dos holandeses, que esbulharam ¢ Nordaste, especialmente Pernambuco B dos tranceses, que invadizam o Pais diversas vezes, chegando a formar a Franga Antartica, no Rio de Janeire e a Franga Equinocial, no Maranhao. com eteito, de nada adiantaria pleitear xessarcimento, nesses lermos, porque a resposia, se € que chegariamos a ter qualquer tipo de reagio diversa da solene ignorancia a tresioucados pedidos, seria unissona: "n&o poderos ser responsabilizados hoje por um fato cometido ha quinhentos anos”. Por outro lado, admilir que uma "Banca Racial” decida quem é negro no Brasil, utilizando-se de crilérion arbitrérios # ilegitimos, lastreado em perguntas do tipo "Voc® jA namorou um negro?”; “Vocé 34 participou de passeatas em faver da causa negra?", conforme veremos melhor no item 6, parece-nos totalmente ofensive ao artigo 37, caput, da Constituic&o Federal, no que concerne avs prinefpios da igualdade, da moralidade, da publicidade ¢ da legalidade, j4 que o ato que determinou a diterenciacdo de direitos dos individuos nem sequer partiu de lei. “Ieem 7.3, do gdital Vestibular n° 2/2009, CesPE/Uni. X 34 Democratas25 36 A Forzados Novas dens. Com a jnstituigéo da referida Comisséo vacial, atinge-se, ademais: 0 artigo 1°, inciso III (dignidade da pessoa humana, conforme veremos melhor no item 6), © artigo 5°, inciso XXXIII (direito a intormagéo dos érgdes piblicos, j4 que ninguém sabe os critérios por meio so a dos quais a Banca escolheré os “eleitos” que consequirdo ter act Universidade PGblica, nem mesmo se sabe a composigdo de tal Ranca Racial secret.a), © dneiso XLII (vedagiio do s:acism) e LIV (devido processo legal - principio da proporcionalidade, nos subprincipios da adequacao, exigibilidade e ponderagao, conforme veremos melhor no item 6), além dos artigos 205 (direito universal de educagdo), 206, caput e inciso I (igualdade nas condigdes de acesso ao ensino), 207 (autonomia universitéria, 44 que tal principio encontra limites na necessidade de combater o racismo € no respeito ao principio do mérito acad@mico, previsto no artigo 208, inciso V, guc determina ser o acesso aos niveis mais elevados do ensino e da pesquisa de acordo com a capacidade de cada um). Atinge-se, em suma, o proprio principio Republicano! Com efeito, sabe-se que a autonowia universitaria prevista no artigo 208, inciso V, da Constituigdo Federal, garante aos dirigentes da Universidade poderes amplos de administracdo, planejamento e utilizacao dos recursos investidos. Entzetanto, a autonomia universitaéria ndo pode ser compreendida como um direito absolulc, de maneira gue nao pode signiticar que os dirigentes © professores possam fazer o que bem entenderem na instituicdo. Nesses termoc, também og dirigentes deverao observar os. onalidade, da vazoabilidade, da legalidade, da publicidade, da impesacalidade, da neipios constitucionais da propor moralidade, do mérito e do acesso universal A_questiio gue se levanta néo & superficial: nio_se pode definir objetivament: m__margem de dividas, 05 _verdadeiros beneficiaérios de _determinada politica pGblica, entiéo sua eficécia seré nula e meramente simbélic: B preciso entender que 9 que esta em jogo nesta acdo no so 98 _horrores praticados quando da escravidéo negra. 0 sofrimento que o pove africano ¢ os afro-descendentes viveran com o trabalho escravo, uma y 35 Democratas25 wi ‘A Forgados Novas ideas das formas mais cruéis de exploragdo, as humilhagdes de terem sido dominados, a quantidade de vidas desperdicadas em nome do trafico de pessoas © © consegiiente desenvolvimento de um comércio humano rentavel sao fatos inegdveis ¢ que jamais poderio ser esquecidos pela humanidade Todavia, mesmo sem olvidar o drama vivido pelos nogros no paseado, o que precisamos analisar, agora, é se o modo pelo qual se desenvolveram as relagdes raciais no Brasil desde a escraviddo, passando inaran pelo processo abolicionisra, até chegarnos & situagdo atual, 0! uma sociedade na qual 4 cor da pele se constitui na razdo exclusiva para 4 baixa vepresentatividade dos negros nas esferas soviais mais elevadas, ou, entao, se o preconceito e a discriminagdo em face da cor funcionam como apenas uma das varidveis, dentro de um complexo de razécs, nas quais se destaca, infelizmente, a precdria si(uagdo econémica vivenciada pelos negros bragileiros 2. SOBRE A _INEXISTENCIA DE RACAS. O RACISMO_E A _OPCAO PELA ESCRAVIDAO NEGRA B preciso esclarecer e vepetir: geneticamente, ragas nfo existem. Nos ‘iltimos 30 anos estabeleceu se wm consenso entre os geneticistas: os homens so todos iguaix ou, como diria o qeneticista Sérgio Pena, os homens so igualmence diferentes Desde 1972, a partir dos estudos de Richard Lewontin, gencticista de Harvard, o que a ciéncia diz @ que ay difezencas entre individuos de um mesmo grupo sesdo sempre maiores do que as diferencas entre os dois grupos, considerados em seu conjunto. Tomando nears e brancos, por exemplo: no grupo dos negros, haveré individuos altos, baixos, inteligentes, menos inteligentes, destros, canhotes, com propenséo a doengas cardiacas, com protegéo genética contra o cancer, com propensio genética ao cancer etc. No grupo de brancos, iqualmente, haverd individuos altos, baixos, inteligentes, mer: ss inteligentes, destros, canhotos, com propenso a doencas cardiacas, com protegao genética contra 4 36 Democratas25 38 A Forcados Novas ideas. © cancer, com propensdc genética ao cancer etc. Ou seja, no interior de cada grupo, a diversidade de individuos € grande, mas ela se repete nos dois conjuntos. A Gnica coisa que vai variar entre os dois grupos € a cor da pele, o formato do nariz e a textura do cabelo, e, mesino assim, apenas porque os dois grupos ja toran s¢lecionados a parti: dessas ditexengas. km tudo © mais, os dois grupos so iquai © genoma humano é composio de 20 mil genes. As diferencas mais aparentes (cor da pele, textura dos cabelos, formato do nariz) sfo deierminadas por um conjunto de gencs insignificantemente pequeno se comparado a todos os genes humanos. Para sermos exatos, as diferengas entre um branco nérdico e um negro africano compreendem apenas uma fragao de 0,005 do genoma humano. Bm outras palavras, toda a discussio racial gravita em torno de apenas 0,035% do genoma. Por essa vavdo, a imensa maioria dos geneticistas € perompisria: no que diz respeito aos homens, genética nao autoriza falar em ragas. Segunde o geneticista Craig Venter, © primeire 4 descrever a seqiiéncia do genoma humano, “raga é um conceito social, n&o um conceito cientitico. Desde a tolal decodificagée do genoma humano, ocorrida em 2003, fruto do Projeto Genoma Humane, a idéia de Raga, portanto, subsiste apenas por construgao cultural ¢ ideolégica. No entanto, no Brasil dos Gltimos anos, alguns parecem ter s# esquecido disio e tém revivido esse conceito com o propésite de melhorar as condigées de vida de grupos populacionais, como se a Gnica explicagéo poxsivel para as desiqualdades yelacionadas a brancos @ negros estivesse relacionada a cor. Acontece que onde quer gue © conceito de raga Lenha prevalecido como politica de Estado, antagonismos insuperaveis surgiram entre og grupos, que passaram a se identificar a partir de culturas paralelas, com a criagdo de valores, pensamentos ¢ identidades distintas © segreqadas, como veremos a seguir. Sobre a inexist@ncia de ragas foi uma das mais primorosas decisSes que o Supremo Tribunal Federal proferiu. Na ementa do julgamento « do HC 82.424, os ministros assim se expressaram: Democratas25 39 A Forcados Novas Idéias. °3. Raga humana, Subdivivao. Inexisténcia, Com a detinicde e o mapeamento do genoma humano, cientificamente n&o exietem dietingdes entre ce homens, seja pela segmentacdo da pele formato dos olhos, allura, pélos ou por quaisquer cutras caracteristicas [isicac, visto gue todos re qualiticam como espécie humana. Nao hd diterengas biolégicas ontre os seree humancs. Na csséncia sio todos iguais. 4, Raga e racismo. & diviedo dos seres bunanos em races resulta de um processo de Conteddo meramente politico-accial. Desse pressuposto origina-ce © raciema que, por sua vez, gera a diserininagdo © © preconceito Regregacionicta”. Acontece que, diferentemente do que apontado pelos ministros do_Supremo Tribunal Federal, na ocasifo, nico € a divisio doo sereo humanos em ragas o que justifica o racismo, mas justamente © seu oposto! Q raciomo, ou seja, a crenca infundada na superioridade de uns sobre outros foi _o que motivou, ao longo da _histéria, a tentativa de classificagao. com efeito, as tentativas iniciais de classificar a humanidade em racas datam pomente do final do século XVII. No entanio, argunentos racistas jA existiam muito antes da classiticagéo. 0 filésofe francés Voltaire (1684-1778) afirmou em suas Cartas filoséficas publicadas em 1733: “A raga negra € uma espécie humana to diferente da nossa quanto a raga de cachorros spaniel 6 dos galgos... A 1A negra nas suas cabegas & se parece em nada com o nosso cabelo; © em outras partes [do corpol ni pode s# dizer que a sua compreensio, mesmo que nao seja de natureza diferente da nossa, 6 pelo menos muito inferior". A necessidade de justificar a supericiidade racial de uns sobre outros foi, sobretude, importante para no século XVI leqitimar o comércio mais rentavel que 34 se teve noticia na humanidade: o trafico de escravos, Nesta linha, os lucros do trdfico justificam a opgio pele escravidio negra” _e nao a cor da pele ou qualquer _teoria Neyse tom, vonclut Furnando Novaig: “Paradoxalwence, ¢ a partir do crafice negretre que sc pode entender a cscravid’o atricana colonial, v nao o contrério™. Novais, Fernando. Batrutura e Dindmica do Antigo Sistema Colonial. Séculos XVI-XvIzz. 4° ed, sau vaulo: Braciliense 1946: p. AY; lu mesma lisa, GCRENDER, Jacob. © Racravismo Colonial 2° reinpreagao da 6° ed, S¥o Vaulo: Aria, 2001, p. 129; CALMON, Pedro. Itistéria a 38 Democratas25 40 AForcades Novasidéias pseudocientifica que procurasse demonstra: a inferioridade da raca. Mosm porque os Reis negros africanos também possuiam os seus escravos negros. A opg&o por este Lipo de m&o-de obra nfo se explica historicamente a partir de nenhuma das formas de serviddo encontradas no mundo antigo, quando a submiss&o cra vista como um corolérie natural das guerras, de modo que a vitéria de um povo sobre outro significava a esnravizacio deste. Diferentemente da cscraviddo operante no século XV1, na Idade Classica a cscravidio se justificava como uma servidio imposta aos derrotadoe das batalhas e no encontrava justificativa seja por critérios de raga ou de classes Fatores evonémicos justificaram a opgéo pelo escravo negro. 0 lucro advindo do trafico de escravos para a Metropole, detentora de monopélia do comércio de escraves com a Colénia, no aconteccria se no Brasi] tivesse sido admitida a escravizagéo do Sndio. Durante muitc tempo, a historiegrafia nacional encampava a idéia de que os indios seriam preguicosos demais # gue os negros seriam mis aptos ao vigcroso trabalho dos engenhos. A bistoriografia moderna, no entanlo, discorda yadicalmente dessa viséo simplista do passado e destaca que se por acaso a escravidio dos indios possibilitasse maiores lucros para Portugal, nao haveria razdo humanitdéria que impedisse a metrépole de proceder com os fndics da mesma maneiya como que escravizuu os negros'’. do Rrayil, Espirito da Sociedade Imperial. vol 7? Sko Pusio: MaxLins Fontes, (Temas Brasileircy), 2007: p. 108 © so 39 prego da venda de um Indio ura mito interior an valor de um eserave uegro. Hinonsen elucide gue enquanto os indice valiam entre 4.000 a 70.000 réis, os negaos valiam entre $0,000 4 400.000 réig. (SIMONSEN, Roberto. Hdat&ria Reon6mica do Brasil. 1500-1820. 2 Tonos. Sav Paula: Companhia Edilora Nacional, 1937, p, 194). Se a metrépele deixaune ao Hivee-arbitric dos wenhoes de enyenho a opgdic de utilizarem, ou n&o, a mao-de-cbru indiyena, muilo praovavelmente seria esta a primeiva upgdo comsiderada, porquanta os custus com a aquisigio seriam muito inferiores A coupra doo vscravor alzicanos — e, xtanente, uem as fnyas pava aw Flovertas ou as doencas tranwmitidas para or indios Seriam impeditives dewse projeto, Décio Hecitas afizna que, entie 1570 a 1755, pele menos quarenta. normas foram expedicas, denlie leis, alvaras, provisoes, iewolucses © Feginentor, por meio day quais re proiDia a excravizaco dos indigenas. FREITAS, Décio Fectuvido e Mercantilisuo. 19: Leituras eobre a Cidadenia. Vol. VII. A Cidadania ao Brasil. 1 - 0 fndio ¢ © Escravo negro. Editor: walter Costa Porto. Brasilia: Seuado Federal, ministério da Ci@ncia e da Tecnulogia. Cenlro de BeLudos Retralegicos, p. 55. 39 Democratas25 41 AForcadas Novasidéas 3 Q _PERIGO DA IMPORTACAO DE MODELOS. 0S EXEMPLOS DE RUANDA E DOS ESTADOS UNIDOS DA AMERICA. 3.1, Ruanda - um caso extremo de boas intencdes Ruanda 6 um pais africano cuja histéria recente se construiu a partir do embate entre duas visées bem distintas, a dos colonizadores ¢ a dos colonizados 4 que terminou em um confronto de proporcdex inimaginaveis. A histéria sc passa nos anos 1990" Ruanda foi uma das inameras nacgées construidas depois do Tratado de Berlim, Primeiro passou pela méos dos alemdes e depois da Primeira Guerra Mundial foi entregue A Bélgica. Kra uma sociedade que se enxergava como uma Gnica nacao, na qual todos falavam a mesua lingua e tinham uma mesma fé. Ruanda era descrita pelos historiadores como uma terra onde contrastava a pluralidade de “ragas” com um genuino sentimento de unidade nacional. Nes: sentido escreveu o historiader Laeger: “ha Poucos povos na Europa entre os quais encontremos esses trés fatores de coesdo nacional: uma lingua, uma fé, uma lei”. Havia diferencas entre as pessoas que ali viviam, mas elas casavam entre si, freqientavam os mesmos templos, trocavam suas mercadorias, relacionavam-se no dia-a-dia © pove se dividia basicamente em lavradores, aue sc viam como Hutus, © pastores, criadores de gado, que se pensavam como Tuteis. Ao longo da colonizacdo belga, @ mesmo antes, durante a ocupagae alema, os tutsis foram considerados superiores ¢ os dominadores utilizavam-nos na sua administragao. 0 mito de origem da nacdo dizia que os tulsis eam herdeizos supcriores de una tribo de ovrigem etfope, descendente do rei des natives Davi biblico e, portant, de uma raga superior aos negr No podemos ignorar que essa imagem de grupos separados em Ruanda foi reforcada pelo colonizador: a Bélgica também era cortada por uma divisdo étnica separatista entre vaides e flamengos. Axsim, os Pv dewericho dos eventos yue transfurmaran Kusuda fot feita com base em GOURBVITCH, Philip. gostarfanoe de informi-lo de que amenh& seremos mortos com nossas fanilias. S40 Paulo: Cia das Letras, 2002. 40 Democratas25 42 AForcades Novasidéas, belgas, informados por suas préprias divisées internas, decidiram organizar agquela sociedade colonizada - considerada por eles ropleta de ambigitidades insuportaveis. Br 1933, resolveran fazer um censo étnico com 4 intencdo de proteger os hutus da dominagao tutsi, Dividiram a sociedade entre hutus ¢ tuteis ¢ todos passaram a Ler na sua carteixa de idontidade a definic&o precisa entre as duax etnias. Com o fim da Segunda Grande Guerra e a lula na guropa pela igualdade, na Bélyica, exalamente os flamengos, lutavam para adquirir og seus dir oe, Muitos pastores protustantes da minoria flamenga foram enviados para Ruanda. 14 encontraram uma situag&o em que og hutus também eram ‘os dominados” e a identificagéo foi imediata. Quando da luta interna de Ruanda pela independéncia, os hutus lideraram o partido em prol da independ@ncia © langaram a idéia de igualdade, de liberdade, que se parecia com o discurso moderno de cidadania que esiava se processando na Europa. Na verdade, enbora identificado pelos Relgas como um discurso libertéric, aguelas palavras hutus significavam luta étnica Assim, em marco de 1957 um grupo de imelectuais publicou o manifesto hutu reivindicande democracia ¢ fim da submisséo acs tutsis Dessa feita, © mito da superioridade tutsi nao foi rejeitado, mas teve outra interpretagdo: se eles eram povos superioves © descendiam de imiguantes, no fundo exam os invasores @ a nagéo de fato pertencia aos hutus. Bm 1992, 0 ideélogo de poder hutu Leon Musegera pronunciou um famoso discurso, conclamando os hutus a mandar os tutsis de volta a EtiOpia pelo rio Nyabarongo, um tributdrio do Nilo que atravessa Ruanda Ele n&o precicou repetiz. gm abril de 1994 0 xio estava entulhado de tutsis mortos @ dezenas de milhares de corpos jaziam nas margens do lago Vitéria- Ao longo desses anos, de 1933 até o genocidio em 1994, o pais que ea misturado, ambiguo no seu sistema de classificagéo, acabou adquirindo a rigidez imposta pelo ustade com as carteiras étnicas, ¢, espelhado na divisdo dos dominadores, cindiu-se entre hutus e tutsis. Um pove que tinha uma mesma religido, falava uma mesma lingua e se a 4l Democratas25 43 A Forcades Novesideias. considerava parte de uma mesma nacdo foi cindido em dois e tal divisao acarretou um profundo e tenebreso ddio entre irméos. os grupos que toram forjados por forga de uma légica de racismo institucionalizado, apesar de iniciado com a melhor das acabaram se transformando em personagens tragicos de uma cruenta destruigdo™ 3.2, 08 Estados Unidos da América - a segregagéo como politica de Betado - as Leis Jim Crow. A criacdo das Agées Afirmativas como medidas de inclusao para negros hs diferentes formas de colonizacgéo realizadas no Brasil e nos Estados Unidos geraram conseqiiéncias importantes quanto ao modo segundo o qual se desenvolveram as relacées raciaia em cada um dos pafses. A Gespeito de esea andlise ser de suma importancia para o estude das ages afirmativas, para sabermos se 0 problema da integrayao do negro no Brasil tem conteddo exclusivamente vacial tal come ccorrera nos EUA, espantosamente © estudo da histéria de cada pais ven sendo relegado a segundo plano peles jusistas nacionais, que tradicionelmente escreven a favor da simples necessidade de importayao do modelo. Profundas toram as diterengas quanto A colonizayao efetuada por Portugal e pela Inglaterra, o que influenciou decisivamente a formagao do povo brasileiro ¢ do estadunidense. No Brasil, por exemplo, a miscigenayao entre as racas decorreu de um processe natural, devido 4 forma como se processou a colonizac& Nos Estados Unidos, diferentemente, a miscigenagao foi combatida « a separagdo entre brancos € negros, estimlada, pela socicdade e pelos Poderes Judiciario, Legislativo e Kxecutivo, em seus diferentes niveie. Sendo, vejamos A colonizag&o feita por ingleses foi realizada no intuito de jos fami res, Mudancas estruturais na povoar a terra, originando ni Inglaterra haviam ocorrido, devido ao estabelecimento das manufaturas € * G yenocidio on Ruanda deixou mais de #00 mil mortos. © Tribunsl Penal Thteztucional impos diversas condenaches avy acusados do genocfdio. Bm 14/07/1009, maie um culpado fod condenado A peisdo perpetua: o ex-prefeito de Kigali, Coronel Tharcisce Renzaha. 0 coronel foi um dos que incentive a criagdo de leis raciais 42 Democratas25 44 Aforcadas Novasidéns consegiente cercamento dos campos, o que, aliado os conflitos religiosos, tizeram com que houvesse uma multiplicidade de pessoas avidas 4 sair do pais e a obter ocupagdes. © sucesso dessa ompreitada colonizadora pode se: explicado ainda por outros fatores, como clima semelhante a ensejar o minitdndie e a policultura, « religiao protestante, a glorificar a ética do trabalho ¢ a recompensa #0 estorco individual. As condigées em que se desenvolveu a colonizagao nos Estados Unidos geram uma série de ilacSes no que tange A questdo racial Primeiro, porque a colonizagdo efetuada por famfjias fez com que ndo houvesse nos Estados Unidos uma torce miscigenacdo, da maneira como toi conhecida no Brasil ~ ndo havia caréncia de mulheres. Segundo, porque o estabelecimento da mau de-obra escrava somente teve inicio etetive a partir do século XVJIT, até enlao, contava se com o Lrabalho dos brancos. Terceiro, porque a reliqido protestante admitia o divércio, logo, @s mulheres era garanlide © direilu de se divurciarem dos maridos que, eventualmente, praticassem # intidclidade com as negras, o que diticultou a miscigenagao. No Brasil, a colonizac&o realizada por Portugal nos tez herdar caracteristicas j4 presentes naquele reino, em todos os aspectos da vida social. N&o havia em Portugal excedente populacional apto a promover a colonizagéo. Quando esta foi Finalmente efetuada, realizou-se apenas por homens brancos, o que propiciou intenso caldeamento com as mulheres negras © as indigenas. Nio € 4 toa que o geneticista sérgic Pena conseguiu identificar que @ matrilinhagem genémica, na anélise do DNA dos brasileiros, 6 predominantemente africana e amerindia. A par desse aspecto, 4 Religifio Catélica n&o admitia © divéreio, © que facilitou a miscigenagdo, pois em um Eetado Catélico as milheres sG era dado vesignarem-se Outra dietingdo importante entre Brasil e os Eslados Unidos pode ser observada quanto ao modo em que se desenvelveu o processo abolicionista. No Brasil, a aboligéo decorrex de necessidade econdmica 43 Democratas25 a A Forzados Novas ides premente relativa A escassex da mio de-obra. A par desse aspecto, 4 cxisténcia de uma quantidade consideravel de negros livres - 90% - anteriormente & abolicéo fez com que a insercdo desses na sociedade ecorresse de maneira paulatina ¢ gradual, de modo gue a aboligéo, quando aconteceu, nfo gerou grande \ranstormagdo na sociedade Apés a aquisicdo da likerdade, ndo houve restri ydes para que os negroes ocupassom determinados cargos ou empregos, on que fregientassem certos lugares. Do contraério, aqueles que conseguiram qualificagio puderam ocupar cargos de prestigio. A propésito, no Brasil, a assuncéo de postos sociais relevantes por negros era prética usual mesmo antes da aboligao, como demonstra a Ordem ai 1731, emanada por D. Jofio v. Por meio ao _Governador da Capitania de Pernambuco, desta, o Rei conferiu pode: Duarte Pereira, para que empoosasse um negro no cargo de Procurador-Geral da coroa, a afirmando restigio a @ a cor n§o lhe servia como _um_impedimento para exercer tal fungio. de crande ca, En Suma: no Brasil, telizmente conseguimos superar a vergonha da escraviddo sem termos desenvolvido o Gdio entre as ragas. 0 ingresso lento, porém constante, do negro livre ua sociedade, preparou « populacéo brasileira para 4 chegada destes no mercado de Lrabalhe, Nao foi A toa que no Ceara for os brancos jangadciros quem iniciaram o movimento abolicionista, a partir do slogan: “Ne Cearé nau entrardo mais carregamentos de escravos!”. Da mesma maneira, em Sao Paulo, foram os trabalhadores ferrovidrios brancos especialmente atives na canpanha abolicionista be outra maneira, a aboligao da escravatura estadunidense foi marcada pela maior e mais violenta guerra pela qual passaral os norte- americanos, deixando um saldo de 600 mil mortos. 0 resultado do contlite foi o acirramento do édio dos brancos para com os negros. Naguela Sociedade, nao havia uma expressiva quantidade de negros livres AQUINO, Rubim. Bociedade Brasileira: uma Histéria. Atravée dos Movimentos Sociais: da Crise do Eacravisno a0 Apogeu do Neoliberalisno. 3* e3. Ric de Janeise: Record. 2002, p. 48; PRADO JUNIOR, Caio. Evolug&o Politica do Bemeil: Colénia @ Império. 2* reimprcwydo da 21" edigdo de 1994, S30 Paulo: Rraciliense, 2901: p. 99 44 Democratas25 46 A Forcadas Novas idétas. anteriormeate a abolig&o: 87,5 permaneciam escravos. Naquela sociedade, a concesséo da alforria aos escraves era praticamente impossivel: inameras leis ora proibiam a alfor: ora decretavam o exilio forgado para a Africa dos escravos que porventura conseguissem a liberdade, ora impunham pesadas multas para os senhores que procurassem conceder a manumisséo sociedade norte-amerivana Ademais, 6 importante destacar quo a era marcada por uma profunda compel igao individual. Bra # chamada terra Gas oportunidades, como se reteria Tocqueville. Os negros livres eram considerados amcacas, vivais a serem afastados ou removidos. Dessa maneira, 4 maioria dos operarios braneos ndo somente se absteve de ajudar os negros na campanha aboliclonista, como, sebretude, realizou mot ins para atacé los, por vé los come concorrentes nos postos de empreqo Quando nos Estados Unidos decretou-se a aboligao da escravatura, houve a insergao forgada no mercado de trabalho de um grande nimero de negros livres que passaram 4 disputar espagos na sociedade, pela primeira vez, com on brancos. Aliado a esse fator, a principal razao 0 de mortos em terns da Guerza Civil norte-americana, cujo sal proporcionais A quantidade da populagdo até hoje no foi superado por nenhum cuts conflito, foi o impasse provocado pela deciso de permitir ou nao a permanéncia da escravidao nos estades do sul de pais A incipiente compeligao entre negros o brancos no mercado de trabalho, conjugado com o fate de og negros terem sido considerades os verdadeiros culpados pela guerza sangrenta que dividiu o pais, gerou um 6dio racial violento e segregacicnista € fer surgi: organizacdes como a Xu Klux Klan ¢ og Conselhos dos Cidados Brancos, que proclamavam a interioridade da raga negra e 4 necessidade de expulsé-los dos Estados Unidos, a tim de dar inicio a um governo exclusivamente de brancos e para byancos FRANKLIN, John Hope. Raga e Wiet6ria. Ensaios Selecicnados (1938-1988). Tradvcta ce Mauro Gama, Kic de Janeiro: Roce, 1999, p. 173. x i 45 Democratas25 47 AForcades Novasidéias. Nos Rstados Unidos, a segregacao nao fora promovida apenas por organizagoes particulares, mas, espantosamente, pelo préprio Estado, por isso que esta é também chanada de segregacdo institucionalizada, ou Estado racialista. Btetuada por meio de leis que visavam impedir que brancos € negros freqientassom ox meemos ambientes - por meio de decisdes judiciais® - que veafirmavan a posicaéo discriminatéria levada a cabo pelo Governo — ¢ por meio Ga formagio de um consciente coletivo disc: iminatério, caracterizado pelo falo de a maior parte da populacto nao enxergar as duas raga como iguais e, diulurnamente, promover 4 separacao Desse modo, a adogio do gistema Jim Crow’ no cul dos Estados Unidos frouxe consegiéncias muito graves para a sealidade negra, Na medida em que o préprie governo institucionalizou a segegagao, fex surgir no imaginario nacional a idéia de que a suparacéo entre brancos & negros era legal e legitima, de que nic era corseto haver relagdes entre as racas, nem mesmo de cordialidade, Despertou a consciéncia das pessoas para a diferenca, em vez de procurar promover a igualdad Durante praticamente um século, a seqregagao institucionalizada prevaleceu no sul dos Estados Unidos. Por meio dela, 08 negros foram proibidos de freaiienta: as mesmas escolas que os brancos, * go podemor deixar de mencionar u célebre decisde proferida pula Suprema Colle no case Plessy va. Ferguson (1096), quando se inatsruiu a doutrina doc Tiguaie, mas sup Neste caso, a Suprema Corte deviarou a couslitucionalidade do Belututd da Louisiana de TaM, por Meio do qual se dererminuu que o transporte por estiadas de ferro deveria cer Feito por meic de avomodaccer iguals, mas ceparadas para os brancos @ para ag pessoas dc cor. Agim, se1ad perfeicamcate coneeicucional que os negrok fossom barrades, ve porventura quisessem viajar dus Areas destinadas ace brancos, porque o principio da fqualdade nao eignificava que am vacua deverian commarttlnar do mum eapage fisicn. & ainda, a decipo ce 1953, proferidu pela suprems Corte d= Oklahvila, mo care Meuaurin v. Oklahoma State Regent for Higher Bducations, yuo considernu validas ar recumendactes profecidas pela Universidade pula admineso ue um negro uo curse de Doutorado, coneiderando que nie havia outta ubiveraidade que fosse deotinada apenac woy nearon entice as peovidéncius determinadus, destaque-ce u orden de que o negro devoria assist ir Be aulun gentado en cadesia propria, cercuda por uma giade, em gue fouve afixade a Cruse “Reservada puta negroo”. 0 assenro doveria se aituat na anre-eala vontSgia A sula de aula. Ainda segundo o zegulamento, © alino somuite poderia estudar no mexanino da biblictuca @ nfo nag aesas da cala regular de luitura, ¢, ainda assim, devoriu sentar-se em una cadeira capecialmente dusignada restaurante, © estudarte deveria fazer as reteicder em horarice Aiferenice doe brancex, 6m uma meea deelinada para negsos. Tale Vimitaydes, apeear de pareceren degarrazoadas, converqiam pary a linha de pensamento consclidada anreriormente pela Suprewa Corte, ao julgar > caso Plessy. 3 Denominagao conterida as lois racistae, ctv referéncia a um nimern de cunto @ danga em que cantores brancos s@ pincavum de negros @ dangavam imiLando macacce Democratas25 48 ‘A Forsados Novas(dé00s de ter propriedades, de viver em cerlas vizinhancas, de obter licengas para trabalhar em determinadas profissées, de cssar com brancos, de se tornarem cidaddos, no sentido de votar e ser votado, de testemmharem, de ingressarem em lanchonetes, de beberem Agua nos mesmos bebedouros, dentre outras restrigées. Como atiymou o historiador Chin: “Para muitos americanos, desde o hospital onde nasceram até o cemitério onde toram cnterrados, todas as principais instituigdes sociais exam rigidamente segregadas pela raga” © sistema Jim Crow estabeleceu uma mensagem de interioridade, tixando espacos diferenciados para negros € brancos. Originou-se da necessidade de controle pelos brancos daquela massa de negros livres competindo com eles no mercado de trabalho, uma vez extinta a escravidac Legitimou-se a partir da ascensdo de movimentes sociais organizados que pregavam a infersoridade da raga negra, como a Ku Klux Klan, organizacao racista que em 1920 chegou a reunir 5 milhées de membios no pais, dentre os quais o Presidente Harry Truman, gove: dores, preteitos, senadores e oulras autoridades. Fortaleceu-se com a publicagdo da obra de Thomas Dixon, The Klanoman - an Historical Romance of Ku Klux Kian e no filme baseado neste romance, The Birth of a Nation - de David W. Griffith's, de 1915. Tais obras foram estrondosos sucessos & época - o filme chegou a se: transmitido na Casa Branca © ftuncionaraw como pederosos instrumentos para propaganda ¢ exaltagdo da mu Klux klan. As conseqiiéncias desse perverso sistema estatal em que os direitos dos individues foram separados com base em teorias de classificagao racial ndo poderiam ter sido diferentes: a criagéo de duas sociedades paralelas, a dos brances ¢ a dos negros, com identidades, culturas e valores distintos Tamanho 6 0 grau de incredulidade scbre a adogéo desse sistema nos Estados Unidos de apenas 60 anos atrés que se faz necessario hoje transerever algumas das enentas das leis que existiram naquela epoca. & % CHIN, Gabriel J. Affizmative action amd the Constitution. Affirmative action before constitutional law, 1964-1977. vol. I. New York & Loudon: Garland publishing, Tnc., 2990, Pp. XV, Tradugdo Livre 47 Democratas25 AForcados Novasidéias. que nivel de estupides a espécie humana é capaz de chegar. Eis alguns exemplos de ementas das leis segreqacionisias nos EUR‘: VEnfermeiras — Nio sc pode demardar o traballio de enfermeizas pasa trabaihar em hospitais, piblicos ou privados, se houver pacientes negros; VOnibug — Todas av estaydes de passageiroc devem ter pontos de capera separados € os asyentos ro énibus devem sex sepavadoe para os brancos © para o¢ negios; Vestradas de Ferro - 0 condutor de cada trem de passageiros folicitado a designar cada passageizo ao carro ou A divisao do carro ¢ decignar & qua! raga o passagcize pertence; Y Restaurantes - Sera ilegal conduzir um restaurante ou outro lugar que ¢irva comida na cidade no qual brancos e negros cejam gervidos no mermo cémodo, a nao ser que op brancoy e as persoas de cur estejam efetivamcnte separadoe por uma wolida divisovia eatendida desde o chao até a distancia de 2 metros ou mais e a ako ger que seja providenciada uma entrada ceparada na rua para cada compartimento; Vpiscinas e Casas de Bilhar — Seva ilegal para um negro e un brance jogarem juntos, ou na companhia um do outro, qualquer jogo na piscina on de bilhar; VBanheiros Masculinos - Todos os empregadores de homens branvos © negyos devem providenciar banheiros separados entre eles; Ycaeamentos entre Ragas — Todos os casamentoe entre uma pessoa branca e um negro S80 por meio desta lei para sempre proibidos: VRducagio - Ae escolas para criangaz brancas e ac escolag para cyiangas negras devem ser administradas veparadamente Observa-s¢, desse modo, que nos Bstados Unidos, mesmo apés a aboligdo da eseravatura, a todos og nagros, ricos ou pobres, era negado o exercicio de intmeros direitos, independentemente da classe social scupada. A aquisigaéo de dircitos, naquela sociedade, embasava-se na cor do individuo © isso perdurou alé meados da década de 1960° Institucionalmente, o negro era um cidaddo de segunda classe. Bem resumiu esse problema o professor de histéria norte americana da Universidade de ‘Teadugho livre. Dixponivel om fi Aguayo em: 12 julke 2008 Fapegur de a deciato da Suprena Corte no caro Brown ve, Board of Education scx ue 1954 86 conseguiny cex cohocada em pratica em 1969, quando a Corte Constitucional julgov 0 caro Alexander v. Holmes County Board of Education, 396 US. 19. x epee 48 2 //wwwnps. gov/nalu/ fox Leachers/13m_craw_iawe hte Democratas25 oo AForcadas Novas Ideas Chicago, John Hope Franklin: “0 apoio piblico As escolas segregadas era a verdadeira sintese da discriminacao. Preponderava o ponto de vista de que virtualmente tude o que se gastasse com as escolas para negros era um desperdicio, nfo 96 por serem os neqros incapazes de aprender alguma coisa importante, mas porque o proprio esforgo para educé los Thes daria falsas nogdes das suas capacidades # os estragaria para o seu lugar na sociedade £ importante ressaltar, entdéo, que 9 surgimento das ages afixmativas para negros nos Estados Unidos decorreu de uma _pituagio hist6rica_e especitica, originada pela discriminacdo oficial até entéo praticada naquele pais e que transformara a sociedade em um barril de pélvora prestes a explodix a qualquer momento. Criar programas positivor de inteqracdo forgada com base na vaca foi a solugéo encontyada pelos governantes para tentar administrar a crise. Se nenhuma medida fosse adotada, ou xe nada tosse foito para center o Animo da populagio segregada quando da eclosio dos movimentos de Direitos Civie na década de 60, ocorreria um conflilo civil de proporgées incalculaveis no territério norte-americano Tnicialmente propostas como providéncias noutras de combate a discriminagéo institucionalizada, nos governos de John Kennedy (1961 1963) @ de Lyndon Johnson (1963 ~ 1968), a adoc&o das agées atirmativas, com tal significado, revelou-se de relativa eficacia. Uma politica destinada tao-somente a combaler a segregagao € a proibir a discriminacao nao foi suficicnte para acabar com os efeitos perversos da separacao institucional. Como afirmou o constitucionalista Rosenfeld, “uma vez que o Rstado havia praticado a segregagéo racial, um mero retorno & politica cega A cor, todavia, ndo seria suficiente para conduzir & integragao"’” Urgia a criacio de programas para integrar o afro-descendente, a fim de aplainar os movimentos neqros organizados, que protestavam com FRANKLIN, John Hope. 0 Negro depois da Liberdade. Tn: WOODWARD, C. Vann. (Org.) Engaios Comparativos sobre a Histéria Anericana, Traducao de Uctdvio Mendes Cajaén. SRO Paulo: culrrix, 1972, p. 178 ‘ qraducdo livre. KOSENFELD, Michel. Affirmative Action and Justice. A Philosophical and Constitutional Inquiry. New tlaven and London: vale Univesity Press, 1991: p. 164 au 49 a ry Democratas25 ‘A Forgados Novas idéias. mais forga, no tinal da década de 60. Criar programas positives foi a so)ugao encontrada pelos governantes para Lentar administrar a crise, que se inflamava a partir dos continuos assassinatos provocados pela Ku K1ux Klan, inclusive de criangas negras. Bra precisu dar uma resposta & populagdo exaltada, para que seus representantes Livessem a percepciv de que alguma coisa esluva sendo yealizada © de que os assasyinatos de Kennedy © de martin Luther King’, grandes Iideres da causa negra, née os haviam deixady so7inhos Assim, de medidas destinadas inicialmente apenas a efetivar uma politica cega A cor, as acdes afirmativas para negros nos Estados Unidos evoluiram para um significads mais ativo, de integzagao, a partir da consciéncia da vaca. A politica que antes se propunha ceqa, passou a enxergar a cor como um fator a ser considerado. Pesta teita, nao mais para subjugar os negros, mas para inciui los Deste modo, uma das ironias sobre a criagio das agées afirmativas nos EUA é que estas foran imaginadas e colocadas em prética x alguns brancos estavam no poder e néo por negros que idealizaram as medidas como mecanismo de integragéo. Ox principais lideres do movimento negro organizado nao se manifestaram favoravelmente a tal politica integracionista ¢ lularam apenas para combater a discriminagio institucionalizada, Martin Luther King chegou a se manifestar sobre © tema, advertinds que a adocio de pcliticas afirmativas seria contraproducenle para © movimento negro, porque néo conseguizia encontrar justiticativas diante de tantos norte americanos brancos pobres". Como ativma Skrentny: “Smbora grupos de direitos civis e afro-americanos possam ter apoiado agées afirmativas como medidas preferenciais de “a onda de violéncia que se sequiu ao ansasainale de King (4/4/196q) foi praticamente ancontyolavel. ka Chicago, Washington, Uelscit, Nova York, Bnaron © cm Memphis tropas federais precisaium ser chamadas para conte: os aninos da populagso yovollaca, Intimerar cidades decicturam Estado de nefess, Mais de 150 cidades ficaran cm chumas @ cobertas de eanque. © (yneral, realizado em Allama, veunau 100 mil pessoaN. A perda fei irreparavei € as denandas se ucizraram, @ partir de cntae *npudl SKRENTNY, John David. The Ironies of Affirmative Action. Politics, culture, and Sustice in America, Chicago & London: The Universiry of Chicago Press, 1996: p. 741 © 232, Traducto Tivre X : 50 Democratas25 52 A Forgades Novasidéns. direitos civis desde, pelo menos, a década de setenta, a politica toi Jargamente uma construgdo da #lite branca masculina, que tradicionalmente tem dominado © governo e os negéc No deixa de ser outra ironia o fato de as primeiras acdes afirmativas no sentido inclusivo’’ terem sido implementadas por aquele que era conhecido como o “inimigo dos Direitos civis”: Richard Nixon, republicano, conservador e que em campanha havia se declarado cont rario & adogao de agdes afirmativas. Nixon era tao intolerante em relag&o aos negros que chegou mesmo a atirmar que as Uinicas hipéteses admissiveis de aborto seriam no caso de estupro # no caso de filhos inter-raciais’. so os rumor dos © que se procura ressaltar, nesse ponto, partidos politicos norte-americaros, nem a coeréncia dos seus ideais Apenas se quer sugerir que a adocay de uma politica afirmativa integrativa terminaria por aventecer = de qualque: —maneiira, independentemente de quem estivesse no poder ~ © 0 tato de ter sido efetivada por um presidente republicano ¢ racista talvez conceda mais nado deixava veracidade a esta afirmacdo. 0 desenrolar dos fatos socials margem ampla de escolha aos governanles: ou ceder, integrando os negros, ou acatar a responsabilidade de Ler permitido a ocurr@ncia, em scu governo, de uma segunda guerra civil, © 6nus politico soria um fardo sumir tal xesponsabilidade n’o grande demais © as conseqiéncias de seriam de agrado de nenhum governante, ainda mais Nixon, cuja eleigéo havia sido ganha por uma margem inferior a um por cento Apesar de as consegiiéncias das medidas afirmativas se aproximarem do objetivo de concretizagao da igualdade, na medida om que procuravam garantir espacos para os negros em dreas dantes proibidas, o que de fato ensejou a adogdo dessa politica foi a profunda ruptura na trangiilidade social, a partir de uma sucesso de eventos que, praticamente, n&o derain escolhas para os governantes YSKRENTNY, John David.dp. cit. p. 5 "plano philadelphia (2972) “Revista Epora, Rdigtio n *S00, 29/06/2004, p. 28 Democratas25 53 Aforcadas Novas ideas Assim, cotas raciais foram criadas nos BUA ¢ implementadas nas décadas de 70 e 80 como espécies do género agées atirmativas, principalmente nos contratos de trabalho celebrados com o Poder Pablico No entanto, ¢ importante destacar que mesmo nos BUA as cotas raciais jamais foram consideradas constitucionais na esfera da educacao. Essa foi @ linha de entendimento fi:mda quando do julgamento do f Regents of the University of Califérnia va. Bakke - 438 U.S 265 (1978)”, mMoso caso © reatirmada em 2003, quando dos juigamentos envolvendo a Universidade de Michigan, (Grutter va. Bollinger et al e Gratz vs. Bollinger et al] ¢ ew 2007, no caso Parents va. Seattle School District. Mesmo nos EUA, cotas iais so inconstitucion. no ambito da educagéo Maia recentemente, ovtra importante decisao da Suprema corte norle-americana evidencia ¢ refoica a inconstitucionalidade das agaes afirnativas baseadas na raga. No dia 29 de junho de 2009, ao julgar o case Ricei vs. DeStefano, concluiu se gue a cidade de New Haven havia praticado discriminagao reverea com os bonbeirus brancos, ao nao promové jos aos cargos de tenente e de capitdo. Confira-se. Em 2003, 4 cidade havia organizado provas orais e escritas como forma de selecionar ox melhores bombeiyos para a promocéo. Aqueles que acertassem mais de 70% das provas seriam classificados, dentro de um nimero especifico de vagas. Acontece gue dentre tais vagas somente foram classificados candidates brancos. A dade, ent&o, resolveu ndo promover ninguém, para que posteriormente née fosse acussda de discriminacao racial, A Suprema Corte reviu esta decisdo, argumentando, em suma, que a0 proceder desta maneiza, 0 municipio havia praticado discriminacao reversa contra og homens brancos “ um govt, now canon a envolver u Universidade de Michigan, a CorLe couselidou a linha de perisamente inieiada en Bakke, scyuido 4 qual @ raca, eventualmente, alé puderia ser um dos critérios levados em conaideracan na politica de admiyyay em Universidades, mas Geveria vit conjugada a outros fatores ¢, ainda, sce duyvinculada de qua’quer tentative de asseviar se a cotas rigidan, A tentaLiva de yarantir-se anreripadamente vagas para os hegron ou, entdo, de estabelecer-se una pontuagao iniclut muito vantaioka para aquelce que yeprosentassem determinada minoria nao seria cousiderada constirucional, segundo Tribunal Maior estadunidense, feta posicae foi revista quando do julgamente do case ccasido em que a Corte se pronunciou pela inconstatuctonalidade de preferéncias = i : 52 Democratas25 54 Aforcadas Noves {dens Como visto, a despeito das profundas diterencas que marcam as relagdes raciais estabelecidas no Brasil e nos BUA, aqui, os grupos tavoraéveis Js cotas praticamente se limitam a obzervar o modelo norte- americano e a concluir pela necessidade de importagao do modelo, Assim, para chegar 4 ilagdo de que viveriamos problema semelhante, os defensores das cotas raciais se utilizam especialmente dos indicadores sociais, que demonstyam a precaria siluagdo econémica em que se cncontram os negros no Brasit ial do A equagao formada pela leitura precipilada e superfi modelo norte-americano, conjugada com os indices sociais desfavoraveis para os negros no Brasil, parece ter sido suficiente pata que a implementagao de agées afirmativas para negros se tornasse, momentaneamente, 0 debate do dia 4, K.MANIPULAGKO DOS INDICADORES SOCIAIS ENVOLVENDO A RAGA. “Ag estatisticas 240 cono o biguini: o que revelam 6 interessante, mas o que ocultan @ essencial” (Roberto Canpos) Assertivas categéricas de que o Brasil se constilui em um Pai racista, tomando por base apenas os dados estatisticos, que revelam a prec&ria situacdo vivenciada pelos negros (aqui considerados a jungéo das categorias preta e parda), em comparagdo com os brancos, precisam sor analisadas com muita cautela. Isto porque os nimeros muitas vezes sio interpretados como se fossem provas irretutaveis de racismo, o que, neste Pais, certamente nfo corresponde & verdade. Manifestacdes isoladas de preconceito e de discriminagdo existem e sao inegéveis. was dai a concluir que o Brasil @ um pass racista que diferencia o exercicio de Girveitos com base na cor @ querer forcar uma realidade inexistente. Por outro lado, se os niimeros neccssariamente significassem provas de racism, deveriamos entde chegar ao absurdo de admitir que, no Brasil, os amarelos oprimem os braricos, pois aqueles ganhan em média o dobre destes 7,4 salarios minimos contra 3,8! 4 Democratas25 55 A Forga.dos Novas ideas. E importante esclarecer, ainda, que muitas vezes os indices relacionades a participagao dos negroes no ensico superior s80 manipulados. Por exemplo, quando se utiliza da afirmacao de que "Apenas 34 dos pretes estio no curso superior", olvida se, curiosamente, a categoria dos pardos, que so 38% da populagdéo e que representam 18% dos estudanles em nivel universitario”. Eniretanto, a categoria parda é de pronto lembrada quando se quer discursar que os “negros representam a metade da populacdo” Com efeito, a sub-representatividade dos negros brasileiros est diretamente relacionada as profissdes nas quais sc faz necessério um maior investimerto financeiro, seja pelo alto valor das mensalidades cobradas em tais cursos pelas universidades particulares, seja pelos gastos com © material utilizado na profisséo. Como mencionado, a representagdo dos negros no ensino superior € de aproximadamente 21% dos estudantes (18% de pardos © 3% de pretoe). No entanto, a representagao no curso de Odontologia é inferior a 10% © em Medicina @ inferior a 18%, cursos estes que, pelos altos custos dos materiais, Lerminam afastando os estudantes mais pobres. Por outro lado, no curso de Historia, a4 representagdo dos neqros 6, na média, 38%, no de Letras, 29% ¢ no de Matematica, 33%, Areas cm que o invesiimento do aluno com material nao é& to relevanle. Observe-se que até mesmo o turn de curso escolhido qera fator determinante para a participagdo des negros. No curso de Histéria, por exenplo, 4 participagac dos negros chega 4 46%, no turn noturno! © que se pretende demonstrar € que nos cursos que requerem maior disponibilidade de recuisox, por envolverem custos mais altes, com a utilizag&o de material a ser adguirido pelo aluno |e que nao existem em biblictecas para emp:éstimo), a representagdo do negro ¢ menor. J& nos cursos mais teéricos, em gue os alunos nao precicam de equipamentos sofisticados, além dos livros (que podem ser obtidos de empréstimo nas bibliotecas), h& uma maior representatividade dos negros. A excegio Dads do MEC, PROVAD 2002 € do PNAD 2002. fadar do Programa Nasional de Anostragen Romiciliar - PNAD, de 2007, revelam que os negros perfuzem alualmente 258 na ensino acta ‘ 54 Democratas25 56 Aforcadas Novers ideas parece Ficar por conta do curso de Direito, que € eminentemente tedrice mas a concorréncia mite alta, nas universidades poblicas, termina por atastar a populacas menos preparada. A representacdo negra no curso de Direito fica em torno de 148”. Sabemos que os nimeros e as estatisticas nfo falam por si, mas podem sex elogitentes quando revelam que a pobreza no Brasil tem todas as cores. be acordo com dades da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilios (PNAD] de 2006, entre 43 milhdcs de pessoas de 18 a 30 anos de idade, 12,9 milhées tinham renda familiar per capita de meio salario minima ou menos. Neste grupo mais pobre, 30% classificavam-se a si mesmos como “brances”, 9% como “pretos", @ 60% como “pardos". Nesses 12,9 milhées, apenas 21% dos “brancos" e 16% dos “pretos” © “pardus” naviam complctado © ensino médio, mas muite poucos, de qualquer cor, continuavam estudando depois disso. Basicamente, sao diferencas de renda, com tudo que ve! associads a elas, ¢ nfo de cor, que Limitam o acesso ac engine supesivi As estatisticas normalmente veiculadas levam em considerago © total de brancos, independentemente de renda, eo total de negros, também independentenente de renda. Acontece que, desta forma, o grupo comparado passa a ser muito diverso entre si. ff preciso entdo ve discurso de verdade que apela paya o ra car se esse smo 1 Brasil e para o fosso exislenle entre brancos ¢ negres esté curreto, ou se, do contrario, verdadeiramente revela um abismo entre ricos @ pobres Tomande of dados brutos da PNAD 2004" e fazendo tabulagées yelativas a brascos, pretos e pardos, residentes em dreas urbanas, com um filho e@ rendimento familiar total de até dois salarios (pobres, portanto), © resultado € esclarecedor. 05 grupos auui reusidos sao grupos comparaveis, porque, ao menos em tese, tém as mesmas condigdes de vida, as mesmas possibilidades, as mesmas dificuldades. Compaza-se assim pobres com pobres © n&o qualidades de pobves diferentes. Poder-ee-ia ter escolhide brancos, pretos © pardos da Area rural, com dois tilhos e renda idem. Tbiden. " Ver mais em KAMEL, Ali. NBO somos racistaa. Una reaglo aos que querem nos transformar numa nage bicolor. Rio de Janeiro: Nova Fruuteira, 2006 & 35 Democratas25 “ AForados Novas idéns de dois salfrios minimos, ou brancos, pretos e pardos com quaisquer outras caracteristicas, ndo importa, desde que pobrea: o importante & que os grupos fossem comparaveis., Se um grupo tiver meThores indicadores sociais do que o outro, a razdo pode sex de fato o rac mo. Feita a comparacio entre op trés grupos escolhidos, o resultado foi _o esperado: brancos, negros e mesmas dificuldad o mesmo perfil. Onde esta, entdo, o Pais racieta? A pesquisa mostra que a semelhanca entre os trés grupos gonstante e que as _diferencas _numéricas _sdo__estatisticamente despreziveis. Com efeito, neste grupo, 14% dos brancos, 72% dos pretos 69% dos pardos sabem ler © cecrever. A média de anos de evtudo, para os brarcos, pretos ¢ pardox 6 de 5 anos; 36% dos brancos, 35% dos pretos © 36% dos pardos tém entre quatro e scte anos de estudo; 12% dos bsancos, lt dos pretos e¢ 10% dos pardos esludaram entre 11 a i4 anos Praticamente nenhum branco, preto ou pardo estudou mais de 15. 0 ensino fundamental foi o curso mais elevado que 54% dos brancos, 57% dos pretos © 61% dos pardos freqhentaram. J4 para 24% de brancos, 22% dos pretos e 21% dos pardos, o curso mais elevado que ja freqientaram foi o ensino médio. © nimero de brancos, pretos © pardos que conclufvam o ensino superior € desprezivel, embora a vantagem seja dos brancos. A paridade entre os trés grupos pode ser vista na tabela abaixo Proporcio de pessoas que sabem ler e escrever 7°” ater Mimero médio de anos de eatudo 5 5 5 6 35 Proporcdo de pessoas com 4 a 7 ance de estudo *°* ae Proporgéo de pessoas com ii 2 14 anos de 12, eee eatudo Proporgéo de pessoas que tem 0 ensino fundamental como curso mais elevado sa se eas Proporgéo de pessoas que tem o ensino médio come curso mais elevado 246 22% ae Fonte: IBGE, PNAD. Microdados, CD-KOm. Democratas25 58 A Forzades Novas Ideas. Em suma: para os pobres, a vida € verdadeiramente dificil, independentemente de serem brancos, pretos ou pardos: 45% dos brancos, 45% dos pretos e 47% dos pardos comecaram a trabalhar entre os 10 © os 14 anos de idade; 25% dos brancos, 25% dos pretos e 23% dos pardos comegaram a tvabalhar um pouco mais tarde, entre os 15 e os 17 anos de idadc. A maior parte dos brancos, pretos e pardos ou nao tem carteira assinada ou trabalham por conta prépria: 36%% dos brancos, 39% dos pretos e 40% dos pardos n&o tém carteira assinada; ¢ 24% dos brancos, 23% dos pretos @ 2% dos pardos trabalham por conta propria Proporgéo de que comecam a trabalhar entre 10 e 14 anos de idade 45% 45% 47% Proporgéo de pessoas que comecam a trabalhar entre 15 e 17 anos de idade 25% 25% 23% Proporgio de pessoas ocupadas sem carteira de trabalho assinada 36% 39% 40% ecupadas por Proporgio de conta-prépri: Fonte: IBGE, 24% 22% 26 Oe Amostra de Bémtefitor “Nacional — Ha muitos outros dados, mas estes sio os essenciaia. Finalmente: nao € a cor da pele o que impede as pessoas de chegar as universidades, mas a péssima qualidade das escolas que os m brancos, pretos ou pardos, — conseguem pobres brasileiros, se] treqiientar. Se o impedimento no & a cor da pele, cotas raciais ndo fazem ntido. onde quer que tenham sido adotadas, as cotas nao beneficiaram os mais necessitados, mas apenas os mais afortunados entre os necessitados. Klas agravaram os conflitos onde eles existiam, em vez de atenué-los, e fizeram surgir disputas as vezes mortais entre os potencialmente favorecidos @ os nilo-favorecidos, grupos que antes & ace 7 poderiam conviver harmoniosamente

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